Transcendendo o blá, blá, blá Autor: Def Yuri | 27/02/2002 | Seção: Def Yuri
O Hip Hop para uns é bricadeira e moda, para outros é um estilo de vida, um ideal, muito além da compreensão parasita! O Hip Hop mostrou atitude ao ser o único segmento a apresentar um documento, no caso, um manifesto! Enquanto muitos ficaram no eterno blá, blá, blá, a rapaziada presente em POÁ, apresentou um manifesto que vocês poderão ler a seguir. O pontapé inicial foi dado e a Rede Brasileira de Hip Hop está formada. Manifesto Favela por conta própria Vimos a público denunciar a tentativa covarde e desonesta de setores da juventude do PT e do PC do B ligados ao movimento estudantil, de instrumentalizar o Hip Hop para servir de arma na disputa política estéril e infrutífera para promover suas organizações. Dizer a essas organizações que o Hip Hop tem representantes legítimos nascidos e criados nas favelas brasileiras, que são donos do seu próprio destino. E mais, que atitudes como essa só contribuem para o atraso político da juventude que passa a identificar política como sendo essa patifaria que também se reproduz no movimento estudantil brasileiro. Aos mais desavisados, aconselhamos que tentem conhecer a ideologia e o trabalho de base , pois são do Hip Hop somente aqueles que cantam rap , dançam break, fazem grafite e são DJ' s. Já não nos bastava combater as multinacionais que transformam a cultura em mercadoria , os mercenários da indústria cultural, as elites locais que já vem massacrando nosso povo há 500 anos. Agora, temos mais pilantras na lista: burocratas autodenominados representantes da maioria, que se utilizam da estrutura para garantir sua permanência no poder. A maior tragédia dessas organizações é que, embora com dinheiro e estrutura , elas não conseguem chegar ao povo, e utilizam os movimentos que têm credibilidade como trampolim para conseguir inserção social. Aos irmãos e irmãs do Hip Hop , fazemos um alerta: ou a favela segue por conta própria, ou nunca seremos livres das correntes da dependência que o colonizador europeu impregnou em nossa gente. Queremos denunciar também, a postura antidemocrática do Fórum Nacional de Cultura , que decidiu sobre o Hip Hop, sem consultar seus representantes legítimos, que estão espalhados pelas favelas do Brasil, e esperamos que isso não se repita, pois, sem democracia de base e participação autônoma e efetiva dos movimentos sociais, a proposta de que um outro mundo é possível , não passa de uma frase morta. Repudiar a falta de esforço dos sindicatos, partidos e ONGS de esquerda , salvo raras e honrosas exceções, no sentido de possibilitar a participação dos que realmente construirão outro mundo, no nosso caso, o povo, a favela , os pretos, os lisos, os sem 130 para pagar a credencial , os que não pertencem a nenhuma categoria sindical, as parcerias que estão na quebrada sofrendo todo tipo de violência. O pior de tudo, é que não foi por causa de estrutura e grana, mas por falta de vontade política, pois se o povo pensa e participa, a burocracia perde o emprego. Por último, nos solidarizamos com os irmãos e irmãs que sofreram a violência física, moral e psicológica da Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Sul. Queremos também, fazer um chamado aos guerreiros e guerreiras do Hip Hop brasileiro- a construímos um
movimento Hip Hop engajado nas lutas pela destruição do capitalismo e suas variáveis racistas, machistas e destruidoras do meio ambiente. De baixo para baixo Na moral, Rede Brasileira de Hip Hop Morte Alcapitalismo! Contato:
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