Tipos de Discurso: Uma Pirâmide Discursiva - Types of Discourse: A Discursive Pyramid

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A PI RÂM IDE DI SCURSIV A – UMA REC ENSÃO CRÍTICA

Docente: Disciplina: Curso e Ano: Discente: Ano Lectivo: Data:

Prof.ª Dr.ª Antónia Coutinho Linguística do Texto Linguística, 4.º Jorge Manuel Amaral Ramos, n.º 6645 2004-2005 Janeiro, 2005

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Linguística do Texto – A Pirâmide Discursiva – Uma Recensão Crítica

RECENSÃO CRÍTICA Nome da Obra: Actividade de Linguagem, Textos e Discursos. Por um Interaccionismo

sócio-discursivo; Capítulo: 5 – Os Tipos de Discurso Autor: Jean-Paul Bronckart; Local de Edição: São Paulo; Editora: EDUC; Ano: 1999 (original de 1996); Tradução: Anna Rachel Machado.

OS MUNDOS DISCURSIVOS Neste capítulo, o autor começa com o cuidado de deixar bem definidas as noções de texto e

género de texto. Texto como “todas as unidades de produção verbal que veiculam uma mensagem linguisticamente organizada e que tende a produzir um efeito de coerência no seu destinatário” [p137], seja esse texto escrito ou oral; por outro lado, numa “escala sóciohistórica, os textos são produtos da actividade da linguagem em funcionamento permanente nas formações sociais” [ibidem], as quais, produzem padrões textuais distintos, que apresentam particularidades linguísticas com um carácter de relativa estabilidade, justificando-se assim que sejam designados por géneros de texto. Segundo o autor, todo e qualquer texto é assim construído tendo por base um “modelo de

um género, isto é, ele pertence a um género” [p138] e seja qual o for o género a que o texto pertença, este, é constituído “por segmentos de estatutos diferentes (de exposição teórica, de

relato, de diálogo, etc.)” [ibidem] sendo ao nível destes segmentos que são encontradas as tais particularidades “de organização e de marcação linguísticas” [ibidem]. Por conseguinte, os segmentos que constituem um género (de acordo com o autor) “devem

ser considerados como tipos linguísticos, isto é, como formas específicas de semiotização ou de colocação em discurso” [ibidem], que têm um número limitado (dado que se subordinam Pág. 2

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aos recursos morfo-sintácticos que uma determinada língua disponibiliza) e revelam a

“construção das coordenadas de mundos virtuais” [ibidem] as quais são distintas “do mundo empírico dos agentes. Por isso, chamamos esses segmentos de tipos de discurso, e os mundos virtuais em que se baseiam, de mundos discursivos” [p139]. Bronckart recorre de seguida à intertextualidade, confrontando a sua concepção de tipos de discurso com a de outros autores (como Kintsch & Van Dijk [ibidem], Foucault [p140], Bakhtin [p141] e Adam [p144], inspirando-se em alguns deles), na tentativa de demonstrar que os tipos de discurso (dos mundos empíricos dos agentes) são as materializações linguísticas dos mundos virtuais (que também designa por mundos discursivos), construídos necessariamente em qualquer produção verbal, a qual comporta “indissoluvelmente, trabalho

psicológico e trabalho linguístico” [p148]. Sustentado pelos estudos de Benveniste [p150], Weinrich [ibidem] e sobretudo (conforme o próprio assume em nota de rodapé), pelo trabalho de Simonin-Grumbach [p151], Bronckart passa então a descrever as operações psicológicas em que se baseiam a construção dos mundos ou planos de enunciação (o nível abstracto, dos arquétipos linguísticos), assim como os conjuntos de unidades linguísticas que (no âmbito de uma língua natural – no caso, o francês), traduzem as propriedades específicas dos referidos mundos (o nível concreto, dos

tipos linguísticos). Para facilitar a sua exposição, o autor convenciona designar por mundo ordinário1, “os mundos representados pelos agentes humanos” [ibidem] e por mundos discursivos, “os mundos virtuais criados pela actividade da linguagem” [ibidem]. Cruzando as oposições entre a ordem do expor (onde o mundo discursivo construído é interpretado em conjunção com “critérios de validade do mundo ordinário” [p154], onde ocorre a acção de linguagem) e a ordem do narrar (onde o mundo discursivo construído é disjunto das “coordenadas do mundo ordinário da acção de linguagem” [p152]) e as contraposições entre as relações de implicação com o acto de produção (onde é explícita, ou possui um carácter de implicação, “a relação que as suas instâncias de agentividade mantêm

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Onde o autor reúne os três mundos formais teorizados por Habermas, 1987, onde os signos incidem sobre o

meio ambiente (mundo objectivo), sobre as interacções intra-grupais (o mundo social) e sobre as características individuais do próprio ser humano (o mundo subjectivo), acumulando os três, conhecimentos colectivos [cap1]. Pág. 3

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com os parâmetros materiais da acção de linguagem (agente produtor, interlocutor eventual e sua situação no espaço-tempo)” [p154], não sendo necessário ter acesso às suas condições de produção para conseguir interpretar o texto) e as relações autónomas (onde as conexões construídas pelas instâncias de agentividade, com os parâmetros materiais da acção de linguagem, são de “indiferença” (ou autonomia), logo, a interpretação do texto “não requer

nenhum conhecimento das condições de produção” [p155]), Bronckart constrói um quadro teórico binário, onde espraia a existência de quatro mundos discursivos:

Coordenadas Gerais dos Mundos Conjunção EXPOR

Relação com o

Implicação

Discurso

Disjunção NARRAR

Relato Interactivo

Interactivo

acto de produção Autonomia

Discurso Teórico

Narração

Recorrendo a uma série de exemplos, o autor ilustra então cada um dos quatro mundos discursivos, fazendo sobressair as particularidades de organização e de marcação linguísticas assim como as configurações de unidades (ou melhor, os “conjuntos de unidades que são

co-ocorrentes num mesmo tipo de discurso” [p166]), que caracterizam esses mundos:

O DISCURSO INTERACTIVO ARQUÉTIPOS PSICOLÓGICOS Através da transcrição de um diálogo gravado numa livraria [p157], o autor dá conta de um exemplo onde não existem coordenadas da origem espaço-temporal, o que deixa transparecer uma relação de conjunção entre o mundo discursivo criado e o mundo ordinário, identificando assim um expor dialogado através de unidades textuais “que remetem

directamente para os agentes da interacção” [p158], como “eu” e “me” [p157], ou para o próprio espaço da interacção, como “Genebra”, “na Naville”) [ibidem]. Pág. 4

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Já num excerto de um romance [p157], Bronckart sublinha que embora haja um carácter de dependência da narração que o engloba, “as coordenadas gerais do mundo do discursivo

interactivo relatado são conjuntas às do mundo dos personagens postos em cena na narração” [p159] devendo por isso ser considerado dentro do mundo do discurso interactivo. Resume-se assim que, no mundo do discurso interactivo, ocorrem unidades que reenviam directamente para a interacção verbal (seja ela real ou encenada) e para o carácter conjuntoimplicado das coordenadas do mundo discursivo criado com as do mundo ordinário dos interactantes. TIPOS LINGUÍSTICOS A interacção marca-se pela existência de turnos de fala e frases não declarativas (interrogativas, imperativas e, ou, imperativas). O carácter de conjunção-implicação é marcado (em francês) por intermédio de um subsistema de tempos verbais onde predominam o presente e o passe composé (pretérito perfeito do indicativo, no português) a que se junta, de forma regular, o futuro perifrástico (aller seguido de infinitif, isto é, “ir” seguido de infinitivo, como em “vou voltar” [p167]); também, pela presença de unidades que remetem para objectos acessíveis aos interactantes ou para o espaço-tempo da interacção (ostensivos como em “E isso, você sabe o que?” [ibidem], deícticos espaciais como em “Tem uma aqui, uma lá” [ibidem] ou deícticos temporais como em “Vou voltar daqui a pouco” [ibidem]); ainda pela presença de nomes próprios, de formas (verbais, pronominais ou adjectivais) na 1.ª e 2.ª pessoas do singular e plural que remetem para os interactantes (e que por conseguinte têm um efeito exofórico). Bronckart dá ainda conta de outras características com um valor discriminatório parcial: a presença do pronome indefinido “on”, de anáforas pronominais e auxiliares de modo (pouvoir, vouloir, devoir e falloir).

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O DISCURSO TEÓRICO ARQUÉTIPOS PSICOLÓGICOS Recorrendo a um excerto de uma monografia científica [p160], o autor evidencia o facto de o conteúdo temático ser “organizado em um mundo discursivo cujas coordenadas gerais não

são explicitamente distanciadas das do mundo ordinário do agente produtor” [ibidem], algo que é revelado pela ausência de referências às origens espaço-temporais do contexto onde o texto foi elaborado assim como ao seu agente produtor o que transparece o carácter conjunto-autónomo do discurso teórico. Em outro exemplo – uma entrada de dicionário – destaca a abstracção de qualquer instância de agentividade, o que confere ao texto um carácter de autonomia absoluta. Por outro lado, o mundo discursivo criado, está em conjunção com o mundo ordinário do agente produtor – típico deste tipo de discurso. TIPOS LINGUÍSTICOS O discurso teórico é, em princípio, escrito e monologado; não havendo interpelação ao outro, nem expressão de emoções, este tipo de discurso traduz-se pela ausência de frases não declarativas. O seu carácter de conjunção-autonomia marca-se de várias formas: através do uso do mesmo sub-sistema de tempos verbais do discurso interactivo, com duas diferenças: “a nítida

dominância das formas do presente (…) e ausência quase total de formas do futuro” [p171]; verifica-se que os dois tempos de base (presente e passe composé) têm um valor genérico (em contraste com o valor deíctico que adquirem no discurso interactivo); não se dá conta da existência de unidades que remetam para os protagonistas ou para o espaço-tempo da interacção verbal (como os ostensivos e os deícticos espaciais e temporais) assim como de nomes próprios ou formas de 1.ª e 2.ª pessoas do singular e plural. O autor faz ainda referência a outros elementos que podem ocorrer: a presença de organizadores com valor lógico-argumentativo (como “de facto” [p170] ou “Primeiro” [ibidem]), modalizações lógicas (como em “é evidentemente difícil” [ibidem]), processos de reenvio a outros textos ou partes do texto (metatextuais, intratextuais e intertextuais), frases Pág. 6

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passivas maioritariamente do tipo truncadas (como em “o aspecto dos traços

electrocardiográfios é descrito” [p171]), para evitar a ligação ao contexto de produção, a frequência de anáforas nominais e pronominais com valor de resumo assim como referências deícticas intratextuais.

O RELATO INTERACTIVO ARQUÉTIPOS PSICOLÓGICOS Por intermédio de um excerto de uma intervenção política [p161], Bronckart expõe o carácter disjunto-implicado característico do relato interactivo – o qual, neste exemplo, está inserido num segmento de discurso interactivo, que passa a relato interactivo, isto é, a certa altura da intervenção, o agente produtor passa a contar uma lembrança de infância, criando um mundo discursivo cujas coordenadas gerais são disjuntas do mundo ordinário dos interactantes, ao mesmo tempo que o carácter de implicação é mantido. O autor mostra depois, recorrendo ao fragmento de um romance [ibidem], novamente o encaixe do relato interactivo, desta vez num segmento narrativo encaixante. TIPOS LINGUÍSTICOS O relato interactivo é, em princípio, monologado, traduzindo-se pela ausência de frases não declarativas. O carácter de disjunção-implicação é marcado por intermédio de dois tempos verbais dominantes (o pretérito perfeito “e o imperfeito, aos quais, às vezes, são associadas formas

do mais-que-perfeito, do futuro simples” [p175] ou do futuro do pretérito), pela presença de organizadores espaço-temporais (como em “quando tinha 13 anos” [p161] ou “em

Auvergne” [ibidem]) e, ou, temporais (como em “depois” [p174] ou “Mais tarde” [ibidem]), que criam os mundos alternativos, disjuntos das coordenadas espaço-temporais do mundo ordinário), formas da 1.ª e 2.ª pessoas do singular e plural, as quais reenviam directamente para os interactantes (“nós” [p161], ou “minha” [p174]) e pela predominância de anáforas pronominais (como em “corpo de Drusila (…) Tocou-o” [p174] ou “esse outro policial (…)

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ele” [ibidem]) assim como pela presença de anáforas nominais por repetição fiel (como em “o exército (…) o exército” [p161]).

A NARRAÇÃO ARQUÉTIPOS PSICOLÓGICOS Para iluminar o carácter disjunto-autónomo deste tipo de discurso, Bronckart recorre a duas passagens de dois romances. No primeiro exemplo, o mundo discursivo criado é situável em relação ao mundo ordinário dos interactantes, não acontecendo o mesmo em relação ao segundo fragmento, porém, a narração tem lugar “qualquer que seja o grau de explicitação

da origem e da situabilidade do mundo disjunto assim criado” [p164], uma vez que não há unidades que remetam directamente para o agente produtor ou para a origem espaçotemporal onde ocorreu a produção. TIPOS LINGUÍSTICOS A narração é um tipo de discurso, geralmente escrito e sempre monologado, pelo que comporta somente frases declarativas. O seu carácter de disjunção-autonomia evidencia-se através da ocorrência dominante de dois tempos verbais (o pretérito perfeito e o imperfeito, que marcam “uma isocronia entre o curso

da actividade narrativa e o curso dos acontecimentos da diegese”, assim como, contrastes aspectuais [p178]; a estes dois tempos básicos são adicionadas outras formas que marcam uma relação retroactiva ou de projecção “entre o curso da actividade da actividade narrativa

e o curso da diegese” [p178]), tal como no relato interactivo, ocorrem também organizadores espaço-temporais (como em “No dia 5 de Outubro” [p163] ou “nos salões do GunClub” [ibidem]) e temporais (como por exemplo, “nessa noite” [ibidem] ou “Desde o

desaparecimento das esquadras” [p177]), por outro lado, e ao contrário do outro tipo de discurso disjunto, há ausência de formas de 1.ª e 2.ª pessoas do singular e do plural que remetem directamente para os interactantes; predominam ainda anáforas nominais (“país

(…) aí” [p163]) e anáforas por substituição lexical (“Barbicane (…) o orador” [ibidem]).

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OS CONTORNOS PIRAMIDAIS SURGEM… Por fim, Bronckart discute o estatuto heurístico e os inevitáveis limites da sua classificação de tipos de discurso. Cita Ricoeur (1977, p76), “há qualquer coisa de irremediavelmente

acidental em qualquer classificação”, como ponto de partida para o comentário dos problemas colocados pela sua teoria. Começa por dar conta dos problemas terminológicos que podem emergir com as expressões

relato interactivo e narração, as quais, são interpretadas como sinónimos pelo senso comum assim como em grande parte das tradições científicas. Alerta porém sobre o facto de que é mais importante o leitor ficar atento, não aos termos propriamente ditos, mas às definições que os mesmos, ajudam a veicular. Defende depois que as variantes de produção – diálogo e monólogo, oral e escrito – não colocam em causa quer as suas definições dos tipos de discurso, quer os seus conjuntos de unidades específicas, uma vez que se constituem somente como factores secundários. Sustenta esta tese observando que, embora duma forma geral, o monólogo seja típico do discurso teórico, do relato interactivo e da narração e o diálogo assim como o polílogo, típicos do discurso interactivo, o monólogo pode surgir neste último (casos das peças de teatro e dos romances produzidos por um único autor), assim como uma obra científica (típica do discurso teórico, monologado) pode ser elaborada por múltiplos autores. Por sua vez, os quatro tipos de discurso, podem surgir seja em textos produzidos através da escrita, seja através da via oral.

… MAIS CLARAMENTE Bronckart aborda então as zonas mais problemáticas da sua teoria: a variação interna, a permeabilidade (e impermeabilidade) e as fronteiras dos quatro tipos de discurso, iluminando o facto de que, embora alguns segmentos se possam revelar como quase prototípicos, em outros, observa-se a existência de sobreposição de tipos, em alguns, a fusão – não se encaixando no enquadramento binário puro que a sua teoria preconiza demonstrar. Começa por se focalizar nas variantes do discurso interactivo, distinguindo três subconjuntos: o primeiro, que surge nos géneros com origem oral como a conversação, a Pág. 9

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entrevista ou a intervenção política; o segundo, constituído por segmentos de discurso directo que surgem nos géneros escritos como o romance, a novela ou o conto (normalmente encaixados nos ‘discursos disjuntos’); o terceiro, instituído por segmentos que surgem em géneros originalmente escritos como por exemplo, uma peça de teatro. Porém, apesar de os três subconjuntos se caracterizarem pela mesma configuração de elementos linguísticos, no primeiro subconjunto, os mesmos elementos fazem referência directa aos interactantes e ao seu mundo ordinário, nos segundo e terceiro, essas referências já são construídas de acordo com um mundo específico, parametrizado pelo discurso encaixante. Embora não a explicite ou represente graficamente, o autor começa assim a metamorfosear o seu quadro teórico binário tabelar, para a edificação de uma estrutura tridimensional, que me parece claramente piramidal. Partindo da abordagem dialógica de Bakhtin, segundo a qual, qualquer texto (oral ou escrito), mesmo que possua um só agente produtor, é dirigido a um destinatário (ainda que esse destino, seja a sua própria pessoa), então, parece-me claro que a interactividade está presente, não só nos quatro tipos de discurso que Bronckart teoriza, mas em toda e qualquer produção linguística, verbal ou (acrescento) não-verbal (tal como será objecto de análise mais à frente). Movido e auxiliado pelo dialogismo de Bakhtin, penso que é agora a altura ideal para introduzir a primeira parede da pirâmide

discursiva (à esquerda), a face do discurso interactivo – constituída para já por dois pólos: a base (cuja característica fundamental é a interactividade discursiva, que se irá estender e servir de ‘chão’ a toda a estrutura da pirâmide), como a mais prototípica do tipo de discurso interactivo de Bronckart, e o topo como o pólo mais afastado do discurso interactivo típico, mas ainda assim (e pese embora nunca ser atingido), considerado como interactivo, caso comporte as marcas linguísticas que o instituem como tal. Nas duas paredes laterais adjacentes vamos ter a face do discurso teórico e a face do relato interactivo (que serão objecto de análise mais à frente).

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O autor focaliza-se seguidamente nas variantes e fronteiras do discurso teórico, começando por afirmar que o carácter autónomo (típico deste tipo de discurso), raramente é completo – mesmo numa entrada de dicionário ou enciclopédia, uma vez que as referências ao(s) agente(s)-produtor(es) surgem paratextualmente; também, numa monografia científica a posição do autor torna-se evidente através de modalizações onde deixa transparecer as suas posições e interpretações; em consequência, é possível distinguir, “diferentes graus de

autonomia do discurso teórico” [p191]. E assim se desenha a face do discurso teórico, a segunda parede da

pirâmide discursiva (à direita), também, para já, constituída por dois pólos: a base que nunca é tocada (tal como Bronckart observa em “o discurso teórico tende à autonomia, sem jamais a atingir

verdadeiramente” [ibidem]), sendo a mais prototípica deste tipo de discurso (e por isso a parte mais ampla), e o topo como o pólo que também nunca é atingido mas ao qual se aproximam os segmentos textuais que embora considerados como pertencentes ao discurso teórico, comportam unidades linguísticas que quase o excluem deste tipo de discurso, fazendo-o passar para um mundo onde as coordenadas que relacionam o mundo virtual e o mundo ordinário dos interactantes possui um carácter de implicação. Nas duas paredes laterais adjacentes vamos ter a face do discurso interactivo e a

narração (que será analisada mais adiante). O autor expõe seguidamente que “em numerosos segmentos de textos da ordem do EXPOR

não observamos, entretanto, delimitação clara entre discurso interactivo e discurso teórico” [p192]. Ainda segundo Bronckart, esta fusão entre os dois tipos de discurso pode encontrarse quer em textos orais (como nas intervenções científicas, pedagógicas, políticas, entre outras), quer escritos (como por exemplo em manuais, editoriais, brochuras de propaganda, entre outros). Este estatuto de tipo de discurso misto interactivo-teórico “decorre de uma

dupla restrição exercida sobre o autor” [p193]: por um lado, o agente produtor, apresenta informações que são (segundo a sua perspectiva) verdades autónomas, por outro, “mesmo

na ausência de contacto directo com o receptor-destinatário, deve levar esse destinatário em

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conta, solicitar a sua atenção, procurar a sua aprovação, ou ainda, antecipar as suas objecções” [p193], entrando assim claramente no mundo do expor implicado. Parece-me

assim

Bronckart,

oferece

transparente uma

que

perspectiva

tridimensional da pirâmide discursiva, visível através de um pequeno esforço de abstracção. De facto, se considerarmos as paredes da pirâmide como os espaços onde se inscrevem os tipos de discursos que o autor teoriza e o espaço interior da pirâmide

(vazio

e

simultaneamente

preenchido) como um espaço de fusão (ou híbrido), podemos imaginar, a partir de dois pontos médios (ou outros em função dos segmentos textuais) de cada uma das paredes da pirâmide (da face do discurso teórico e da face do discurso interactivo) a serem emitidos dois feixes (ou duas linhas rectas) que se encontram (ou unem) no interior da pirâmide – onde, se situará então o supra-referido discurso misto interactivo-teórico; note-se que, este não se situará sempre nesse mesmo local, mas no espaço híbrido (amplo e interior), de convergência dos dois tipos de discurso da ordem do expor, em função da configuração de unidades linguísticas que constituem um determinado texto, que esteja a ser objecto de classificação e consequente enquadramento (ou melhor, ‘empiramidamento’) teórico. O autor avança depois para as variantes do relato interactivo e da narração. Tal como nos dois casos anteriores, Bronckart reconhece a existência de variação nestes dois tipos de discurso. No relato interactivo, o autor distingue os relatos primários (textos com origem oral como a conversação, a

intervenção política ou a entrevista) dos secundários (textos do género romance ou peça de teatro), caracterizando-se ambos, duma forma geral, “pela mesma configuração de unidades linguísticas” [p195], porém, analogamente com o que se passa no discurso interactivo: “a coerência e a inteligibilidade da retranscrição dos

relatos interactivos primários (cf. Exemplo c3) são, muito Pág. 12

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frequentemente, menores que a dos relatos interactivos secundários (cf. Exemplo c2)”. Relativamente às variantes da narração, Bronckart observa que há situações atípicas no que diz respeito à ausência de marcas que remetam directamente para o agente produtor (típico da narrativa) em casos como aqueles que apresenta na página 196 (um excerto de um romance de Umberto Eco e um fragmento da autobiografia de F. Mitterand), assim como, no que concerne ao subsistema dos tempos verbais narrativos (conforme supra-analisado nos “Tipos Linguísticos” da “Narração”), o autor dá conta de segmentos narrativos que “contêm

ocorrências locais de presente, ou têm como tempo de base uma forma de presente, designada por presente histórico, presente de narração ou presente dramático” [p199]. Ficamos assim com as quatro paredes da pirâmide discursiva edificadas. As duas últimas

faces podem ser também consideradas como possuidoras de dois pólos (à esquerda): a base, à qual se aproximam os textos prototípicos da ordem do narrar e o topo, ao qual se aproximam os textos menos prototípicos quer na face do relato interactivo quer na face da

narração. Nas duas paredes laterais adjacentes, da face do relato interactivo, vamos ter a face da

narração e a face do discurso interactivo, por sua vez, adjacentes à face da narração, vamos ter a face do relato interactivo e a face do discurso teórico. Bronckart focaliza-se de seguida na possibilidade de fusão entre os dois tipos de discurso da ordem do narrar, observando com especial atenção os “textos pertencentes aos géneros biografia e autobiografia” [p201] como possíveis exemplos desse carácter híbrido. Deixa claro todavia, que:

“Na ordem do NARRAR, ou o mundo discursivo é criado em uma relação de autonomia radical em relação aos parâmetros da acção da linguagem, ou o mundo discursivo implica esses mesmos parâmetros, apresentando esta oposição um carácter binário, exclusivo.” BRONCKART 1996:203

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E embora nos exemplos que apresenta (nas pág. 201 e 202), se dêem conta de segmentos dos dois discursos (relato interactivo e narração), “não se observam misturas de unidades

discriminativas no nível frasal” [p203] considerando que, nos dois casos, há “inserções locais de discurso do tipo narração em discursos do tipo relato interactivo” [ibidem]. O autor não deixa contudo de reconhecer que no caso da autobiografia de F. Miterrand [p202] “o pacto complexo que distribui os estatutos de autor, de narrador e de personagem

herói (cf. Lejeune, op. Cit.) pode ser modificado permanentemente no curso do NARRAR, o que conduz a um entrecruzamento dos mundos, às vezes próximo da fusão” [p203]. Ora, é precisamente este hibridismo que me leva a criar as paredes opostas às dos mundos da ordem do expor, as paredes dos mundos da ordem do narrar. Mas como representar agora, este carácter de quase fusão?

Parece-me evidente que (por exemplo, no caso da autobiografia de F. Mitterand [p202], onde se dá conta de ligeiros encaixes de relato interactivo em narração, podendo-se considerar o discurso disjunto-autónomo como encaixante do discurso disjunto-implicado, logo, encaixado) se imaginarmos (nas paredes da pirâmide acima) o feixe do discurso encaixante (narração) sair de uma posição mais central da sua face, enquanto que, se o feixe

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do discurso encaixado (relato interactivo), for emitido a partir de uma posição mais lateral (da sua face) e mais próxima da face do discurso encaixante, então, no espaço híbrido da

pirâmide discursiva, os dois feixes quase (respeitando a observação de Bronckart: “próximo da fusão” [p203]) que se encontram, oferecendo-nos uma perspectiva de como os discursos tendem a fundir-se. Em termos de localização vertical, esta leva obviamente em conta o carácter mais ou menos prototípico de cada um dos tipos de discurso que estão a ser representados – no caso, claramente aprototípico, aproximando-se do topo da pirâmide – algo que se pode revelar na imagem que se segue:

Note-se os círculos a assinalarem os pontos de partida (a partir da face ou parede de cada um dos tipos de discurso), a proximidade do pólo [– prototípico] e o quase encontro de ambos (os tipos de discurso), no espaço híbrido da pirâmide discursiva. O autor aborda de seguida, as implicações ‘hibridizantes’ do uso do discurso indirecto e do discurso indirecto livre na fusão do discurso interactivo com o relato interactivo ou a narração. Demonstra como, ao contrário do discurso directo, o discurso indirecto e o Pág. 15

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discurso indirecto livre “mostram modalidades diversas de fusão dos mundos do discurso

interactivo e do discurso principal” [p207]. No discurso indirecto dá-se uma integração dos segmentos do discurso interactivo (desde o nível frásico) no discurso encaixante (relato interactivo no exemplo «e15» e narração no «e16» [ibidem]), marcando-se essa integração

“pela presença de verbos de dizer no discurso principal e pela inserção do discurso interactivo em subordinadas completivas” [ibidem]; por sua vez, “No discurso indirecto livre, os segmentos de discurso interactivo são inseridos no discurso principal, com ausência de qualquer marca de delimitação ou de subordinação.” [p208]. Seguidamente, Bronckart aborda a fusão da narração e do discurso teórico – mais um cruzamento que se pode encontrar nas obras históricas ou em monografias científicas onde:

“alguns segmentos abordam acontecimentos históricos, ao mesmo tempo que expõem os detalhes de uma situação ou de um problema técnico (cf. Besson, 1993). Trata-se aqui de um último exemplo de fusão de mundos discursivos do tipo misto narrativo-teórico. Esse carácter misto marca-se, principalmente, pelo entrecruzamento, desde o nível frasal, de marcas próprias da narração (subsistema dos tempos e eventualmente organizadores temporais) com características próprias do discurso teórico (organizadores textuais com valor lógico-argumentativo)” BRONCKART 1996:209

Estas duas últimas abordagens (implicações do uso do discurso indirecto e discurso indirecto livre e fusão da narração e do discurso teórico), parecem-me que se enquadram facilmente Pág. 16

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nas perspectivas das descrições que atrás elaborei, para a fusão do discurso interactivo com o discurso teórico e para a fusão da narração com o relato interactivo. Parece-me ainda relevante observar que, dada a dificuldade que pode gerar uma representação tridimensional, a exposição gráfica da pirâmide discursiva também se pode criar a partir de uma representação bidimensional; se tomarmos como exemplo, o excerto da página 209, «e21», que Bronckart usa para explicar o carácter híbrido da narração e do discurso teórico, resultaria algo como:

Aliás, para uma representação global da estrutura piramidal dos tipos de discurso, poderíamos usar a imagem que se segue como modelo para representar as múltiplas fusões possíveis entre os quatro mundos discursivos de Bronckart (vistos de cima, ficando o espaço entre as paredes, disponível para representar os tipos de discurso híbridos):

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A ENVOLVÊNCIA DA PIRÂMIDE Finalmente, o autor conclui o capítulo em análise, com uma abordagem aos modelos do interdiscurso e sua exploração concluindo que:

“convém lembrar, sobretudo, que as regularidades observáveis nos tipos de discurso se constituem apenas como modelos legados pelas gerações anteriores, modelos esses que cada agente produtor é capaz de modificar, em limites que não podem ser estabelecidos a priori” BRONCKART 1996:216

Por conseguinte, pareceu-me importante acrescentar à minha visão tridimensional alguns elementos. Um deles, surgiu com as questões: Pág. 18

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E o discurso patológico, como o esquizofrénico ou mesmo o agramático (frequente

nos pacientes afásicos de Broca), onde os ‘empiradimar’?



E os textos não verbais como a pintura, a escultura, a mímica ou mesmo a dança?

Onde os ‘empiramidar’?

Parece claro que neste último grupo de textos, embora não haja produção verbal, há veiculação de uma mensagem, logo uma produção verbal implícita (em geral introduzida por um título – da obra – e complementada por elementos paratextuais do género ou mesmo, pelos suportes onde são realizados os textos), que embora seja mais ou menos subjectiva, preconiza obter um efeito no destinatário; para mais, tal como em outros textos produzidos através da escrita ou oralmente, estes, também apresentam particularidades específicas dos seus géneros, com um carácter de relativa estabilidade. De facto, parece-me que há textos que não se enquadram quer numa das quatro paredes da pirâmide discursiva, quer no seu espaço interior de fusão, daí, parecer-me que, tal como existe um espaço híbrido interior, também existe um espaço exterior onde determinados géneros (como as patologias que implicam alterações da linguagem ou outros que englobem produções verbais não realizadas através da escrita ou duma implementação fonética) se aproximam (ou se distanciam) de alguma das paredes da pirâmide discursiva. Este espaço, poderia ser delimitado por uma forma esférica, através da qual, e finalmente, se daria conta

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de todos os discursos possíveis (os ‘empiramidáveis’ e os ‘não empiramidáveis’), resultando algo como:

Outro elemento, surgiu quando reflecti sobre os elementos prosódicos e a linguagem corporal. Podemos estar a dizer algo verbalmente, quando na verdade, através das nossas expressões faciais (e outra linguagem física) e da prosódia que utilizamos, transmitimos na realidade uma outra mensagem, ou seja, um indivíduo pode estar a produzir oralmente um texto científico, puramente teórico, o mais próximo possível da base da parede do discurso

teórico, porém, através duma expressão facial onde demonstre um carácter apreciativo (chamemos-lhe ‘modalidade apreciativa facial’) sobre o que está a dizer, desliza por consequência para a interactividade – e como não deslizar para a interactividade? Mesmo fazendo um esforço para não deslizar para a interactividade, o próprio esforço, já demonstra um propósito de demarcação, ora, se há um propósito de demarcação, esse mesmo propósito acaba por ser captado, identificado, codificado e interpretado pelo(s) interlocutor(es).

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CONCLUSÕES Para finalizar, parece-me importante salientar, que a visão tridimensional da pirâmide

discursiva possibilita, numa fusão, uma leitura que identifica claramente (numa perspectiva vertical) se os discursos são mais ou menos prototípicos e (numa óptica horizontal) se se aproximam mais do centro ou da periferia da sua parede ganhando ou perdendo assim respectivamente, o estatuto de discurso encaixante ou encaixado. Ainda que não exista um carácter híbrido, a representação piramidal possibilita também identificar um tipo de discurso como mais próximo ou distante daquele que é típico desse tipo de discurso, para além de ser ainda possível mostrar se esse discurso tende à fusão, saindo da sua zona central e aproximando-se de uma das suas zonas laterais, ou mesmo para o espaço interior híbrido (sem que haja movimento convergente – ou mesmo inexistente – do lado oposto). A pirâmide discursiva possibilita igualmente, dentro da esfera que a envolve, de aproximar ou afastar os textos que não se ‘empiramidam’ de acordo com os arquétipos psicológicos e tipos linguísticos da tipologia de Bronckart, ampliando-a e complementando-a. Como conclusão geral, penso que a teoria de Bronckart (apesar dos comentários que teci), não sendo óptima, é muito completa e, não sendo apresentada como hermética, deixa espaço à reflexão e à criatividade – que indubitavelmente foram, os trampolins para o trabalho que agora concluo. Aliás, penso que vale a pena voltar a citar Ricoeur (1977, p76): “Há qualquer coisa de

irremediavelmente acidental em qualquer classificação”, por isso, por um lado, fico agradavelmente agradecido pela flexibilidade intelectual de Bronckart e pelas sementes que

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deixou plantadas no meu intelecto, por outro, fica-me a terrível sensação de que ficaram diversos temas por abordar e desenvolver, assim com, muito mais aspectos a explorar na visão tridimensional da pirâmide discursiva.

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ÍNDICE

RECENSÃO CRÍTICA ................................................................................ 2 OS MUNDOS DISCURSIVOS ..................................................................................... 2 O DISCURSO INTERACTIVO ..................................................................................... 4 ARQUÉTIPOS PSICOLÓGICOS ......................................................................................................... 4 TIPOS LINGUÍSTICOS ....................................................................................................................... 5

O DISCURSO TEÓRICO ............................................................................................. 6 ARQUÉTIPOS PSICOLÓGICOS ......................................................................................................... 6 TIPOS LINGUÍSTICOS ....................................................................................................................... 6

O RELATO INTERACTIVO.......................................................................................... 7 ARQUÉTIPOS PSICOLÓGICOS ......................................................................................................... 7 TIPOS LINGUÍSTICOS ....................................................................................................................... 7

A NARRAÇÃO ............................................................................................................... 8 ARQUÉTIPOS PSICOLÓGICOS ......................................................................................................... 8 TIPOS LINGUÍSTICOS ....................................................................................................................... 8

OS CONTORNOS PIRAMIDAIS SURGEM… ............................................................. 9 … MAIS CLARAMENTE .............................................................................................. 9 A ENVOLVÊNCIA DA PIRÂMIDE.............................................................................. 18 CONCLUSÕES .......................................................................................................... 21

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