Transposição Didática dos conhecimentos desenvolvidos no projeto OFICINA DE SABÃO para o conteúdo de ciências em uma escola de Ensino Fundamental

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Descrição do Produto

Ministério da Educação Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Departamento de Pesquisa e Inovação

“Transposição Didática dos conhecimentos desenvolvidos no projeto OFICINA DE SABÃO para o conteúdo de ciências em uma escola de Ensino Fundamental”

NOME DO BOLSISTA: MICHAEL CAVALCANTE LIMA NOME DO ORIENTADOR: ÂNDERSON JÉSUS DA SILVA DATA DE INGRESSO COMO BOLSISTA (MÊS/ANO): 10/11 NOME DO CURSO: LICENCIATURA EM QUÍMICA PERIODO QUE ESTÁ CURSANDO: 3º PERÍODO É BOLSISTA DE RENOVAÇÃO: ( ) SIM ( X ) NÃO

LUZIÂNIA, JULHO DE 2012

Relatório Final do Projeto do Programa de Iniciação Científica/Tecnológica



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1 – Identificação do Projeto e Componentes Título do Projeto: Transposição Didática dos conhecimentos desenvolvidos no projeto OFICINA DE SABÃO para o conteúdo de ciências em uma escola de Ensino Fundamental. Bolsista: Michael Cavalcante Lima Orientador: Ânderson Jésus da Silva Local de execução: IFG – Câmpus Luziânia Vigência: 2011/2012

2 – Introdução A primeira fonte bibliográfica que tivemos para o início de nossas atividades foram os trabalhos finais do projeto Oficina de Sabão. A leitura e compreensão do que foi abordado os projetos anteriores foi indispensável, pois seria a transposição desses conhecimentos que posteriormente deveria ser aplicada na disciplina de ciências em uma escola de ensino fundamental. O projeto que efetuamos os estudos para posterior transposição é composto por três subprojetos: Oficina de Sabão em Barra – (SOUZA & SILVA, 2011), Oficina de Sabão Líquido – (MORAES & SILVA, 2011) e Oficina de Derivados de Sabão Líquido e em Barra – (BARROS & SILVA, 2011), possuem a mesma motivação ambiental, entretanto com diferentes focos. A Oficina de Sabão em Barra analisou dados que foram coletados a partir de questionários que foram aplicados nos restaurantes e lanchonetes do município de Luziânia, buscando observar a forma com que esses comerciantes descartavam os resíduos de fritura. O objetivo foi pesquisar as receitas de sabão em barra que os comerciantes ou que as pessoas que recebiam esses resíduos usavam para a fabricação do mesmo. Já no subprojeto Oficina de Sabão Líquido se aproximou de forma mais direta com a comunidade, aplicando um questionário havendo participação de pais, alunos e inclusive servidores da instituição. O esperado para esse projeto seria levantar dados sobre o impacto que o projeto teve na vida de entrevistado e se houve mudanças no modo que esse tema era tratado no entendimento de cada um. Receitas de sabão líquido cedidas pela comunidade passaram por testes, foram feitas considerações técnicas e posteriormente devolvidas à comunidade, dessa vez numa proposta de reação prática e fácil. O descarte de óleos de fritura é causador de um grande impacto ambiental e por conseqüência afeta também a economia, o projeto Oficina de Sabão de Derivados de Sabão Líquido e em Barra com base nos dois subprojetos anteriores, que obtiveram diversas receitas de sabão utilizadas pelos comerciantes e os entrevistados em geral, buscou aprimorar essas receitas ao longo do desenvolvimento do projeto para que pudesse mais tarde devolver ao público alvo da pesquisa outras formas para se aproveitar os óleos e gorduras. Além disso, se preocupou também com a parte histórica, pesquisando a respeito da história do sabão e com o conhecimento químico envolvido no processo de saponificação. Em nossa pesquisa tivemos como foco a transposição didática dos objetos desenvolvidos no âmbito do projeto Oficina de Sabão IFG Campus Luziânia. Entendemos que é indispensável a atuação do professor para que o conhecimento seja negociado com alunos e que essa forma usual de compartilhar conhecimento é denominado, segundo nossa referência, de processo ensinoaprendizagem. Os objetos de conhecimento, que são negociados com os estudantes principalmente na educação básica, são chamados de conhecimento escolar. Para se chegar ao conhecimento escolar, muitas vezes, utiliza-se os conhecimentos desenvolvidos em pesquisas científicas. Nessa pesquisa decidimos que o meio de transformar o conhecimento científico em conhecimento escolar seria via transposição didática. Os conteúdos do saber designado, como são para ensinar (explicitamente, nos programas e implicitamente, pela transmissão da tradição evolutiva das interpretações dos programas), em geral preexistem aos movimentos que os marcam como tais. Ás vezes, essas são verdadeiras criações didáticas, suscitadas pelas necessidades do ensino. [...] Um conteúdo do saber, designado como saber para ensinar, suporta junto às transformações adaptativas aquilo que o torna apto a tomar o lugar entre os objetos do ensino. O “trabalho” que, de um objeto do saber para ensinar faz um objeto do ensinamento, é o que se chama ainda de transposição didática. [...] A passagem de um conteúdo de saber preciso para uma versão didática desse objeto do saber pode ser chamado, mais justamente, transposição didática stricto sensu. (NIQUINI, 1999, p.17-18)

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NIQUINI (1999) foi a base do nosso estudo sobre a Transposição Didática, que concorda com a afirmação de Chevallard quando diz que o sistema didático é constituido por três elementos essenciais: o saber, o aluno e o professor. (1999, p.13) Independentemente da época que estamos vivendo é possível observar problemas nos conteúdos do ensino, e isso acontece, segundo a autora, pelo fato de existir um abismo entre o saber científico e o saber ensinado. (NIQUINI, 1999, p.14) Para que o ensino de tal elemento do saber seja possível, deverá sofrer certas modificações que o tornarão apto para ser ensinado. O saber, tal qual é ensinado, o saber ensinado, é necessariamente diferente do saber-inicialmente-designado-como-deva-ser-ensinado, o saber a ensinar. Eis o terrível segredo que o conceito de transposição didática coloca em perigo. (NIQUINI, 1999, p.15)

Para que fosse possível realizar a Transposição, precisaríamos de uma sequência de aulas adequadas à proposta curricular da escola pesquisada. Pensamos, inicialmente, em planejar aulas que discutissem conceitos pré-estabelecidos na proposta curricular da escola pesquisada, utilizando juntamente as orientações curriculares da Secretaria de Estado da Educação do Goiás e os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ministério da Educação. Essa organização de trabalho seria na forma de um Planenamento de uma sequência de aulas, que seriam negociadas com o professorpesquisado e posteriormente aplicado em uma turma de 7º ano de Ensino Fundamental. Utilizamos os conceitos de Vasconcellos (2005) ao estudar a respeito do planejamento que teríamos que desenvolver, o autor define plano de aula como a proposta de trabalho de um professor para determinada aula ou plano de unidade como a proposta para um conjunto de aulas. Pelo fato de muitas vezes alguns professores não acharem necessário o ato de planejar, o autor afirma que os mesmos consideram o plano de aula como o „planejamento que importa‟. Planejar significa antever uma forma possível e desejável. Se não há planejamento, corre-se risco de se desperdiçarem oportunidades muito interessantes. Não dá pra dar aula improvisando, em off e se não ficar boa, „regravar‟ (como nos programas de televisão). Não planejar pode implicar perder possibilidades de melhores caminhos, perder pontos de entrada significativos. (VASCONCELLOS, 2005, p.148)

Com base na Figura 1, em seguida, iniciamos o exercício de planejar o plano de unidade o qual, posteriormente aplicaríamos na turma selecionada para pesquisa in loco.

Figura 1 - Dimensões e Elementos do Plano de Aula (VASCONCELLOS, 2005, p.149)

O tema gerador do planejamento seria: “O descarte indevido do óleo de fritura”, com o qual se pretende problematizar a aula falando de resíduos de óleo de fritura produzidos nas casas dos estudantes envolvidos no grupo de estudo, demontrando, que quando descartados indevidamente, podem poluir as fontes naturais de água da região onde moram. Seguindo o pensamento do autor, após determinar o que será trabalhado em sala de aula é preciso saber a necessidade do conteúdo e a justificação da temática. Segundo Vasconcellos (2005), objetivo já incorpora a necessidade, ou seja, ao pensar o que gostaria de obter com esse trabalho surgem as respostas para a importância do tema.

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Em um plano de aula é indispensável pensar no tempo que será dedicado a cada parte do conteúdo, essa previsão mostra a prioridade que o professor considera a cada parte. Essa previsão é sempre uma estimativa, pois na realidade é sempre diferente do previsto, porém muito importante para a realização da proposta. É importante não desperdiçar oportunidades de inclusão de recursos. Se o professor não planeja e só se lembra quando a aula está em andamento, não dará para aproveitar mais a idéia, pois não preparou o material. (ex.: texto, recurso audiovisual, material ou condição para aplicação de uma técnica, etc.). (VASCONCELLOS, 2005, p.150)

Concordamos com o autor quanto ao uso de recursos de aprendizagem planejanto uma abordagem de ensino, pois além de facilitar a negociação dos conteúdos previstos no currículo escolar, tem grande potencial de auxiliar os estudantes na compreesão do que se pretende negociar no processo de ensino. Quando é usado, por exemplo, um recurso visual na aula, há uma tendencia dos alunos se envolverem mais no processo o que pode resultar em uma melhor compreensão do assunto, é o caso de um data-show, por exemplo. A respeito da avaliação, o autor define como uma forma de acompanhar a construção do conhecimento do aluno. Por esse motivo, na primeira aula foi previsto a entrega de um folder como recurso didático ao mesmo tempo em que foi aplicado um pequeno questionário para que os pesquisadores tivessem um feedback do resultado da abordagem da primeira aula. Estava previsto no plano de unidade que os alunos trabalhassem em pequenos grupos para verbalizarem, quanod solicitados, apresentando aos seus colegas seus pontos de vista e experiências quanto ao tema tratato. Dessa forma, nos baseamos nas perspectivas da Aprendizagem Cooperativa para auxiliar no processo de ensino-aprendizagem. A AC tem características que podem proporcionar aos estudantes oportunidades de trabalhar e interagir com seus colegas, de aprender ao fazer, preenchendo uma lacuna deixada pela falta de participação dos alunos na abordagem convencional, colocando-os como agentes no processo ensino-aprendizagem. (SILVA, 2007, p.15)

A Aprendizagem Cooperativa, de acordo com Silva (2007) é um método que auxilia o processo de ensino-aprendizagem, dinamiza o trabalho e o envolvimento dos alunos, fazendo com que todos do grupo participem da atividade em questão. Geralmente em grupos tradicionais não acontece o envolvimento de todos os integrantes do grupo, porém a apredizagem cooperativa como método didático de abordagem auxilia com o processo para que os alunos trabalham de forma homogênea e igualmente participativa. Após toda revisão bibliográfica feita, planejada uma unidade de ensino, organizadas em duas aulas dentro da perspectiva da Aprendizagem Cooperativa colocamos em prática o planejamento e efetuamos a pesquisa, verificando se a trasnposição didática dos conhecimentos levantados nos projetos de aproveitamento de óleo de fritura atingiam o objetivo de conscientizar os estudantes da turma escolhida para efetuar a pesquisa quanto à postura ambientalmente viável.

3 - Material e Métodos O planejamento inicial foi de duas aulas para a aplicação do objeto de transposição didática. 1 Para isso, foi escolhido no bairro TUCA de Luziânia uma escola que tivesse as características e estrutura que procurada para a realização da pesquisa, assim como um professor disposto a discutir e auxiliar no planejamento. Chamaremos a escola particular de ensino médio e fundamental de 2 CUFEST e o professor de ciências, que denominaremos no presente trabalho como S.C.S. Os conteúdos curriculares da escola foram mantidos e nos ativemos em incluir o objeto do conhecimento, de trasposição didática, das duas aulas planejadas no conteúdo previsto para o primeiro bimestre do ano letivo quando abordado o tema geral a impactos ambientais. Em reunião com o professor S.C.S., a proposta foi apresentada e de imediata aceita, o qual citou a importância da “quebra de rotina” e da inserção dos pesquisadores no universo escolar. 1 2

Nome fictício para preservar o bairro onde se encontra a escola. Nome fictício para preservar a real identidade da escola. Departamento de Pesquisa e Inovação do IFG Avenida Assis Chateaubriand, nº 1658, Setor Oeste – CEP: 74.130-012 – Goiânia-GO

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Foi solicitado ao professor o cronograma de ciências do primeiro trimestre do 7º ano do ensino fundamental que nos foi entregue em fevereiro, no início do ano letivo. Observamos a presença do tema “O uso da água e o impacto ambiental”, que está relacionado com a pesquisa feita pelos alunos participantes da Oficina de Sabão no município de Luziânia, dessa forma planejamos as datas em que as duas aulas planejdas pela pesquisa iriam ser ministradas pelos pesquisadores na turma escolhida. Na primeira aula, iniciamos com a apresentação do tema aos alunos explicando o principal objetivo da aula. Os estudantes foram informados que a participação e empenho seriam considerados na composição da nota bimestral. Com 27 alunos em sala de aula foram formados pequenos grupos de aprendizagem com três componentes cada um. Para dividir os grupos utilizamos a técnica proposta por Silva (2007) que inicia com a contagem número total de alunos da turma presentes no dia; divisão desse número por três; “distribuição” de números de 1 a 9, dando um número para cada aluno e; agrupamento dos números iguais, formando grupos do tipo (1,1,1); (2,2,2) ... (9,9,9). Foi feita a leitura de um texto problematizador e em seguida foi entregue um questionário para eles responderem em grupo e uma ficha de entrevista para eles levarem para casa e entrevistarem os pais ou responsáveis sobre o tratamento que é dado ao óleo de fritura em suas casas. Ao finalizarem a resolução do questionário proposto os alunos foram encaminhados a sala de vídeo para uma apresentação em data-show da problemática causada pelo descarte indevido de resíduos de fritura no meio ambiente. Por fim, foi solicitado aos estudantes que trouxessem restos de óleo de fritura ou gordura na próxima aula, acondicionado em garrafas PET, no máximo 1L por grupo, sendo que, cada grupo também deveria trazer uma garrafa descartável de 500mL até 2L limpa e com tampa. Para a segunda aula, foi preparado folders da Oficina de Sabão para que fosse possível os alunos acompanharem a aula experimental. De início foram entregues os folders aos estudantes em sala de aula e logo após foram direcionados ao pátio da escola levando a quantidade de óleo solicitada na primeira aula, pois a experimentação deveria ser feita ao ar livre. Todos foram avisados a respeito dos itens que deveriam ser usados durante a prática experimental. Como trabalhamos com soda cáustica, que é um material bastante perigoso, usamos óculos de proteção, luva e jaleco para manusear a reação com segurança. Para fabricar o sabão caseiro, usamos 6 porções de óleo, 1 porção de soda cáustica dissolvida em 2 porções de água e 2 porções de álcool, sendo que foi usado um copo de 250mL para cada porção. Ao termino a reação os alunos puderam fazer um teste que comprovou o que estudaram na primeira aula. Com uma pequena quantidade de sabão em água fizeram o teste da espuma, tendo como produto o sabão líquido.

4 – Resultados As fichas-entrevista destinadas aos pais foram entregues aos 27 estudantes presentes, porém somente 23 pais responderam. Foi feita a análise de cada pergunta e feito um gráfico com as respostas.

Figura 2 – Questão sobre o que é comum fazer com o óleo após fritar o alimento

Observamos que a maioria dos pais entrevistados (57%) costumam armazenar o óleo usado em garrafas ou outros descartáveis. Sabemos que guardar o óleo em garrafas e jogar no lixo não é aconselhável, pois posteriormente pode prejudicar o meio ambiente da mesma forma que uma pessoa que descarta o mesmo óleo no ralo, por exemplo. Entretanto uma segunda porção dos

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entrevistados (35%) responderam que fazem sabão ou entregam a quem costuma fabricar, sendo assim, concluimos que os pais que armazenam em garrafas ou em outros materiais descartáveis tem também a finalidade de doar a pessoas que reutilizam o óleo na fabricação de sabão caseiro. Com os dados levantados nessa questão, demos um feedback aos estudantes, orientando-os que conversassem com seus responsáveis, e pessoas da família que tivessem postura semelhante, que dialogassem sobre os problemas ambientais derivados dessa postura incorreta para com o olho de fritura, com o discurso de que eles (os alunos) seriam agentes de proteção ambiental e de garantia do futuro de nossa natureza.

Figura 3 – Questão sobre algumas alternativas de descarte do óleo de fritura

O resultado já era esperado, é claro que despejar o óleo no ralo da pia ou no solo não são boas alternativas para o descarte desses resíduos de fritura, pois dessa forma o meio ambiente acaba sendo muito prejudicado. Dos 23 pais entrevistados, 91% acredita que há melhores formas de se “livrar“ do óleo. A nosso ver o que faltava era uma intervenção direta no problema. Pedindo para os alunos agirem diretamente, aconselhando de qual procedimento seria ambientalmente correto, tanto com a entrega em locais de coleta quanto no fabrico de sabão caseiro e seus derivados. Por isso, a importância da oficina de sabão promovida pelo pesquisador na segunda aula da proposta, com entrega de um folder com as receitas desenvolvidas no projeto OFICINA DE SABÃO IFG Câmpus Luziânia, PIBIC-IFG/CNPq 2010-2011.

Figura 4 – Questão com o objetivo de saber se os pais sabiam como reutilizar o óleo

Os 23 pais que entregaram de volta a ficha-entrevista aos seus filhos para que fosse entregue na segunda aula do desenvolvimento da nossa pesquisa, sabem que é possivel fabricar sabão com óleo e gordura. É uma prática muito comum na cidade de Luziânia, em sala muitos alunos citaram que tinha algum conhecido ou algum familiar que costumava praticar essa forma de reutilização. O que notamos, nessa resposta é que a motivação econômica do fabrico de sabão caseiro, não é suficiente para que se evite o descarte incorreto do óleo. Ao citar a viabilidade ambiental, acreditamos que esses pais, ao ouvirem dos seus filhos os conhecimentos que foram negociados no planejamento do pesquisador, serão convencidos que devem prezar pelo futuro de seus filhos, protegendo o meio ambiente.

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Figura 5 – Questão procurando saber se os pais conheciam alguma receita de sabão

Todos os pais entrevistados sabem que é possível reutilizar o óleo na fabricação de sabão, porém somente 43% deles conhecem alguma receita. Alguns pais citaram na ficha-entrevista a receita que usam ao fazer sabão caseiro, observamos que essas receitas são muito interessantes e semelhantes às levantadas e testadas no projeto OFICINA DE SABÃO IFG Câmpus Luziânia, PIBICIFG/CNPq 2010-2011. Após a realização do que foi planejado dentro de sala de aula, entregamos um questionário ao professor S.C.S. com 10 questões a fim de colher dados a respeito do desenvolvimento do projeto no âmbito escolar, porém observamos que o professor não estava mais com a intenção de continuar dando aula na escola, não havia a mesma motivação do dia em que o encontramos pela primeira vez. Ao ler as respostas, vimos que o professor não deu nenhuma resposta detalhada sobre o desenvolvimento da pesquisa, dificultando a análise em alguns pontos. A questão da transposição didática sequer foi citada pelo professor, assim como o processo de planejamento vivenciado. Na primeira questão, o professor respondeu a respeito da frequência das aulas experimentais na disciplina de ciências. A as aulas experimentais, de acordo com S.C.S., não são usadas frequentemente na turma do 7º ano do ensino fundamental, mas de acordo com a dificuldade que o tópico trabalhado exigir as aulas experimentais podem acontecer. No nosso caso, ao trabalhar com o tema “O uso da água e o impacto ambiental” seria necessário demonstrar uma possível forma de reaproveitar o óleo, que geralmente não é descartado de forma correta, assim poluindo a água. Demonstramos que é possível reduzir os danos causados pelo descarte indevido do óleo fabricando sabão. Percebemos que o professor se confundiu a abordagem aplicada na primeira aula, o da Aprendizagem Cooperativa, ao analisar perguntas como a divisão dos grupos com base nesse tipo de abordagem de sala de aula, com intenção de avaliar o método, não conseguimos dados passíveis de análise. Usamos como referência a Aprendizagem Cooperativa ao dividir os grupos com 3 integrantes cada um para realização das atividades em sala. Ao perguntar se essa forma de trabalhar com grupos foi adequada S.C.S concordou, pois segundo ele, a idade que se encontram os alunos do 7º ano do ensino exige concentração e o aumento da quantidade de integrantes no grupo só tende a diminuir a atenção. A fim de saber se a transposição didática foi aplicada de forma correta, deveríamos saber qual foi a percepção do professor e se os estudantes foram avaliados após as aulas. O professor percebeu interesse e grande participação dos alunos nas aulas, citou que o tema foi bem escolhido, pelo fato da preservação ambiental ser um problema de todos. Avaliou os alunos pela participação, atividades e um relatório sobre as duas aulas. No relatório, citaram a aula experimental e mesmo com a entrega do folder explicando os procedimentos para a prática alguns ainda tiveram dúvidas. Após todo processo de planejamento vivenciado, entre Orientador – Pesquisador e Pesquisador – Professor, entregamos ao professor e ao coordenador pedagógico uma cópia do de todo material preparado, dando a eles a oportunidade de se integrar com tudo que iriamos desenvolver nas duas aulas antes de serem realizadas. Como determinamos tempo para cada atividade, também seria importante saber se esse tempo previsto no planejamento estava de acordo com que foi feito na prática.

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5 - Conclusão Ao começar a planejar as aulas e o que poderíamos fazer depois, pensamos em formas de coletar dados que pudessem nos dizer se a nossa pesquisa teve sucesso. Quando elaboramos o questionário sobre o folder que foi aplicado na primeira aula, gostaríamos de saber o desempenho de cada aluno a respeito do novo tema abordado. A ficha-entrevista para os pais com o objetivo de reunir as respostas iguais para analisar um todo e a entrevista com o professor para saber se o nosso comportamento em sala foi agradável no seu ponto de vista. Com os dados que colhemos foi possível concluir que se não houvesse planejamento ou outro tópico que pesquisamos e praticamos o resultado talvez não seria tão satisfatório quanto o resultado que tivemos. Um dos pontos que tivemos maior dificuldade foi um tópico que o professor citou na entrevista, o pouco tempo planejado para desenvolvimento no ambiente escolar. De início um plano de unidade seria organizado, porém por falta de tempo tivemos que organizar um plano de duas aulas. Procuramos propor uma transposição didática dos objetos de conhecimento desenvolvidos no projeto OFICINA DE SABÃO IFG Câmpus Luziânia, PIBIC-IFG/CNPq 2010-2011 de forma a oportunizar um processo de negociação dentro da Zona de Desenvolvimento Proximal dos estudantes do sétimo ano do Ensino Fundamental, consideramos que a pequena quantidade de encontro com esses alunos, não favoreceu um diagnóstico preciso dessa ZDP, porém a forma que planejamos e as impressões do professor durante o planejamento facilitaram esse processo. O folder contendo diversas informações a respeito do tema da aula de forma resumida, com o questionário diagnóstico inicial, a nosso ver, potencializaram o processo de negociação previsto na transposição, uma vez que, ao dialogarem com seus pares em pequenos grupos, os estudantes identificaram quais as suas dúvidas e imprecisões sobre o assunto, estando aptos à captarem do pesquisador e professor as informações necessárias para compreenderem globalmente a proposição da aula teórica planejada.

6 – Perspectivas de continuidade ou desdobramento do trabalho Os conteúdos que foram estudados no período de desenvolvimento da pesquisa foram conceitos muito importantes para um professor de ensino fundamental ou de ensino médio. Geralmente alunos de curso de licenciatura acabam se formando sem um conhecimento satisfatório em conceitos indispensáveis como esses que podem auxiliar o professor, fazendo com que este para ter como resultado uma boa aula, participação dos alunos e sucesso na aplicação do tema. Apesar de tudo, nossa pesquisa foi concluída e não iremos continuar. Acreditamos que outros estudos desenvolvidos no âmbito do PIBIC-IFG/CNPq possam vir a serem desenvolvidos como novas propostas de transposição didática, e assim nesse sentido, teria um tipo de continuidade de nossa proposição.

7 – Publicações e participações em eventos técnico-científicos Durante a finalização dessa pesquisa, surgiu uma oportunidade para participar de um evento a nível nacional, o ENEQ (Encontro Nacional de Ensino de Química). Submetemos nossa pesquisa na forma de pôster, enviamos para avaliação e fomos selecionados para apresentação, que está marcada para o dia 19 de julho de 2012 na UFBA Câmpus Ondina. A apresentação ficará por conta do orientador do projeto. Ficamos contentes pelo fato de nossa pesquisa ter sido aprovada em um evento tão importante para o ensino de química no Brasil. XVI Encontro Nacional de Ensino de Química, 17-20/07 de 2012, UFBA – Campus de Ondina, Salvador, BA.

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8 – Apoio e Agradecimentos Agradecemos a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação – PROPPG do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Goiás e CNPq.

9 – Referências Bibliográficas NIQUINI, Débora Pinto. A transposição Didática e o Contrato Didático: Para o professor, metodologias de ensino e para o aluno a construção do conhecimento. 1ª Edição. Brasília: Editora Petry, 1999. VASCONCELLOS, Celso dos S. Planejamento: Projeto de ensino-aprendizagem e projeto políticopedagógico. 14ª edição. São Paulo: Editora Loyola, 2005. SILVA, A. J. Aprendizagem Cooperativa no Ensino de Química: uma proposta de abordagem em sala de aula. 2007. 264 f. Dissertação de Mestrado em Ensino de Ciências. UnB, Brasília. BARROS, C. F; SILVA, A. J. Oficina de Derivados de Sabão Líquido e em Barra. 2011. Projeto de Iniciação Científica PIBIC-CNPq/IFG. IFG-Luziânia, Luziânia. SOUZA, K. C; SILVA, A. J. Oficina de Sabão em Barra. 2011. Projeto de Iniciação Científica PIBICCNPq/IFG. IFG-Luziânia, Luziânia. MORAIS, L. A; SILVA, A. J. Oficina de Sabão Líquido. 2011. Projeto de Iniciação Científica PIBICCNPq/IFG. IFG-Luziânia, Luziânia.

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