TEXTO PUBLICADO NOS ANAIS DO II EPHIS As identidades de Minas Gerais na Primeira República: temporalidade e narratividade em Diogo de Vasconcelos e Nelson de Sena

May 22, 2017 | Autor: Walderez Ramalho | Categoria: Minas Gerais, Historiografia, Identidades, Primeira República
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TEXTO PUBLICADO NOS ANAIS DO II EPHIS As identidades de Minas Gerais na Primeira República: temporalidade e narratividade em Diogo de Vasconcelos e Nelson de Sena Walderez Simões Costa Ramalho Mestrando em História Universidade Federal de Minas Gerais [email protected] Resumo: Este texto apresenta o projeto de pesquisa em mestrado que desenvolvo no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Minas Gerais, iniciado em 2013. Analiso a historiografia mineira dos primeiros anos da República, para avaliar os modos de articulação da experiência temporal e as visões de identidade mineira. Para este texto, selecionei dois autores importantes desse período: Diogo de Vasconcelos e Nelson de Sena. Palavras-chave: Identidade, historiografia, Primeira República Este texto apresenta o projeto de pesquisa em mestrado que desenvolvo no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Minas Gerais, iniciado em 2013. Analiso a historiografia mineira dos primeiros anos da República, para avaliar os modos de articulação da experiência temporal e as visões de identidade mineira. Para este texto, selecionei dois autores importantes desse período: Diogo de Vasconcelos e Nelson de Sena. Não é minha intenção determinar a essência da “mineiridade”, nem buscar os traços “objetivos” que caracterizariam os mineiros (LIMA, 1946; VASCONCELOS, 1967). Tampouco compartilho da visão que reduz a questão da identidade mineira à mera “ideologia” utilizada pelas elites políticas para a sua legitimidade no poder (DULCI, 1984; REIS, 2007b). Entendo a identidade como uma construção discursiva, que se dá através da articulação de representações simbólicas, e sobretudo aquelas que se referem à experiência temporal (HALL, 2011; RICOEUR, 1991; REIS, 2006 e 2007a).  

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É a partir dessa perspectiva que analisarei a construção da identidade narrativa de Minas Gerais, através da análise interpretativa dos textos históricos de Diogo de Vasconcelos e Nelson de Sena. Pretendo discutir como em seus livros, discursos parlamentares e cerimoniais, artigos de periódicos, e outros textos que utilizam a História de Minas como base de sua argumentação, esses autores constroem representações que dão significado a uma experiência temporal mineira, formando assim a sua ideia de identidade. Como eles representaram o passado de Minas e quais são os seus projetos de presente e futuro? Como se coloca a dialética dos acontecimentos fortuitos do passado de Minas, que organizados fazem surgir uma referência de “unidade” denominada “povo mineiro”? E o que isso representa para o presente? Essas questões serão trabalhadas ao longo do trabalho1.

HISTÓRIA, REPÚBLICA E MINAS GERAIS O processo de (re)construção das identidades torna-se mais intenso e urgente nos momentos de mudanças profundas, especialmente no campo do político. Nesse sentido, o período da Primeira República no Brasil (1889-1930) é extremamente significativo e estratégico para toda a historiografia posterior. De fato, a Proclamação da República no Brasil, em novembro de 1889, não resultou em mudanças significativas na relação entre Estado e sociedade, na ampliação da participação popular e nem a garantia de direitos básicos do cidadão, como a educação. No entanto, o novo regime trouxe certas transformações, especialmente na reavaliação do que se entendia por identidade nacional. Era preciso, nesses primeiros anos, legitimar o governo republicano, e uma das formas de concretizá-lo era “inventar uma tradição”2 republicana através da criação e manipulação de símbolos nacionais, e reorganizá-los de modo a construir uma forma identitária adequada aos anseios e necessidades da República (GOMES, 2009; CARVALHO, 2010). O caso de Minas Gerais é bastante representativo desse processo. Por um lado, o Estado destacou-se como uma das principais forças políticas do Brasil, ao lado de São Paulo; por outro, presenciou grandes mudanças no campo propriamente historiográfico, com a criação de institutos – o Arquivo Público Mineiro (APM, 1895), o Instituto HistóricoGeográfico de Minas Gerais (IHGMG, 1907), e a Academia Mineira de Letras (AML, 1909)                                                                                                                 1

Para verificar os modos de articulação temporal do povo mineiro nos textos de Vasconcelos e Sena, utilizarei os conceitos de “espaço de experiência” e “horizonte de expectativa”. É a relação entre essas categorias formais que surge o tempo histórico. Cf. KOSELLECK (2006) 2 Cf. HOBSBAWM, (1984). Destaco aqui a importância que o autor dá ao aspecto temporal das identidades, isto é, o estabelecimento de “elos de continuidade” temporal no processo de “invenção das tradições nacionais”, objeto de estudo do livro como um todo.

 

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– e a difusão de livros, estudos monográficos, ensaios, corografias e discursos políticos e cerimoniais que mobilizavam a história regional de Minas como fundamento de sua própria argumentação (ARAÚJO e MEDEIROS, 2007). Nesse sentido, a República representou, particularmente em Minas Gerais, uma revalorização das narrativas locais que, embora não fossem antagônicas à identidade nacional, buscavam afirmar um “passado das Minas”, que fosse apurado e apreendido pelos novos cânones do saber histórico. É importante destacar alguns elementos que contribuíram para esse processo. Em primeiro lugar, a implantação do federalismo no Brasil, que redefiniu a importância das antigas províncias – e agora Estados federativos – no cenário político nacional e na formação da identidade brasileira. Essa descentralização política foi acompanhada por uma renovação e fortalecimento do interesse pela história regional. Enquanto na monarquia tratava-se de fortalecer um projeto político centralizador e tomar o imperador como o destinatário principal da narrativa histórica, com a República os compromissos teriam de ser outros: valorizar as realidades estaduais na composição da história nacional, tornar o “povo brasileiro” como o grande destinatário desse discurso, e conceber a sociedade não mais fundada em privilégios aristocráticos e numa religião de Estado (GOMES, 2009). Ao mesmo tempo, houve uma proliferação de institutos voltados ao estudo e pesquisa das histórias locais (como o APM e o IHGMG), que embora não se colocassem em oposição ao IHGB e à nacionalidade brasileira, propunham novas formas de escrita da história – como a utilização de Corografias3 – e realçar as particularidades da região na formação do Brasil (CALLARI, 2001). O impacto do federalismo na produção historiográfica foi sentido pelos próprios intelectuais da época. Logo nas “Palavras preliminares” do primeiro volume da Revista do Arquivo Público Mineiro, publicação mais importante da historiografia mineira do período, o diretor José Pedro Xavier da Veiga exprimiu esse impacto: Estabelecida com a República o regime federativo, isto é, descentralizada a vida nacional e despertos os Estados da velha apatia letárgica, já começam eles a prover sobre a necessidade, essencial à própria autonomia, de organizarem séria e sistematicamente os seus Arquivos, que ao tempo das antigas províncias eram, por via de regra, parcelados por diversas repartições, e parcelados a esmo, desdenhosa e desordenadamente, sem nenhuma metodização ou nexo4.

                                                                                                                3

Vale ressaltar que a Revista do Arquivo Público Mineiro, logo no seu primeiro volume, publicou um questionário distribuído “entre as pessoas inteligentes” de cada distrito do Estado, “solicitando-lhes o seu eficaz concurso” para coligir informações para a organização de uma corografia mineira. Ver RAPM, Ouro Preto, v.1, jan/mar 1896, p. 129-133. 4 VEIGA, José Pedro Xavier. Palavras Preliminares. Revista do Arquivo Público Mineiro. Ouro Preto: Imprensa Oficial de Minas Gerais, v.1, n.1, jan/mar 1896, p.II  

 

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Um segundo fator está ligado às mudanças na experiência temporal advindas com o novo regime. Com efeito, ao termo “República” estavam associadas noções como “modernidade”, “progresso”, “avanço”, “civilização” e outros que denotavam um enfoque no futuro e engendravam uma aceleração do tempo histórico (MELLO, 2009). O sentimento de “atraso” e a ânsia no progresso nacional são elementos comuns entre boa parte desses intelectuais, que apresentavam projetos diferenciados de modernização5 para o Brasil. Ao mesmo tempo, ressaltava-se também o valor da ordem política e social, que estaria alicerçada nas “verdadeiras” tradições nacionais, isto é, aquelas legitimadas e autorizadas pela depuração histórica, que servissem de referência para as ações presentes e futuras dos cidadãos brasileiros. Apesar da confiança no futuro melhor, ele ainda continuava incerto; nesse sentido, muitos intelectuais propunham uma volta ao passado e encontrar as bases necessárias para a construção da civilização nacional (ARAÚJO e MEDEIROS, 2007). O passado, de maneira nenhuma, era desprezado em nome do futuro; antes, era reformulado para atribuir legitimidade e/ou crítica à ordem instituída no presente e aos projetos de futuro para as Minas Gerais e o Brasil. Contudo, esse processo não se deu repentinamente com a proclamação da República, muito menos sem acordos, negociações e pluralidade de pontos de vista, pois diferentes eram os projetos de modernização em jogo (GOMES, 2009). Outro fator se refere ao estatuto científico da História, tema de importantes debates no âmbito do IHGB (por exemplo, ver LESSA, 1908), e até mesmo no IHGMG (VASCONCELOS (1909), que será analisado na próxima seção). Procurava-se estabelecer o lugar do saber histórico na ciência moderna, num período em que as fronteiras entre as disciplinas como a Geografia e as Ciências Sociais ainda não eram bem delimitadas. A utilização de “fontes primárias”, o olhar “imparcial” e a narração factual eram os aspectos mais sobressalentes do método científico da História da época. Além disso, a especificidade da História também residia na sua função pedagógica, isto é, de promotora do civismo e do amor à pátria entre os concidadãos – brasileiros e mineiros. “A história, como disciplina ‘moderna’, afirmava, exatamente pelo tipo de concepção que se construía e solidificava sobre sua identidade, feição que era, ao mesmo tempo, erudita/científica e ensinável/pragmática,

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Raimundo Faoro faz uma importante diferenciação entre modernização e modernidade. A primeira ocorre quando o processo é dirigido por um grupo dominante que comanda o processo de cima para baixo, enquanto a última engloba a transformação de toda a sociedade, à constituição de um Estado de direito, da cidadania, do fortalecimento da sociedade civil e da instituição da democracia. Para o autor, na história brasileira houve apenas uma modernização desvinculada de modernidades. Cf. FAORO (2008).  

 

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indissociavelmente”6. A História possuía uma “missão”, a de promover o conhecimento verdadeiro/científico do passado de um povo, para uma formação sólida dos cidadãos e o fortalecimento da nação civilizada e moderna. A função cívica e pedagógica da História evidenciava o seu papel de fortalecer os laços de unidade dos mineiros. Isto era ainda mais urgente, no caso de Minas Gerais, tendo-se em conta as ameaças de separação de algumas regiões, como o Sul do Estado. Além disso, a questão da mudança da capital do Estado para Belo Horizonte - antigo Curral d’El Rey – também gerou grandes constrangimentos políticos, especialmente em Ouro Preto – que não queria perder o posto – e Juiz de Fora – que reivindicava a transferência da capital. No entanto, essas e outras desavenças foram contornadas pela elite política, com grandes dificuldades, em nome da manutenção da unidade política de Minas, no intuito de fortalecerse no cenário nacional (WIRTH, 1982; VISCARDI, 2001). Para este texto, escolhi como estratégia argumentativa apresentar dois discursos, o de inauguração do IHGMG, de Vasconcelos (1909) e de inauguração da Academia Mineira de Letras (AML), de Sena (1910). Proferidos em situações “semelhantes” – pois foram proferidos como abertura da assembleia inaugural desses dois institutos, cujos fins se aproximavam e possuíam muitos membros em comum – são boas referências da visão que cada um tinha de Minas Gerais. A análise interpretativa desses dois discursos servirão de instrumento heurístico para compreender os sentidos da temporalidade e identidade do povo mineiro por cada um desses autores.

DIOGO DE VASCONCELOS Diogo Luiz de Almeida Pereira de Vasconcelos nasceu em Mariana em 8 de maio de 1843, numa família tradicional e de destaque na história política mineira e brasileira. Diogo Luiz é descendente do antigo cronista das Minas, Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcelos, autor de obras importantes para o estudo da história colonial mineira. Era também sobrinhoneto de Bernardo Pereira de Vasconcelos e Francisco Diogo Pereira de Vasconcelos, nomes de relevo da política do Império. Essa ascendência familiar influenciou, de um lado, o seu forte traço católico e conservador de suas ideias e a simpatia que dedicava à Monarquia; de outro, a sua precoce e longeva (embora intermitente) carreira política e o grande prestígio que                                                                                                                 6  GOMES,

p.10  

 

Ângela Maria de Castro. A República, a História e o IHGB. Belo Horizonte: Argvmentvm, 2009,

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gozava entre a elite mineira, antes e depois da Proclamação da República. Foi um dos nomes mais importantes do Partido Conservador em Minas no período final do 2º Reinado. Assumiu como deputado em 1871, prestes a completar 28 anos, e foi reeleito em 1872, 1877 e 1885. Após a Proclamação da República, Vasconcelos não engrossou as fileiras dos “adesístas”, mantendo-se fiel ao regime monárquico e criticando publicamente a política republicana. Todavia, não abandonou completamente a cena pública e os cargos de governo. Foi Presidente da Câmara Municipal de Ouro Preto entre 1892 e 1893, e também Senador de Minas Gerais em 1919, chegando à Presidência da Casa. Foi como presidente do Senado Mineiro que veio a falecer, em 17 de junho de 19277. Diogo de Vasconcelos é sem dúvida o nome mais importante da historiografia mineira do período estudado. Sua obra histórica mais importante é História Antiga das Minas Gerais, continuada com a História Média das Minas Gerais, lançadas respectivamente em 1901 e 1918 – a História Antiga... foi republicada em 1904 com um segundo volume totalmente inédito. Nesses livros, o autor narra as primeiras expedições ao território que viria a ser as Minas Gerais, e chega até 1785, já que os acontecimentos relacionados à Inconfidência Mineira fariam parte de uma “História Moderna de Minas Gerais”, mas que jamais foi escrita. Entre sua produção bibliográfica, contam-se também as publicações póstumas de A arte em Ouro Preto (1934) e História do bispado de Mariana (1935). Além disso, publicou alguns trabalhos na Revista do Arquivo Público Mineiro, principal periódico de História de Minas da época: Também foi um jornalista atuante, contribuindo para A Província de Minas, A União (ambos órgãos do Partido Conservador); O Apóstolo; Jornal de Minas (do qual foi redatorchefe) e O Farol. Não é minha intenção neste trabalho fazer uma biografia de Vasconcelos, tampouco discorrer sobre a sua atuação no debate político-parlamentar do período. Prefiro concentrar na visão de história do autor, a sua concepção de “povo mineiro” e a atribuição de uma temporalidade específica a essa identidade – assim como para Nelson de Sena. Para tanto, o discurso de inauguração do IHGMG, publicado na Revista do Arquivo Público Mineiro no seu volume 14, de 1909, serve de artifício para uma apresentação da análise que procuro realizar na pesquisa.

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Vale destacar os trabalhos de Rodrigo Machado Silva que pesquisa Diogo de Vasconcelos na perspectiva da história intelectual e da história política. Este pesquisador relembra, por exemplo, que Vasconcelos homenageava D. Pedro II e defendia a manutenção da sua imagem mesmo com a mudança de regime político. Cf. SILVA (2010).

 

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Passemos ao discurso. A história, na visão do autor, é um elemento imprescindível da civilização humana, condição sine qua non para o seu desenvolvimento pois garante a continuidade das tradições de um povo. A própria divisão do mundo atual nos demonstra como a civilização preferiu as raças, que tiveram história, deixando abatidas nos estádios mais rudes aquelas, que não a criaram. É, senhores, que os anais, as memórias, as biografias dos homens ilustres, encerram em síntese, alguma coisa mais preciosa. (...) São dos arquivos empoeirados, dos monumentos carcomidos e atas do passado, que se irradia a continuidade anímica de nossa existência coletiva, iluminada pelos votos e testemunhos tantas vezes dolorosos da velha experiência8.

A experiência do passado, devidamente depurada pela narrativa histórica, serve de instrumento para otimizar as ações do presente e do futuro. Em outras palavras, a história ensina os homens a viver na civilização e cultivar a pátria, através do testemunho dos grandes fatos e heróis do passado de um povo. E é o seu conhecimento que permite a sua continuidade pela tradição e pela experiência. Essa noção de continuidade, explicitada pelo autor, é um dos elementos constitutivos da construção de identidades, como ressaltou Eric Hobsbawm (1984). O autor afirma que o maior valor da História, o aspecto que faz dela “a mais humana das ciências”, é que ela nos fala de uma força maravilhosa, (...) para achar a unidade espontânea e final dos mais variados acontecimentos; e para cada dia mais purificar diante de nossas vistas a mira a que os homens inconscientemente se dirigem, através da nuvem tormentosa dos séculos (VASCONCELOS, 1909, p. 215).

Desse modo, Diogo de Vasconcelos trabalha com uma concepção teleológica da história, cujo motor é a Providência divina, a “força maravilhosa” que o autor se refere. É ela que garante a unidade de sentido da ação humana em geral e, consequentemente, do processo histórico como um todo. O progresso é colocado em função da Providência. “O fenômeno do progresso, que zomba da divindade e das contradições humanas, é, com efeito, o mais palpitante e visível sinal da Providência ao longo de todas as eras”9. Da mesma forma, é dentro dessa visão que a noção de continuidade se inscreve, o que também permite ao autor trabalhar com o horizonte do progresso do povo mineiro, marcado pelo respeito às suas tradições e garantido pelo seu catolicismo fervoroso e sincero.                                                                                                                 8

VASCONCELOS, Diogo de. Discurso de inauguração do IHGMG. Revista do Arquivo Público Mineiro. Belo Horizonte: Imprensa Oficial de Minas Gerais, v.14, n.1, 1909, p.214 9 ibidem, p.215

 

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Um ser incompreensível a conduz [a história da civilização] e dorme dentro dela, para despertar a tempo e reagir no desânimo geral, fortificando a nossa fé, serenando as borrascas e mostrando em fim de contas o caminho andado na traça dos almejados destinos. A esse caminho chamamos nós o progresso e a esse poder, que está acima da previsão e vontade dos homens, chamamos Providência, e nem outro nome lhe pode convir, em que pese aos incrédulos10.

Também entendia que a história deveria se preocupar com as “sínteses” do passado e apresentá-las de maneira, clara, verdadeira e vivaz para os leitores do presente. Essas sínteses são constituídas pelos grandes eventos e personagens da história de Minas Gerais, que dominam toda a sua obra histórica e movimentam as suas narrativas. Ao historiador, cabia reconstituí-los em modelos para a juventude e guiar as suas ações no mundo, em nome da continuidade e do progresso da pátria mineira. Nesse sentido, a história tinha uma função moral, isto é, de desenvolver o civismo e o culto à pátria, pelo respeito aos heróis que sintetizam o caráter mineiro e a compreensão dos eventos formadores desse povo. Muitos comentadores da obra de Diogo de Vasconcelos destacam o seu estilo romântico, em referência ao gosto pela narrativa, a densidade atribuída aos agentes históricos e o tom vivaz e eloquente da sua escrita (IGLESIAS, 1974). Além disso, esse traço romântico também está relacionado pelo respeito às singularidades, a busca pela “cor local”, que no seu caso era dirigido para as Minas Gerais como elemento integrante e integrador da nação brasileira. Entendia o povo mineiro como uma unidade étnica, uma entidade homogênea devido a sua formação histórica particular e suas tradições específicas. O povo mineiro, que por sua história peculiar caracterizasse desde seu advento, há dois séculos, diferenciando-se do seu destino, e formando já a maior casa de toda a América, sentia a falta de se lhe erigir a oficina central do pensamento [o IHGMG], na qual se cuidam com esmero de fortificar a sua homogeneidade, e de unificar os seus elementos étnicos tradicionais11.

Por isso, fazia-se necessário a criação de espaços como o IHGMG e outros destinados ao estudo da história de Minas, para fortalecer a compreensão de si dos mineiros. Condensar essas qualidades ingênitas, aperfeiçoar a mentalidade, que nos foi transmitida, pelas circunstâncias especiosas de nossa origem, serão creio eu, o melhor e mais constante objeto de nossos estudos o escopo essencial deste Instituto, ereto em honra da história para farol inequívoco de nossos progressos12.

                                                                                                                10

ibidem, p.215 VASCONCELOS, 1909, p.213-214 12 ibidem, p.214 11

 

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A sua obra como um todo se constitui como uma busca pelas “origens” e dos traços constitutivos da identidade mineira, concebida por Vasconcelos como uma “essência” que se manteria imutável pela continuidade das tradições mineiras. O autor, aliás, pode ser situado como um “descobridor” das Minas, em referência à distinção feita por José Carlos Reis (2007a). Isto é, Diogo de Vasconcelos apresenta uma visão conservadora de Minas Gerais, defensor da continuidade das tradições coloniais e da herança lusitana. O povo mineiro, à luz destes princípios, tem de considerar antes de tudo a sua origem privilegiada. (...) Descendente de generoso sangue paulista, congraçado com o da mais heroica e laboriosa de todas as Mães-Pátrias, conservou e conserva na língua da mais bela epopeia moderna, nos hábitos inalteráveis da economia, do trabalho e da honra, tão bem como na fé católica, a cujos surtos se devem o descortino dos continentes e dos mares, as condições seguras, os elementos conservadores e as energias políticas de sua perfectibilidade no caminho indefinido aberto a vida das gerações, que vão nos suceder13.

Nesse sentido, o povo mineiro só teria a ganhar com a criação do instituto, dada essa “utilidade da história para a vida”. Segundo o autor, a história serviria para revelar as lições do passado mineiro e fortificar a consciência dos seus direitos e sua identidade, no intuito de preservar a sua própria unidade social, que na eloquência de Vasconcelos assume também um ar religioso: para manter na íntegra o território sagrado, herança de nossos pais, (...) e revestir de messes douradas as montanhas e vales em que nasceram os primogênitos de sua raça, sem falarmos da notícia profética de tantos destinos guardados nesses arquivos (ibidem, p.215).

Já apontando para o futuro, a tarefa de manutenção e fortalecimento da unidade mineira caberia agora para a “mocidade estudiosa”, que serão os primeiros, “eu espero, a honrar a nossa memória, como honramos, e temos honrado, a de nossos antepassados”14. O estabelecimento de uma “origem” e de “elos de continuidade” do povo mineiro, a utilização do termo “nós” e a identificação de elementos constitutivos da conduta dos mineiros são os artifícios utilizados para construir uma referência de identidade através do discurso narrativo de Diogo de Vasconcelos. A pesquisa se dedica a analisar e discutir essas representações, bem como aquelas empregadas pelo segundo autor da pesquisa, Nelson de Sena.                                                                                                                 13 14

 

VASCONCELOS, 1909, p.214 ibidem, p.220

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NELSON DE SENA Nelson Coelho de Sena (Serro, 1876 – Belo Horizonte, 1952) foi um dos intelectuais e políticos mineiros mais proeminentes da Primeira República. Embora seja hoje uma figura um tanto “esquecida”, Nelson de Sena desempenhou um papel de destaque na vida social, política e cultural de Minas Gerais, como professor-pesquisador e como deputado. Atuou em vários campos do saber, a maioria deles concentrada na área de Ciências Sociais, e “sua referência foi sempre Minas Gerais, que analisava como região e como formação histórica” 15. A amplitude de sua produção intelectual, aliada à grande variedade de objetos e temas pesquisados – índios brasileiros, africanos, religiosidade, recursos naturais mineiros, geografia e história de Minas – conferiu a Nelson de Sena um grande reconhecimento da comunidade política e acadêmica da época. Desempenhou também uma longa carreira política, como deputado estadual (1907 a 1922) e federal (1922 a 1930). Foi um deputado atuante, produzindo uma grande variedade de discursos, uma “fonte rica para a compreensão da memória política do Brasil e de Minas Gerais no período da Primeira República”16. Sua atuação como homem público restringiu-se ao período da Primeira República. Em 1930, tendo o seu diploma depurado pela Comissão de Verificação de Poderes, e principalmente após o golpe de 1930 – aliás, com forte participação da elite mineira – abandonou a política e se dedicou exclusivamente à atividade intelectual, como professor e pesquisador. Sua última manifestação política foi a sua assinatura do famoso Manifesto dos Mineiros, em 1943. Enquanto historiador, Nelson de Sena destacou-se pela larga utilização de fontes primárias, bem como pela ênfase às peculiaridades regionais de Minas, apresentando-a como um “mosaico”, mas sem abrir mão da sua unidade cultural e política. Era defensor da tese segundo a qual “o estado ensinaria ao Brasil o caminho para a integração social e cultural”17. Compreendia a história de Minas numa perspectiva evolucionista, a partir de quatro elementos sintetizados pela professora Vera Alice Cardoso Silva: o povo mineiro é miscigenado e isso é um aspecto positivo; o povo, a terra e a cultura mineira devem ser estudadas cientificamente; a valorização da mineração como destino histórico do estado e

                                                                                                                15

FUNDAÇÃO, 2006, p.39. Esta coletânea de discursos de Nelson de Sena lançada pela Coleção Mineiriana da Fundação João Pinheiro conta, além de preciosas fontes de análise, um primoroso estudo crítico da professora Vera Alice Cardoso Silva, do Departamento de Ciência Política da UFMG. 16 FUNDAÇÃO, 2006, p.19 17 SILVA, 2006, p.39

 

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como a base da mineiridade; e a valorização dos “grandes homens” que fizeram a história do estado. No discurso de inauguração da AML, republicado na coletânea organizada pela Fundação João Pinheiro – Memória política do Estado de Minas Gerais: Nelson Coelho de Sena (2006) – Nelson de Sena afirma que o estudo do passado de Minas Gerais pode, de um lado, despertar “ideias poentes” e servir de inspiração para o trabalho intelectual e literário, e de outro, justificar a criação da própria Academia. No entanto, o autor prefere concentrar a atenção no futuro, “pedindo ao patriotismo vidente que me aclarasse o que porventura nos aguarda nesse amanhã de incógnitas e esperanças quanto ao domínio geral do progresso no meio físico e no ambiente moral desta Terra, que nossa é pelo berço e pelo amor”18. Portanto, também trabalha com o horizonte do progresso, ancorado no sentimento patriótico de devoção à terra de Minas. Portanto, Sena faz um exercício futurista para Minas Gerais, o que bem demonstra o sentido da temporalidade que o autor trabalha para os mineiros. E embora esse futuro seja constituído de incógnitas, “seja qual for o futuro que nos espera, (...) pode-se, de antemão, augurar para esta terra de Minas Gerais espantoso e irreprimível surto ascendente na escala industrial da civilização”19 . Se por um lado esse horizonte de expectativas indica uma perspectiva típica desse período de crença na ciência e no desenvolvimento comercial, industrial e urbano da humanidade civilizada, por outro está assentada nas próprias raízes históricas de Minas Gerais, isto é, sua vocação para a mineração e seus recursos hídricos que promoverão a criação de indústrias siderúrgicas e usinas hidrelétricas, por exemplo. Portanto, o autor não visualizava um futuro sem passado, pois valoriza a herança da experiência e das tradições mineiras. Sena também prevê um forte crescimento da população mineira, concentrada cada vez mais nas cidades, que se tornarão grandes e opulentas metrópoles espalhadas pelo território mineiro: Juiz de Fora, Muriaé, Poços de Caldas, Uberaba, etc. Nesse sentido, o autor desenvolve suas previsões para as diferentes regiões do Estado, destacando suas cidades mais importantes e de acordo com suas vocações “naturais”, isto é, vinculadas ao passado dessas próprias regiões: a agricultura, pecuária, comércio, extração mineral, etc. Todavia, o autor não                                                                                                                 18

SENA, Nelson Coelho de. [O desenvolvimento de Minas Gerais e sua riqueza literária] In: FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO: Memória política de Minas Gerais: Nelson Coelho de Sena. Belo Horizonte, 2006. Discurso de abertura da assembleia inaugural da Academia Mineira de letras. Título atribuído pela Fundação João Pinheiro, p.70 19 ibidem, p.70

 

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perde de vista a manutenção e fortalecimento da unidade mineira, a partir de sua nova capital. “E todos esses empórios, essas magníficas e populosas cidades, contemporâneas da geração de amanhã, sertão, Senhoras e Senhores, serão apenas vassalas de uma só rainha: Belo Horizonte”20. Esta cidade será, na visão de Nelson de Sena, tão grande como uma nação, ainda ligada ao Brasil pelos laços federativos, pela “comunhão da raça brasileira”, pela língua e direito comuns, mas com peculiaridades internas de governo que melhor atendam às necessidades do povo mineiro. De fato, Nelson de Sena não tinha nenhum compromisso com a monarquia, e em toda a sua carreira política e intelectual se caracterizou como um republicano liberal-conservador (SILVA, 2006). Desse modo, o progresso de Minas será realizado pela afirmação da unidade mineira e sua ligação com a nação brasileira pelos “laços do federalismo”. Nelson de Sena apresenta, portanto, uma visão “otimista” para o futuro de Minas Gerais. No entanto, o futuro assim delineado para os mineiros também faz surgir uma questão: o progresso industrial e urbano entorpecerá a intelectualidade mineira? O requinte do conforto, a intensa luta industrial, o progresso econômico, o trunfo definitivo da era mercantil, no Brasil de amanhã, entibiarão as energias do cérebro nacional e farão apoucada a nossa cultura artística e literária?21.

Embora não possa dar uma solução concreta e definitiva para esse problema, Nelson de Sena propõe uma resposta calcada na fé. Fé em Deus, certamente, mas principalmente a esperança de que os homens do futuro ainda se disponham a lutar pelas letras e pela tradição cultural de Minas Gerais. Esperança de que, ainda em meio à áspera luta de uma era industrial, hão de sobrar corações que amem a beleza e a bondade (...) e timbrem no propósito alevantado de não deixar perecer os ideais de uma raça meiga e sonhadora. Fé, Senhores, nesse poderoso instinto que leva os povos a conservarem as suas crenças mais sentidas e suas mais caras tradições22.

Esse futuro marcado pelo progresso não está descolado completamente do passado de Minas, marcado, entre outros elementos, pelo amor à cultura, às letras e às artes. Assim, o futuro se liga ao passado pela continuidade da tradição, formando assim a articulação temporal da identidade mineira.                                                                                                                 20

ibidem, p.73 SENA, 2006, p.73 22 ibidem, p.74 21

 

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Pois haveríamos nós, meus Amigos, de deslustrar em dias de hoje as tradições de ‘Cláudio, Basílio, Durão e Gonzaga, que foram os maiores espíritos poéticos do seu tempo na língua portuguesa’, no conceito de um grande e severo crítico23?24

A seguir, o autor cita vários escritores e artistas mineiros dos séculos XIX e XX, no intuito de demonstrar esse traço característico da sua identidade histórica. “De Minas, ninguém dirá em tempo algum que possa ter sido pobre de talentos e de magníficas vocações artísticas”25. Desse modo, Nelson de Sena recorre a um topos muito utilizado para se referir à identidade mineira, isto é, o gosto pela cultura superior e sua tradição erudita herdada desde o período colonial, sobretudo com os poetas inconfidentes (ARRUDA, 1991). Por outro lado, a literatura também é vista como instrumento de formação do próprio caráter mineiro. Assim, além de ser um dos traços dos mineiros, a produção literária também promove o fortalecimento dessa tradição tão cara ao povo de Minas. Não duvidemos, Senhores acadêmicos, de que ‘tudo se pode esperar da imaginação impetuosa e do espírito ativo que caracteriza os Mineiros’, conforme a nosso respeito opinou um insuspeitíssimo viajante inglês, Mr. Walsh26.

O autor também cita Varnhagen para valorizar o papel de Minas Gerais no cenário nacional: “Deixemos por hora só em profecia que sendo Minas o estômago do Brasil, nunca será vigorosa e genuína a literatura que daí não tire as forças, o vigor e a origem”27. O papel central do Estado se coloca não só na sua posição geográfica, mas também na cultura brasileira. E a AML, no contexto do discurso, nascia para subsidiar o desempenho desse papel, além de reafirmar o caráter mineiro de amor pela cultura, herdada desde os “mártires” da Inconfidência e mantida ao longo do tempo. Portanto, mesmo que o autor declare a sua intenção de projetar o futuro, não deixa de se voltar para o passado na busca de experiências e lições da história. E é nessa chave que Nelson de Sena constrói uma representação do caráter mineiro articulado à sua própria historicidade, formando assim uma visão de Minas e a sua identidade.

Conclusão                                                                                                                 23

O autor se refere a Sílvio Romero, em História da literatura brasileira. ibidem, p.74 25 ibidem, p.75 26 SENA, 2006, p.76 27 ibidem, p.76   24

 

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A análise interpretativa dos discursos de Diogo de Vasconcelos e Nelson de Sena foi feita no intuito de apresentar, na prática, o objetivo geral da pesquisa – discutir as suas visões de Minas Gerais, nas suas semelhanças e diferenças, tendo em vista os modos de articulação temporal relativos ao povo mineiro, enquanto unidade social, política e cultural singular e integrante do todo nacional. Para se chegar a esse objetivo geral, algumas etapas deverão ser seguidas, as quais foram explicitadas na própria divisão deste texto: compreender a conjuntura histórica de Minas Gerais na Primeira República e os impactos ocorridos no campo historiográfico do período; analisar a posição social e política de Diogo de Vasconcelos e Nelson de Sena, para auxiliar o entendimento de suas visões de história e de Minas Gerais; e discutir as representações simbólicas que esses autores mobilizavam para a construção de uma história mineira, tais como a ideia de “origem”, a formação de “elos de continuidade temporal”, a atribuição de certos traços psicológicos e sociológicos que seriam comuns aos mineiros; e a construção de projetos de futuro para o povo das Minas. Pela leitura desses discursos, pode-se observar algumas características em comum das visões de identidade de Minas de Vasconcelos e Sena. Ambos trabalham com a perspectiva do progresso de Minas Gerais, que por sua vez não está desvinculado das tradições e do passado do seu povo. Na mesma medida, afirmam explicitamente a defesa da continuidade do povo mineiro, isto é, da permanência de suas características “essenciais” fixadas pela tradição. E assim apresentam uma imagem de Minas, construída pelo passado e que não se altera nem deseja se alterar, em nome do próprio futuro. Nesse sentido, esses autores buscam delimitar os traços substanciais da identidade mineira – seja a religiosidade, a formação étnica, o gosto pela cultura e artes, etc. Além disso, fica evidenciado o caráter pedagógico do conhecimento histórico, e sua utilidade consistiria em promover o próprio progresso do povo mineiro, na medida em que este se mantenha fiel à sua “tradição”. Vale ressaltar que a pesquisa não trabalha com essa chave de interpretação “essencialista” e conservadora da identidade. Assim como José Carlos Reis (2006) afirmou, pretendo “dessubstancializar” esses discursos sobre a “mineiridade”. Não se trata de endossar ou corrigir essas visões, mas compreendê-las como uma das várias faces de Minas e dos mineiros, colocá-las em debate, e contribuir para o estudo das interpretações do Brasil e de Minas, num período em que se torna cada vez mais urgente e problemática a questão das identidades coletivas (HALL, 2011). Para tanto, assumo aqui a afirmação de José Carlos Reis,

 

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segundo a qual “a história é o discurso que representa as identidades de indivíduos, de grupos e nacionais, e a crítica historiográfica é a própria ‘vida do espírito’ de uma nação”28.

FONTES SENA, Nelson Coelho de. [O desenvolvimento de Minas Gerais e sua riqueza literária] In: FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO: Memória política de Minas Gerais: Nelson Coelho de Sena. Belo Horizonte, 2006. Discurso de abertura da assembleia inaugural da Academia Mineira de letras. Título atribuído pela Fundação João Pinheiro. VASCONCELOS, Diogo de. Discurso de inauguração do IHGMG. Revista do Arquivo Público Mineiro. Belo Horizonte: Imprensa Oficial de Minas Gerais, v.14, n.1, 1909, p.213220. VEIGA, José Pedro Xavier. Palavras Preliminares. Revista do Arquivo Público Mineiro. Ouro Preto: Imprensa Oficial de Minas Gerais, v.1, n.1, jan/mar 1896, p.I-VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, Valdei Lopes; MEDEIROS, Bruno Franco. A história de Minas como história do Brasil. Revista do Arquivo Público Mineiro. Belo Horizonte, v.43, p.22-37, 2007. ARRUDA, Maria A. do Nascimento. Mitologia da mineiridade: o imaginário mineiro na vida política e cultural do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1990. CALLARI, Cláudia Regina. Os institutos históricos: do patronato de d. Pedro II à construção do Tiradentes. Revista Brasileira de História. São Paulo, n.40, v.21, p.59-83, 2001. CARVALHO, José Murilo. A formação das almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. DIAS, Fernando Correia. Mineiridade: construção e significado atual. Ciência & Trópico. Recife. n.1, vol.13, p. 73-89. jan/jul 1985. DULCI, Otávio Soares. As elites mineiras e a conciliação: a mineiridade como ideologia. In. Ciências Sociais hoje, ANPOCS, São Paulo, Cortez: 1984, p.7-31. FAORO, Raimundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. 4ª ed. São Paulo: Globo, 2008. GOMES, Ângela Maria de Castro. A República, a História e o IHGB. Belo Horizonte: Argvmentvm, 2009. HALL Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: LP&A Editora, 2011                                                                                                                 28

 

Reis, 2006, p.20.

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