Trajetórias Profissionais de Cientistas Sociais Paraibanos

June 1, 2017 | Autor: Mauro Marolla | Categoria: Sociologia das profissões
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XVII Congresso Brasileiro de Sociologia 20 a 23 de Julho e 2015, Porto Alegre (RS)

GRUPO DE TRABALHO: GT 20 - OCUPAÇÕES E PROFISSÕES

Trajetórias Profissionais de Cientistas Sociais Paraibanos

Edvaldo Carvalho Alves – UFPB Mauro Marolla Filho - UFPB

1 INTRODUÇÃO Nas últimas três décadas, o mundo vem experimentando transformações radicais nas formas de (re)produção da vida social. Essas transformações têm atingido todas as esferas constituintes do social e se caracterizam, principalmente, pela tecnicização, informatização e globalização dos processos sociais. A interconectividade e a possibilidade de apreensão e vivência de modos de ser e existir diversos e distintos, possibilitados pelo desenvolvimento e ampliação do uso das TIC, também tem operacionalizado profundas mudanças nas formas tradicionais de exercício e prática de várias profissões, o que tem ocasionado uma redefinição de suas áreas de atuação e, consequentemente, de sua posição dentro do campo das profissões. Estas redefinições têm contribuído para alterar as representações e os outros recursos simbólicos utilizados pelos profissionais para produzir e manter uma identidade. Este é o caso dos profissionais do campo das Ciências Sociais, que só tiveram sua profissão regulamentada na década de 80 do século XX, pela lei 6.888/80. Nela, define-se que o cientista social (sociólogo, antropólogo, cientista político), é aquele profissional diplomado com competência para: a) elaborar, supervisionar, orientar, coordenar, planejar, programar, implantar, controlar, dirigir, executar, analisar ou avaliar estudos, trabalhos, pesquisas, planos, programas e projetos atinentes à realidade social; b) ensinar Sociologia Geral ou Especial, nos estabelecimentos de ensino, desde que cumpridas as exigências legais; c) assessorar e prestar consultoria a empresas, órgãos da administração pública direta ou indireta, entidades e associações, relativamente à realidade social; d) participar da elaboração, supervisão, orientação, coordenação, planejamento, programação, implantação, direção, controle, execução, análise ou avaliação de qualquer estudo, trabalho, pesquisa, plano, programa ou projeto global, regional ou setorial, atinente à realidade social. Como se percebe, o campo de atuação deste profissional é bastante vasto, além de confundir-se com o de outras profissões afins, fato que tem gerado conflitos internos e externos, principalmente no que diz respeito à identidade profissional. Os estudos que abordam a inserção destes profissionais no campo da profissão ainda são bastante escassos no âmbito nacional e praticamente inexistentes quando têm como recorte empírico a Região Nordeste.

Assim, tendo em vista que o curso de ciências sociais da UFPB campus I completou, em 2015, 21 anos de existência, tendo formado sua primeira turma em 1999 e a quase inexistência de trabalhos que versem sobre a trajetória dos egressos deste curso, a presente pesquisa tem como principal objetivo descrever quem são, onde se encontram e em que estão atuando os cientistas sociais formados no curso de bacharelado em ciências sociais do campus I da UFPB, no período de 1999 a 2012.1 Para atingir o objetivo proposto, foi levantado junto à coordenação do curso de ciências sociais e à Pró-Reitoria de Graduação (PRG), os dados e contatos dos egressos. De posse destas informações, construiu-se um questionário misto, com perguntas abertas e fechadas, no aplicativo web Google Drive®. Este foi enviado para o conjunto dos egressos, que se constituíram na amostra da pesquisa, via a rede social facebook. A análise/interpretação, como se trata de uma pesquisa descritiva de natureza quantitativa, foi realizada a partir do uso de recursos estatísticos básicos da inferência percentual associado ao quadro teórico conceitual. 2 O CONCEITO DE PROFISSÃO O termo/conceito profissão se confunde bastante com o de ocupação, pois ambos se referem a atividades especializadas, relacionadas e condicionadas à estrutura social e ao grau de desenvolvimento da divisão sócio-manufatureira do trabalho dominante em uma dada realidade social. No entanto, segundo Bourdieu (1989), Abbott (1988), entre outros estudiosos do campo da sociologia das profissões, o que distinguiria os dois termos – ocupação e profissão - é que este último possui um corpo de saberes científicos sistematizados. Ou seja, as profissões possuem uma dimensão cognitiva ligada a saberes específicos, acessíveis apenas aos membros do grupo profissional que os detém. Nesta perspectiva, a formação profissional assume uma dimensão crucial, pois será ela que fornecerá o capital simbólico e/ou intelectual, representado pelo diploma, que se constitui no principal fundamento do direito de autoridade de produzir discursos e exercer práticas sobre um determinado conjunto de fenômenos componentes da realidade social. “O título profissional ou escolar é uma espécie de regra jurídica de percepção social, um ser-percebido que é garantido como um

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Este recorte temporal se justifica pelo fato de que o curso de bacharelado em ciências sociais do campus I iniciou suas atividades no ano 1994, tendo sua primeira turma formada no ano 1999.

direito. É um capital simbólico institucionalizado, legal e não apenas legítimo” (BOURDIEU, 1989, p.148). Moore (1970) ainda argumenta, nesse sentido, que quanto mais os conhecimentos de um campo2 de atividade são sistematizados, mais o monopólio de seu espaço é garantido. Desta forma, o controle sobre o conhecimento específico de um campo profissional se estabelece, sempre, a partir das relações que existem entre a prática profissional e valores como legitimidade cultural, racionalidade e eficácia. Segundo Abbott (1988), o conjunto das profissões forma um sistema. E nesse sistema, as profissões dividem espaços, mais ou menos legitimados e reconhecidos socialmente, de acordo com o poder que cada uma possui, oriundo de seu processo histórico de controle e sistematização de um saber específico. De acordo com este autor, tal sistema seria uma espécie de estrutura que relaciona, de forma hierarquizada e assimétrica, as profissões entre si, de tal maneira que a alteração em uma parte afetaria as demais, principalmente aquelas que se relacionam mais diretamente com a que sofreu inicialmente as alterações3. Desta forma, fica claro que os limites – ou jurisdições na terminologia de Abbott (1988) -, dos campos profissionais estão sempre em mutação, dependentes que são da dinâmica das relações entre as diversas profissões. A história das profissões nada mais seria que a história da disputa, conquista e manutenção, por parte das profissões, de novos espaços dentro do sistema de profissões. Por sua vez, a capacidade de manutenção e ampliação de seu espaço, por parte de uma profissão, isto é, a aptidão para manter sua jurisdição, depende principalmente do prestígio de seu sistema de conhecimento. Assim, como afirma Cunha (2000), quanto maior o poder de abstração teórica de uma profissão, isto é, quanto mais ela se afasta de uma habilitação eminentemente técnica, mais solidez, reconhecimento e prestígio ela possuirá no sistema de profissões e no contexto social como um todo. Mas toda profissão, é preciso ressaltar, possui também uma dimensão normativa e valorativa, que define o seu papel e sua posição social no conjunto da

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Utilizamos aqui o conceito de campo tal qual desenvolvido e empregado por Bourdieu (1989). Importante frisar que as alterações tanto podem ter causas endógenas como exógenas, uma vez que dentro do campo interno a uma profissão, sempre existe uma luta entre concepções, ideias, práticas e técnicas concorrentes, que aspiram à hegemonia. Para maiores esclarecimentos sobre a dinâmica interna dos campos de saber, ver Bourdieu (1989). 3

sociedade e em relação às outras profissões. E são as associações, conselhos profissionais, sindicatos e o próprio Estado que desempenham esse papel. Como visto acima, e como bem argumenta Crivellari (2000), as profissões devem sempre ser entendidas como construções históricas, resultantes de relações sociais de produção bem definidas temporal e espacialmente. Partindo dessa perspectiva, propõe-se abordar as profissões a partir dos seguintes pressupostos elencados por Perrusi (1995):  Não há como estudar uma profissão isolada do contexto em que está inserida. Ou ainda: uma profissão geralmente faz parte de um sistema profissional e analisá-la é perceber suas conexões com outras profissões num determinado contexto histórico.

Logo, o estudo comparativo é imprescindível à análise das

profissões.  Dificilmente encontramos uma profissão unificada e homogênea. O sistema profissional é multifacetado e, no seio mesmo do mundo profissional, há vários segmentos profissionais muitas vezes competindo entre si, objetos profissionais diferentes,

interações

profissionais

apresentando

polarizações

antagônicas,

processos identitários diversos. Uma profissão é um mundo formado de mundos.  Não há profissão estabelecida definitivamente. Se existe uma lição proveniente da história das profissões, seria a de que os grupos profissionais sofrem processos de estruturação e desestruturação constantes, as delimitações de competências são flutuantes, a base cognitiva pode mudar, a modalidade de regulação pode sofrer modificações.  Não há profissões "objetivas". Existe, isto sim, relações dinâmicas entre estruturas e lógicas de ação, entre instituições e trajetórias, entre formação profissional e vocações, entre saber e poder, entre papel profissional e formas identitárias. O fenômeno profissão é abarrotado de sentido, pois constitui e é constituído por processos identitários. A determinação das estruturas não pode sobreviver sem as subjetividades socialmente construídas e vice-versa. 2.1 A PROFISSÃO DE CIENTISTA SOCIAL Como todas as profissões resultantes da nova divisão (nacional e internacional) do trabalho na atualidade, as ciências sociais também enfrentam a concorrência direta das profissões próximas, disputando objetos de estudo, vagas no mercado de trabalho e abordagens da realidade que dizem respeito mais aos profissionais de uma área que de outra. O embate interprofissional se trava em

vários pontos, como a busca pela regulamentação do monopólio do exercício das atividades profissionais, restringindo a pesquisa e bloqueando o ingresso de profissionais de outras formações; as competições com estatísticos, administradores e psicólogos em atividades de pesquisa de mercado; os enfrentamentos com os advogados e com os economistas em atividades mais políticas, como as assessorias a órgãos públicos, no “cabo-de-guerra” entre os enfoques sociais e as questões técnicas e jurisdicionais; e os conflitos com os assistentes sociais em relação à intervenção social. Já no campo intraprofissional, as disputas se dão nas diferenças de cosmovisão e ideologias entre os profissionais que trabalham na pesquisa de mercado, mídia e opinião, e os acadêmicos, da mesma forma como acontece entre os profissionais da área de planejamento urbano e os de intervenção social (BONELLI, 1994). Para Bonelli (1994), essa perspectiva do cientista social em relação ao mercado de trabalho, comparando-a com outras profissões, pode parecer diminuir a visão da ciência social construída sobre uma imagem diferenciada de atividade intelectual. Mas, o quadro que se projeta talvez não tenha essa característica reducionista. Ao contrário, esse ponto de vista enquadra melhor a lógica da profissão, tanto externamente, em sua relação com o mundo do trabalho à sua volta, quanto internamente, com suas variações internas. Vários estudos têm sido conduzidos no sentido de revelar como os profissionais de ciências sociais estão desenvolvendo suas carreiras e em que áreas do mercado estão atuando. Contudo, acabam se concentrando no eixo sul-sudeste, devido à maior relevância quantitativa, deixando outras regiões do Brasil sem informações consistentes sobre esse fenômeno. Bonelli (1993) realizou uma pesquisa na Associação dos Sociólogos do Estado de São Paulo (ASESP), analisando mil, novecentas e oitenta e oito fichas de afiliados, em busca de um perfil profissional para o sociólogo. Dois pontos que lhe chamaram a atenção foram a diversidade de ocupações exercidas por sociólogos em outras áreas e a quantidade de sócios da ASESP desempregados. O perfil do sociólogo filiado à ASESP consistia no seguinte padrão: • 67,7% dos sócios do sexo feminino; • Faixa etária mais numerosa entre 35 e 44 anos; • A maioria migrou de sua cidade natal; • Egressos principalmente de universidades públicas,

• Atuação principal em órgãos públicos, geralmente na área de ensino (superior, primeiro e segundo graus) ou na administração pública direta. A estratégia de atuação daqueles sociólogos no mercado de trabalho se dava refletindo sua opção pelos mecanismos de associação e de aliança. A entidade associativa vinculava-se ao projeto profissional daquela geração, dando-lhe fisionomia. Até a década de 50, ser professor era a alternativa profissional quase que exclusiva do egresso em ciências sociais. Na década de 90, a maioria dos profissionais já estava desempenhando atividades fora do campo docente. Para explicar esse deslocamento, Bonelli (1993;1994;1995) apresenta dois fenômenos nas denominações ocupacionais: as atividades desempenhadas nas fronteiras e nos campos de outras profissões superiores; e o desempenho de tarefas em que a formação superior aparece como uma oferta de escolaridade maior do que a função demandaria. Por exemplo, com a criação da Sociedade Brasileira de Pesquisa de Mercado (SBPM), a atuação dos sociólogos é redesenhada pelo setor de pesquisa de mercado, opinião e mídia, imprimindo sobre a formação daqueles o peso de sua necessidade, reforçando a importância da pesquisa para o sucesso da propaganda. Os resultados da pesquisa de Schwartzman (1995), com os formados em Ciências Sociais da USP do final da década de 90 do século passado, expressam esta tendência de diversificação da atuação do cientista social. Fato que é também corroborado por pesquisas mais atuais, como é o caso da realizada com os egressos da USP, UNICAMP, PUC-SP e PUC-Campinas por Braga (2011), que demonstra que, apesar da atividade docente ainda ser a que mais é desempenhada pelos cientistas sociais, hoje este profissional já realiza outras atividades no mundo do trabalho, como pesquisadores, assessores políticos, analistas e coordenadores de projetos entre outras. Este achado, poderia ser considera, segundo o autor, como um indicativo de um processo de diversificação da autuação do cientista social hoje. Este movimento atual de inserção do cientista social em atividades outras além da docência, também é percebido no trabalho de Torini (2012), quando este faz uma análise dos anúncios de vagas em processos seletivos que possuem como pré-requisito a formação em ciências sociais e/ou sociologia. Assim, esta diversificação de atuação poderá condicionar uma redefinição dos limites entre profissões, colocando em discussão a própria identidade profissional do cientistas sociais, como ressaltado por Gondin (2002).

3 O BACHARELADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS DO CAMPUS I DA UFPB A criação da graduação em Ciências Sociais no campus I da UFPB, em João Pessoa, contrariamente ao processo do campus II de Campina Grande e ao de Pernambuco, teve sua criação antecedida pelo Mestrado em Ciências Sociais, criado em 1979, através da resolução de n˚ 108/1979 do CONSEPE. 4 Aprovado pela resolução de n˚ 04/1993 do CONSUNI 5, o curso de graduação em Ciências Sociais do campus I da UFPB, em João Pessoa, só inicia suas atividades em 1994, portanto, quinze anos após a criação da pós-graduação (ALVES, 2007). No entanto, segundo Lima (1998), desde o início da década de 80, a criação de um curso de graduação em Ciências Sociais para o campus I da UFPB esteve presente nas intenções do Departamento de Ciências Sociais, pois além de prestar serviços para os outros cursos, mantinha o Mestrado desde 1979. Um mestrado sem graduação era uma situação que se refletia no tipo de aluno que o procuravam, quase sempre sem formação na área de Ciências Sociais. Vários motivos, porém, inviabilizaram a criação do curso de graduação antes de 1993, dentre eles a situação política do país, da universidade, a proibição de abertura de novos cursos e as divergências internas entre os professores responsáveis pela elaboração do projeto, principalmente no que diz respeito à área de concentração (Ciência Política, Sociologia ou Antropologia). A decisão pela área de concentração em Sociologia se processou de forma pragmática, orientada pela caracterização do corpo docente, no que diz respeito à titulação e pesquisa. Dessa forma, o curso começou a funcionar em 1994 com o nome de Bacharelado em Ciências Sociais, área de concentração em Sociologia, tendo como objetivo principal, a formação de profissionais aptos a atuar nas áreas de pesquisa, planejamento e assessoria a demandas sociais. Esses profissionais deveriam, ao término do curso, apresentar uma formação teórico-metodológica que lhes permitisse refletir sobre a realidade social, realizar pesquisas sociais, atuar na área de planejamento público e privado e prestar assessoria junto a grupos, instituições e movimentos sociais. Os anos 90, período em que começa a funcionar o curso de Ciências Sociais do campus I da UFPB, foram marcados por importantes mudanças no âmbito da

4

Conselho Superior de Ensino Pesquisa e Extensão da UFPB.

5

Conselho Universitário da UFPB, órgão deliberativo superior em matéria de política geral da universidade.

política, economia e cultura, que tiveram um impacto profundo no campo das Ciências Sociais.6 Estas transformações trouxeram a reboque uma série de novos problemas, ou reacenderam muitos que estavam latentes e que passaram a se constituir, juntamente com os problemas clássicos do mundo moderno, em objetos de estudo das Ciências Sociais. Esses novos objetos necessitavam, também, de novas metodologias para serem bem compreendidos e explicados. Assim, as Ciências Sociais, na última década do século XX, serão caracterizadas por uma forte diversificação teórica e metodológica, que visa atender aos requisitos de um objeto cada vez mais fragmentado e multifacetado. O marxismo, que nas décadas de 1970 e 1980 ganhou espaço e prestígio acadêmico, começa a perdê-los, sendo substituído por abordagens de viés compreensivo, nas suas mais variadas vertentes (ALVES, 2007). Contrariamente à década anterior, que presenciou a emergência dos novos movimentos sociais e o processo de redemocratização, com a volta das liberdades civis e políticas que haviam sido cerceadas no período do regime autoritário, a década de 90 presenciou a acomodação e a institucionalização, ou a extinção de muitos dos grupos e movimentos sociais que tinham emergido naquele período e que, para muitos, representavam uma nova forma de entender e fazer política, salvo raras exceções, como o MST, que passou a se constituir como o principal movimento social de esquerda e detentor de um projeto político-societário que se contrapõe à ordem estabelecida. Devido à orientação de enxugar gastos, principalmente na área social, o governo, ao longo da década de noventa, diminuiu sistematicamente as verbas destinadas às instituições públicas de ensino superior, o que ocasionou um processo de sucateamento da infraestrutura e a saída de uma parcela significativa de quadros qualificados, principalmente nas instituições que se encontravam fora do eixo RioSão Paulo. “No âmbito internacional, com a derrocada do socialismo real, vivia-se um momento de hegemonia do capitalismo em sua vertente neoliberal – estado mínimo, controle fiscal e monetário, e diminuição dos gastos com políticas sociais - que começa a ser adotado e posto em prática, com diferentes colorações, pela maioria dos países da Europa, América do Norte, Ásia e América do Sul. O processo de globalização da economia se intensifica com a quebra das barreiras protecionistas, a formação dos blocos econômicos (UNIÃO EUROPÉIA, NAFTA, ÁSIA-PACÍFICO, MERCOSUL) e a consequente abertura dos países aos investimentos e capitais financeiros circulantes. Tudo isto propiciado pelo espetacular avanço dos meios de comunicação, principalmente a microeletrônica, que passa também a ser incorporada ao processo produtivo, intensificando-o e tornando-o mais produtivo. Novas formas de organização e estruturação do espaço produtivo são colocadas em prática, a verticalização e rigidez da era taylorista-fordista começa a ser superada pela horizontalização e flexibilidade características do modelo toyotista, que passa a ser dominante” (ALVES, 2007, p.89) 6

A UFPB, que experimentou nos anos 1980 um crescimento significativo de sua produção científica, propiciado pelo investimento na ampliação dos programas de pós-graduação e pela vinda de vários profissionais qualificados, experimenta um verdadeiro processo de migração de boa parte destes, que retornam para seus estados de origem ou para outros do Sul e Sudeste. O clima interno à comunidade universitária é de desnorteamento e de tentativa de construção de ações de resistência. Mas, apesar de todo esse clima adverso, em alguns departamentos, dos quais as Ciências Sociais do campus I é um exemplo, continuam a ser desenvolvidas pesquisas, resultados são publicados e novos projetos são colocados em andamento, como é o caso da criação do curso de Ciências Sociais. Esse curso, criado em 1993 e que começa a funcionar em 1994, como visto acima, irá refletir toda essa gama de transformações que caracterizam o momento histórico particular de sua fundação, tanto no que se refere ao perfil e objetivos dos alunos que o procuram, quanto à orientação interna do corpo docente. 4. OS EGRESSOS DO CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DO CAMPUS I No período de 1999 a 2012, graduaram-se 236 cientistas sociais no curso de bacharelado em Ciências Sociais da UFPB7, campus I. Desses, conseguimos o contato de 76 pessoas para o envio dos questionários via página pessoal do site de relacionamentos sociais Facebook®, obtendo o retorno de 21 egressos, o que corresponde a 28% de valor amostral, sobre a população de 76 pessoas (cerca de 10% universo, dessa forma, não se configurou uma amostra probabilística, mas, sim, uma amostra intencional (por julgamento), conforme Babbie (1999, p. 153). Foram elaboradas 26 perguntas no questionário, sendo 23 de cunho quantitativo,

visando

a

mapear

o

perfil

sócio-econômico-acadêmico

dos

respondentes e sua inserção no mundo do trabalho e 3 de caráter aberto8, buscavam apreender as motivações para estudar Ciências Sociais, os principais problemas encontrados durante o curso e a sua visão sobre o papel do cientista social no mundo contemporâneo.

7

A pesquisa recortou apenas os egressos do curso de bacharelado, uma vez que a licenciatura, no campus I, inicia suas atividades em 2009. Esta já está sendo objeto de estudo de outro projeto de pesquisa coordenado pelo Prof. Dr. Edvaldo Carvalho Alves. 8 Os resultados da análise das questões abertas ainda se encontra em desenvolvimento e serão publicadas futuramente.

TABELA 1. Quantidade de Egressos em Ciências Sociais, por sexo, de 1999 a 2012 Ano 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Média Des.Pad. Coef.Var. Masculino 1 1 9 2 6 13 6 10 9 10 7 7 11 6 7,0 3,6 Feminino 3 7 15 2 10 17 6 9 9 6 9 13 21 11 9,9 5,1 Total 4 8 24 4 16 30 12 19 18 16 16 20 32 17 16,9 8,0 Fonte: Sistema acadêmico DCS – UFPB, 2014.

2011 2012 51% 52% 48%

Conforme os dados da tabela 1, a quantidade de egressos do sexo feminino (58%) supera a de homens (42%) no período estudado. Graduaram-se, em média, 10 mulheres por ano e 7 homens, mas com uma grande variabilidade nas duas séries (em torno de 51%), ao longo do período estudado. O curso oferece atualmente 50 vagas anuais para o bacharelado e, em função disso, pode-se calcular a efetividade direta da formação, dada pela divisão percentual entre o número de graduados e o número de alunos matriculados no período respectivo. Em média, esse valor é de 30%, mas há uma alta variabilidade na série, como pode ser visto pelo gráfico 1, especialmente até 2006, quando a distribuição começa a estabilizar-se – momento de entrada de um novo currículo (PPP 2006), que permanece até o momento - apresentando uma tendência de queda após 2010. Segundo dados do Sistema Acadêmico da UFPB, percebe-se que essa baixa efetividade não é um privilégio das Ciências Sociais, mas parece se configurar como um traço estrutural da área das ciências humanas e sociais e se mantém em quase todos os cursos do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes9. GRÁFICO 1. Evolução da efetividade do curso de Ciências Sociais da UFPB, entre 1999 e 2012 70,0%

Efetividade

60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Fonte: Sistema Acadêmico DCS – UFPB, 2014. Efetividade = [Graduados]/[Matriculados no período]

9

Na Filosofia (18%), em Letras (18%); Psicologia e História são os cursos que mantém as maiores taxas de efetividade, com 72% e 60%, respectivamente, de alunos graduados anualmente.

A baixa efetividade no curso de Ciências Sociais – atualmente apenas 19% dos alunos se graduam por ano, em relação ao número de alunos que se matricularam no período respectivo -, cria uma pressão sobre eles que, por demorarem mais periodos que o necessário em sua formação, associado com as baixas expectativas de colocação profissional e às más remunerações, leva muitos alunos a desistirem do curso. Além disto, se considerarmos os números acumulados dos alunos que não se graduam, ao longo dos anos, somados às novas turmas que entram, a efetividade cai para um valor médio de 7%, o que demostra uma tendência muito forte de queda na quantidade de egressos após 2006. 4.1 OS BACHARÉIS EM CIÊNCIAS SOCIAIS DA UFPB CAMPUS I Os egressos que participaram da pesquisa são pessoas predominantemente na faixa etária de 20 – 30 anos (85%), como visto na Tabela 2. No que se refere ao sexo, existe uma ligeira predominância da participação feminina (52%)10. Tabela 2. Faixa etária dos pesquisados quando terminaram o curso Faixa Etária 20 – 25 26 - 30 31 -35 36 -40 Acima de 40 Total Fonte: Pesquisa Direta

Qtde 15

% 71%

3 1 1 1 21

14% 5% 5% 5% 100%

Estes dados se assemelham aos encontrados por Burgos e Britto (2005), para os egressos da PUC-RIO, por Barreto (2010), ao estudar os egressos do curso de Ciências Sociais da UFRGS, aos de Braga (2011), que analisou os egressos da PUC-SP, PUC-Campinas, USP e UNICAMP e aos de Torini (2012), que realizou um estudo com uma amostra de egressos de todo o país. Quanto à auto-designação de cor e etnia, a tabela 3 registra os valores dos respondentes. Como fartamente descrito na literatura sobre a questão racial no Brasil, há uma baixa identificação com outras categorias que não brancos e pardos, que receberam quase 80% das respostas. Isto é particularmente intrigante, por se tratar de respondentes graduados em Ciências Sociais, muitos deles com mestrado e doutorado na área, mas que ainda revelam a tendência de não identificação com nossa afro-descendência, mesmo tendo tido acesso às literaturas e debates sobre o 10

Ao longo da série temporal da pesquisa, foi possível perceber um queda relativa da participação feminina.

tema durante a graduação. No entanto, corrobora com a pesquisa de Braga (2011), onde cerca de 82% de seus pesquisados se declararam brancos e/ou pardos e, também, pode ser um idicativo do processo histórico de exclusão dos negros das esferas do saber/poder. Tabela 3. Auto-designação de cor e etnia Raça/Etnia Pardo Branco Negro Amarelo Sem definição Total

Qtde 8 8 2 1 2 21

% 38% 38% 10% 5% 10% 100%

Fonte: Pesquisa Direta.

No quesito religiosidade, a tabela 4 registra as repostas dadas pelos egressos de acordo com essa categoria. Novamente, pode-se perceber a baixa identificação com os cultos afro-brasileiros, havendo uma grande concentração nas vertentes cristãs (43%). Estes dados estão em sintonia com os do último Censo do IBGE, no que se refere a auto declaração de pertencimento religioso, principalmente, se recortado a Região Nordeste e o Estado da Paraíba. Tabela 4. Auto-designação religiosa Religiosidadde Qtde

%

Católico Espírita Protestante Histórico Cristão Ateu Sem religião

6 1 1 4 3 6

29% 5% 5% 19% 14% 29%

Total

21

100%

Fonte: Pesquisa Direta.

No aspecto conjugal, a tabela 5 mostra que os egressos que fazem a opção por permanecerem solteiros (57%) é consideravelmente grande, dado a faixa etária média de 33 anos, confirmando uma tendência que se mostra relevante nas novas gerações. Tabela 5. Estado civil dos egressos Estado Civil Qtde Solteiro 12 Casado 3 Separado 2 Viúva 1 União Estável 3 Total 21 Fonte: Pesquisa Direta

% 57% 14% 10% 5% 14% 100%

Um dado muito interessante foi quanto às repostas sobre a passagem pelo ensino médio. Conforme indicado na tabela 6, a maioria dos egressos do curso de Ciências Sociais da UFPB é oriunda de escolas particulares, o que pressupõe, a princípio, acesso a recursos financeiros que permitam essa opção e criando uma contradição com a renda declarada durante o curso (tabela 8). Tabela 6. Origem do Ensino Médio. Origem Ensino Médio Qtde Escola Privada 15 Escola Pública 3 Ambas 3 Total 21 Fonte: Pesquisa Direta.

% 71% 14% 14% 100%

A tabela 7 revela que 72% dos egressos são do Nordeste, com maciça concentração de paraibanos. Depreende-se que a UFPB tem um importante papel na formação em nível superior no Estado. Dois estados que se destacam no envio de pessoas para estudar Ciências Sociais na UFPB são a Bahia e São Paulo, com 10% cada. Quanto ao estado de residência atual, a pesquisa revelou uma concentração de pessoas na Paraíba (68%), com 5% no Distrito Federal, 5% em Goiás e 5% no exterior. Sinal de que tem havido uma preferência por se continuar a residir na Paraíba, especialmente na grande João Pessoa, local da moradia atual de 86% dos egressos. O mesmo ocorreu quanto ao processo de moradia atual dos egressos do curso de Ciências Sociais da PUC-Rio, ficando concentrados na cidade do Rio de Janeiro, 80% dos egressos daquela instituição (BURGOS; BRITTO, 2005, p. 4). Tabela 7. Estado de nascimento dos egressos UF Qtde % BA 2 10% DF 1 5% PB 13 62% PE 1 5% RJ 1 5% RN 1 5% SP 2 10% Total 21 100% Fonte: Pesquisa Direta

No perfil econômico, 78% dos egressos não trabalhavam formalmente durante o curso e, dos 24% que trabalhavam, apenas 10% atuavam em atividades ligadas às Ciências Sociais. A tabela 8 mostra o perfil de renda dos egressos na

época da graduação. A maioria absoluta tinha uma faixa de renda muito baixa, o que cria uma contradição com o fato de 71% terem passado por um ensino médio privado. Por outro lado, fica clara a necessidade de formas de auxílio financeiro aos alunos desse curso, seja por meio de bolsas de pesquisa, monitoria ou extensão, ou outro programa que ofereça condições dignas de moradia, alimentação, vestuário, transporte e lazer, a fim de que os alunos possam se dedicar com um mínimo de qualidade ao curso. Tabela 8. Faixa de renda dos egressos durante o período de graduação Faixa de renda Qtde % Menos de 1 salário mínimo 14 67% De 1 a 5 salários mínimos 7 33% De 6 a 10 salários mínimos 0 0% Mais de 10 salários mínimos 0 0% Total 21 100% Fonte: Pesquisa Direta Ligado a esse processo, provavelmente está a demora no término da graduação. 67% dos egressos terminaram o curso dentro do prazo de 4 anos, mas os demais 33% demoraram de 5 a 9 anos para sua conclusão. Esses dados são equivalentes aos encontrados por Burgos e Britto (2005), para os egressos da PUCRIO, embora se trate de uma faculdade particurlar. Outro dado interessante sobre os egressos de Ciências Sociais da UFPB é quanto à formação educacional dos pais. A tabela 9 revela esses dados sobre a formação escolar das mães e dos pais, respectivamente. Nota-se uma distribuição equilibrada entre os graus de ensino das mães (fundamental, médio e superior), com uma pequena concentração no ensino médio (tabela 9). 14% delas continuaram os estudos na pós-gradução, concentrando-se na área de humanidades. Quanto aos pais, há uma expressiva concentração deles no ensino superior, especialmente nas Ciências Sociais Aplicadas (Administração e Contabilidade), além de outras áreas ligadas às Humanidades. Chama a atenção que nenhum dos pais tenha continuado na pós-graduação. Esse perfil é compatível com os encontrados por Burgos & Britto (2005, p. 4).

Tabela 9. Formação educacional dos Pais dos egressos Mãe Pai Escolaridade Qtde % Qtde % Ensino Fundamental 5 24% 6 29% Ensino Médio 8 38% 5 24% Ensino Superior 5 24% 10 48%

Pós-Graduação Total Fonte: Pesquisa Direta

3 21

14% 100%

0 21

0 100%

Quanto ao envolvimento com programas de iniação à pesquisa e extensão, a tabela 11 identifica o tipo de ação extracurricular a que se dedicaram os egressos de Ciências Sociais da UFPB. Apenas dois egressos não se envolveram com programas de pesquisa. Os demais participaram de uma ou mais modalidades de programas de incentivo à pesquisa, forma de auxiliar na entrada de renda para manutenção durante o curso. A opção mais procurada foi pela monitoria, que permite estar em um contato mais intenso com determinada disciplina e professor(a). Os programas de Iniciação à Pesquisa (PIBIC e PIVIC) também foram muito procurados, seguidos pelos programas de extensão universitária (PROBEX e PROEXT), área ainda a se desenolver, devido à falta de interesse dos docentes em geral. Tabela 10. Inserção em Programas de Pesquisa e Extensão Programas de Pesquisa Qtde PIBIC 6 PIBID 1 PIVIC 4 PROBEX 7 PROEXT 5 Monitoria 8 Total 31 Fonte: Pesquisa Direta

% 19% 3% 13% 23% 16% 26% 100%

Com relação aos níveis acadêmicos dos egressos respondentes, ou seja, a continuidade de suas formações, pode-se ver, na Tabela 11, que 67% deles optaram pela continuidade de sua formação, principalmente nos cursos de pós-graduação stricto senso, mestrado e doutorado. Este dado se coaduna com os achados da pesquisa de Aued, Campos e Ferreira (2006), que trabalharam os egressos do curso de ciências sociais da UFSC. Segundo os autores, a opção pela continuidade da formação e a não entrada no mundo do trabalho ao término da graduação seria uma das estratégias dos egressos para driblar as poucas e precárias opções que lhe são ofertadas.

Tabela 11. Nível acadêmico atual dos egressos Nível Acadêmico Qtde % Graduação 7 Mestrado 6

33% 29%

Mestrado e Doutorado Total Fonte: Pesquisa.

8 21

38% 100%

4.3 INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO Dos egressos que participaram deste estudo, 81% disseram que estão trabalhando atualmente e os outros 19% continuam suas formações em nível de pós-graduação, com bolsas de instituições de fomento11. A Tabela 12 mostra as áreas em que se concentram as atividades dos egressos, sendo que 24% dos que disseram estar trabalhando, não declararam qual é a atividade profissional atual. A maioria atua como professor de Sociologia no ensino médio (29%), atividade de baixa remuneração no Brasil e fonte de muitas frustrações profissionais. Considerando que os que estão em programas de pós-graduação tendem a ir para o ambiente acadêmico, pode-se concluir que o maior campo profissional para os egressos do curso de Ciências Sociais está ligado à área da educação, seja no ensino médio ou no universitário, este último como grande polo atrativo desses profissionais, já que permite alcançar os maiores ganhos com a profissão, para aqueles que não se arriscam no mercado de trabalho não acadêmico. Tabela 12. Áreas de atividades profissionais atuais dos egressos Atividade Atual Qtdde Professor de Sociologia - Ensino Médio 5 Professor universitário 3 Agente de cadastramentos biométricos 1 Agente de imp/exp. de produtos agrícolas. 1 Funcionário do Tribunal de Justiça da Paraíba 1 Habitação Popular 1 Técnica Social da CEHAP 1 ND 4 Total 17 Fonte: Pesquisa Direta

% 29% 18% 6% 6% 6% 6% 6% 24% 100%

Segundo os respondentes que estão trabalhando hoje, desconsiderando aqueles que recebem bolsa na pós-graduação, 57% atuam em áreas ligadas às Ciências Sociais. Os demais, buscaram opções alternativas no mercado. A tabela 14 apresenta a faixa de renda atual desses profissionais. Consistentemente com os estudos de Burgos e Britto (2005) e de Barreto (2010), a maior concentração de renda encontra-se entre 1 e 5 salários mínimos (62%). Apenas um pequeno grupo

11

Dos 81% que encontram-se empregados, 47% possuem pós-graduação na área de ciências sociais ou afins.

consegue atingir valores maiores que 6 salários mínimos (29%), justificando o alto grau de desmotivação revelado nas evasões do curso, durante a graduação e a baixa quantidade de alunos que a terminam.(gráfico 3). Como as vagas nas universidades para os cargos de docência são limitadas e, como pré-requisito o título de doutor, cria-se, assim, uma barreira na ascensão sócio-econômica dos egressos, que têm que buscar outras fontes de sobrevivência, com dois ou mais trabalhos concomitantes. Os concursos públicos em áreas de diferentes de sua formação e as vagas no mercado em áreas também diversas das Ciências Sociais, acabam atraindo esses profissionais e muitos deles abandonam por competo o vínculo com sua formação universitária. A área da arte e produção cultural acaba sendo uma zona mista que permite um trânsito dentro das Ciências Sociais para muitos egressos, conforme Burgos e Britto (2005, p. 14). Tabela 13. Remuneração atual dos egressos Faixa de Renda Atual Qtde Menos de 1 salário mínimo 2 De 1 a 5 salários mínimos 13 De 6 a 10 salários mínimos 5 Mais de 10 salários mínimos 1 Total 21 Fonte: Dados desta pesquisa.

% 10% 62% 24% 5% 100%

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O foco da presente pesquisa foi descrever o perfil sócio econômico, cultural e acadêmico dos egressos do curso de bacharelado em ciências sociais da UFPB campus I, assim como, mapear onde estes se encontram inseridos e quais atividades vêm desempenhando no mercado de trabalho. Assim, a partir dos resultados alcançados, foi possível perceber que, no que se refere ao perfil, os cientistas sociais formados no curso de bacharelado em ciências sociais do campus I da UFPB, que se constituíram na amostra deste trabalho, possuem muitas características que os assemelham aos cientistas sociais formados em outras regiões do país, uma vez que são predominantemente do sexo feminino, apesar de que o percentual relativo entre homens e mulheres tem diminuído, quando se toma o intervalo de tempo delimitado da pesquisa, o que também acontece nas outras pesquisas citadas; com faixa etária entre 20-30 anos, ou seja, jovens; solteiros, de cor da pele declarada branca e/ou parda, oriundos de famílias com níveis de escolaridade alta, tendo cursado o ensino médio,

fundamentalmente, em escolas privadas. Além disto, estes egressos, se declaram, em termos de pertença religioso, cristãos, mesmo que chame atenção a presença significativa daqueles que se declaram ateus e sem religião. No tocante a inserção destes no mundo do trabalho, verifica-se que o ensino, agora também em nível médio, ainda é a atividade para onde mais se destinam os cientistas sociais. Esta concentração da atuação no campo da docência talvez tenha relação direta com a quase inexistência, no Estado da Paraíba, de outras opções de atuação para este profissional, uma vez que as pesquisas realizadas em outros Estados de outras Regiões, mais ricas economicamente, já demonstram um processo de diversificação da atuação do cientista social. No entanto, apenas com novos estudos será possível identificar mais precisamente as causas e pensar as transformações que a profissão de cientista social vem sofrendo, tanto no que se refere a sua formação, como a sua inserção no mundo do trabalho do século XXI. REFERÊNCIAS ABBOTT, A. The system of professions: an essay on the division of expert labor. Chicago: The University of Chicago Press, 1988. _________. Linked ecologies: states and universities as environments for professions", Sociological Theory, 23 (3): 245-274, 2005. ALVES, E. C. Ciências Sociais e Secularização: um estudo sobre trajetórias de vida religiosa de profissionais formados em ciências sociais na Paraíba. 2007, 174f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais), PPGCS/UFSCAR, São Carlos-SP. ANDRADE, M. A. B. A inserção dos cientistas sociais no mercado de trabalho na Bahia. 2002, Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais), PPGS/UFBA. AUED, B. W; CAMPOS, G. G. S; FERREIRA, M. S. Egressos do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Catarina: profissões em movimento. Mosaico Social. n 3, p.21-41, dez. 2006. BABBIE, Earl. Métodos de pesquisa de survey. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1999. BARBOSA. M. L. O. A sociologia das profissões: em torno da legitimidade de um objeto. BIB, Rio de Janeiro, n.36, p.3-30, 1993. BALTAR, Ronaldo. Mercado de trabalho para os sociólogos e a Sociologia no Ensino Médio. [S.I.]: Coletiva, 2013, n. 10. Disponível em:< www.coletiva. org/site >. acesso em: 31, maio, 2013. BARRETO, Raquel Aline c. Muniz. Egressos do curso de Ciências Sociais da UFRGS: formação acadêmica, estratégias de inserção e permanência no mercado de trabalho. Departamento de Sociologia da Universidade do Rio Grande do Sul (Trabalho de Conclusão de Curso), UFRGS. Porto Alegre, 2010. BONELLI, M. G. O mercado de trabalho dos cientistas sociais. Revista brasileira de Ciências Sociais. V. 9, n 25, p. 110-126.1994. ___________. Identidade profissional e mercado de trabalho dos cientistas sociais: as ciências sociais no sistema das profissões. 1993, Tese (doutorado em Ciências Sociais), IFCH/Unicamp.

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