Tradição e Cristianismo: O nascimento do integralismo em Juiz de Fora. In: Estudos do integralismo no Brasil, 2007.

June 2, 2017 | Autor: L. Pereira Gonçalves | Categoria: Fascism, Methodism, Fascismo, History of Methodism, Integralismo, Plínio Salgado, Juiz De Fora, Plínio Salgado, Juiz De Fora
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Gis Ida Brito SiI a org nizadora

ISBN 85-874-5937-6 Copyright © Giselda Brito Silva Direitos desta edição reservados à EDITORA DA UFRPE Rua Dom Manoel de Medeiros, sln - Dois Irmãos. Recife/PE. CEP: 52.171-300 Fone: (081) 3320 6000 Email: [email protected] Web site: www.ufrpe.br Impresso no Brasil I Printed in Brazil Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação do copyright (lei nO 9.610/98). Os conceitos, redação e correção textual neste livro são de inteira responsabilidade dos autores. 1a. Edição - 2007 Revisão dos originais e formatação: Giselda Brito Silva Apoio na leitura dos textos e avaliação dos conteúdos: João Fábio Bertonha Capa: Giselda Brito Silva As imagens utilizadas na montagem da capa foram retiradas de Prontuários Funcionais da AIB do Arquivo Público do Estado de Pernambuco (APEJE) e do livro Imagens do Sigma, organizado por Luiz Henrique Sombra e Luiz Felipe Hirtz Guerra, editado pelo Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, 1998. Ficha catalográfica Setor de Processos Técnicos da Biblioteca CentralE82

UFRPE

Estudos do integralismo no Brasil I Giselda Brito Silva, organizadora. - Recife: Ed. da UFRPE, 2007. 265 p. ; il. ISBN: 85-874-5937-6 Inclui bibliografia. 1. Brasil - História 2. Integralismo 3. Autoritarismo 4. Igreja 5. Tradíção (Teologia) 6. Persequição polltica 7. Ditadura e ditadores I. Silva, Giselda Brito CDD 981

SUMÁRIO Apresentação Hélgio Trindade Introdução João Fábio Bertonha 1. Pesquisas sobre o integralismo na década de 1970 René E. GERTZ13 2. Origens do integralismo em debate: pensando a biografia de Plínio Salgado nos anos 20 Leonardo Ayres PADILHA 3. Integralismo e Historiografia Edgar Bruno Franke SERRA TTO 4. Integra listas e Católicos: as relações discursivas entre intelectuais católicos pernambucanos e a Ação Integralista Brasileira (1930-1937) Carlos André Silva de MOURA 5. Tradição e Cristianismo: o nascimento do Integralismo em Juiz de Fora Leandro Pereira GONÇALVES 6. O Integralismo em Pernambuco: uma história entre tantas da Ação Integralista Brasileira Giselda Brito SIL VA 7. O Legionário Integralista: um novo homem para uma nova Era Raimundo Barroso CORDEIRO JÚNIOR 8. O homem no espelho e a Legião Cearense do Trabalho: religião e política nas terras de Alencar Emilia Camevali da SIL VA 9. A imprensa integralista de São Paulo e os trabalhadores urbanos (1932-1938) Renato Alencar DOTTA 10. Integralismo Proh Pudor! A crítica da grande imprensa frente às comemorações dos 25 anos do Integralismo Rodrigo CHRISTOFOLETTI 11. Entre Sigmas e Suásticas: nazistas e integralistas no Sul do Brasil Ana Maria DIETRICH 12. Fotografias, gênero e autoritarismo: representações de feminino pela Ação Integralista Brasileira Tatiana da Silva BULH()ES 13.1955: A campanha de Plínio Salgado à Presidência Gilberto Grassi CALlL

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5. TRADiÇÃO E CRISTIANISMO: o nascimento do integralismo em Juiz de Fora" Leandro Pereira Gonçalves •• As primeiras leituras bibliográficas sobre o integralismo confirmaram a inexistência de um completo estudo sobre a atuação deste movimento na cidade de Juiz de Fora. À exceção de um trabalho que relata o integralismo de forma bem factual - cujo título é Ação Integralista Brasileira: seus reflexos em Juiz de Fora, realizado em 1973, quando muitos militantes ainda estavam vivos, nada mais se encontra sobre a atuação do movimento na cidade. Trata-se de um trabalho apresentado no IIº Prêmio de Pesquisa promovido pelo DCE da Universidade Federal de Juiz de Fora, realizado na época pelo acadêmico Maurício de Castro Corrêa, que serviu de base para tratar do tema dentro das novas condições e possibilidades do trabalho historiográfico acerca do integralismo no Brasil. Além da ausência de estudos do movimento na cidade de Juiz de Fora, a escolha do tema, Tradição e Cristianismo: o nascimento do integralismo em Juiz de Fora, se deve, ainda, à percepção das particularidades do movimento nesta cidade em relação às demais localidades. Aqui, a Ação Integralista Brasileira (AIB) teve sua semente plantada dentro de uma instituição religiosa metodista, diferente, portanto, de muitas localidades onde o catolicismo foi o grande pioneiro. A Igreja Católica chegou a apoiar o movimento na cidade, mas a base inicial se encontra na Igreja Metodista, que através de um ~rande centro educacional secular denominado Instituto Granbery, Investiu na construção ideológica de controle da população pela educação metodista, que veiculava um discurso previamente prep~rado de acordo com a situação. Foi justamente através da força ~os Ideálogos metodistas que nasceu o integralismo juizforano, com a ~nte9ração do discurso integralista conservador ao discurso metodista o Contexto religioso da década de 1930. O movimento integralista surgiu através do interesse de vários ~~pos de intelectuais no Brasil, todos eles descontentes com a política daIS~~nteaté então. Esse movimento foi decisivo na formação política SOco ecada de 1930, tendo ampla repercussão no campo político e 19~~1 no Brasil. Iniciando suas atividades no princípio da década de Pass' sob a liderança do escritor e jornalista Plínio Salgado, a AIB divUloU a atuar formalmente através do Manifesto de outub.ro de 1~32, Pelo~ado para todo o país. Sua organização, fortement~ Influen::lada mOVimentos fascistas europeus, priorizava a arreglmentaçao de

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militantes e seu enquadramento em uma estrutura hierárquica burocrática. A partir. de então, logrou intenso e rápido crescimen ascendente até a decretação do Estado Novo em novembro de 193 quando foi proibido de atuar juntamente com outros partidos movimentos. A hierarquia do movimento colocava Plínio Salgado co Chefe Nacional e todos os demais membros tinham que jur obediência às suas ordens, sem discussão. Logo após o lançamen oficial da Ação Integralista Brasileira, Plínio Salgado inicia su articulações políticas pelo país, aglutinando o apoio da mocidade transformando, assim, a AIB no principal partido de extrema-direita busca do poder nos anos 30. Ao analisar a década de 1930, no Brasil, logo nos deparam com as ações da Ação Integralista Brasileira,' movimento político d extremo conservadorismo que se articula com os discursos religioso defendendo principalmente a tradição. No país, o integralismo propõ se a combater o liberalismo, o socialismo, o capitalismo internacional as sociedades secretas vinculadas ao judaísmo e à maçonaria. Co esse discurso ideológico de combate em defesa às tradições cujo lem é: Deus, Pátria e Família, os integralistas contaram com um expressiv número de filiados. Na crise liberal, as opções eram comunismo fascismo, e as famílias religiosas tradicionais, que possuíam tendências políticas, ficaram ao lado do fascismo. Descartando, principalmente, o comunismo, essas famílias investem no integralismo que apresenta grande relação entre a religião e a política, mais forte combate ao comunismo. Em 1936, o Integralismo chegou ao auge de suas atividades, com milhares de células espalhadas por todo o país e, Plínio Salgado, vangloriava-se de que o número de seus militantes alcançava a cifra de um milhão de pessoas. Ao mesmo tempo, defendia que sua milícia reunia cerca de cem mil indivíduos em condições de combate. AS pretensões integralistas em atingir o poder pareciam, assim, bastante realistas até que Getúlio Vargas resolveu por fim às pretensões do líder integralista em 1937. Mostraremos um pouco de toda essa atuação na cidade de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira; onde a AIB passou a se destacar logo após três conferências doutrinárias ocorridas nos dias 20, 21 e 22 de outubro de 1933,1 realizadas pelo Chefe das Milícias Integralistas, presidente da Academia Brasileira de Letras, Gustave Barroso.

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A inserção do Integralismo em Juiz de Fora A vinda de Gustavo Barroso a Juiz de Fora ocorreu através do lt to Granbery da Igreja Metodista, que em seu jornal de circulação Instl ua do dia 20 de outubro de 1933, divulga a seguinte manchete: "O inte~bery orgulha-se de ter como h?spede de honra, o .ilustre ~ra.sileiro Gra Gustavo Barroso, digno preSidente da Academia Brasllelfa de

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Letras. Em Juiz de Fora, ele fez parte do que era chamado de andeira ou Caravana Integralista, movime~to qu~ tinha ~o~o obje~ivo

B d utrinação, a divulgação e a propagaçao da Ideologia mtegrahsta ael~ Brasil. O Chefe das. Milícias Integralistas~ Gustavo. Barro~o, ~tiliZOUseu prestígio de presidente da ABL, para dl~ulgar as Ideologias olíticas integralistas entre os .pro!essore~ e alun~s.. . p Desse grupo, o pioneiro do movimento mtegrahsta em JUIZ de Fora foi o professor de Sociologia Oscar Machado, ent~o direto~ dos ursosGinasial e Comercial do Instituto Granbery da Igreja Metodlsta e ~embro da Igreja Metodista Central de Juiz de tora que cedeu. ~s dependências do colégio para Gustavo Barroso. Segundo Mauncl.o Corrêa,além de Barroso, também Plínio Salgado teve atu~ção e~ JUIZ de Fora. No dia 27 de novembro de 1933, o chefe dos mtegrahstas, proferiu uma sé~ie de con~~rênci~s doutrinárias para divul~ar a ideologia integrahsta. Sua visita foi fundam~ntal para consohd~r a fundação do núcleo municipal que ganhou muitos adeptos logo apos a 5 visita do Chefe em dezembro de 1933. . Em março de 1934, um grupo de integralistas chegou à cidade ampliando a consolidação do movimento, quando ocorreu a posse do professor Oscar Machado como primeiro chefe municipal do integralismo. Após o lançamento da semente integralista, o professor iniciou o processo de divulgação e ampliação do mo~iment~ com a preparação de um forte veículo de propaganda atraves do Jornal O Sigma. A partir daí, instalou-se a organização da milícia integralista jUizforanae da sede oficial do movimento. A Igreja Metodista no campo da educação O metodismo, que fez parte do movimento da Reforma Protestante, nasceu na Inglaterra no século XVIII, sob as i~éias de J?~n Wesley, ministro da Igreja Anglicana que ~eve a oportunld~de de Viajar por cinqüenta anos, pregando e organizando uma SOCiedade tnetodista por todo Reino Unido. Essas viagens tiveram como meta destacar os problemas sociais da época oriundos da Revolução IndUstrial,apontada como responsável por uma transforma9ão de toda estrutura social inglesa. As idéias de John Wesley foram ainda a base 83

da organizaçã? de uma. educação destinada especificamente aos adu.ltos. C~m ISSO, o ensln? ocupou um lugar privilegiado na ação social, servindo para construir escolas destinadas a instrução de todos . A .Igrej~ Me~odista em pouco te~po se expandiu por todo ~ Reino Unido, inclusive tornando-se muito poderosa na América do Norte. No decorrer do século XVIII, na América Inglesa, a difusão do IIuminismo permitiu a abertura de novas formas de pensamentos religiosos, tendo como participação a Igreja Metodista. Após o processo de Independência das Treze Colônias e a formação dos Estados Unidos da América, os metodistas iniciaram um movimento de expansão religiosa com muito sucesso, sendo o maior movimento protestante dos Estados Unidos, com vários princípios como o individualismo, marca do IIuminismo liberal, presente no século XVIII. O metodismo chegou ao Brasil através das missões dos Estados. Unidos, no século XIX, tendo uma primeira tentativa entre 1836 e 1841 ea segunda investida iniciada em 1876. Os metodistas além de quererem implantar a religião no Brasil, têm o objetivo de transmitir os valores estadunidenses de liberdade, civilização e progresso. O metodismo chegou ao Brasil com os ideais do liberalismo já consolidados na América do Norte e foram justamente esses ideais que exerceram um especial atrativo naqueles que desejavam modificações, devido a uma política escravocrata e tradicional que era a do Brasil. Com isso a expansão do metodismo ocorreu no meio urbano, favorecida por uma burguesia em ascensão com características modernas e por instituições de ensino que começavam a ser criadas. É nesse contexto que o metodismo chega a Juiz de Fora no ano de 1884, com uma identidade liberal e progressista. Em pouco tempo, avançou por toda a região mineira, inclusive a cidade de Juiz de Fora, com a fundação de uma instituição de ensino, o Collegio Americano Granbery, no ano de 1890. Segundo Clifton E. 0lmstead,6 as instituições metodistas de ensino privilegiavam os filhos dos membros da Igreja com o objetivo de criar homens de moral elevada capaz de influenciarem a comunidade em que viviam. Com esse objetivo, de criar uma obra educacional com teor missionário o metodismo difunde na sociedade juizforana uma cultura protestante estadunidense, pautada no liberalismo." A educação metodista e o integralismo em Juiz de Fora A Igreja Metodista, desde os seus primórdios, teve uma característica básica em sua doutrina ideológica que era a de ser um movimento reformador e educativo. Em Letters of John Wesley,8 observa-se o pensamento do seu fundador sobre a educação, ponto

stratégico usado na doutrina, por isso a necessidade de se construir escolas. A educação passou a ser vista como um processo de ~ormaçãocontínua do indivíduo, tendo como objetivo reformar o caráter e a vida dos homens. Em pouco tempo, o metodismo se transformou numa das maiores forças educacionais da Inglaterra no século XIX e de forma rápida, chegou aos Estados Unidos como uma grande força religiosa influenciando a vida e a cultura da população. Na segunda metade do século XIX, era a instituição religiosa de maior denominação e dominação nos Estados Unidos. Identificava-se como a nação escolhida por Deus como dominante, devido à liberdade conquistada após a Guerra Civil. Por isso acreditava que as nações mais evoluídas tinham o dever de civilizar as nações mais atrasadas do mundo. Essa dominação não só é restrita ao campo religioso, mas também, ao político. Segundo Hooding Carter," quando os pregadores metodistas falam, os políticos os ouvem com a mesma atenção que suas próprias congregações. O nacionalismo religioso metodista, que está presente nos Estados Unidos, propunha comunicar ao mundo, valores e ideais da América do Norte, dando assim legitimidade ao expansionismo imperialista. O liberalismo foi o principal referencial teórico dessa expansão. É nessa linha de raciocínio, que foi enviado ao Brasil, algumas missões procurando promover a ideologia estadunidense no continente. Segundo Mesquida.'" o Joumal of the General Conference of lhe Methodist Episcopal Church (1880) publicou que o metodismo dos Estados Unidos manifesta um profundo sentimento nacionalista e a aceitação à política liberal, por isso as instituições de ensino têm como propósito modelar e promover essas idéias. O metodismo tem como objetivo onde quer que seja, formar uma população livre, trabalhadora, honesta, obediente; difundir, pela educação e liberdade, o progresso e todas as forças racionais e morais que fazem o aperfeiçoamento da civilização americana. A educação metodista passou a ser então um canal de convicção intelectual, ou seja, como diz Marilena Chauí, o ideólogo, a cabeça pensante que tem como objetivo manipular a massa, pois esse grupo teve como finalidade transmitir o pensamento de todos de acordo com os seus interesses." A educação metodista passou a ser o produto das idéias e do Pensamentoe é assim que surgiu a ideologia como criação de domínio da realidade, pois as opiniões passaram com o tempo e com a força dos intelectuais a ser uma idéia vista como verdadeira e válida para toda a sociedade.

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Os missionários metodistas estavam conscientes de que er no interior que sua dominação ideológica iria ocorrer com mai sucesso, pois não seria, inicialmente, nas grandes cidades, conversão das classes sociais irnportantes." De acordo com e pensamento, a educação metodista tem como objetivo estratégi desenvolver sua doutrina em municípios do interior, entre eles a cidad de Juiz de Fora conhecida como o Vaticano do Metodismo Brasileiro. A Igreja Metodista, então, passa a exercer influência sobre cultura da elite e da nação, sendo suas instituições educacionai pontos estratégicos para defender e propagar os princípios liberai que era algo vangloriado pela elite intelectual e política. Os colégios metodistas mostram claramente o desejo de s dedicar particularmente à formação das elites. Percebe-se mais um vez que a instituição existe com o objetivo de formar a ideologia d dominação concedendo privilégios aos membros da elite religio Esses, formados pelo Instituto Granbery, nada mais serão do que port vozes dos ideólogos que é o próprio metodismo. No periódi metodista: Expositor Cristão,13 é registrado que a doutrina tem com objetivo resolver as questões sociais, políticas e religiosas do país. Entre os documentos relacionados por Mesquida 14, destaca-se o "Livro de atas da diretoria do Colégio Americano Granbery (1895-1912)sobre o objetivo do corpo docente que era a de ministrar a instrução sobre uma base moral e espiritual sólida, para que o colégio fosse um centro de influências poderosas e agressivas. A ação da educação metodista pode ser vista' como a conquistadora da hegemonia cultural, representante de uma sociedade considerada mais evoluída, que irá conduzir perfeitamente a prática educativa pautada no iluminismo e no liberalismo. Os educadores queriam criar uma nova mentalidade no cidadão, por isso dedicaramse à formação das elites na esperança de conquistas à hegemonia cultural. E é justamente dessa exigência de criar uma mentalidade para se ter a hegemonia cultural que passamos a falar do Diretor dos Cursos Ginásio e Comércio do Instituto Granbery. Como já foi dito, a educação metodista tem como objetivo proporcionar uma doutrina de dominação ideológica elitizada desde o seu início com John Wesley. A característica principal dessa educação era privilegiar o liberalismo, marco da política e da economia dos Estados Unidos no início do século xx. Partindo do .princípio que foram os missionários estadunidenses que implantaram o metodismo no Brasil e, conseqüentemente, a educação, o liberalismo passa a ser a base de doutrinação dos estabelecimentos de ensino no Brasil. Já que a idéia inicial das instituições metodistas é a de formar pessoas que possam resolver as questões sociais, políticas e

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ís existe a necessidade de formar uma concepção reli9~osas.: J~~~ndos para que os ideólogos tenham a garantia de po\lt'c~ n É a partir daí que se observa uma força do us Interesses. , Iv de análise Cabe se lismo dentro do Instituto Granbery, que e a o ,. . r t integra ue não está sendo afirmado que o Granbery e Integra,~ ~' le~~~a~~nos a Igreja Metodista, mas certos grupos de domíruo ul rn I' ico dentro da instituição. . f ideDogl De acordo com periódicos de circulação Interna, o ~ro essor achado era uma pessoa detentora de grande ~espelto den~ro Oscar ~ . _ membro da Igreja e com raizes rnetodlstas. ~Ie fOI o da I~Sp~~U:~:~~nsávelpela divulgação e propagação do integradllsmoono pnnc .. cidade Em pouco tempo, as palavras e scar ·t to e pioneiro na . I' . Instl u . corpo docente e discente do co eqio, chado penetraram no f upo Ma do assim seu objetivo inicial, que era ~rmar um gr alc~nçan ista e posteriormente um integralista em JUIZde ~ora, tendo ~ntllco.mun~lepróprio o cargo de Chefe Municipal do Integralls~o. , me usive, bilid de da formação de uma ideologia e do A responsa I I a f!; . I t . ·llena Chauí fica a cargo dos inte ec uais, id 'logo que segun do Mar ' d ,. álld I eo. id ,. verdadeiras e transformam-nas em i elas va I as ue Julgam as I elas d t d q .ed de moldando o pensamento e o os. para tod~ ~~~~~so~ O~car Machado foi considerad? ~~ desses, já que um posto de destaque dentro da lnstltutçêo e por contar por ocupar . os a seu favor iniciou um movimento de com todos os mecarusm ' persuasão-de sU,a~id~ias c~,!,o sedndoodetodo~achado começou no O domtnlO Ideologlco e scar momento em que ele mesmo convidou para e~tar presendte,e; ~ç3:~ . b dos militantes mais destaca os a no Instituto Gran ery, um d ·1'· ·Integralistas Gustavo · B·I ira o chefe as rm retas Integra Iista rast e , r a série de conferências Barroso. Como já foi citado, esse. rea IZOUum d artigo do sendo duas delas dentro do Granbery. De acor o com um periódico O Granberyense: O Dr. Gustavo Barroso é um desses brasileiros preclaros, que se im~õe .pela personalidade intangível e pelo Idealismo sadio, bem como pelo caráter inflexível. Autor de cinqüenta e tantos livros, colaborador de inúmeras revistas, redator chefe do nosso popular'Fon-Fon', conhecedor ~rofundo de todo o movimento político do Brasil, coloca~se ainda como líder invulneráv_el ~o, Pa~ldo Integralista. Sua excelência nao vira realizar um desejo seu, mas, sim, atender gentilmente a um convite nosso, pelo que,

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desde já hipotecamos-lhe a nossa certos de que sua vinda Granbery . ~arcará u~ ponto luminoso nét nossas paginas e tera um dos mais raro acontecimentos na nossa vida colegiétl Certos de que tudo o que pleiteamos é Pai honra da pátria, saudamo-Ia na pessoa ilustr do dr. Gustavo Barroso."

gratidão,

Como pode se! obse~ado _é muito clar~ ~o ~rtigo que a vind, de Gustavo Barroso nao tem hgaçao com a polltlca Integralista e co sua. posição de intelectual. Mas nas palestras realizadas por ele no Instituto ~~anbery nos dias 20 e 21 de outubro, verifica-se que exist uma posiçao de ~outrinação política nas conferências. Em uma de suas pal:stras, deixa claro .a sua defesa do regime fascista, que para ele. nao e uma simples ditadura, porém uma filosofia que realiza um projeto cultural na sociedade, criando assim um novo sentido da vida renovando e reconstituindo a doutrina política dos Estados cristãos." ' .. De forma tendenciosa percebe-se a expansão do pensamento pofl~lco de Gustavo Barroso, mesmo não sendo o divulgado pelo Instltu!O Granbery. Vê-se isso como mais uma tentativa dos ideólogos, ou s.eJa, do grupo pensante, em manipular as posições políticas dos dominados na instituição. Essa passa a ter acesso a esse discurso que é dado como verdade absoluta dentro da instituição. A vinda d~ Gustavo Barroso foi algo noticiado em toda a imprensa local, como se' nota, por exemplo, no jornal de maior acesso na cidade o Diário Mercantil: Deverá chegar amanhã à cidade, o ilustre escritor brasileiro Gustavo Barroso, presidente da Academia Brasileira de Letras. Gustavo Barroso vem a Juiz de Fora a fim de, a convite do Centro Cívico do Granbery, realizar uma conferência literária. Essa conferência terá lugar amanhã, às 8 horas da noite, no salão nobre do importante estabelecimento de ensino. Vê se bem que o Granbery vai proporcionar ao mundo intelectual de Juiz de Fora uma grande noite de indizível prazer artístico, ao ensejo de ouvir a palavra encantadora de Gustavo Barroso, nome de grande projeção na nossa literatura. 18

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Observa-se, com isso, que Gustavo Barroso vem. a Juiz de com o objetivo de doutrinar, utilizando seu prestigl~ por ser ora ' nte da ABL , algo que irá ajudar muito os Interesses d presl e

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. tegralistas. . . . Chaul ã In De forma rápida, é visto que as Idéias de Marrlena aUI s o rcadas em Juiz de Fora na década de 30, em que um grupo. de ~p 'Iectuais, liderado pelo Professor Oscar Machado, ini~ia um proJ~to ,nte dominação ideológica da massa. Mas, esse projeto. não fica de . mente restrito à vinda de Gustavo Barroso. Pode-se .dlzer que a obvlaen ça dele foi o início da chamada dominação ideológica, em que pres Machado tem o objetivo de continuar, inicialmente dentro do Oscar "d d d bery para posteriormente expandir por toda a CI a e, on e Gran, , .. di' tará com o apoio de diversos segmentos, inclusive a. greJa ~~ólica. Mas esse não é o alvo desta investigação fic~ndo rest~,taao início do movimento dentro do Instituto Gr~nbery da lqreja M~todl~t~. Continuando, então, com esse projeto de expansao tdeolóqíca, observa-se na mesma edição sobre a vinda de Gu~tavo. B.arroso anunciado no periódico O Granberyense, um artlg~ íntltulado "Nacionalismo" de autoria de A. Vasconcelos e nele mais u~a ve~ notam-se passagens em que os pensantes se j~lgart:l superrores a massa: "A multidão não assimila idéias; apenas d~,xa-se fermentar por elas"." A dominação intelectual é algo que esta presente de forma explícita dentro do Instituto. . Ainda nessa edição existe uma entrevista do Professor .?~ca: Machado com o título "Acerca de um movimento patnot/co., comentando a visita de Gustavo Barroso e ali se pode perceber quais são as posições do Professor sobre o integralismo que começa a estar presente dentro do Granbery: Acho que Gustavo Barroso veio a~ G~anbe_ry numa hora oportuníssima [...] A inquietação social contemporânea . repercute enormemente em nosso meio [...] E isso que nós estávamos precisando ouvir o que ele disse. Quer vistamos a camisa verde ou não, todos nós devemos ser integralistas. A grande maioria dos granberyenses .reagiu favoravelmente diante do apelo feito ao espírito moço pelo eminente brasileiro que nos visitou [...] Acho que o integralismo tem vantagens sobre as demais corren~es políticas [...] A principal dessas vantagens e ~ concepção filosófica que serve de base a doutrina integralista [...] As massas humanas

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precisam marchar para frente liberalismo, por exemplo, hipertrofia aspecto do indivíduo. Crê o homem cíVi Tudo resolve pela mentira do voto. [...] Soci~lis~o, do o~tro lado, exagera o asp economl~o da vida [...] O Integralismo UJ'I esses d.o.,s asp~ectos da vida pela influêJ'lCi do Espmto. Ve o homem total, integral corpo, razão e espírito. Logo tem lugar para Econo~ia e a Política, mas completando superpoe a ambas a Reli~ião. Essa é • concepção totalitária davida. o . . O.e acordo com Oscar Machado, existe no Brasil urna InqUJ.etaçao.que deve ser abolida. Gustavo Barroso propõe a solução' se~ Integrahsta porque é mais vantajoso que as outras doutrina~ e~lstentes: P~rtanto, os granberyenses devem seguir as doutrinas do siqma, pOISsao as qu~ mais se adequam ao espírito de vida dos que fazem parte desse. mel~. Pode-se, então, verificar facilmente, que as palavr~s. e as doutrinas Integralistas entram na instituição com o apoio incondICIonal de. um líder ~o próprio Granbery, considerado nesse meio u~ detentor ..~a '~telectuahdade formadora de opiniões, como pode ser VIStOna sequencla da entrevista: Aceito a concepção integralista, que é o ponto de vista totalitário, isto, aliás, decorre da concepção do Universo [...] O movimento integralista é no sentido de integrar todas as forças sociais do país na expressão da ~aci~~alidade. Só assim pode o povo ~dentlfl~ar-se. com a Nação. [...] A Revolução Inte~~al~sta e um esforço para conseguir o eqUJIJbno, ordem, harmonia. entre as forças que se processam dentro da órbita da sociedade humana. [...] O mundo ~o~te~~orâneo caracteriza-se pela Indlsclpllna, pela ausência do senso hierárquico e pelo desprestígio da autoridade. Para co~bater esses males, o Estado precisa ter a~tondade para intervir e disciplinar a vida colet~va. [...] O Integralismo, para tornar possivel a disciplina, crê na unidade de pensamento. Por isso é superior às demais correntes políticas. As correntes políticas não

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dão unidade ao pensamento. Não dão, porque conservam o povo na ignorância. Só existe unidade nacional quando existe unidade cultural. [...] O sistema corporativo sobre o qual se baseia a organização social integralista visa precisamente a essa chaga social que é a luta classista. A sociedade é um conjunto de atividades profissionais em função harmônica. [...] O Integralismo, porém, é a grande tendência do século XX. [...] E o Brasil precisa de um grande surto nacionalista.[ ...] O integralista tem certeza da

vitória."

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Podem ser vistos, nessa entrevista, que os ideais integralistas estão presentes no líder da instituição de ensi~o que ocupa o ~o~~o de diretor e professor de Sociologia. Com esse discurso e com. a idéia de ser o pensante da ideologia, em pouco tempo essa fala. sera colo~ada em prática, como já foi mencionada pela fundaçao do núcleo integralista na cidade e, inclusive, dentro da instituição, pois as práticas do professor Oscar Machado, como diretor, serão de acordo com a doutrina integralista, como se observa na transcrição de um discurso feito por ele no momento de abertura das aulas em 1934, publicado na íntegra no periódico O Granberyense: Desde o princípio dos tempos, dois conceitos têm muitas vezes se chocado, algumas vezes se associado e raras vezes se integrado. Um é o conceito da liberdade, tantas vezes mal compreendido, pelo qual se batem os indivíduos e as multidões. O outro é o conceito da autoridade, tantas vezes mal interpretado, que tem servido de um lado à audácia dos prepotentes, e, de outro lado, as inclinações baixas dos desordeiros [...] Nós assumimos a direção do Ginásio e da E. de Comércio numa hora em que graves acusações pesam sobre a coletividade granberyense no que diz respeito as suas diretrizes educativas [...] Queremos estabelecer um regime baseado em harmonia da autoridade com liberdade. [...] Senhores, o nosso maior problema no Brasil continua sendo oda educação, mas educação no

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sentido da criação de uma mentalidade n que venha substituir a anarquia menta~" ~oral d~ste nosso século XX, Pai implantação da ordem, da disciplina e d hterarquía." . De acordo c~m Oscar Machado, o Granbery será dirigido CQ auto.ndade~ edu~aç~o e deve ter como objetivo a ordem, a disciplina a hl~rarqUla. DIz. ainda que quer estabelecer uma harmonia d ~utond~de com a hberd~d~. ~o_de-sever uma transposição do ideá' lnteqralista dentro da instituição. ao analisar o discurso de Plí . Salgado: Inl Nós, no Brasil [...] queremos um governo forte. [...] quando nós, integralistas, falamos e~ govern~s, fortes, não falamos em ditaduras e sim num regime'. Um regime é o que queremos [...] a liberdade é o maior dom humano. [...] não pode existir governo forte sem cult~ra forte.. ~ó .ela cria a disciplina. Porque cna a conscrencrade necesstdade." Como se ~e~cebe,
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