Tópicos Especiais em Teoria da História, 2015-2

Share Embed


Descrição do Produto

Instituto de Ciências Humanas Departamento de História

101427 - Tópicos especiais em Teoria da História seg-qua, 14h00-15h50 Prof. Arthur Alfaix Assis [email protected] Este seminário avançado discutirá dois conjuntos de temas teóricos distintos. O primeiro intitula-se “A função da história e das ciências humanas na Alemanha na segunda metade do século XX”. Aqui investigaremos pistas de um debate que movimentou filósofos e historiadores na Alemanha dos anos 1960 em diante, em cujo centro se encontra a questão “pra quê?”, isto é, qual será a utilidade da história, em particular, e das ciências humanas, em geral, no horizonte das culturas modernas? Posições antagônicas nesse debate foram assumidas por Joachim Ritter e Jürgen Habermas. Além dos textos desses dois autores sobre a matéria, estudaremos também textos pertinentes de Herman Lübbe, Odo Marquard e Gunter Scholtz (que complementam o argumento de Ritter), bem como de Jörn Rüsen (que assume uma posição mais próxima da de Habermas). O segundo bloco do curso será dedicado ao tema da “Objetividade e ética na escrita da história”. Revisitaremos aqui o clássico tema da objetividade na história, procurando encontrar elementos que nos possibilitem deslocar a questão do domínio da epistemologia para o da ética profissional. Também buscaremos compreender aspectos da história do conceito de objetividade, especialmente no que diz respeito às suas aplicações à epistemologia da história. O desenho geral e as leituras e discussões previstas para o curso estão diretamente relacionadas com a minha atual agenda de pesquisa. Tenho trabalhado num ensaio sobre o problema da função do conhecimento histórico a ser intitulado “Pra quê?”, o qual pretendo enriquecer com as leituras que faremos no primeiro bloco temático do curso. Nesse texto traço um balanço de diferentes posições relativas ao tema da utilidade e função da historiografia, para em seguida tentar formular uma resposta própria. Um dos meus argumentos principais é o seguinte: mesmo que definamos a história como um saber prático, capaz de responder a múltiplos tipos de demanda cultural e social (por exemplo: por sentido, orientação no tempo, identidade), não ganhamos com isso uma arma capaz de aniquilar de uma vez por todas o significado das histórias que parecem inúteis a nós e ao nosso grupo primário de identificação. Portanto, a utilidade da história enquanto forma de conhecimento não pressupõe, penso eu, a utilidade imediata de toda e qualquer história concreta que se possa escrever. Outro texto, que devo iniciar em breve, e para o qual está orientado o primeiro bloco temático do curso, será uma tentativa de caracterização da teoria da história de Jörn Rüsen (um velho tema, que remonta à minha dissertação de mestrado) nos quadros do debate alemão sobre a função das ciências humanas. Será intitulado “Jörn Rüsen entre Münster e Frankfurt”, precisamente para sinalizar a posição intermediária assumida por Rüsen no referido debate.

Instituto de Ciências Humanas Departamento de História O terceiro texto em que estou trabalhando está em fase final de preparação e trata de objetividade e ética na escrita da história. Relaciona-se, assim, com as leituras previstas para o segundo bloco temático do curso. Nesse trabalho, cujo título é “Objectivity, Ethics, and The First Law of History Writing”, argumento, entre outras coisas, que ainda faz sentido falar em objetividade na prática historiográfica, sobretudo quando tal noção é pensada não apenas sob os prismas da epistemologia e da metodologia, mas também sob o da ética professional. O meu principal objetivo aqui é enfatizar que a condenação da mentira deve ser tomada como o conteúdo mínimo da objetividade na historiografia (assim como nas demais ciências e no jornalismo, por exemplo).

Instruções Gerais Recomenda-se aos interessados em se matricular nesta disciplina optativa que façam contato prévio comigo através do endereço de e-mail que consta acima. O seminário demandará uma pesada rotina de leituras (quase todas em inglês ou espanhol) e um forte engajamento nas discussões em sala de aula. A efetivação da matrícula no curso pressupõe que você se compromete em participar ativamente das aulas, lendo todos os textos e discutindo os temas propostos. Pressupõe também a sua concordância com o sistema de avaliação a ser detalhado abaixo que enfatizará, precisamente, o envolvimento dos estudantes com a leitura e a discussão dos textos. Portanto, antes de tomar a sua decisão, pense se você terá tempo e/ou disposição para participar ativamente das sessões. Todos os estudantes que se matricularem após terem feito essa reflexão serão, obviamente, muito bem-vindos. Se quiser obter informações sobre as minhas atividades de pesquisa e ensino, consulte o meu CV-Lattes: http://lattes.cnpq.br/8429201333920233. Para ter acesso a parte das minhas publicações, veja o meu perfil no academia.edu: https://brasilia.academia.edu/ArthurAlfaixAssis.

Sistema de avaliação A menção final será definida de acordo com o seu desempenho em diferentes procedimentos avaliativos:  

50% da menção final corresponderá à nota de participação; 50% da menção final corresponderá à nota obtida no trabalho final.

A nota de participação avaliará o seu envolvimento geral com o curso. Os critérios dessa avaliação são: presença às aulas, participação nas discussões, e leitura dos textos. O desempenho como comentador(a) dos textos indicados também contará fortemente para a nota de participação. O trabalho final deve consistir de um ensaio de cerca de 3.000 palavras sobre um dos dois conjuntos de temas discutidos no curso. A maior exigência é que o texto “dialogue” com pelo menos três dos textos lidos ao longo do curso, além de, pelo

Instituto de Ciências Humanas Departamento de História menos, mais dois outros textos acadêmicos pertinentes que não constem da bibliografia e que você deve encontrar por si só. Convém lembrar que, em situações de plágio a nota do trabalho será zero. Plágio configura-se quando alguém apresenta como suas ideias ou passagens que na verdade foram desenvolvidas ou escritas por outrem.

Bibliografia obrigatória (ordem cronológica) 1. A função da história e das ciências humanas na Alemanha na segunda metade do século XX Ritter, Joachim (1986), “La tarea de las ciencias del espíritu en la sociedad moderna”, in: J. Ritter. Subjetividad. Seis ensayos, Barcelona: Alfa, 93-123. Habermas, Jürgen (s/d), “Conhecimento e interesse”, in: Técnica e ciência como ‘ideologia’, Lisboa: Edições 70, 129-147. Lübbe, Herman (1983), “La funcción de presentation de identitidad de la historia”, in: Filosofía práctica e teoría de la historia, Barcelona: Alfa, 109-129. Marquard, Odo (s/d), “Narrare necesse est - Narrar é preciso”, no prelo. Scholtz, Gunter (1988), “Origem e papel das ciências do espírito”, Revista da Faculdade de Educação (USP) 14(2), 315-322 [http://www.revistas.usp.br/rfe/article/view/33421/36159]. Rüsen, Jörn (2007), História viva. Teoria da história III: Formas e funções do conhecimento histórico, Brasília: Ed. UnB, 95-103. Rüsen, Jörn (2014), “O que significa estudar ciências da cultura e para que estudálas? ”, in: Cultura faz sentido. Orientações entre o ontem e o amanhã, Petrópolis: Vozes, 193-208. 2. Objetividade e ética na escrita da história Gaukroger, Stephen (2012), Objectivity. A Very Short Introduction, Oxford: Oxford University Press, 1-25; 79-89. Margolis, Joseph (1984), “Relativism, History and Objectivity in the Human Sciences”, Journal for the Theory of Social Behaviour 14(1), 1-23. Daston, Lorraine (1992), “Objectivity and the Escape from Perspective”, Social Studies of Science, 22(4), 597-618. Rüsen, Jörn (2014). “Engagement - Metahistorical Considerations on a Disputed Attitude in Historical Studies, Historia, 59(2), 2014, 1-9. [http://ref.scielo.org/xzpkdy] Bevir, Mark (1994), “Objectivity in History”, History and Theory 33(3), 328-344 [Periódicos Capes]. Munslow, Alun (2002), “Objectivity and the Writing of History”, History of European Ideas 28 (1-2), 43-50. [Periódicos Capes] Paul, Herman (2011), “Performing History: How Historical Scholarship is Shaped by Epistemic Virtues”, History and Theory 50, 1-19. [Periódicos Capes] Froeyman, Anton (2012), “Virtues of Historiography”, Journal of the Philosophy of History 6(3), 415-431. [https://biblio.ugent.be/publication/2977243] Paul, Herman (2012), Virtue Ethics and/or Virtue Epistemology: A Response to Anton Froeyman, Journal of the Philosophy of History 6, 432-446. [https://www.academia.edu/8294390/Virtue_Ethics_and_or_Virtue_Epistemology_A_Response _to_Anton_Froeyman] Williams, Bernard (2005), Truth and Truthfulness. An Essay in Genealogy, Princeton: Princeton University Press, 149-171; 233-270.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.