TRANSIT PROJECT: INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO SOCIAL NA

May 30, 2017 | Autor: Maíra Prestes Joly | Categoria: Social Entrepreneurship, Social Innovation
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TRANSIT PROJECT: INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO SOCIAL NA AMÉRICA LATINA Educando para o Empreendedorismo e a Inovação Rita Afonso - Doutora em Engenharia de Produção, Professora Adjunta da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] Carla Cipolla - Doutora em Design pela Politecnico di Milano, Professora do Programa de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] Maíra Prestes Joly - Mestre em Engenharia de Produção, pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected]. Resumo O propósito deste artigo é apresentar o projeto europeu TRANSIT - Transformative Social Innovation Theory – e discorrer sobre o tema da inovação social na América Latina. Dentro desse contexto, objetiva-se discutir sobre o entendimento de inovação social e empreendedorismo social no estado da arte latino-americano, no intuito de sugerir que há inúmeras possibilidades de relacionar ambas as áreas em torno de um diálogo global. Para tanto, é desenvolvida uma revisão de literatura do termo inovação social em paralelo ao conceito de empreendedorismo adotado nos anais da Red EmprendeSur. Por fim, este artigo contribui para novas discussões que colocam a América Latina dentro de um diálogo global sobre projetos socialmente inovadores, já que pesquisadores locais desenvolvem conhecimento sobre o tema, mas não o divulgam sob o cunho de inovação social. Palavras-chave: inovação social, empreendedorismo social; América Latina; TRANSIT. Abstract: The purpose of this article is to present the project TRANSIT - Transformative Social Innovation Theory – and to discourse about the topic of social innovation in Latin America. Within this context, the objective is to discuss the understanding of social innovation and social entrepreneurship in the Latin American state of art, in order to suggest that there are numerous possibilities of linking both areas towards an international dialogue. For that, it is

developed a literature review of the term social innovation in parallel to the concept of social entrepreneurship adopted in the proceedings of Rede Sur. Finally, this paper contributes to further discussions that put Latin America in a global dialogue about socially innovative projects, since local researchers develop knowledge on the subject, but do not spread it under the concept of social innovation. Key-words: social innovation, social entrepreneurship; Latin America; TRANSIT.

1. O que é TRANSIT TRANSIT (TRANsformative Social Innovation Theory) é um projeto financiado pela União Europeia1, que busca entender as inovações sociais transformadoras - inovações sociais que contribuam para mudanças sistêmicas que respondam a desafios sociais urgentes -, envolvendo doze universidades/ institutos de pesquisa na Europa e América Latina2 e responde à chamada para a pesquisa sobre "Inovação Social - Empoderando pessoas, mudando sociedades?" (Social Innovation – empowering people, changing societies?). O projeto iniciou em janeiro de 2014 e será executado por quatro anos, até ao final de 2017. O objetivo de TRANSIT é o desenvolvimento de uma teoria sobre inovação social transformadora, útil para acadêmicos, decisores políticos, empreendedores sociais e outras partes interessadas, tendo como base investigar como redes de empreendedores e de projetos de inovação social contribuem para uma mudança social sistêmica. TRANSIT conceitua inovações sociais transformadoras como “mudanças nas relações sociais, que envolvem novas formas de fazer, organizar, estruturar e/ou saber, que desafiam, alteram e/ou substituem instituições/estruturas dominantes em um contexto social específico”. (PEL et. al., 2015, p. 18-19). Exemplos disso são a revoluçãoindustrial, a integração europeia ou a ascensão da economia de mercado e a ideologia do liberalismo econômico, como descrito por Polanyi em "A Grande Transformação" (1944)3. Tal transformação social exige mudança simultânea em múltiplas dimensões (e não em apenas uma dimensão) dos sistemas

1 2



Para mais informações, ver http://www.transitsocialinnovation.eu/researchers--partners Karl Polanyi cunhou o termo "a grande transformação" para a ascensãoda economia de mercado na sociedade, em conjunto com a ideologia (econômica) do liberalismo e o uso do padrão-ouro para medida do mercado internacional, resultando em desigualdade, relações de exploração e um papel menor para considerações morais, gestão comunitária e religião (Polanyi, 1944). 3

sociais, com estas mudanças ocorrendo amplamente por toda a sociedade (e não apenas em um lugar). Assim, TRANSIT busca desvendar como o fenômeno da inovação social se desenvolve

através

de

pesquisa

de/com/em

redes

transnacionais

de

projetos

e

empreendimentos sociais da Europa e América Latina. A questão principal da pesquisa é como as pessoas são (des)habilitadas/ (des)empoderadas para contribuírem com mudanças sistêmicas no contexto de um mundo em rápida mutação que enfrenta novos paradigmas, como por exemplo, novos conceitos de bem-estar, crises econômicas, mudanças climáticas e revolução das Tecnologias da Informação (AVELINO et. al, 2014). Os temas transversais às redes globais pesquisadas nos quais TRANSIT foca seus interesses são: governança, aprendizado social, monitoramento e financiamento. O principal objetivo desta síntese é a tradução transdisciplinar de conhecimentos teóricos em recomendações de políticas e ferramentas práticas. Ao longo do tempo de duração do projeto serão estudadas um total de vinte redes globais de inovação social com suas manifestações locais; ou seja, redes formadas por empreendedores sociais, com ou sem fins lucrativos. Até o momento, doze redes já tiveram seus estudos de caso elaborados4 no primeiro levantamento do projeto. São exemplos destas redes: The Impact-Hub, suporte e aceleração a empreendedores sociais; Ashoka, apoio financeiro a empreendedores sociais; Time Banks, rede facilitadora de trocas recíprocas; Credit Unions, diferentes modalidades de cooperativas de crédito; RIPESS, promoção de economia solidária; FABLABS, workshops de fabricação digital aberta para comunidades locais; DESIS, rede de design para inovação social e sustentabilidade; entre outros5. TRANSIT tem como metodologia (TRANSIT, 2013) a combinação entre estudo de caso em profundidade e meta-análise quantitativa: serão no total vinte redes de inovação social transnacionais na Europa e América Latina (para cada experiência escolhida, pesquisase o núcleo central da rede, onde a atividade surgiu, e pelo menos duas manifestações locais) e uma survey, aplicada em duzentos pontos de manifestações locais das redes estudadas, que servirão de base para testes e generalizações de hipóteses. Relatórios condensando descobertas e resultados6 são desenvolvidos ao longo do projeto, colaborando para a geração e disseminação de conhecimento e a construção de uma teoria global de inovação social.

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Ver estudos de casos em http://www.transitsocialinnovation.eu/discover-our-cases-2 Para conhecer as redes do primeiro levantamento, ver: http://www.transitsocialinnovation.eu/about-transit 6 Ver relatórios em http://www.transitsocialinnovation.eu/downloads 5

Os doze grupos de pesquisadores localizados em diversos países e em diferentes instituições de ensino e pesquisa7 colaboram utilizando-se cotidianamente de reuniões por Skype e "nuvem" para construção e armazenamento de documentos. Além disso, seguem projeto e cronograma aprovados pela União Europeia, assim como realizam reuniões e workshops presenciais para discussões acadêmicas e de gerenciamento, além de participarem de workshops nos temas centrais e secundários relativamente ao projeto de pesquisa. O trabalho realizado por pesquisadores brasileiros em TRANSIT demandou uma revisão de literatura sobre inovação social na América Latina. O objetivo desta revisão era a compreensão do que, na América Latina e, em especial, no Brasil, era reconhecido como inovação social na produção acadêmica. A escolha das experiências para estudos de caso elaborados pelo projeto TRANSIT tem como um de seus critérios o fato de as redes serem globais, ou seja, possuírem grupos em diferentes países e continentes. Durante o processo de pesquisa para escolha das redes, foi mais comum encontrarmos experiências europeias que se espalharam pelo mundo, do que experiências Latino Americanas, especificamente brasileiras, espalhadas para outros países e continentes. Tal fato demandou um estudo mais aprofundado em duas direções: a primeira, já realizada, foi a revisão de literatura sobre inovação social especificamente na América Latina, com foco, mas não só, no Brasil e a segunda, ainda não terminada, dos modelos sociais europeus e latino americanos - com especial atenção no Brasil - de maneira a tentarmos tecer um melhor entendimento dos contextos nos quais nascem e crescem (ou não) as redes brasileiras e latino americanas. O presente artigo apresenta parte da pesquisa na primeira direção citada; ou seja, é o resultado da revisão bibliográfica de inovação social na América Latina, na tentativa de compor o cenário para o entendimento do crescimento (ou não) das redes criadas neste contexto. 2.

Metodologia da pesquisa

A metodologia utilizada foi a revisão da literatura, tendo como base os bancos de dados científicos8, utilizando a palavra-chave "inovação social" e suas traduções em Português (Inovação Social), Espanhol (Innovación Social) e Inglês (Social Innovation). Um 7

Ver instituições participantes em http://www.transitsocialinnovation.eu/transit-partners As seguintes bases de dados científicas foram pesquisadas: CAPES (acessível em http://www.periodicos.capes.gov.br/), Science Direct (acessível em http://www.sciencedirect.com/), Google Scholar (acessível em https://scholar.google.com.br/), Scielo (acessível em http://www.scielo.org/php/index.php). 8



dos objetivos foi justamente entender como a inovação social é compreendida na produção acadêmica baseada na realidade da América Latina e/ou escrita por autores latino americanos. Para o projeto TRANSIT, os objetivos desta pesquisa foram mais amplos, neste artigo focaremos somente no entendimento de inovação social nesta produção, respondendo as questões a seguir: Como a inovação social é entendida nos documentos analisados? Quais diferentes fenômenos são cobertos pelo uso do termo inovação social? (com exemplos seja em serviços públicos, atividades de organizações não governamentais, ou atividades empresariais). Quais as relações e processo destas inovações? Que objetivos e propósitos são atribuídos à inovação social? Que tensões/conflitos são identificados? Que tensões/ conflitos estão implícitos? Que domínios disciplinares estão relacionadas com a inovação social nos artigos/ documentos? Vale ressaltar que este grupo de pesquisadores vem trabalhando com o tema de inovação social no Brasil há mais de uma década. Este grupo assume que no contexto brasileiro a inovação social tem as seguintes características (JOLY, 2015; CIPOLLA e BARTHOLO, 2014; PEREIRA, 2014; BAKER BOTELHO et. al, 2014; EGREJAS, BURSZTYN e BARTHOLO, 2013; BARTHOLO, CIPOLLA e BURZTYN, 2009): a)

estabelecem novos padrões relacionais;

b)

apresentam caminhos para a solução de problemas da vida cotidiana;

c)

são referencias de novos estilos de vida e modos de vida mais sustentáveis;

d)

podem ser ou não baseadas em novas tecnologias;

e)

emergem de iniciativas de base comunitária;

f)

são instáveis e se espalham por contágio e não por imposição;

g)

podem nascer e morrer sem nunca se institucionalizarem;

h)

estabelecem novos modelos de funcionamento baseados em atores e suas inter-

relações como recursos sociais. O recorte da revisão adotado neste artigo aponta para a importância de: (1) dialogar internacionalmente; (2) construir um conceito de inovação social comum dentro da América Latina; (3) identificar o empreendedorismo social como um meio para a inovação social. 3.

Inovação social na produção acadêmica da América Latina

Dentre os nove artigos analisados, em Cruz (2006), Rover (2011), França Filho (2012), Otero (2006) e Finquelievich (2007), não há explícito o conceito de inovação social. Em outras palavras, mais da metade dos artigos encontrados não esclarecem o que entendem

por inovação social. Entretanto, é possível depreender o que relacionam com o conceito a partir da análise do conteúdo dos artigos, como relataremos a seguir. Para Caron (2007) o conceito de inovação social está relacionado à alternativas de desenvolvimento para comunidades e indivíduos, centrado na busca de realização da potencialidade individual e de um melhor nível de qualidadede vida, de bem-estar e da procura de felicidade e realização humana, onde "a questão principal não está relacionada a ter mais, mas a ser mais" (CARON, 2007, p.98). Segundo este autor, inovação social é relacionada ao resultado da aplicação de tecnologias sociais, entendidas como um conjunto de técnicas e procedimentos que fornecem soluções para a inclusão social e para a melhoria da qualidade de vida. O autor destaca que estas tecnologias são caracterizados pela simplicidade, baixo custo, facilidade de aplicação e impacto. O exemplo trazido no artigo destaca a proposta do Grameen Bank, um modelo de banco com sede em Bangladesh para oferecer microcréditos para o camadas mais pobres da população9. Assim, a tecnologia social é destacada como um meio para consolidar uma inovação social para pessoas que não tem acesso aos recursos necessários para empreender. Na análise do artigo de Cruz (2011), é possível relacionar inovação social à democratização da administração pública. Segundo este autor, a inovação social está relacionada com o tema da governança, ou seja, novas formas de gestão compartilhada de poder entre os atores governamentais, sociedade civil e empresas. O artigo é ancorado no exemplo da "Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação Risco para a Violência", considerada uma iniciativa inovadora e socialmente bem sucedida na cidade de Curitiba, Paraná (Brasil). Esta rede informal (embora dentro da estrutura do Estado mas envolvendo também pessoas de organizações da sociedade civil interessadas em colaborar) foi criada para reduzir o problema da violência sofrida por crianças e adolescentes no município, através de uma forma inovadora de ligar organizações, Estado e sociedade civil. Rover (2011) descreve que "a capacidade de criação e inovação de cada grupo, organização ou rede social é desativado pelo nível de liberdade, auto determinação e autonomia de cada ator" (ROVER, 2011, p.62). O autor analisa um caso de inovação social, no contexto de uma rede de organizações e movimentos vinculados à agricultores familiares no sul do Brasil, a Rede Ecovida Agroecológica, entendendo que inova em sua estrutura organizacional e dinâmica, bem como na sua relação com os mercados, por meio da tomada de decisão horizontal e descentralizada. O autor conta que a rede resistiu a se relacionar com 9

Ver http://www.grameen.com/

grandes lojas de varejo (supermercados) e criou seu próprio circuito de comércio, através da troca de produtos entre os seus centros regionais, com resultados comerciais promissores. A rede reúne grupos de agricultores familiares, organizações, movimentos sociais relacionados e outras organizações de apoio, especialmente as organizações não governamentais - ONGs - e as organizações de consumidores. França Filho (2012) descreve os Bancos de Desenvolvimento Comunitário (CDBs) como um método de organização inovador que se opõe às práticas convencionais de microcrédito pois são voltados para os territórios a que pertencem, seja uma comunidade, um bairro ou uma pequena cidade. Sendo assim, associa o conceito de inovação social à construção de iniciativas sócio-produtivas e de serviços e consumo locais, na perspectiva da economia por meio da articulação de produtores, prestadores de serviços e consumidores locais. O principal exemplo fornecido é o do Banco Palmas, no Conjunto Palmeiras em Fortaleza, no Estado brasileiro do Ceará, criado pela associação de moradores locais, com o claro propósito de geração de emprego e renda através do uso de várias ferramentas para fornecer serviços de finanças solidárias aos produtores e consumidores no território. Otero (2006) também não apresenta a conceituação de inovação social em seu trabalho, mas relaciona a expressão ao comércio justo e ao desenvolvimento local ao descrever um caso de comércio justo na região de Chiapas, México, relativo à produção de café. Na análise do artigo é possível depreender que a inovação social está intimamente ligada à inovação econômica (novas formas de relação com a produção de bens e serviços que gerem para estes, maior valor). O autor ressalta que o ganho econômico é ainda insuficiente, mas que a rede de cooperação criada entre os produtores e as instituições externas trouxe-lhes capacidades e competências que estavam distantes de sua realidade, permitindo-lhes construir pequenas e sustentáveis empresas, desenvolvendo a região. Finquelievich (2007), igualmente, não utiliza-se a expressão inovação social, mas "inovação para o desenvolvimento" considerando as cidades e os territórios como principais pontos de transformações, ou seja, considerando o local como a força da mudança. O autor apresenta e discute dois níveis de modelo de inovação: um de cima para baixo - fomentado pelos governos com as políticas públicas, e outro de baixo para cima - com base nas comunidades locais e suas redes de atores sociais. A referência do artigo é a rede global Living Labs, iniciativa europeia cujo conceito principal, para o autor, é envolver o usuário no processo de inovação. A rede começou como uma associação público-privada, onde empresas, funcionários públicos e cidadãos trabalham juntos para criar e testar protótipos de

novos produtos e serviços, mercados e tecnologias em contextos reais, tais como cidades, áreas metropolitanas, áreas rurais e redes virtuais de colaboração. Dos nove artigos encontrados e analisados, apenas três deles fazem referência explícita ao conceito de inovação social que utilizam como referência. Apresentamos um resumo a seguir. Rodrigues (2012) define inovação social como "todas as novas práticas, abordagens ou intervenções, ou todos os novos produtos desenvolvidos para melhorar a situação ou resolver um problema social no nível das instituições, organizações e comunidades" (QUÉBEC, Canadá, 2000, p.2 apud Rodrigues, 2012, p. 348). O artigo relaciona o conceito de organização social com o meio para inovação social. Este modelo funcional é descrito como uma forma de aumentar a eficiência no uso dos recursos públicos geridos por ONGs. Para o autor, o conceito de inovação social está relacionado com novas formas de fazer as coisas, com a ordem explícita para responder às demandas sociais como por exemplo, a pobreza e a delinquência. Herrera (2008, p.13) descreve inovação social como um fenômeno que "surge muitas vezes em condições adversas, em ambientes nos quais o mercado não tem oferecido alternativas ou o setor público não tem respondido às necessidades e demandas da população". Herrera aponta que por esta razão, a implementação destas inovações se depara com obstáculos ao tentar transcender o nível local e/ou aumentar o número de beneficiários, ou seja, quando tenta provocar transformação sistêmica. Para este autor, a inovação social está ligada a uma forma de reorganizar um grupo de pessoas e/ou uma gama de ideias ou uma gama de ideias e conhecimentos aplicáveis a um problema definido, que surge em um ambiente particular e cuja solução concreta deve ser adaptada a cada situação específica. Córdova (2014) cita inúmeros autores para descrever o conceito, dentre eles BEPA (2011, p. 31) - Bureau of European Policy Advisors - que considera a inovação social composta de "sistemas baseados na solidariedade e reciprocidade entre atores em resposta à mudança". Cita ainda Cajaiba-Santana (2013), afirmando que a teoria da inovação social se concentra em movimentos que visam o desenvolvimento prático da sociedade. Especificamente, Córdova define inovações sociais como novas ideias (produtos, serviços e modelos) que atendam simultaneamente às necessidades sociais e criem novas relações sociais ou colaborações, afirmando que estas inovações não são apenas boas para a sociedade, mas também melhoram a capacidade da sociedade para agir (BEPA, 2011, p. 9 apud Córdova, 2014). O autor reconhece que inovação social não é um conceito unânime e identifica três características principais que são comuns para a teoria. A primeira concebe

novas ideias, como em produtos, modelos e serviços que são novos para algum grupo social. A segunda refere-se à necessidades sociais, ou seja, inovações sociais emergem de condições adversas e podem surgir em lugares onde as necessidades sociais não são atendidas por instituições públicas. A terceira característica está relacionada com a oportunidade social e criação de novos relacionamentos. Hochgerner (2009), Cajaíba-Santana (2013), Schubert (2014) apud Córdova (2014) acreditam que a mudança social é um dos elementos mais importantes de inovação social e pode ser alcançado alterando a maneira como as pessoas se reconhecem e da comunidade em que estão. Dessa forma, a inovação social ocorre quando há um processo de geração de alternativas por parte da população diretamente relacionada para o projeto e impactada por ele. Com isso, é possível observar que os artigos fazem referência a organizações como CRISES (Centre de Recherche sur Les innovations Sociales, Université du Québec, Canadá) e publicações de Geoff Mulgan (2007) e BEPA (2011), quando tratam sobre inovação social. 4.

Inovação social e empreendedorismo social na RedSur

Para cumprir com os objetivos deste trabalho, revisamos ainda artigos publicados nos anais do VIII Workshop da Red EmprendeSur, que continham as palavras-chaves "inovação social" e "empreendedorismo social", que apresentamos a seguir. De acordo com Souza & Vieira (2014, p. 334), em referência a Ferreira et al (2012), empreendedorismo social pode ser entendido como "um guarda-chuva que inclui, dentre outras iniciativas, as organizações voltadas para a assistência social, as quais não têm como propósito a geração e obtenção de lucros mensurados por recursos materiais". Da mesma forma, os autores referem-se a Hartigan & Elkington (2009), descrevendo que empreendedores sociais têm como motivação atingir um ideal ao invés de fazer negócios. Segundo Souza & Vieira (2014), um empreendimento social é criado a partir da busca e implementação de possíveis soluções para problemas sociais, visando atender um público beneficiário ou uma comunidade específica em suas necessidades de vulnerabilidade social. De fato, Hartigan & Elkington (2009, p. 05 apud Souza & Vieira, 2014, p. 334) distinguem dez características de um empreendedor social: a) Tentam livrar-se das restrições da ideologia ou da disciplina; b) Identificam e aplicam soluções práticas aos problemas sociais, combinando inovação, engenhosidade e oportunidade; c) Inovam ao encontrar um novo produto, um novo serviço ou uma nova abordagem a um problema social; d) Concentram-se – em primeiro lugar e antes de tudo – na criação de valor social e, nesse

espírito, estão dispostos a compartilhar suas inovações e insights com os outros, para que possam reproduzi-los; e) Abraçam o desafio antes mesmo de estarem totalmente preparados; f) Têm uma crença inabalável na capacidade nata de todos, muitas vezes independente da educação, de contribuir de modo significativo para o desenvolvimento econômico e social; g) Demonstram uma determinação tenaz que os leva a assumir riscos que outros não ousariam correr; h) Equilibram a paixão pela mudança com zelo pela avaliação e controle de seu impacto; i) Têm muito a ensinar aos criadores de mudanças dos outros setores; j) Demonstram uma impaciência saudável.

Já, de acordo com Souza Neto & Ceroni (2014, p. 373), o empreendedorismo social pode ser entendido como “uma ciência, uma arte”, assim como “um novo paradigma e um processo de inovação em tecnologia e gestão social, e um indutor de auto-organização social” (Oliveira, 2008, p. 170 apud Souza Neto & Ceroni, 2014, p. 373), no intuito de enfrentar mazelas sociais “por meio de práticas e atitudes de solidariedade e emancipação social que possam ajudar no desenvolvimento humano sustentável”. Os autores acreditam que o empreendedorismo social “produz um capital social e cultural, dentro da exigência de se reconstruir as diferentes relações no interior da comunidade” (Souza Neto & Ceroni, 2014, p. 373). Outrossim, Souza Neto & Ceroni (2014, p. 373) entendem que o empreendedorismo social é um “paradigma de mediação e transformação social que resgata o sentido da vida e impulsiona a construção de uma solidariedade libertadora, uma vez que emerge do desejo e do sonho de uma pessoa ou de um grupo”. Por fim, de acordo com Ferreira & Lezana (2014, p. 792), "empreendedorismo social foi conceituado como ideias e planos em que aparecem dois elementos chaves: uma missão social e empreendedorismo criativo". Ainda, segundo os autores, empreendedorismo social é uma expressão de nosso tempo e que "combina a paixão de uma missão social com uma imagem de disciplina ligada a gestão, a inovação e determinação que é próprio a pioneiros da alta tecnologia'" (DEES, 2002, p.1 apud Ferreira & Lezana, 2014, p. 793). De acordo com Tobar apud Fleury (2001, p.4) apud Ferreira & Lezana (2014, p. 792), “a inovação social pode ser entendida como a capacidade de transformação de uma sociedade, a partir de assunção de suas próprias necessidades e de modificações de suas estruturas para incorporar novas soluções”.

Ainda segundo Ferreira & Lezana (2014, p. 792), “uma das formas de inovação social é o empreendedorismo social, que modifica a relação de dependência ou visão filantrópica ao permitir aos indivíduos a criação de condições para a solução de problemas sociais com ações empreendedoras”. Em paralelo ao entendimento de empreendedorismo social, a inovação social é entendida pelo projeto TRANSIT como "mudança nas relações sociais, envolvendo novas formas de fazer, organizar, estruturar e/ou saber. Objetos de inovação social podem ser ideias, produtos e / ou atividades. Estes são "socialmente inovadores" - e podem, assim, ser referidos como "inovações sociais" - na medida em que implicam / demonstram uma mudança nas relações sociais (condição necessária) associado a novas maneiras (ou combinações coprodutivas) de fazer, organizar, estruturar e saber" (PEL et.al., 2015, p. 18-19). Dessa forma, é possível entender que a ação empreendedora com fins sociais é a base da inovação social. 5.

Aprendizados e limites da pesquisa

Uma primeira consideração deste trabalho é que o conjunto de artigos utilizados aqui foram selecionados a fim de ser evidências de ideias comuns relacionados à inovação social na América Latina, quais sejam: alternativas de desenvolvimento para comunidades e indivíduos; melhoria da qualidade de vida e bem-estar; democratização das decisões na administração pública e das iniciativas socio-produtivas e comércio justo. Em outras palavras, boa parte da literatura temática na área, na América Latina, trabalha com a ideia de inovações sociais relacionada diretamente à inclusão social para pessoas e grupos que não tiveram o acesso necessário ao mercado, à economia de mercado ou a direitos. Os exemplos utilizados por seus autores reafirmam esta associação, mesmo no caso do Grameen Bank asiático - e exceto o caso do Living Labs - europeu. Os autores que evidenciaram o conceito de inovação social, o fizeram baseando-se em referências internacionalmente conhecidas e que muitas vezes (provavelmente) se ancoram a um contexto não Latino Americano na formulação de suas ideias. Nossa segunda consideração é sobre o outro conjunto de cinco artigos selecionados dos anais do VIII Workshop da Red EmpreendeSur, publicados no ano de 2014. Estes foram selecionados por citarem diretamente as expressões "inovação social" ou "empreendedorismo social". Neles, o empreendedorismo social é relacionado, dentre outras questões, à assistência social; a ações "não-lucrativas"; a trabalho por ideal; à soluções para problemas sociais; ao enfrentamento da vulnerabilidade social. O que reafirma a questão da associação da expressão "social" a tentativa de solução de passivos sociais. Estes artigos correspondem, em suas

descrições e análises, ao que relatamos como características das inovações sociais assumidas pelo grupo de pesquisadores brasileiros. Ainda dentro desta consideração, vale ressaltar que nestes cinco artigos há clara relação entre inovação social e empreendedorismo social, como não encontramos nos nove artigos já citados. E que a revisão dos anais nos mostrou que o empreendedorismo social é a base para a inovação social. Uma terceira consideração, relacionada as duas primeiras é a de que quando olhamos comparativamente para os conceitos de inovação social assumidos por TRANSIT e por autores utilizados em sua revisão de literatura, verificamos que temos, na América Latina, uma visão de inovação social mais restrita que a europeia. Na literatura europeia a inovação social está associada à construção de um futuro melhor, a sustentabilidade e a formas de projetar (design) o futuro, ou seja, a expressão "social" significa ações para melhoria da sociedade como um todo - e não somente das camadas vulneráveis - numa reinvenção/ redesenho/ projetação de um futuro melhor (considerando questões de sustentabilidade global). Na literatura latino americana, entretanto, a expressão "social" está atrelada a uma tentativa de mitigar o enorme passivo social que acomete a maior parte dos países desta região. Uma quarta consideração/ aprendizado deste estudo é que há pouca literatura temática ligada à inovação social na América Latina. Este fato pode se dar por dois motivos: (i) não haver uma quantidade significativa de publicações na temática, o que nos parece improvável frente a quantidade de ações sociais que ocorrem promovidas pelos mais diversos setores da sociedade e da economia; (ii) os autores latino americanos não associam suas pesquisas que estejam "descoladas" de mitigação de passivo social ao conceito mais amplo de inovação social e por isso, não se utilizam desta palavra chave para identificá-los, Estas considerações são ao mesmo tempo aprendizado e limites de nossa pesquisa. Há aqui espaço para pesquisas que desejem desvendar/ aprofundar o tema. Uma quinta consideração diz respeito a referência do estado da arte nos artigos estudados. Em um levantamento de nove artigos sobre inovação social, somente três deles esclarecem conceitualmente sobre quais bases trabalham e desenvolvem suas ideias. Este tipo de construção dificulta o diálogo acadêmico internacional uma vez que não permite a corelação entre sua produção e o que vem sendo discutido globalmente a respeito do tema. Pra encerrar, gostaríamos de ressaltar dois aspectos importantes que corroboram com nossas descobertas. Há no mundo, tanto frente a dinâmica das mudanças, quanto frente a crise econômica, um crescente interesse no tema, que vem sendo vislumbrado como uma direção para

investimentos e políticas públicas. Exemplo disto são os recursos para pesquisas disponibilizados pela União Europeia por exemplo no Seventh Framework Programme, do qual TRANSIT faz parte, e o surgimento de secretarias e ministérios que tratam especificamente do tema inovação social, inclusive em países da América Latina. Neste território, por aspectos do contexto social e da histórica falta de acesso a segurança, justiça social, empregos e direitos, somos criadores de tecnologias sociais e "berçário" de empreendedores sociais, cujas ações são reconhecidas no mundo como importantes, mas nossa pesquisa e produção acadêmicas não reproduzem esta realidade. Um outro e final aspecto diz respeito a pressão exercida sobre professores e pesquisadores para publicação internacional, ou diálogo acadêmico internacional, e por citações de suas publicações. Alinhar nossa produção acadêmica com a produção acadêmica mundial pode nos facilitar a pesquisa e a troca de conhecimentos globalmente. Resta dizer que estes aprendizados contribuíram para melhor entendimento do contexto para dialogar internacionalmente; construir um conceito de inovação social comum dentro da América Latina e identificar o empreendedorismo social como um meio para a inovação social. Referências Bibliográficas AVELINO, Flor et al. (2014). Game changers and transformative social innovation.The case of the economic crisis and the new economy. 2014. 24 p. Disponível em:. Acesso em: 21 fev. 2015. BAKER BOTELHO, Ana Carolina; EGREJAS, Marisa ; BARTHOLO, Roberto (2014). A turistificação da zona portuária do Rio de Janeiro, Brasil: por um Turismo Situado no Morro da Conceição. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, v. 8, p. 286-300, 2014. BARTHOLO, Roberto ; CIPOLLA, C. M. ; BURSZTYN, Ivan (2009). Practice of service design for tourism initiative: the quality of interpersonal relationships as a design requirement. Touch point (Cologne), v. 1, p. 94-98, 2009. BEPA (2011). Empowering people, driving change: social innovation in the European Union. France, Bureau of European Policy Advisers. CAJAIBA-SANTANA, G. (2013); Social innovation: Moving the field forward. A conceptual

framework,

Technol.Forecast.

http://dx.doi.org/10.1016/j.techfore.2013.05.008.

Soc.

Change.

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