Texto Seminário de Tese

July 4, 2017 | Autor: C. De Siqueira Wuo | Categoria: Air Transport
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Seminário de Tese apresentado no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, área Transporte Aéreo e Aeroportos

ANÁLISE DO DESEMPENHO DA LOGISTICA INTERNA DE AEROPORTOS
Comparativo entre aeroportos brasileiros.



Aluno: Conrado de Siqueira Wuo.
Orientador: Anderson Ribeiro Correa.
Relator: Carlos Muller




Resumo
O presente trabalho utilizará métodos de análise multivariada, para comparar alguns aeroportos no que tange à logística interna dos terminais de carga dos mesmos. Serão utilizados indicadores de desempenho comuns a outros trabalhos semelhantes encontrados na literatura e também a introdução de novos indicadores, que estão fortemente relacionados às eficiências dos aeroportos. Geralmente são usados indicadores relacionados às infraestruturas, o intuito desse projeto é utilizar além desses indicadores, outros, relacionados às operações, como por exemplo, tempos médios de liberação e despacho de cargas.
Após as comparações será possível identificar qualidades, defeitos e possíveis melhorias para cada aeroporto, ou para um conjunto entre eles.

1-Introdução

1.1-Contextualização
A globalização está fazendo com que a logística tenha um papel mais importante para o resultado das empresas. Seus custos podem representar até 30% dos valores das vendas e 12% do PIB mundial. Portanto, um bom desempenho na área de logística pode trazer muitos benefícios às empresas. Cada vez mais as empresas buscam mais confiabilidade, velocidade, qualidade por um preço cada vez menor (Ballou, 2006). Um país que possui uma rede logística eficiente pode trazer benefícios para as empresas e melhorar sua competitividade perante outros países, impulsionando o crescimento das empresas internas e da própria economia. A logística interna de um aeroporto quando bem administrada pode trazer inúmeros benefícios, para os clientes e para o próprio administrador, a eficiência da gestão dos aeroportos tem sido discutida fortemente (ATRS, 2007; Graham, 2008).

Cada vez mais podem ser encontrados na literatura ferramentas para se mensurar os níveis de gestão de aeroportos, ferramentas essas que conseguem indicar possíveis ações e melhorias a serem tomadas pelos gestores dos aeroportos. A comparação entre aeroportos é de grande importância, pois pode identificar as diferenças existentes, e o que deve ser tomado como referência de cada um, se um país possui aeroportos defasados com relação aos outros, ele poderá trazer consequências negativas para sua economia, para o mercado interno e para as empresas do país. Métodos de comparação vêm sendo usados há muito tempo, proporcionando inúmeros meios para se comparar resultados, características, etc., cada método deve ser utilizado em suas respectivas atribuições, para o caráter gerencial, e no caso de aeroportos, São utilizados alguns métodos, como, a análise multivariada, por agrupamento hierárquico e análise dos componentes principais (Oliveira).

1.2-Importância do Tema
Segundo o Embraer Market Outlook 2009-2028 a demanda mundial por transporte aéreo irá crescer em torno de 4,9% por ano, fazendo com que ocorra um impacto em todos os sistemas, desde as aeronaves até os aeroportos. As empresas aéreas estão usando cada vez mais tipos de aeronaves, desde aeronaves pequenas de aproximadamente 100 passageiros até aeronaves de categoria F, como o Airbus A-380. Aeronaves menores são utilizadas em rotas mais curtas, com maior frequência e uma quantidade menor de passageiros/carga. Já as aeronaves maiores são utilizadas para etapas mais longas, para transporte de uma grande quantidade pessoas/carga. Também existem aeronaves intermediárias, para outros tipos de voo. O intuito de utilizar muitas aeronaves por uma companhia geralmente é de maximizar os lucros, conseguindo transportar certa quantidade de pessoas ao menor custo possível, buscando sempre altas taxas de ocupação. Isso exige que os aeroportos tenham que estar preparados para atender aeronaves muito grandes com grande quantidade de passageiros, aeronaves intermediárias e aeronaves pequenas com grande frequência. Para atender todas essas peculiaridades de cada tipo de aeronave o aeroporto deve encontrar soluções eficazes para que todas as demandas sejam atendidas. E também eficientes, para que o custo e a qualidade de serviço prestado ao cliente seja o melhor possível.

O Brasil possui uma grande quantidade de aeroportos, e a utilização para o transporte de cargas vem aumentando ao longo do tempo, espera-se que o transporte de cargas deva crescer 4,1% ao ano até 2018 segundo a secretaria de aviação civil. Em 2014, o total de carga paga internacional transportada foi de 171,4 mil toneladas segundo dados da ANAC. Porém, mesmo assim, o Brasil possui eficiência muito baixa no que diz respeito ao transporte de carga, por exemplo, o tempo de liberação de carga médio é de 175 horas, enquanto em Xangai e Singapura o tempo médio é de 4 horas segundo a agência Reuters. A utilização de métodos comparativos e de avaliação do desempenho de sistemas logísticos em aeroportos é crucial para que todo o sistema funcione harmonicamente, com eficiência e eficácia. Diminuindo ociosidades, custos, tempo e falhas no sistema. Aumentando o nível do serviço, o lucro e a competitividade do país frente a outros países.

1.3-Justificativa
A logística interna de um aeroporto tem uma grande importância, pois todo funcionamento do aeroporto passa por ela, agrega custos aos aeroportos, interfere na segurança das pessoas envolvidas e está diretamente ligada a qualidade dos serviços prestados pelo aeroporto aos clientes. Um bom desempenho da logística interna advinda da utilização das melhores práticas pode trazer benefícios como:
Redução de custos;
Menor risco de acidentes;
Agilidade nos processos;
Diminuição de erros;
Melhoria nos serviços prestados aos clientes.

A comparação entre aeroportos é de suma importância, pois pode evidenciar os melhores métodos de administração, a fim de otimizar os processos de cada aeroporto, trazendo benefícios para os administradores e clientes.



1.4-Objetivo
O objetivo do projeto é identificar os métodos utilizados na logística interna dos aeroportos, analisar o desempenho dos mesmos para comparação de casos. Procurar informações sobre novas técnicas, ferramentas, etc., no Brasil e no mundo, e sua aplicabilidade nos aeroportos brasileiros, se as novas tendências são viáveis e quais benefícios podem trazer. Analisar técnicas de logística usadas em outros setores, indústrias, comércios, etc. que possam ser migrados para os aeroportos.

Por meio de uma análise multivariada, fazer comparações e identificar pontos positivos de cada aeroporto e de cada grupo, aproveitando para sugerir possíveis melhorias e métodos a serem seguidos para cada aeroporto. Analisar os impactos da concessão nos aeroportos que passaram a ser administrados pela iniciativa privada.

2-Revisão da Literatura

2.1-Terminal de Carga Aérea
O terminal de carga aérea é uma parte do aeroporto responsável por receber carga proveniente de um transporte aéreo ou liberar carga para algum transporte aéreo. Ele promove uma interface entre importadores e exportadores. No terminal, as cargas são verificadas, por uma série de itens, documentação, peso, etc.. Cada tipo de carga tem suas peculiaridades de liberação, assim como os respectivos órgãos por onde devem passar. Segundo a INFRAERO os órgãos e demais prestadores de serviço existentes em um terminal de carga no Brasil são:

INFRAERO ou outra administradora: Responsável pela administração dos terminais de carga, faz a ligação entre os outros órgãos.
Secretaria da Receita Federal do Brasil – SRF: Fiscaliza e controla o comércio exterior. Examina cargas a serem importadas e exportadas de acordo com critérios estabelecidos com relação gerenciamento de risco.
Despachante Aduaneiro: Formula a declaração aduaneira de importação ou exportação e verifica as mercadorias.
ANVISA: (Agência nacional de vigilância sanitária), faz a inspeção e o controle sanitário de medicamentos, cosméticos, perfumes, alimentos, saneantes, produtos médicos ou de diagnóstico in vitro, e de higiene, que entram ou saem do país.
VIGIAGRO: (Sistema de vigilância agropecuária internacional), fiscaliza o trânsito de animais, vegetais, etc., para impedir a disseminação de doenças, pragas, etc..
Empresas Transportadoras: Responsáveis pelo transporte das cargas, para qualquer tipo de modal, rodoviário, ferroviário, marítimo e aéreo nacional quanto internacional.
Agente de carga: Intermediário entre o transportador e o embarcador, cuida essencialmente do pré e pós-embarque.
Governo de estado local e outros: Governo do estado e outros órgãos como IBAMA e a comissão de energia nuclear também podem inspecionar as cargas.
Para que uma carga seja liberada, ela deve passar pelos diversos setores presentes no terminal, fazendo com que os tempos de liberação e despacho de carga aumentem. Para que haja mais agilidade e rapidez em um processo de importação/exportação é necessário que tenha uma sinergia entre todos os entes envolvidos no sistema, uma diminuição da burocracia e uma maior interligação entre as áreas também poderiam contribuir com a eficiência do sistema.

2.1.1-Fluxo no Terminal de Carga Aérea
O fluxo físico, que corresponde à movimentação das cargas em um terminal de cargas pode ser feito para três objetivos segundo Magalhães (1998):

Fluxo de importação:
A carga é retirada da aeronave e é colocada em uma linha de espera.
Separação dos lotes que estão consolidados.
Inspeção prévia, estado da carga, documentação e pesagem.
Armazenagem das cargas nos armazéns do terminal.
Retirada do armazém e colocada para desembaraço e nacionalização.
Fiscalizações e controles dos órgãos. Varia para cada tipo de carga.
Liberação para o modal terrestre, transportador recebe a carga.
Fluxo de exportação:
Recebimento da carga proveniente de modal terrestre para o terminal.
Identificação e rotulação da carga.
Armazenagem e consolidação das cargas.
Colocação das cargas consolidadas em uma fila de espera.
Embarque das cargas nas aeronaves.
Fluxo de trânsito:
Recebimento de carga por modal aéreo, como importação, porém a liberação é feita para outra aeronave.
Recebimento de carga por modal terrestre, como exportação, porém com saída também terrestre, menos comum.
Quando o fluxo dentro do terminal é realizado de forma mais eficiente e rápida, tanto os entes envolvidos nos terminais quanto os clientes tem benefícios. Quanto mais rápido é o processamento das cargas, maior será a quantidade de carga que o terminal poderá movimentar, resultando em mais lucro. Do ponto de vista do cliente, a eficiência nos serviços pode trazer redução de custos e diminuição no tempo de recebimento ou entrega de um produto, que, aliás, é um ponto fundamental para escolha do modal aéreo pelos clientes.

2.1.2-Equipamentos e Veículos Utilizados nos Terminais
Para suportar e auxiliar no processo de transporte, armazenagem e verificação são utilizados equipamentos e veículos que facilitam, ajudam e aceleram os processos de um terminal de carga. Os principais são:

Carregadores manuais, elétricos e empilhadeiras: Auxiliam no carregamento, descarregamento e transporte de curta distância de pallets, containers e carretas.
Transelevador: Ajudam no armazenamento e no grau de ocupação de um armazém, pois facilitam as armazenagens em lugares altos. Geralmente com auxilio de computadores.
Esteiras: Transportam cargas, pessoas, etc. entre lugares fixos, não tem muita flexibilidade.
Guindastes e gruas: Carregam e descarregam containers, pallets e carretas mais pesados. Mais utilizados em portos.
Guinchos: Auxiliam no transporte, carregamento e descarregamento de cargas pesadas.
Dolly: Utilizadas para transportar cargas de diversas formas para locais mais distante, possuem grande flexibilidade.
Balança: Conferem o peso da carga com o declarado e auxiliam na estratégia de transporte e armazenagem da carga.
Envelopadoras: Consolidam as cargas, provendo mais segurança às cargas e melhor utilização de espaços.
Todos esses equipamentos ajudam no descarregamento/carregamento, transporte e verificação das mercadorias. A utilização de equipamentos modernos e com boa manutenção é fundamental para que não ocorram acidentes, perdas de tempo, danificações nas mercadorias, etc.. Eles também estão envolvidos com a eficiência dos terminais, pois quanto mais automatizado for o terminal, maior será sua rapidez e confiabilidade.

2.2-Capacidade de Carga das Aeronaves
Cada avião consegue transportar certa quantidade de carga, e cada um tem suas peculiaridades com relação às dimensões dos porões, portas, etc. Também depende da configuração, pode ser voltado à passageiros, carga e combi (carga e passageiro).
Marca
Modelo
Configuração
Carga Transportada
Boeing
747-8
Cargueiro
857,7 m³
Boeing
747-8
Passageiros
161,5 m³
Boeing
777-300
Passageiros
202,0 m³
Boeing
737-900ER
Passageiros
51,7 m³
Airbus
A380
Passageiros
184,0 m³
Airbus
A300-600 - Beluga
Cargueiro
1400,0 m³
Airbus
A330-300
Combi
162,8 m³

Como pode ser observada pela tabela, cada aeronave possui uma quantidade específica de carga para ser transportada, e também possuem diferentes configurações de abertura do compartimento de carga. Para que um aeroporto tenha sucesso, ele deve estar apto à trabalhar com qualquer tipo de aeronave, da maneira mais eficiente possível.



2.3-Principais Aeroportos Brasileiros
Segundo o anuário 2013 da ANAC, a quantidade de carga paga transportada cresceu 62% de 2004 a 2013, somando o mercado doméstico e o internacional, em 2013 foram transportadas 1.186 toneladas.

O mercado doméstico transportou 408.620 Kg em 2013 e a participação das 5 principais empresas foi a seguinte:


O mercado internacional transportou 777.600 Kg em 2013, e a participação das principais empresas foi a seguinte:


Em 2011, toda a movimentação era administrada pela infraero, o volume total movimentado pelos 8 principais aeroportos foram os seguintes
Sigla
Cidade
Quantidade(kg)
Participação(%)
SBGR
Guarulhos
378.501.726
35,56%
SBKP
Campinas
294.097.174
27,63%
SBEG
Manaus
183.540.702
17,24%
SBGL
Galeão
87.876.227
8,26%
SBCT
Curitiba
42.159.101
3,96%
SBPA
Porto Alegre
40.221.164
3,78%
SBRF
Recife
38.046.803
3,57%

Em 2014, alguns desses aeroportos passaram a ser administrados por concessionárias, e as respectivas quantidades movimentadas em 2014 foram:
Sigla
Cidade
Quantidade(kg)
Participação(%)
SBGR
Guarulhos*
503.675.000
47,97%
SBKP
Campinas**
234.540.620
22,34%
SBEG
Manaus
154.028.525
14,67%
SBGL
Galeão
49.531.457
4,72%
SBCT
Curitiba
33.252.808
3,17%
SBPA
Porto Alegre
34.134.522
3,25%
SBRF
Recife
40.889.200
3,89%
*Administrado pela GRU airport **Administrado pela Aeroportos Brasil Viracopos

É possível notar que o volume de carga movimentado pelos aeroportos tem forte relação com o desenvolvimento da região onde ele está inserido, regiões mais industrializadas e/ou mais ricas movimentam mais cargas. Tanto que os aeroportos que mais movimentam carga pertencem à regiões próximas.

2.4-Avaliação de Desempenho dos Aeroportos
Uma análise de desempenho dos aeroportos é de suma importância, pois seu desempenho está diretamente ligado ao sucesso do aeroporto, dos clientes e indiretamente ligado à economia do país. Na literatura podem ser encontradas algumas formas para se medir o desempenho e avaliar o sistema dos aeroportos.

Magalhães (1998) fez um estudo que estimava as áreas necessárias para a construção de um terminal de carga, para auxiliar na tomada de decisão de projetos de criação ou ampliação de terminais. Com esse estudo é possível analisar se as edificações dos aeroportos estão de acordo com o estimado, se não existem áreas com sobra de espaço ou falta de espaço. Se as operações poderiam ser mais eficientes caso os espaços estivessem mais de acordo com o necessário.

Neufville e Guzman (2009) fizeram um estudo onde que avaliava e comparava as eficiências de aeroportos. Eles analisavam os aeroportos do ponto de vista do projeto de cada um, verificando áreas de cada setor, comprimento de pista, etc.. Nessa análise é possível aferir se o aeroporto pode suportar todos os tipos de aeronave, e a eficiência do sistema. Ele também mostra a importância da comparação entre aeroportos, comparando as eficiências e os desempenhos de cada um.

Mendes (2012) fez um estudo para analisar a qualidade e a produtividade da logística do terminal de cargas de Viracopos. Para tal, ele utilizou o software ARENA, para auxiliar na obtenção dos resultados. Ele identificou que soluções simples, como mudança da velocidade da esteira do transelevador e mudança no tipo de armazenagem aumentariam a produtividade e diminuiria o tempo total de armazenagem. A utilização de softwares pode ajudar a chegar em soluções cada vez mais próxima da ótima, pois eles podem realizar cálculos e simulações em um curto período de tempo.

Da Silva (2012) realizou uma análise do desempenho da cadeia logística da infraero. Neste estudo foram elaborados questionários para as empresas contratantes do serviços da infraero e para a própria infraero afim de se analisar os anseios dos clientes e quais melhorias são viáveis para a infraero. O resultado obtido foi que os clientes procuram redução de tempo e de custos. Ela também observou que o tempo é um fator que depende de outros órgãos, o que torna mais complicada sua diminuição.

A tabela a seguir apresenta os indicadores utilizados em cada trabalho, com os respectivos títulos e autores.




Autores/Ano de Publicação
Títulos
Indicadores Utilizados
Neufville e Guzman (2009)
Benchmarking for Design of Major Aiports Worldwide
Balcões de check-in; Vagas de estacionamento; Área do lado terrestre; Esteiras para retirada de bagagem; Área do lado ar; Quantidade de pistas; Quantidade de posições de pátio com ou sem pontes

Oliveira (2012)
Estudo do Desempenho Operacional dos Aeroportos Brasileiros Relativo ao Movimento de Cargas
Posições no pátio; Área do pátio de aeronaves; Área do terminal de cargas para exportação; Área do terminal de cargas para importação; Comprimento básico da maior pista; Automatização do armazenamento; Frequência de voo das companhias aéreas; Movimento anual de aeronaves; Companhias aéreas presentes; Agentes de carga presentes; Docas no terminal de carga; Acessibilidade aos mercados; Proximidade do centro gerador de demanda; Potencial do mercado local; Faturamento do aeroporto relativo à carga; Volume anual de carga.

Chung et al (2015)
A Benchmarking of Operational Efficiency in Asia Pacific International Cargo Airports
Relação de frequência de transporte de carga; Lucratividade; Crescimento anual de transporte de carga; Movimentação de carga/ tarifas de solo; Movimentação de carga/ número de pistas; Movimentação de carga/ portões de embarque; Movimentação de carga/ Área do terminal de carga; Movimentação de carga/ quantidade de companhias aéreas cargueiras; Movimentação de carga/ quantidade cidades atendidas; Movimentação de carga/ disponibilidade de voos.
Gillen e Lall (1997)
Developing Measures of Airport Productivity and Performance: An Application of Data Envelope Analysis
Número de passageiros; Quantidade de carga; Número de pistas; Portões de embarque; Área do terminal; Número de funcionários; Esteiras de bagagem; Vagas de estacionamento; Movimentação de passageiro; Movimentação de carga; Área do pátio; Área do aeroporto.
Sarkis (2000)
An analysis of the operational efficiency of major airports in the United States. Journal of Operations management
Custos operacionais; Quantidade de funcionários; Portões de embarque; Número de pistas; Receitas operacionais; Movimentação de aeronaves; Aviação geral; Passageiros totais; Cargas totais.

É possível notar que os autores utilizaram indicadores bem semelhantes, bem ligados a infraestrutura dos aeroportos, Chung(2015) utiliza indicadores de eficiência quando divide a movimentação por área ou outros. Porém nenhum deles utiliza fatores relacionados ao tempo, que para os clientes e para os administradores dos aeroportos é de suma importância.

2.5-CONCESSÃO DE AEROPORTOS
Em 2012, alguns aeroportos brasileiros tiveram suas administrações concedidas para empresas privadas, aeroportos de relativa importância, como o de Guarulhos e o de Campinas. A concessão foi realizada a fim de reformas e modernização dos aeroportos. Portanto é esperado que após as concessões os aeroportos tivessem melhorado sua eficiência e o serviço prestado aos clientes.

Silva (2010) realizou um estudo a respeito das concessões e o mercado de "slots", nesse estudo ele ressalta a falta de infraestrutura dos aeroportos e os possíveis caminhos para a melhoria. Ele se mostra a favor da concessão e cita exemplos de países que tiveram sucesso, como a Inglaterra e os EUA. Também discute a atual alocação dos slots, e diz que o sistema atual deveria ser repensado.

2.6-Métodos Utilizados
Gillen e Lall (1997) também utilizaram o método DEA para analisar o desempenho e a produtividade de aeroportos nos EUA. Com essa abordagem foi possível fazer um ranking das eficiências entre os aeroportos em cada ano, assim como o progresso de todos os aeroportos e de cada um ao longo do tempo.

Sarkis (2000) usou o método DEA para analisar a eficiência operacional dos principais aeroportos dos EUA. Após a analise ele apontou quais eram os mais eficientes e a eficiência de cada um para cada indicador e no geral. 14 aeroportos obtiveram alta eficiência em todos os 5 anos analisados(1990 até 1994).

A análise multivariada parte do princípio de que pessoas, objetos tem características semelhantes, porém não devem ser observados de maneira homogênea, como se fossem todos iguais, mas também para que não sejam observados apenas individualmente, foi criada a análise multivariada, onde essas entidades são colocadas em grupo, com características bem semelhantes. Por exemplo, é possível dividir aeroportos por tamanho, pequenos, médios e grandes, facilitando a visualização e ponderando as peculiaridades de cada grupo. As técnicas da análise multivariada se desenvolveram antes dos computadores, porém após foi após o surgimento deles que elas passaram a ser mais utilizadas, facilitando, e melhorando a formulação das análises. Com as novas tecnologias, estão sendo realizadas análises cada vez mais complexas. A utilização de análises multivariadas para estabelecer padrões e determinar grupos similares pode contribuir para a visualização das melhores práticas e quais os aeroportos que se destacam em eficiência, produtividade e níveis de serviço prestado ao cliente. Na literatura é possível encontrar trabalhos onde foram feitas análises multivariadas, em muitos sistemas e até em aeroportos.

Chung et al (2015) analisou a eficiência dos terminais de carga de 11 grandes aeroportos na região da Ásia-Pacífico, ele dividiu as eficiências em 10 categorias, como por exemplo lucro, eficiência das operações, etc. Os aeroportos foram divididos em três grupos, A, B e C. No grupo A estavam Pequim, Melbourne, Kansai e Sydney. Grupo B foi composto por Changi, Pudong, Incheon e Hong Kong. No grupo C Narita, e Taipei. Bangkok não se encaixou em nenhum grupo. No grupo A todos apresentaram problemas semelhantes. No grupo B alguns aeroportos possuem deficiências em alguns itens, porém os aeroportos de Hong Kong e de Incheon apresentaram boa eficiência, e poderiam ser considerados modelos para os outros. Semelhante ao grupo B, o grupo C também apresentou algumas deficiências em alguns aeroportos, e o mais eficiente entre eles foi o aeroporto de Taipei, que pode servir de modelo para os outros do mesmo grupo. Ele utilizou uma análise escalar multidimensional e a base de dados foi proveniente de 2008 e 2009. A figura abaixo foi tirada do artigo, e mostra a relação dos aeroportos com os indicadores de eficiência.


É possível notar a proximidade dos grupos similares com os respectivos indicadores de eficiência. Após a análise em grupo, foi realizada uma análise individualizada, a fim de se obter mais detalhes de cada aeroporto, e apontar os mais eficientes como pode ser visto na figura abaixo.

Neste caso foram observadas as taxas de lucro de cada aeroporto individualmente, para esse indicador, o aeroporto de Taipei foi o mais lucrativo. O trabalho utilizou indicadores interessantes para se medir eficiência, como por exemplo, Volume de carga dividido por área. Porém não utilizou indicadores de tempo.

Oliveira (2011) realizou um comparativo entre aeroportos Brasileiros, utilizando uma análise multivariada. Sua análise culminou em 6 grupos de aeroportos, e apontou algumas possíveis melhorias para cada grupo. Ela utilizou dois tipos: análise por componentes principais e análise por agrupamento hierárquico. Os fatores utilizados foram: Posições no pátio de aeronaves, área do pátio de aeronaves, área do terminal de cargas para exportação, área do terminal de cargas para importação, área do terminal de cargas frias, área do terminal de cargas domésticas, comprimento básico da maior pista, automatização do armazenamento, frequência de voos das companhias aéreas, movimento anual de aeronaves, companhias aéreas presentes, agentes de carga presentes, docas no terminal de cargas, acessibilidade aos mercados, proximidade ao centro gerador de demanda, potencial do mercado local, faturamento do aeroporto relativo a carga e volume anual de carga. Foram analisados 10 aeroportos. A figura abaixo mostra o agrupamento obtido pelo software na pesquisa.
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O resultado obtido apresentou uma aproximação entre os aeroportos em 6 grupos:
Grupo 1: Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Grupo 2:Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão.
Grupo 3:Aeroporto Internacional de Campinas/Viracopos.
Grupo 4:Aeroporto Internacional de Congonhas.
Grupo 5: Aeroporto Internacional Eduardo Gomes/Manaus; Aeroporto Internacional de Salvador; Aeroporto Internacional de Recife; Aeroporto Internacional Salgado Filho/Porto Alegre.
Grupo 6: Aeroporto Pinto Martins/Fortaleza; Aeroporto de Brasília.
Pode-se notar que existe uma grande diferença entre os aeroportos, como o trabalho utilizou indicadores mais voltados a infraestrutura, os aeroportos se diferenciaram por tamanho e quantidade movimentada. Se for realizada uma pesquisa que leve em consideração as eficiência dos terminais, levando em consideração a agilidade dos processos e a quantidade movimentada dividida por outros fatores, os resultados podem apontar outros desempenhos.

A tabela abaixo apresenta métodos utilizados para análise da eficiência em aeroportos e os respectivos autores e títulos.



Autores/Ano de Publicação
Títulos
Métodos Utilizados
Oliveira (2012)
Estudo do Desempenho Operacional dos Aeroportos Brasileiros Relativo ao Movimento de Cargas
Análise Multivariada por Agrupamento Hierárquico
Análise Multivariada por Componentes Principais
Chung et al (2015)
A Benchmarking of Operational Efficiency in Asia Pacific International Cargo Airports
Análise escalar multidimensional
Gillen e Lall (1997)
Developing Measures of Airport Productivity and Performance: An Application of Data Envelope Analysis
Data Envelop Analysis
Sarkis (2000)
An analysis of the operational efficiency of major airports in the United States. Journal of Operations management
Data Envelop Analysis

Os trabalhos mais antigos utilizaram o método DEA para realizar as análises e os mais recentes estão usando métodos de análise multivariada. O método DEA foi criticado algumas vezes na literatura. Portanto, baseado numa tendência recente e na maior confiabilidade nos resultados, optou-se por utilizar a análise multivariada como método de comparação.

3-Plano de Trabalho
Primeiramente serão definidos os parâmetros a serem usados para o calculo dos desempenhos e o método ideal para o cálculo. Será levado em consideração para a seleção dos indicadores a sua importância, a utilização em outros trabalhos, a facilidade de obtenção e a sua relevância para a pesquisa.. Os aeroportos serão escolhidos conforme sua relevância e a disponibilidade das informações e os dados serão coletados para que sejam aferidas as eficiências de cada um. Um ponto crucial para quem trabalha com importação e exportação de cargas é o tempo de liberação de cargas, um estudo envolvendo essa questão poderá trazer benefícios.

Os parâmetros avaliados serão comparados entre si, diretamente pelo resultado entre uma e outra; e por análises de grupos, utilizando mais dados dos aeroportos, com uma análise multivariada, com possível auxílio de softwares específicos. Depois de comparados, serão apontados os pontos positivos e negativos dos aeroportos, e também os aeroportos que possam servir de referência com relação a cada item mensurado.

3.1-Aeroportos
Após uma análise da disponibilidade de dados e relevância dos aeroportos, foram escolhidos 7 aeoportos.

3.1.1-Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos
É o principal aeroporto do Brasil, foi inaugurado em 20 de janeiro de 1985, está situado na cidade de Guarulhos. Seu sucesso e grandeza se devem principalmente por sua localização. Muito próximo da cidade de São Paulo, e com fácil acesso de várias regiões importantes do estado de São Paulo.

Denominação da IATA é "GRU" e da ICAO é "SBGR".

3.1.2-Aeroporto Internacional de Campinas/Viracopos
O aeroporto de Viracopos está situado na cidade de Campinas, tem grande relevância no Brasil, está próximo a regiões de grande impacto econômico, pode ser considerado dentro da região de múltiplos aeroportos de São Paulo. Foi inaugurado em 19 de outubro de 1960. A entrada da Azul linhas aéreas aumentou muito sua participação.

Denominações: IATA-VCP; ICAO-SBKP.

3.1.3-Aeroporto Internacional de Manaus
Situado na cidade de Manaus, o "aeroporto internacional de Manaus – Eduardo Gomes" é um dos mais importantes aeroportos brasileiros com relação ao transporte de carga, devido principalmente, ao fato de que está localizado próximo a zona franca de Manaus. Foi inaugurado em 26 de março de 1976.

Denominações: IATA-MAO; ICAO-SBEG.

3.1.4-Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão
Segundo maior aeroporto internacional do Brasil, o aeroporto do Galeão está localizado na Ilha do Governador, na cidade do Rio de Janeiro. Tem um grande sítio aeroportuário, e a segunda maior movimentação de passageiros anuais. Foi inaugurado dia 1 de fevereiro de 1952.

Denominações: IATA-GIG; ICAO-SBGL.

3.1.5-Aeroporto Internacional de Curitiba
O aeroporto internacional de Curitiba – Afonso Pena foi criado em 1945 com fins militares, depois passou a ser usado para a aviação civil, em 1959 já era o quarto aeroporto em movimentação de aeronaves. Em junho de 1996 passou a ser internacional. Situa-se na cidade de Curitiba.

Denominações: IATA-CWB; ICAO-SBCT.

3.1.6-Aeroporto Internacional de Porto Alegre
Localizado na cidade de Porto Alegre, o Aeroporto Internacional Salgado Filho tem o maior número de passageiros movimentados da região Sul do Brasil. Inaugurado em 3 de julho de 1940, o aeroporto é um dos mais modernos do Brasil.

Denominações: IATA-POA; ICAO-SBPA.

3.1.7-Aeroporto Internacional de Recife/Guararapes
O nome do aeroporto é "Aeroporto Internacional de Recife/Guararapes – Gilberto Freyre", ele está situado na cidade Recife. Foi inaugurado dia 18 de janeiro de 1958. É o principal aeroporto do estado de Pernambuco.

Denominações: IATA-REC; ICAO-SBRF.

3.2-Indicadores Escolhidos
A partir das variáveis observadas na literatura e outras que podem ser levadas em consideração, como sendo de forte impacto sobre as eficiências dos aeroportos e a facilidade de obtenção foram escolhidas as seguintes variáveis:

Volume Movimentado: Amplamente utilizada na literatura e de fácil acesso aos dados, geralmente fornecida pela infraero ou pela administradora.
Tempo Médio de Liberação de Carga: Não observada na literatura para cálculo de eficiência com métodos comparativos, porém foi usada por alguns para métodos de aumento de produtividade dentro dos terminais de carga. Tem um grande impacto sobre a eficiência dos aeroportos, pois está diretamente ligado às operações e ao nível de serviço prestado aos clientes.
Tempo Médio de Despacho de Carga: Outra variável que também não é observada na literatura para cálculo de eficiência com métodos comparativos. Porém ela tem um grande impacto na competitividade e eficiência do aeroporto.
Comprimento de Pista: O comprimento de pista está relacionado aos tipos de aeronaves que podem pousar em cada aeroporto.
Área do Terminal de Carga: Cada aeroporto possui áreas diferentes de terminal de carga. Essa é uma variável que compara a infraestrutura dos aeroportos
Acessibilidade ao Aeroporto: A facilidade de acesso aos aeroportos é de suma importância para os clientes, quanto mais fácil o acesso, maior será o interesse das empresas em transportar carga via modal aéreo.
Automatização do Terminal de Carga: A automatização do aeroporto se refere aos equipamentos utilizados para o manuseio, transporte e identificação das cargas, quanto mais automatizado, maior será a eficiência das operações.
Quantidade de Companhias Transportadoras: Cada aeroporto possui uma quantidade de companhias disponíveis para realizar o frete aéreo, quanto mais opções dadas aos clientes, melhor.
Movimentação/Área do Terminal: Utilizado no trabalho de Chung (2015), essa variável pode mostrar a eficiência na movimentação de carga por área. Pois alguns aeroportos, podem ter uma grande infraestrutura, mas não a usarem com eficiência.
Movimentação/Tarifa: Outra variável utilizada por Chung (2015), essa variável está ligada a quantidade carga movimentada dividida pela tarifa média cobrada. A tarifa cobrada está diretamente ligada à competitividade das empresas utilizadoras dos serviços, e ao lucro do aeroporto.

Acredita-se que com esses indicadores será possível fazer uma boa análise dos desempenhos dos aeroportos, pois serão levados em consideração fatores de eficiência que não foram abordados em aeroportos brasileiros e fatores como o tempo das operações, que tem uma grande relevância para todos os envolvidos com exportação/importação de mercadorias.

4-Referências
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Cronograma de Atividades
Atividades
Primeiro Semestre
Segundo Semestre
Terceiro Semestre
Quarto Semestre
Disciplinas




Revisão da literatura




Escolha do método




Escolha das variáveis




Coleta de dados




Implementação do modelo




Resultados e discussões




Finalização da tese




Defesa da tese




Envio de Artigos






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