Tete, Setembro de 2016 EXPECTATIVAS PÚBLICAS A CERCA DE UM PROFISSIONAL: RESPONSABILIDADES SOCIAIS DOS PROFISSIONAIS E A EVOLUÇÃO DA ÉTICA

May 30, 2017 | Autor: Jose Vicente | Categoria: Ética (Filosofia), Ética Empresarial, Ética e Filosofia Moral
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Tete, Setembro de 2016

EXPECTATIVAS PÚBLICAS A CERCA DE UM PROFISSIONAL: RESPONSABILIDADES SOCIAIS DOS PROFISSIONAIS E A EVOLUÇÃO DA ÉTICA

dr. José Carlos Vicente Licenciado em Administração Pública pela Faculdade de Gestão de Recursos Naturais e Mineralogia da Universidade Católica de Moçambique. Formado em Antropologia Empresarial pela Antrophos Consulting. Formador do curso de empreendedorismo na ABED Curso de Consciencial LEANCAFE

Engenharia pela

Membro fundador da Moz Talent Finder

Expectativas públicas a cerca de um profissional: responsabilidades sociais dos profissionais e a evolução da ética

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I: INTRODUÇÃO 1.1. Enquadramento e contextualização A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos. A ética profissional esta em todas as profissões, desde carácter normativo ao jurídico, que regulamenta cada profissão através de estatutos e códigos específicos. Sendo a ética fundamental à vida humana, na vida profissional não seria diferente, porque cada profissional tem responsabilidades individuais e responsabilidades sociais, que envolvem pessoas que dela se beneficiam. O fazer profissional diz respeito à competência, à eficiência que todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão. O agir se refere à conduta do profissional, somando as atitudes que deve responder no executar de sua profissão. Com presente trabalho de pesquisa, pretende-se debruçar em torno das “Expectativas Públicas a cerca de um profissional: Responsabilidades Sociais dos Profissionais e a evolução da ética”. Trata-se de uma abordagem metodológica que visa compreender com profundeza em torno dos temas a cima apresentados. 1.2. Objectivos da pesquisa Subjacente aos temas a cima apresentados, o presente trabalho ostenta um (1) objectivo geral e dois (2) objectivos específicos. 1.2.1. Geral Compreender em torno das Expectativas Públicas a cerca de um profissional. 1.2.2. Específicos  Identificar as responsabilidades sócias dos profissionais;  Descrever a evolução da ética.

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II: METODOLOGIA DE PESQUISA Neste presente trabalho recorreu - se a pesquisa bibliográfica e da Internet sobre as principais publicações que tratam da mesma temática é ou /similar. Foi possível a partir de livros, artigos, muitas vezes recorridos na Internet que permitiram o embassamento dos diferentes conteúdos presentes neste trabalho.

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III: EMBASSAMENTO TEÓRICO 3.1. Expectativas Públicas a cerca dum Profissional O indivíduo que tem ética profissional cumpre com todas as actividades de sua profissão, seguindo os princípios determinados pela sociedade e pelo seu grupo de trabalho. Cada profissão tem o seu próprio código de ética, que pode variar ligeiramente, graças a diferentes áreas de actuação. O valor ético do esforço humano é variável em função de seu alcance em face da comunidade. Se o trabalho executado é só para auferir renda, em geral, tem seu valor restrito. Por outro lado, nos serviços realizados com amor, visando ao benefício de terceiros, dentro de vasto raio de acção, com consciência do bem comum, passa a existir a expressão social do mesmo. Aquele que só se preocupa com os lucros, geralmente, tende a ter menor consciência de grupo. Fascinado pela preocupação monetária, a ele pouco importa o que ocorre com a sua comunidade e muito menos com a sociedade. Para ilustrar essa questão, citaremos um caso, muito conhecido, porém de autor anónimo. Dizem que um sábio procurava encontrar um ser integral, em relação a seu trabalho. Entrou, então, em uma obra e começou a indagar. Ao primeiro operário perguntou o que fazia e este respondeu que procurava ganhar seu salário; ao segundo repetiu a pergunta e obteve a resposta de que ele preenchia seu tempo; finalmente, sempre repetindo a pergunta, encontrou um que lhe disse: "Estou construindo uma catedral para a minha cidade". A este último, o sábio teria atribuído a qualidade de ser integral em face do trabalho, como instrumento do bem comum.

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3.2. Responsabilidade Social dos Profissionais No cenário mundial contemporâneo percebe-se o processar de inúmeras transformações de ordem económica, política, social e cultural que, por sua vez, se adaptam aos novos modelos de relações entre instituições e mercados, organizações e sociedade. No âmbito das actuais tendências de relacionamento, verifica-se a aproximação dos interesses das organizações e os da sociedade resultar em esforços múltiplos para o cumprimento de objectivos compartilhados. Sendo assim os primeiros estudos que tratam da responsabilidade social tiveram início nos Estados Unidos, na década de 50, e na Europa, nos anos 60. As primeiras manifestações sobre este tema surgiram, no início do século, em trabalhos de Charles Eliot (1906), Arthur Hakley (1907) e John Clarck (1916). No entanto, tais manifestações não receberam apoio, pois foram consideradas de cunho socialista. Foi somente em 1953, nos Estados Unidos, com o livro Social Responsabilities of the Businessman, de Howard Bowen, que o tema recebeu atenção e ganhou espaço. Na década de 70, surgiram associações de profissionais interessados em estudar o tema: American Accouting Association e American Institute of Certified Public Accountants. É a partir daí que a responsabilidade social deixa de ser uma simples curiosidade e se transforma num novo campo de estudo. A responsabilidade social revela-se então um factor decisivo para o desenvolvimento e crescimento profissional. Responsabilidade Social é o reconhecimento presente nos cidadãos, individualmente e em conjunto, dos seus deveres para com a comunidade em que vivem e a sociedade em geral. Este conceito se fundamenta no princípio de que, em maior ou menor grau, as acções individuais sempre têm algum impacto (positivo ou negativo) na vida de outros cidadãos e da colectividade. Assim, a Responsabilidade Social concretiza-se por meio da tomada de atitudes, comportamentos e práticas positivas e construtivas, que contribuem para preservar e melhorar o bem-bom e elevar a qualidade de vida de todos. É quando um profissional, de forma voluntária, adopta posturas, comportamentos e acções que promovam o bem-estar dos públicos interno e externo da sua organização. É uma prática voluntária pois não deve ser confundida exclusivamente por acções compulsórias impostas pelo governo ou por quaisquer incentivos externos (como fiscais, por exemplo). O conceito, nessa

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visão, envolve o benefício da colectividade, seja ela relativa ao público interno (funcionários, accionistas, etc.) ou atores externos (comunidade, parceiros, meio ambiente, etc.). 3.3. Evolução da ética 3.3.1. Tempos primitivos A reflexão ética se inicia na Grécia antiga, quando os filósofos buscam compreender o fundamento da conduta humana. Enquanto para a maioria dos filósofos os princípios morais resultavam de convenções sociais, Sócrates defendeu a moral constituída na própria natureza humana. Sócrates (470-399 a.C.): a virtude humana consiste na busca do Conhecimento para alcançar a felicidade. O verdadeiro objecto do conhecimento é a alma humana. As afirmações: “conhece-te a ti mesmo” e “sei que nada sei”, expressam com intensidade que a conduta humana deve ser ajustada em primeiro lugar, com o próprio ser. O filósofo relaciona de forma estreita as noções de saber, virtude e felicidade. Segundo ele, o conhecimento do bem implica a prática da virtude e o exercício desta faz felizes os homens. A sabedoria é o valor supremo para alcançar a plena felicidade.

Platão (428-347 a.C.): estabelece uma hierarquia das ideias e confere um lugar supremo ao bem. As virtudes humanas devem ser coordenadas, cuja harmonia constitui a justiça. A justiça é para Platão, a harmonização das atividades da alma e de todas as virtudes. Segundo ele, a questão moral não é um problema somente do indivíduo, mas das relações coletivas. A formação espiritual do homem cabe ao Estado, entidade que não é meramente organização de poder, mas instituto de educação, e a finalidade última é realizar a ideia do homem e conduzir os indivíduos ao conhecimento e prática das virtudes que deverão torná-los felizes. A ética de Aristóteles (384-322 a.C) exerceu forte influência no pensamento ocidental. Segundo sua teoria, conhecida como eudemonismo (do grego eudaimonéu significa ter êxito, ser feliz), todas as atividades humanas aspiram a algum bem, dentre os quais, o maior é a felicidade. Para Aristóteles, a felicidade não se encontra nos prazeres nem na riqueza, mas na atividade racional, no exercício e na evolução do pensamento. Epicuro (século III a.C.): principal representante do hedonismo grego, os prazeres do corpo é causa de ansiedade e sofrimento. Por isso, para que a alma não sofra perturbações, é preciso Expectativas públicas a cerca de um profissional: responsabilidades sociais dos profissionais e a evolução da ética

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limitar os prazeres materiais. É virtuoso quem é capaz de usufruir do prazer com moderação. Essa atitude o leva ao cultivo dos prazeres espirituais. 3.3.2. Sociedade Feudal Com o desaparecimento do mundo antigo, que assentava sobre a instituição da escravidão, nasce uma nova sociedade cujos traços essenciais se delineiam desde os séculos V-VI de nossa era, e cuja existência se prolongará durante uns dez séculos.

A moral da sociedade medieval correspondia às suas características económico-sociais e espirituais. De acordo com o papel preponderante da Igreja na vida espiritual da sociedade, a moral estava impregnada de conteúdo religioso. Mas, ao mesmo tempo, e de acordo com as rígidas divisões sociais em estancamentos e corporações, verificava-se uma estratificação moral, isto é uma pluralidade de códigos morais. Ex: código dos nobres ou cavaleiros, códigos das ordens religiosas, códigos das corporações, da aristocracia feudal, etc. Somente os servos não tinham uma formulação codificada de seus princípios e regras. De acordo com a ética, o natural – a nobreza de sangue – por si só já possuía uma dimensão moral, ao passo que os servos, por sua própria origem, não podiam levar uma vida realmente moral. Apesar de tudo, os servos iam apreciando outros bens e qualidades que não podiam encontrar aceitação no código moral feudal: a sua liberdade pessoal, o amor ao trabalho na medida em que dispunham de uma parte de seus frutos, a ajuda mútua e a solidariedade com os companheiros da mesma sorte. A religião lhes oferecia sua liberdade e igualdade no plano espiritual, e com isso, a possibilidade de uma vida moral, que neste mundo real, por serem servos, lhe era negada. 3.3.3. Actualmente Numa mesma sociedade, baseada na exploração de uns homens pelos outros ou de uns países por outros, a moral se diversifica de acordo com os interesses antagónicos fundamentais. A superação deste desvio social, e portanto, a abolição da exploração do homem pelo homem e da submissão econômica e política de alguns países a outros, constitui a condição necessária para construir uma nova sociedade na qual vigore uma moral verdadeiramente humana. Expectativas públicas a cerca de um profissional: responsabilidades sociais dos profissionais e a evolução da ética

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No mundo contemporâneo, muito são os desafios para tentar construir a vida ética e moral. A questão que se coloca hoje é a da superação dos empecilhos que dificultam a existência de princípios e parâmetros para a boa conduta. Algumas dessas dificuldades derivam da sociedade individualista, incapaz de praticar a solidariedade e a tolerância. O esforço de recuperação da ética passa pela necessidade de não se esquecer da dimensão planetária da sociedade contemporânea, quando todos os pontos da Terra, essa aldeia global, se acham ligados pelos mais diversos e velozes meios de informação. Vejamos o que dizem as principais teorias éticas. 3.4. Teorias Éticas As doutrinas ou perspectivas sobre o bem e o mal podem dividir-se em três grupos: teorias éticas populares, teorias éticas filosóficas e teorias meta éticas. 3.4.1. Teorias éticas populares Este primeiro grupo de opiniões e pontos de vista inclui algumas posições muito comuns e que mereceram, em diversos períodos da história da filosofia, uma formulação mais elaborada e rigorosa. Entre estas teorias incluem-se o cepticismo, o relativismo, o egoísmo e o hedonismo. 3.4.2. Teorias éticas filosóficas São o resultado de uma reflexão e debate sistemáticos sobre as várias posições e respectivos argumentos. Uma classificação comum das principais teorias éticas divide-as em 5 famílias de teorias:  Ética dos mandamentos divinos. O que devo fazer? O que Deus me ordena ou manda fazer.  Consequencialismo. O que devo fazer? Aquilo que tiver as consequências mais desejáveis.  Deontologismo. O que devo fazer? O que é o meu dever moral fazer.  Ética das virtudes. O que devo fazer? Aquilo que faria uma pessoa virtuosa em meu lugar.  Relativismo. O que devo fazer? O que a minha cultura e sociedade espera que eu faça. Expectativas públicas a cerca de um profissional: responsabilidades sociais dos profissionais e a evolução da ética

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 Teorias metaéticas. Chamam-se metaéticas pois são teorias muito abrangentes que permitem olhar de forma distanciada e crítica para as teorias éticas, tendendo a funcionar como matriz e como justificação ou fundamentação das teorias éticas particlares. O naturalismo é um bom exemplo de uma metateoria ética.

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IV: CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a finalização do presente trabalho, foi possível constatar que, as expectativas públicas de um profissional se resumem no bem comum, é o que o público espera de um profissional ou seja, uma profissão deve ter como finalidade a produção do bem-estar da comunidade. A responsabilidade social de um profissional se torna efectiva quando um profissional, de forma voluntária, adopta posturas, comportamentos e acções que promovam o bem-estar dos públicos interno e externo da sua organização E por fim constatou-se que a ética evoluiu bastante durante os tempos e sempre teve como finalidade, adoptar práticas e condutas socialmente aceitem. Porem na actualidade a ética deparase com dificuldades. Algumas dessas dificuldades derivam da sociedade individualista, incapaz de praticar a solidariedade e a tolerância. O esforço de recuperação da ética passa pela necessidade de não se esquecer da dimensão planetária da sociedade contemporânea, quando todos os pontos da Terra, essa aldeia global, se acham ligados pelos mais diversos e velozes meios de informação.

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BIBLIOGRAFIA

VÁSQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. 26 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. Einstein, A. Como Vejo o Mundo. Trad. de H.P. de Andrade. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1981. BRONOWSKI, Jacob. Ciência e Valores Humanos. Belo Horizonte, Ed. Itatiaia, 1979. HABERMAS, Jürgen. Consciência moral e agir comunicativo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989.

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