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May 23, 2017 | Autor: Luis Joaquim Carlos | Categoria: Meio Ambiente, Engenharia Ambiental
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Adão Samuel Rendição Egídio Gerson Ernesto Elias António Titosse Luís Joaquim Carlos Seleque Saragito L. de Sousa

3º EARN

Geologia Ambiental Tema: Avaliação do Potencial à Ocorrência de Assoreamento na Zona Costeira do Canal de Búzi (Banco de Sofala)

Docente: dr. Castigo Machava

CHIMOIO, 2016

Índice Páginas

1.

Introdução.............................................................................................................. 1 1.1.

Justificativa ..................................................................................................... 1

2.

Objectivos.............................................................................................................. 2

3.

Revisão bibliográfica: a zona costeira Moçambicana .............................................. 2

4.

3.1.

Problemas devido a degradação das zonas costeiras ........................................ 3

3.2.

Importância da vegetação ciliar ....................................................................... 4

Métodos ................................................................................................................. 4 4.1.

Área do estudo ................................................................................................ 4

4.2.

Procedimentos ................................................................................................ 6

5.

Análise e discussão de resultados ........................................................................... 8

6.

Referências bibliográficas .................................................................................... 10

1. Introdução O presente projecto de pesquisa é realizado no âmbito da cadeira de Geologia Ambiental, que aborda sobre o Potencial à Ocorrência de Assoreamento na Zona Costeira do Canal de Buzi (Banco de Sofala). Atividades antrópicas têm sido as maiores contribuintes para ocorrência dos processos erosivos nas suas diversas formas. Além de reduzir

a

capacidade produtiva para as culturas, ela pode causar sérios danos ambientais, como assoreamento e poluição das fontes de água. As formas de relevo, a declividade, o manejo do solo e suas características como textura e espessura, assim como a cobertura vegetal, quando analisadas de forma conjunta, representam aspectos fundamentais na avaliação dos da vulnerabilidade à erosão do solo. O objetivo do presente trabalho é avaliar o processo de erosão que dentre outros fatores, possivelmente pode estar ocorrendo devido à falta de sensibilização quanto à importância dos mangais e vegetação costeira, na conservação do solo e dos recursos hídricos, junto a algumas comunidades residentes nas zonas costeiras.

1.1.

Justificativa

A realização deste estudo nota-se no facto de o rio Búzi ser um dos principais rios que percorre a província de Sofala e desagua na sua costa próximo a Cidade da Beira e do distrito que lhe leva o nome. O canal formado pelo rio Búzi ao desaguar na costa, forma o ecossistema de estuário, sendo local rico em biodiversidade e que serve de berçário para muitas espécies de mariscos e animais aquáticos. Conforme Langa (2007), a Zona Costeira Moçambicana é a terceira mais extensa de África com cerca de 2 600 km, nela predomina o clima tropical húmido. A região da Bacia do Búzi experimenta acentuados níveis de precipitação ao longo de todo o ano, e devido a sua topografia, recebe enormes quantidades de água escoando e levando consigo grandes quantidades de sedimentos. Nas zonas circunvizinhas ao canal têm sido notadas práticas cada vez mais degradatórias com vistas ao urbanismo desordenado e retirada de areia, praticada principalmente por famílias de baixa renda, por não haver políticas públicas eficazes de acesso a moradia.

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Nesse sentido, áreas a jusante do canal, margens da costa e canais têm sido ocupadas e degradadas, facilitando o impacto direto das gotas de chuva, do escoamento superficial e consequentemente a ocorrência cada vez mais frequente dos processos erosivos. Com base nos conhecimentos obtidos na cadeira de Geologia Ambiental, pretende-se avaliar a magnitude e as principais zonas onde este fenómeno geoambiental ocorre e propor medidas de maneira a reduzir os seus impactos deste. Face ao exposto, o presente projecto de pesquisa objetiva identificar na zona áreas potenciais para ocorrência de processos assoreamento acelerados.

2. Objectivos Objectivo geral O presente trabalho tem como objectivo avaliar o potencial à ocorrência de assoreamento na zona costeira do canal de Búzi, junto ao Banco de Sofala.

Objectivos específicos 

Avaliar as causas do assoreamento na jusante do canal do Rio Búzi;



Estimar a declividade média e o potencial de perda de solos por m2;



Propor medidas de recuperação e minização do fenómeno.

3. Revisão bibliográfica: a zona costeira Moçambicana Na zona costeira de Moçambique podem tipificar-se quatro sistemas fisiográficos: 

Costa de Corais, com uma extensão de cerca de 770 km, do Rio Rovuma no limite a Norte (10° 32' S) ao Arquipélago das Primeiras e Segundas (17° 20' S);



Costa de Mangal, com uma extensão de cerca de 978 km, de Angoche (16° 14' S) ao Arquipélago do Bazaruto (21° 10' S);



Costa de Dunas Parabólicas, com uma extensão de cerca de 850 km, do Arquipélago do Bazaruto a Ponta do Ouro (26° 52' S), atingindo o Rio Mlalazi (28° 57' S), na África do Sul; 2



Costa do Delta, ocorrendo com grande singularidade nas regiões da foz dos Rios Zambeze e Save.

Conforme Langa (2007), Os mangais, para além da função que desempenham na prevenção da erosão da costa e das margens dos rios, na atenuação das cheias e na reprodução das espécies marinhas, como é o caso do camarão, constituem fontes de medicamentos tradicionais, material de construção, combustível lenhoso. Cobrem cerca de 450 mil hectares, encontrando-se com maior relevância nas províncias de Nampula, Zambézia e Sofala. Existem tendências no sentido de uma intensiva ocupação de algumas faixas litorais e frequentemente sobre as formações dunares, mangais, estuários e outras zonas húmidas. Associadas às infra-estruturas turísticas, nas cidades mais urbanizadas como Maputo, Beira e algumas praias do interior, começam a emergir bairros habitacionais, que podem interferir com a dinâmica das faixas litorais e ficar expostos a tempestades, inundações e ao avanço do mar. As actividades pesqueiras integram a pesca artesanal, a pesca semi-industrial e a pesca industrial. A pesca artesanal (pesca de subsistência), maioritariamente feita através de embarcações a remo, a vela e a motor, era praticada até 1995 por cerca de 100 000 pescadores com uma média total de 10 000 embarcações. A pesca semi-industrial albergava, até 1995, 70 empresas com uma média de 74 embarcações. A pesca industrial albergava 48 empresas com um total de 135 embarcações. Não está assegurada a sustentabilidade dos ecossistemas costeiros.

3.1.

Problemas devido a degradação das zonas costeiras

Para Lustosa (2011), a alteração da morfologia

costeira

tem

como

principais

consequências a médio e longo prazo: 

A redução significativa da largura das praias em consequência da perda contínua de material sólido;



A redução da zona de praias entre marés, com perdas de habitats;



A diminuição da altura das dunas e a perda da sua vegetação;

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A redução da altura e volume de areias nas fundações dos troços protegidos por obras aderentes e o aumento dos riscos da sua destruição;



A redução das áreas de praia com valores balneares, numa zona onde a procura é muito intensa;



A alteração de valores paisagísticos;



O aumento dos riscos de galgamento e degradação da Avenida da Marginal, e dos riscos de algumas construções virem a ser afectadas.

3.2.

Importância da vegetação ciliar

Conforme Lustosa et all (2011), o termo mata/floresta ciliar tem sido amplamente usado para designar de uma forma genérica e popular todos os tipos de formações florestais ocorrentes às margens dos cursos d’água, independente do regime de elevação do rio ou do lençol freático e do tipo de vegetação de interflúvio. Nessa ordem de ideias, elas tem função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas. Para Martini et all (2006), dentre os inúmeros benefícios que as matas ciliares podem proporcionar, vale ressaltar, a atuação no controle de erosões nas margens dos rios, a manutenção, preservação e conservação da quantidade e qualidade da água, filtragem de resíduos e produtos químicos, e contribui para a manutenção da biodiversidade da fauna e flora local. Lustosa et all (2011), diz ainda que a ausência da mata ciliar faz com que a água da chuva escoe sobre a superfície, ou seja, aumenta o escoamento superficial e diminui a infiltração, diminuindo assim o armazenamento no lençol freático. Com isso, reduze-se o volume de água disponível no subsolo e acarreta em enchentes nos córregos, rios e os riachos durante as chuvas.

4. Métodos 4.1.

Área do estudo

A pesquisa foi desenvolvida na zona costeira da província de Sofala, junto a Cidade da Beira e Distrito de Búzi. 4

A Zona Costeira Moçambicana Está compreendida entre os paralelos 100 27´ S (Rio Rovuma) e 260 52´ S (Ponta do Ouro), nas fronteiras com a República da Tanzânia e com a República da África do Sul, a Norte e Sul respectivamente. Com interferência nas condições hidrodinâmicas a área em estudo, localiza-se o Estuário de Banco de Sofala que faz a confluência dos rios Pungue e Buzi. A área é atravessada pelo canal de navegação do Porto da Beira, cujas operações de manutenção removem um volume de dragados na ordem dos 1 200 000 m3/ano.

Figura 1: Mapa de localização da área de estudo. Fonte: ArcGis 10.21, adaptado pelo autor.

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4.2.

Procedimentos

O trabalho foi realizado por meio da recolha de imagens SRTM DEM, Imagens do Google Earth da área abrangente ao estudo. Esta imagens foram posteriormente analisadas usando o software ArcGis 10.21, resultando na produção de alguns mapas temáticos de modo a ilustrar cotas por meio de curvas de níveis, identificar os lacais de acumulação de águas e a maior sub-bacia. Foi usado o software Global Maper 16.1 para a análise da topografia da área em estudo, de modo a serem visualizadas as áreas com cotas iguais ao nível médio das águas do mar.

Figura 2: Mapa de topologia da área de estudo. Fonte: ArcGis 10.21, adaptado pelo autor.

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Figura 3: ilustração do uso e ocupação do solo. Fonte: Google Earth, adaptado pelo autor.

. Figura 4: Mapa de topografia da zona costeira onde se localiza o canal de Búzi e Pungue. Fonte: Global Maper 16.1.

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5. Análise e discussão de resultados As causas do assoreamento foram avaliadas com base na leitura e interpretação dos fluxos gerados pelas linhas de água através das imagens STRM, com influência na dinâmica sedimentar da área específica em estudo. Essa dinâmica é mais nítida no mapa extraído do Google Earth, onde é claramente é notado o assoreamento através das zonas onde a coloração esta mais para cinza. Essa imagem também permite notar a estreitamento longitudinal da praia ao longo da zona de estudo. A estes dados foi associado o balanço sedimentar estimado através dos volumes de transporte de areias ao longo dos últimos anos (11 toneladas por ano em cada m2). O mapa analisado com o Global Maper 16.1, permitiu a visualização das área com a cotas iguais com o nível médio das águas do mar. essas áreas são potenciais na ocorrência de assoreamento. Pensamos ainda que essa seja uma das causas do récuo de alguns troços da linha costeira. Este ultimo é notório pela instabilidade dos troços protegidos por obras longitudinais (muralhas, murros de contenção), pela contínua diminuição da altura das dunas com o consequente desenraizamento das árvores existentes ao longo das formações dunares e pela avaliação da influência do canal de navegação que dá acesso ao Porto da Beira, na dinâmica sedimentar da área em estudo. Em grande parte da Costa abrangida pelo estudo, verificam-se fenómenos erosivos que se traduzem no recuo da “linha” costeira e no emagrecimento das praias. Os recuos (no sentido transversal à linha de costa) da costa são avaliados numa média de 0.6 m/ano. A ocorrência de assoreamento na área em estudo pode estar potencialmente relacionada com a construção e manutenção do canal de navegação que dá acesso ao Porto da Beira, bem como com remoção de vegetação ciliar dos rios Pungue e Búzi na zona a montante. Do conjunto de soluções técnicas de intervenção para a recuperação ou minimização da erosão e assoreamento ao longo da costa da província de Sofala, dadas as condições características de hidrografia e agitação costeira nesta zona, são passíveis de considerar: obras transversais (esporões); obras longitudinais aderentes (muros verticais, muros com taludes, enrocamentos); alimentação artificial de praias; protecção, reconstrução e reabilitação de dunas e reposição das matas ciliares e vegetação costeira.

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As ações em curto prazo a ser realizadas dentro da área afetada seria a construção de paliçadas feitas de bambu e/ou eucalipto, com o objetivo de evitar que o processo erosivo ganhe amplitude, evitando que os sedimentos cheguem até ao estuário. As ações em médio e longo prazo seria a seleção de plantas nativas para o plantio nas regiões ciliares dos rios Búzi e Pungue, contando que esta seja feita com sementes de plantas pioneiras para mitigar a acção erosiva do escoamento superficial e reter os sedimentos do solo. E a execução de propagandas e palestras de Educação Ambiental, nesta e em todas as demais zonas costeiras, prevenindo a remoção de areia e dos mangais por negligência ou desconhecimento da legislação ambiental.

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6. Referências bibliográficas LANGA, J. V. Q. Problemas na zona costeira de Moçambique com ênfase para a costa de Maputo. Revista de Gestão Costeira Integrada, 2007. LUSTOSA, S. P. et all. A ocorrência do assoreamento às margens do Rio Pau D’arco, na Região Sul do Estado do Pará. Geol. USP, 2011. MARTINI, L: C. P. et all. Avaliação da suscetibilidade a processos erosivos e movimentos de massa: decisão multicriterial suportada em sistemas de informações geográficas. Geologia USP. São Paulo, 2006.

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