Texto Multimodal - leitura e produção

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Descrição do Produto

ESCRITΑ

quadros

leitura

narrativa gráfico

ΑPΑ

LINHΑ DO TEPO

alunos ORGΑNOGRΑΑ

infográfico

fluxograma

Ana Elisa Ribeiro leitura e produção

Direção:

Andréia Custódio

Capa e diagramação: Telma Custódio Revisão:

Karina Mota

Imagem da capa:

Ponsuwan / 123RF

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ R368t Ribeiro, Ana Elisa Textos multimodais : leitura e produção / Ana Elisa Ribeiro. – 1. ed. – São Paulo : Parábola Editorial, 2016 128 p. ; 23 cm. (Linguagens e tecnologias ; 4) Inclui índice ISBN 978-85-7934-110-6 1. Tecnologia educacional. 2. Educação – Inovações tecnológicas. 3. Tecnologia da informação – Aspectos sociais. 4. Sociedade da informação. 5. Comunicação e tecnologia. I. Título. 15-29271



CDD: 371.3078 CDU: 37.016:316.774

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ISBN: 978-85-7934-110-6 © do texto: Ana Elisa Ribeiro, 2016 © da edição: Parábola Editorial, São Paulo, maio de 2016

Para meus orientandos, cada um com seu traço.



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[…] A noção de ESCRITA alargou-se a TUDO a QUASE TUDO porque a escrita é sinônimo de IMAGEM imagem para se ver para se ter para se ser […] Ana Hatherly (Porto, 1929 - Lisboa, 2015) A idade da escrita – poema-ensaio (A idade da escrita, 1998) 6

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Sumário Dia de aula......................................................................... 9 1

Um caso com jeito de sugestão......................................11 Retextualizações...............................................................12 Um caso........................................................................... 13 Retextualizar e reescrever................................................19 Os textos produzidos....................................................... 21 Não é fácil, mas é possível.............................................. 26

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Por que entender infografia........................................... 29 Textos em sala de aula.................................................... 30 Infográficos...................................................................... 31 Infografia para jornalistas e não jornalistas................... 32 Infografia, cartografia e gráficos.................................... 35 Leitura de mapas e gráficos na escola (e fora dela)....... 37 Leitura no Brasil............................................................... 41 Leitura de textos visuais e cidadania.............................. 46

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Leitura com grupos de alunos........................................ 51 Em grupos fazemos mais: leitura..................................... 52

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Produção de textos com aprendizes ............................. 59 Produção de textos multimodais..................................... 60 Produza gráficos ou desenhos que representem as seguintes situações......................................................... 61 E onde entrariam editores de texto digitais?.................. 67

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Vamos por partes: leitura............................................... 71 Produzindo textos sobre textos....................................... 72 Gráfico de barras, tons de cinza.................................... 72 Gráfico de linhas, cores................................................. 75 Infográfico................................................................... 78 Sumário

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Vamos por partes: escrita.............................................. 83 Produzindo textos verbovisuais....................................... 84 Movimento....................................................................... 84 Produza gráficos ou desenhos que representem as seguintes situações.................................................. 84 Fluxograma.................................................................. 87 Organograma............................................................... 90 Mapa, trajeto............................................................... 93 Linha do tempo............................................................. 98 Narrativa, quadros...................................................... 103

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Uma criança e uma designer profissional.................. 107 A título de curiosidade................................................... 108 #1 Movimento............................................................ 108 #2 Fluxograma............................................................ 109 #3 Organograma..........................................................110 #4 Mapa.....................................................................111 #5 Linha do tempo.......................................................112 #6 Narrativa................................................................113

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Que mais podemos fazer?.............................................117 O céu é o limite...............................................................118

Referências....................................................................124

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Dia de aula

A

véspera de todo primeiro dia de aula ainda merece minha ansiedade. Sempre fico curiosa com o que ocorrerá na sala de aula, na interação com os estudantes. Partindo da ementa fornecida pelo departamento onde atuo, planejei um curso de redação, como foi batizada a matéria que leciono — e adoro. O caso que inicia esta discussão, com base na qual minha pesquisa de pós-doutoramento aconteceu e este livro se desenvolveu, deve ocorrer em milhares de salas de aula pelo país, segundo suspeito. Mas imagino também que muitos professores ainda não tenham passado por alguma experiência desse tipo, em que estão reunidos alunos em ação, produção de textos multimodais e tecnologias digitais de informação e comunicação. Talvez valha a pena retomar o episódio para, então, relatar os resultados da investigação sobre multimodalidade, leitura e infografia. E partir para a prática.

Dia de aula

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Um caso com jeito de sugestão

Retextualizações

A

s condições do trabalho que se desenvolveu, em 2010, com uma turma recém-chegada à graduação, são as mesmas de muitas de nossas escolas: 40 (ou mais) estudantes em sala, uma professora, quase nada de plugues e computadores. Era preciso, no entanto, contar com o acesso à web que os alunos tinham em casa. E eles tinham. As turmas de engenharia resistiam um pouco às aulas de português, mas terminavam por compreender a importância do bom texto e da boa comunicação, conforme o contexto e a interação pediam. O eixo de nossa discussão eram os gêneros textuais do campo de trabalho da engenharia, mas começávamos sempre por aspectos mais amplos da produção textual. O início do curso partia sempre de uma abordagem das relações entre oralidade e escrita, quando aproveitávamos a oportunidade para tratar também das teorias sobre o assunto. Em Marcuschi (2001), por exemplo, tratávamos do continuum oral/escrito, isto é, de uma teoria segundo a qual há níveis de linguagem que podem ir desde o oral mais típico ao escrito mais extremo e formal, passando por um enorme leque de exemplos de hibridez: textos teatrais, literatura, e-mails, chats etc. Diversos gêneros textuais eram discutidos e debatidos nessas aulas. Em Kress (2003), passávamos a discutir uma outra teoria sobre oralidade e escrita. Para o autor, trata-se de duas modalidades diferentes, essencialmente diferentes, não fazendo muito sentido falar em um continuum. E ele mesmo sabe que esse não é o ponto de vista hegemônico. Escrita e fala seriam vistas como um continuum, “não realmente distinguível em termos de virtualidades. O ponto de vista que advogo aqui é o de que elas são modos diferentes, e este não é o ponto de vista mainstream” (Kress, 2003: 31). O importante seria, então, aprender essas linguagens, operá-las, dominá-las, manejá-las conscientemente.

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Em se tratando desse tema, um exercício conhecido é, justamente, “transformar” um texto oral em texto escrito. A atividade, conhecida de muitos professores, ajuda o estudante a refletir sobre processos de edição — palavra fundamental do meu dicionário de professora de redação — necessários ao texto escrito, tendo-se como fonte um texto oral; mas também ajuda a compreender os processos textuais da oralidade, assim como levanta questões a respeito das interferências (desejáveis ou não) da oralidade na escrita e vice-versa (e o vice-versa também é fundamental). A crítica a esse tipo de atividade recai sobre sua condução. Não se trata de guiar um debate, junto aos estudantes, sobre como a escrita é “melhor” ou “mais correta” do que a fala. A abordagem (inclusive de nuanças sociolinguísticas) quer trazer à tona uma discussão sobre linguagens e multimodalidade, interações e intenções, textos e comunicação; não se deseja um debate que polarize fala e escrita, muito menos que fomente o preconceito linguístico.

Um caso Na tentativa de conduzir os trabalhos da melhor forma possível, sempre incentivando a discussão sobre as linguagens e os usos da língua, pedi aos estudantes que se distribuíssem em grupos para o cumprimento de uma tarefa complexa: travar contato com um texto oral e transformá-lo em alguns produtos escritos. Detalhar a atividade pode ser importante: ■ O texto de trabalho fora transcrito a partir da narração de um locutor de rádio. Num dia qualquer, em horário de almoço, selecionei uma rádio com perfil mais “falante” (as rádios têm perfis e públicos-alvo distintos… em algumas, o locutor quase se limita 1 Para saber mais, pode-se visitar a informar as horas), gravei cerca o site da Universidade Federal de 15 minutos de difusão e transdo Rio de Janeiro: http://www. letras.ufrj.br/nurc-rj, acesso: 08 crevi empregando a notação do mar. 2016. 1 projeto NURC . Um caso com jeito de sugestão

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■ O texto resultante2 (que vem a seguir) deveria ser analisado pelos alunos e transformado em blocos de notícias escritas, em dois suportes: para um jornal impresso local e para um blog. ■  Foi disponibilizado aos alunos um podcast3 com a gravação do áudio, para que eles tivessem contato com a “fala” do locutor. Essa etapa era interessante, principalmente porque muitos jovens diziam só compreender o texto lido depois de o escutarem. O primeiro contato com a transcrição causava, sempre, muito estranhamento. Diziam os jovens que aquele era um texto difícil, TEXTOS ULTIODΑIS: leitura produção resultado, ruim de ler,emuito truncadoéeoconfuso, bem prático, de uma pesquisa sobre textos Vejamos: multimodais na escoalém de repetitivo. la básica, especialmente no ensino médio. O que se pode esperar de alunos expostos a esses textos quase só em sugeri aulas pra de vocês geografia, { amém (sim)… olha gente aqui também quero matemática ou outras disciplinas que mais diretamente o seguinte… tem muitas pessoas quelidam não têm dinheiro… pra… com a leitura e aum produção imagens visualizações? Será que, comprá cartão àsde vezes aí… nãoetem telefone em Casa… tá?…ainda hoje, então vale a pena as aulas línguaamaterna exclusivamencês faz opensar seguinte… vocêsde faz/o/tem caixa postal pra vote para o trabalho com textos verbais? O que acontece quando cês colocá o/a caixa postal gera dinheiro então tá bom/(digo) vem um professor descarta ilustrações, cosdeevocês outros aqui na rádio… agorafotos, nós aceitamos aqui gráfi a visita deelementos nove de um texto originalmente composto por várias linguagens? a meio-dia TODOS OS DIAS da semana então gente vale a pena Com exemplos e análises, apresenta, de um jeito simples e leve, aí vocês conferi o este nossolivro endereço mais uma vez… olha… é rua modos de provocar e de Gracia… desenvolver a leitura e a escrita Eugra/é::: rua (Eutálen) de Almeida E/Eutália Engráciade detextos multimodais, nas aulas a linguagem Almeida…principalmente tá bom? dois sete dois a …que aqui têm no mirante do Tupi écomo objeto decasa ensino e aprendizagem. uma amarela… MUIto bem localizada em qualqué parte que

A própria transcrição é um imenso exercício de seleção, escolhas de grafias, reflexão sobre pausas e outros elementos da fala e da escrita. Não é simples, mas eu preferi já entregar esta etapa pronta aos estudantes. Em outra ocasião, lecionando sociolinguística para iniciantes em letras, solicitei a transcrição, o que rendeu muito trabalho e debate. 3 Uma espécie de post em áudio que fica disponível na web. Há também os videocasts. Nos dias que correm, muitos estudantes disponibilizam vídeos no YouTube. Agradeço a participação do prof. João Basílio na produção desta tarefa. 2

você chegá do Tupi do Guarani do Floramá do Jardim Guanabara do p/Conjunto Felicidade pra esse lado aqui você vê a casa amarela então… vale a pena aí pra gente… realmente… é muitas ligações a gente fica feliz demais da conta mais… gente… ligá a cobrá … igual eu falei a emissora é um/ela num tem fins lucrativo ela está

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