TROMBONE ATREVIDO: O TROMBONE NO CHORO E SUA INFLUÊNCIA NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA.

July 25, 2017 | Autor: O. Estevam Júnior | Categoria: Jazz, Trombone, Choro and Samba, Indústria Fonográfica, Composição E Arranjo Musical
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FACULDADE DE ARTES DO PARANÁ

OSMÁRIO ESTEVAM JÚNIOR

TROMBONE ATREVIDO: O TROMBONE NO CHORO E SUA INFLUÊNCIA NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA.

CURITIBA – 2010

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................01 1. O NASCIMENTO DA LINGUAGEM DO TROMBONE NO CHORO.............05 1.1.IRINEU BATINA (IRINEU GOMES DE ALMEIDA)............................................09 1.2.CANDINHO TROMBONE (CÂNDIDO PEREIRA DA SILVA)............................10 1.3. ESMERINO CARDOSO..........................................................................................13 1.4. ZEZINHO DO TROMBONE...................................................................................14 1.5. VANTUIL DE CARVALHO....................................................................................15

2. O CHORO DE GAFIEIRA.....................................................................................17 2.1.RAUL DE BARROS..................................................................................................18 2.2.JOSÉ LEOCÁDIO.....................................................................................................22 2.3.ASTOR SILVA..........................................................................................................23 2.4.GILBERTO GAGLIARDI........................................................................................25 2.5.ZÉ DA VELHA (JOSÉ ALBERTO RODRIGUES MATOS)...................................28

3. O SAMBA JAZZ......................................................................................................30 3.1.NORATO (ANTÔNIO JOSÉ DA SILVA)...............................................................31 3.2. NELSINHO DO TROMBONE (NELSON MARTINS DOS SANTOS)..................32 3.3. RAUL DE SOUZA (JOÃO JOSÉ PEREIRA DE SOUZA)......................................35 3.4. ROBERTO MARQUES............................................................................................38 3.5. VITTOR SANTOS (VITOR SEBASTIÃO SILVA SANTOS)................................39

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................42

REFERÊNCIAS.............................................................................................................44

RESUMO

Este trabalho trata das contribuições de trombonistas brasileiros ligados ao choro para a música popular brasileira. É feito um levantamento lexicográfico sobre 16 músicos brasileiros que tinham no trombone o seu principal instrumento. São levantadas as gravações feitas por estes, assim como foi levada em conta a atuação destes como arranjadores, professores e maestros.

Palavras-chave: Choro, Samba, Jazz, indústria fonográfica, trombone, arranjos e composição.

ABSTRACT

This work is about the contributions of Brazilian choro trombonists for MPB. It is made a survey of 16 Brazilian trombonists. It read recordings made by them and their work as arrangers, teachers and conductors. Keywords: Choro, Samba, Jazz, music industry, trombone, arrangements and composition.

INTRODUÇÃO

A motivação que deu início a este trabalho fundamentou-se no desejo de melhor conhecer as bases sobre as quais o choro se desenvolveu no Brasil, focando o trombone, como instrumento privilegiado, já que este é pouco mencionados em trabalhos de pesquisa1 sobre a música brasileira. Com esta motivação é analisada a influência que trombonistas ligados ao choro exerceram na escola nacional de arranjos, na organização de grupos de música popular brasileira e na interpretação musical de gêneros nacionais. Assim, chega-se a perguntas da seguinte natureza: 

Qual a história do trombone no choro?



Que influência(s) os trombonistas ligados ao Choro tiveram na música popular brasileira? Com o propósito de respondê-las, a pesquisa caracteriza-se por um levantamento

baseado em fontes documentais, em entrevistas realizadas com músicos e estudiosos do assunto, e em registros de aulas e de práticas relacionadas ao choro e a música popular brasileira. As entrevistas foram utilizadas nesta pesquisa como estratégia paralela e complementar na coleta de dados, recorrendo-se a músicos, parentes destes, e estudiosos do assunto, com a intenção de obter informações não disponíveis nas fontes documentais. A partir destes instrumentais metodológicos a pesquisa realizou-se, permitindo que este trabalho fosse organizado em capítulos, conforme se seguem. 1

Sobre o Choro e instrumentos musicais podemos citar alguns exemplos, como os trabalhos da flautista Andrea Ernst Dias (UFRJ), sobre os flautistas populares, de Márcia Taborda (UFRJ) sobre Dino 7 Cordas, de José Paulo Becker (UFRJ), sobre o acompanhamento do violão de seis cordas no grupo Época de Ouro e de Sérgio de Jesus (UFRJ), sobre o trombonista Zé daVelha.

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No primeiro capítulo, analisa-se a inserção do trombone no universo do choro. Essa inserção começou através do oficleide, passando para o bombardino e depois para o trombone. Geralmente os arranjos da época limitavam o trombone a questões harmônicas, o que foi mudando com o avanço das técnicas de execução e de construção de instrumentos. É importante frisar que os primeiros chorões que tocavam o oficleide, também dominavam o trombone e o bombardino, já que a característica do bocal dos instrumentos é a mesma, facilitando assim a técnica de sopro. Irineu Batina é o primeiro grande músico a aparecer tocando os instrumentos de metais tenores no choro, sendo que o oficleide era o seu predileto. Este músico de grande formação foi fundamental para o desenvolvimento musical de grandes compositores como Candinho do Trombone e Pixinguinha. No mesmo contexto de Irineu Batina surgiram outros dois grandes trombonistas, totalmente ligados as primeiras gerações do Choro: o Esmerino Cardoso, do grupo “Os 8 Batutas”, e Zezinho do Trombone. O termo “Choro de Gafieira” intitula o segundo capítulo, já que este trata de grandes trombonistas da primeira metade do século XX que, impulsionados pelas orquestras populares, escreveram muitos arranjos e composições com choros e sambas dançantes. O grande nome deste período é o de Raul de Barros, o pai da gafieira, seguido de perto por José Leocádio, e pelo grande arranjador Astor Silva. O terceiro capítulo trata a maneira como o trombone apresentou-se no contexto em que o Jazz veio exercer uma grande influência na música brasileira. Esta influência vai muito além da bossa nova, passando pela concepção didática da harmonia funcional e escola de arranjos. A segunda metade do século XX foi essencial para a música instrumental brasileira. No caso do trombone, músicos como Nelson Martins, Zé da Velha, Raul de Souza e Vittor Santos, ajudaram a colocar o Brasil em destaque no cenário internacional da música instrumental. Sendo assim, devido à “escola do choro”, e à fácil assimilação das novas

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linguagens jazzísticas, o Brasil é hoje uma das grandes referências mundiais da música instrumental, sejam compositores, arranjadores, cantores e instrumentistas. As considerações finais remetem aos objetivos do trabalho, enquanto documento de preservação histórica, e enquanto suporte teórico para análise da influência que os trombonistas, vindos da escola do choro, tiveram na música popular brasileira. Um dos maiores documentos referente a isso é o livro “O Choro”, de Alexandre Goncalves Pinto. Muitos trombonistas, bombardinistas e oficleidistas são citados e uma simples biografia descreve um pouco as suas vidas e seus envolvimentos com o choro. Nesta obra, podemos verificar como era o ambiente deste estilo, onde o choro fazia parte do cotidiano de várias pessoas, músicos profissionais, ou não. Entre os “heróis” citados por Gonçalves Pinto destaco:

Gilberto Bombardino: Era um chorão de facto, conhecia bem musica, mas se fosse convidado para acompanhar de ouvido, não dava nada. (PINTO, 1936, p.44)

Josino Facão: Tocava pessimamente o ophicleide, e de ouvido. Os flautas não gostavam de tocar com Josino, pois além de não conhecer música, era grande trapalhão... quando mettia-se no choro esquecia do emprego, da família, e tudo, e assim findou-se um heróe. (PINTO, 1936, p.49)

Salustiano Trombone: Foi grande músico, e respeitado pelo seu saber musical. (PINTO, 1936, p.85)

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O Coimbra Trombone: Em uma occasião depois de terminado um choro botaram dentro de uma carroça da Gary este chorão. Por ter abusado extraordinariamente das bebidas tornando-se inconveniente no pagode, e tendo sido tomada esta medida para a moralização dos chorões, afim de que não se reproduzisse scenas idênticas, pois quando um componente da troupe dos chorões desrepeitavam algum amigo entre elles, o ‘cabra’ era repudiado e dispensado com todo deferentismo por seus companheiros de conjuncto. (PINTO, 1936, p.96)

Felippe Trombone: Também tocava bombardino com bastante perfeição... Era farrista de verdade, onde houvesse um choro alli pelo Catumby também estava o bom Felippe. Era distincto companheiro, e dos bons. Já fallecido a muitos annos. (PINTO, 1936, p.167)

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1. O NASCIMENTO DA LINGUAGEM DO TROMBONE NO CHORO

Como todo estilo de música, o choro tem a sua maneira de tocar. Além dos “choros” nas linhas melódicas, os contrapontos nos graves são fundamentais para complementar as idéias musicais. É a famosa “baixaria”, do violão de sete cordas, oriundas dos contracantos das frases “bombardinísticas” executadas pelos instrumentos graves das bandas de sopros. Inclusive a palavra “bombardino” servia para descrever o tipo de contracanto que era tradicionalmente feito pelo próprio instrumento, mas também pelos saxes tenores e oficleides. Exemplos disso podem ser ouvidos em gravações feitas pela Banda da Casa Edison, como no maxixe Café Avenida, de Anacleto de Medeiros. É importante destacar que, segundo Sérgio Cabral, tanto Irineu Batina, no oficleide, como Candido Pereira da Silva, no trombone, foram regidos pelo maestro Anacleto na Banda do Corpo de Bombeiros e na Banda da Fábrica de Tecidos Confiança. Essa linguagem de banda fascinou um jovem músico talentoso chamado Alfredo da Rocha Viana Filho2, conhecido e eternizado com o nome de Pixinguinha. Pixinguinha teve contato com o bombardino, enquanto discípulo de Irineu Batina, depois se especializou na flauta e sax tenor. Com este instrumento, desenvolveu um trabalho fabuloso baseado em contrapontos. Sua linguagem nos contracantos serve de inspiração para os trombonistas de choro, pois, tanto o sax tenor, como o trombone, são próximos no que diz respeito aos recursos expressivos. Não é errado dizer que, apesar de Pixinguinha não ter

2 Alfredo da Rocha Viana Filho, o Pixinguinha (Rio de Janeiro, 23 de abriu de 1897 / Rio de Janeiro, 17 fevereiro de 1973).

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tocado trombone, ele é um dos principais detentores do estilo de tocar e de construir os contracantos.3 Outros detalhes na linguagem foram inseridos pelos trombonistas do choro, que realmente conheciam mais as capacidades do instrumento. Em especial àquelas relacionadas com o efeito de glissando produzida pelo instrumento, que além de imitar a voz humana, pode criar sonoridades de gargalhadas, choros e até “imitar um bêbado falando”.

Figura 1: Foto de Candinho com Pixinguinha Fonte: http://blogdochoro2.zip.net/ (26/04/2007)

No início das gravações, os arranjos das orquestras de maxixe eram de escola italiana ou germânica, feitos por estrangeiros. Nas primeiras gravações faltava o sotaque brasileiro, 3

Cândido Pereira da Silva e Irineu Batina desenvolveram muito a prática do contraponto no choro antes de Pixinguinha.

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faltavam ritmistas e os instrumentistas não eram brasileiros. Por isso, Pixinguinha organizou orquestras de música popular, demonstrando uma excelente técnica como arranjador, levando muitos músicos para dentro das orquestras, inclusive os seus companheiros, já experientes, por viagens internacionais, a exemplo do trompetista Bonfiglio de Oliveira4 e do trombonista Esmerino Cardoso, ambos do “8 Batutas”. Nesta época, a sociedade brasileira estava em busca de uma identidade nacional, impulsionada por obras como “Casa Grande Senzala”, de Gilberto Freyre, que valorizava o aspecto da mistura de raças ocorridas no Brasil. Dentro do choro, enquanto espaço e movimento cultural, localizamos os estilos mais antigos vindos das bandas de música, com marchas e dobrados sinfônicos, influenciados por vários tipos de formas musicais europeias, como polcas e valsas. Depois, chega-se a formação “regional”, com violão, cavaco, pandeiro, flauta e bandolim. Segundo Gilberto Gasparetto (p.3, Revista Pedagogia & Comunicação UOL):

Pixinguinha foi um músico da maior importância no cenário brasileiro. Misturando as valsas, polcas e modinhas executadas pelos chorões no começo do século 20, com elementos afro-brasileiros, sonoridades rurais e sua variada experiência profissional como instrumentista, Alfredo da Rocha Vianna Filho - ou, simplesmente, Pixinguinha - definiu a forma musical do choro e expandiu o horizonte sonoro conhecido até então.

Para o musicólogo Mozart Araújo, o choro tradicional pode ser dividido em 4 gerações. Joaquim Antonio Calado representava a primeira, Anacleto de Medeiros a segunda, Cândido Pereira da Silva a terceira, e, usando todos os elementos descobertos e criados por seus antecessores, Pixinguinha representava a quarta geração do Choro Brasileiro. Em uma entrevista realizada com Maurício Carrilho, publicada em junho de 2005 pela revista REPORTAGEM, o músico violonista destaca a importância da mistura entre tradição e inovação para manter o choro forte. A partir disso, Carrilho enumera 10 gerações desde as

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Bonfiglio de Oliveira (Guaratinguetá 27 set. 1891 / Rio de Janeiro 19 mai. 1940).

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origens mais remotas do choro. Apesar de não citar o nome do compositor Cândido Pereira da Silva, podemos compreender que, segundo a teoria de Carrilho, o referido compositor e trombonista, nascido em 1879, estaria entre a terceira geração, representada por Anacleto, e a quarta geração, representada por Pixinguinha.

A geração mais antiga que registramos é a do músico Henrique Alves Mesquita (1820-1905), trompetista, organista e pianista que recebeu uma bolsa do Império e foi estudar na Europa. Foi um grande compositor, fazia quadrilha, polca, foi o criador do tango brasileiro”, diz Maurício. Ele defende a tese de que o tango, gênero flamenco originário da Andaluzia, e não a polca, polonesa, é o verdadeiro antecessor do choro. “A polca guarda características bem típicas até hoje. Já o tango deixou até de existir por aqui como nomenclatura, foi substituído pelo choro”, diz. Mesquita foi professor do flautista Joaquim Antônio Callado (1848-1880) e freqüentava a casa de Chiquinha Gonzaga (1847-1935), que formam a segunda geração de chorões. A influência de Callado, mestiço como Mesquita e Chiquinha, teria ajudado a consolidar a formação básica inicial dos grupos de choro: violão, flauta e cavaquinho. Essa formação já era extremamente popular na interpretação das músicas européias entre as classes médias e baixas. Depois veio a geração de Anacleto de Medeiros (18661907), verdadeiro formador de chorões na condução da Banda do Corpo de Bombeiros, e Ernesto Nazareth (1863-1934), que, sob a influência erudita de Chopin, tirou tangos e polcas chorados em seu piano. Nessa turma nascida na década de 1860 incluem-se ainda o flautista Irineu de Almeida e o cavaquinista Mário Álvares, que foram professores do Pixinguinha. A quarta geração, nascida ainda no século 19, tinha Alfredo da Rocha Vianna Filho – o Pixinguinha – (18971973), o flautista Patápio Silva (1881-1907) e o violonista João Pernambuco (1883-1947). (CARRILHO / RESVISTA REPORTAGEM N.69, 2005, p. 23 e 24).

O objetivo de apresentar essas biografias consiste na necessidade de mostrar o quão importante foram estes músicos trombonistas. Neste capítulo, podemos ter contato com alguns dos precursores mais importantes do trombone no Choro e das maneiras como estes se relacionavam com os demais músicos.

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1.1. IRINEU BATINA (IRINEU GOMES DE ALMEIDA)

Nascido em torno de 1873, no Rio de Janeiro, e morreu aproximadamente em 1916. Irineu foi um dos pioneiros do trombone de choro, porém era mais conhecido como oficleidista e bombardinista. Por ser amigo de Alfredo da Rocha Viana, freqüentava as rodas de música que haviam na então chamada “Pensão Viana”. Sua aparência curiosa, por sempre usar uma sobrecasaca, que deu origem ao seu apelido. De acordo com a maioria das biografias de Pixinguinha, acabou virando professor do “jovem mestre”, inclusive dando a ele aulas de bombardino e composição, além de colocá-lo para tocar com os músicos mais experientes. Pixinguinha deve a Irineu os seus primeiros carnavais e a sua primeira gravação, que foi em 1913, com um grupo chamado “Choro Carioca”. Enquanto membro fundador da Banda do Corpo de Bombeiros, Irineu atuou sob a regência do maestro Anacleto de Medeiros. Freqüentava os pontos de encontro dos chorões, onde fez amizade com Villa-Lobos, Luis de Souza, Quincas Laranjeira, Cândido Pereira da Silva, entre outros. Em 1906, escreveu um xote de muito sucesso, chamado Os olhos dela, gravado na “Odeon”, pela banda da Casa Edson. O poeta Catulo da Paixão Cearense escreveu os versos para a obra, ela foi regravada como “modinha” por vários artistas como Eduardo da Neves, Geraldo Magalhães, Artur Castro e Mário Pinheiro. Irineu foi um importante compositor de músicas para teatro, chamadas na época de “Mágicas”. Irineu deixou mais de 30 obras impressas entre tangos, xotes e polcas, com destaque para Morcego, Avenida beira mar, Dainéia, O meu ideal, Nininha, Qualquer coisa, entre outras. Sua contribuição para o choro foi grande, por ter dado uma formação musical a diversos chorões de vários instrumentos, mas também foi regente de bandas e atuou com Oficleide, trombone e com o bombardino nas primeiras gravações do Brasil. A linguagem do

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trombone no choro é derivada da maneira como os chorões tocam oficleide e bombardino, por isso é possível citar Irineu como o fundador da escola do “Trombone de Choro”. Em seu livro “O Choro”, Alexandre Gonçalves Pinto, o “Animal”, afirma sobre Irineu:

O seu instrumento preferido era o Oficleide no choro, porém nas companias líricas ele era um trombonista disputado por todos os maestros estrangeiros. Como componente da banda do corpo de bombeiros, era um exímio executor de bombardino, estimado e admirado pelo inesquecível Anacleto, que tinha por ele muita veneração, pois Irineu era um artista de muito valor. (PINTO, 1936, p.78 )

Neste trecho da obra de Gonçalves Pinto, podemos apreciar a maneira respeitosa como estes grandes músicos pioneiros do choro se tratavam. Há fortes indícios que Irineu também tenha sido o tubista nas gravações do Quarteto Faulhaber, ao lado de Cândido Pereira da Silva (bombardino), Jorge Seixas (saxhorn) e Manuel Malaquias (clarinete e requinta).

1.2. CANDINHO TROMBONE (CÂNDIDO PEREIRA DA SILVA)

Além de grande trombonista, Candinho foi compositor e violonista. Nasceu em 30 de janeiro de 1879, no Rio de Janeiro, lá faleceu em 12 de dezembro de 1960. De acordo com o jornalista Ary Vasconcelos (1977), ele foi filho de Jerônimo Silva e Rosa Pereira, começou a estudar com seu pai, que também era “chorão”, flautista e compositor. Residiu no Asilo dos Meninos desvalidos, em Vila Isabel, onde sofreu um acidente que lhe tirou a visão do olho esquerdo, porém sua iniciação profissional foi na Banda do Asilo dos Meninos Desvalidos, de onde também saíram músicos como Francisco Braga, Paulino Sacramento e Albertino Pimentel. Candinho casou-se várias vezes, teve duas filhas e vários netos, para os quais dedicou várias composições. 10

Candinho foi um grande maestro, representou toda uma geração de chorões, trabalhou na direção da banda de música da Fábrica de Tecidos Confiança, que serviria de inspiração para Noel Rosa em seu samba Três apitos e foi sargento integrante da Banda da Polícia Militar. Desde criança conviveu com grandes chorões como Irineu Batina, Anacleto de Medeiros, Quincas Laranjeira, Donga e, mais velho, com seus amigos jovens Pixinguinha e Jacob do Bandolim. Para Vasconcelos (1977), estes dois últimos “o surpreenderam certa vez em seu aniversário, improvisaram um choro em sua homenagem que deu origem a obra É isso mesmo, assinada por Pixinguinha em parceria com Jacob do Bandolim”. Música com estilo muito próximo as obras de Candinho. Aliás, é interessante a relação entre as composições dos dois mestres. Segundo Mozart Araújo, a maior popularidade dos choros de Pixinguinha com relação aos compostos por Candinho, pode relacionar-se com o fato do primeiro usar modulações mais simples, facilitando a assimilação auditiva do público. Candinho e de Pixinguinha são considerados como os formalizadores do choro de 32 compassos.

Figura 2: Foto de Cândido Pereira da Silva Fonte: http://bando.do.chorao.free.fr/?cat=3 (26/04/2007)

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De fato, a música de Candinho é extremamente elaborada harmonicamente e muito virtuosística, são peças muitas vezes inimagináveis para um instrumento não tão ágil, como é o trombone, porém o maestro pode as tê-las escrito justamente para romper esse paradigma técnico de execução trombonística. Candinho foi um trombonista importante em sua época, seja no choro ou na orquestra sinfônica, por isso tocou desde 1933, até se aposentar em 1951, na Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Antes disso, realizou diversas gravações. Em 1915 gravou com o grupo “Os passos do choro” a sua polca Soluçando, um dos grandes choros da história, graças a sua construção e estilo arrojado. É possível escutar na gravação os contrapontos de trombone feitos pelo próprio Candinho. Também integrou o Grupo Malaquias, em 1918, e o Conjunto Carioca, realizando ao lado de Antônio Passos, Nelson Alvez e Donga uma série de gravações. O arquivo musical de Candinho foi entregue por ele a Jacob do Bandolim, sendo incorporado ao acervo do Museu da Imagem e do Som. Entre suas peças se destacam várias composições, entre elas está o O Nó, conhecido pelo virtuosismo proposto aos executantes que tentam desatar os desafios da peça, sendo que “muitos trombonistas saem com um nó na vara”, mas apesar da extrema dificuldade, a música está perfeitamente dentro das possibilidades de execução para o trombone. Outras músicas que se destacam em sua obra são: Saudades, Um choro num trem, Abraçando um Kalut, Curitibana, Chorando, Desprezo de uma noiva, Juppe coulotte, O automóvel, Os galos músicos, Rato-rato, entre uma dezena de outras.

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1.3. ESMERINO CARDOSO

Pouco se sabe sobre este importante trombonista. Henrique Cazes o cita em seu livro “Choro: do Quintal ao Municipal” como o integrante dos “Oito batutas”. Esmerino é o músico que aparece em fotos clássicas do grupo. Ora deitado ao chão, com seu trombone em paralelo ao seu corpo, ora de pé, apontando o trombone para os outros músicos. Sabe-se que Alvinho (Álvaro Miranda Ribeiro), integrante do grupo “Bando de Tangarás” (grupo liderado por Noel Rosa), gravou com a orquestra “Copacabana” os sambas Promessa, Jogo de amor, Vamos ver e Todo mundo canta, de Esmerino Cardoso e alguns outros parceiros. Ele também escreveu a valsa A saudade não quer, letrada por Orestes Barbosa, em 1933. Com o Conjunto Odeon, gravou junto com a Carmem Miranda, entre muitas peças está o samba de roda Roda Pião, de Dorival Caymi.

Figura 3: foto de Esmerino Cardoso com os 8 Batutas. Fonte:http://www.museuvillalobos.org.br/villalob/cronolog/1911_20/foto_13.htm (26/04/2011)

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O simples fato de Esmerino ter sido membro dos “Oito batutas” já o coloca entre os principais músicos chorões. Seu grupo realizou diversas gravações e foi responsável pela divulgação do choro pelo mundo. É importante lembrar que foi graças a estes músicos que a forte influência do jazz americano invadiu o Brasil, se misturando a música nacional e trazendo aos instrumentos de metais uma importância que até então não existia. Neste mesmo período, outro trombonista chamado Euclides Galdino, também aparece como membro dos Oito Batutas.

Pouco depois, os antigos Batutas estavam unidos novamente. Mas num esquema diferente, adaptando-s e aos interesses do mercado musical da época, tendo em vista o aparecimento de muitas orquestras tipo jazz-band. Por isso, o conjunto ganhou o nome de “Bi-Orquestra Os Batutas”, isto é, seria o mesmo tempo um grupo de choro e uma jazz-band. Incorporam-se ao grupo a “bateria tipo americana, de J. Thomaz e o trombone de Euclides Galdino. Pixinguinha continuou no Sax e na Flauta. (CABRAL, 1978, p.50 )

Sérgio Cabral nos relata sobre as inúmeras mudanças na vida musical de Pixinguinha e de seu grupo, causadas pelo contato com os músicos norte americanos.

1.4. ZEZINHO DO TROMBONE

Zezinho foi trombonista, compositor e arranjador. Paulista, nascido em 8 de janeiro de 1908, em Guaratinguetá, é considerado ao lado do chorão e trompetista Bonfiglio de Oliveira como um dos maiores músicos de sua cidade. Morreu em Santo André no dia 20 de fevereiro de 1962. Foi trombonista da Banda de Música do Quinto Regimento de Infantaria da cidade de Lorena, depois se mudou para a capital Paulista, onde trabalhou como orquestrador. Quando jovem, participou de diversos carnavais em sua cidade natal. Com o bloco “Os Tesouras”, tocou ao lado de Dilermando Reis, Emílio Cortes e Paulo Alfaiate, que 14

também o introduziram no universo do choro. Escreveu várias peças carnavalescas de sucesso com destaque a Alegria e trabalhou como arranjador do LP “Dalva de Oliveira canta boleros”. Em 1958, gravou pela Odeon o maxixe Bandinha aurora e o samba Bom dia, café de Victor Simon, com o grupo “Catarino e sua Banda”. Por este disco ganhou o prêmio “Chico Viola”, o recebeu na inauguração do Auditório da Rádio e TV Record. Em 1959, gravou com sua bandinha os sambas de Victor Simon, Terreiro de Iáiá e Samba Brasil. Zezinho é fundamental para a história do trombone de choro, por ter sido um dos primeiros chorões paulistas a aparecer com o trombone, e pelo forte contato que teve com Bonfiglio de Oliveira (trompetista dos Oito Batutas) e com Dilermando Reis, que o apresentou a Pixinguinha, tendo a honra e felicidade de acompanhar o mestre em diversas apresentações.

1.5. VANTUIL DE CARVALHO

Vantuil de Carvalho foi um importante trombonista e “chorão”, sendo grande amigo de Pixiguinha e de seu colega de instrumento, Esmerino Cardozo. Também fez parte dos Oito Batutas e trabalhou como orquestrador, compositor e professor de música. Nasceu no Rio de Janeiro, por volta de 1900 e morreu com pouco mais de trinta anos, estudou música na escola Quinze de Novembro. O auge da sua careira ocorreu em torno de 1920, com destaque a uma gravação de seu o fox-trot Au revoir, pela Orquestra Augusto Lima, na Odeon. Obteve grande sucesso em 1929 com a marcha carnavalesca Sou da fuzarca, a qual, segundo o compositor, radialista e cantor “Almirante”, teria sido composta com Vantuil tamborilando num chapéu de palha, durante uma conversa com Pixinguinha, quando estes se deslocavam entre a “Ponte dos Marinheiros” e a “Praça da Bandeira”. O grupo da

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Guarda Velha lançou esta marcha que foi dedicada ao Clube de regatas do Flamengo. Vantuil também era músico deste grupo que tinha Pixinguinha como líder. Assim ele teve a oportunidade de tocar com Donga, Bonfiglio de Oliveira, João da Baiana, Nelson Alvez, Luiz Americano, Esmerino Cardozo, entre outros chorões, seja nos estúdios da gravadora Victor, ou no Cabaré Assírio. Outras músicas suas de destaque são o Samba enxuto, gravado pela Parlophon, a marcha Olha a pomba, que tem uma versão de Franscisco Alves pela Odeon, onde também foram gravados os sambas Foram dizer e Fico espiando. Com a Orquestra Brunswick, lançou a marcha És engraçadinha, com vocal de Elpídio Dias, o Bilú.

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2. O CHORO DE GAFIEIRA

Entre os variados subgêneros que podem ter aparecido junto ao ambiente do choro, destaca-se o Choro de Gafieira. Este nome batiza uma composição de Pixinguinha, que tem por característica ser um “choro dançante”. Por isso, se assemelha ao Maxixe, porém, em sua dança é percebida muita influência do tango e bolero. Tem na parte musical bastante espaço para improvisação, que geralmente ocorre com uma levada constante sobre dois acordes de transição. “Choro de Gafieira” é uma música instrumental menos virtuosística do que os choros tradicionais, tendo ligação com os bailes de gafieira e os ritmos de dança de salão, mas sem ser considerado samba. A primeira parte de Trombone atrevido, de Pixinguinha, pode servir para exemplificar tal subgênero, muitas vezes ligado ao trombone que começa a surgir nos bailes. Contudo, antes mesmo de Pixinguinha, Candinho Trombone compôs peças que podem ter um estilo associado a este subgênero, como os tangos/maxixes Chorando e Triste Alegria. Como o trombone é um instrumento de forte ligação com a música erudita, seus executores geralmente tem uma relação com orquestras sinfônicas, que sempre exigiram do instrumento uma sonoridade potente e brilhante. Curiosamente, a tradição do trombone no Brasil está diretamente ligada aos arranjadores e regentes. Por algum motivo, técnico ou não, existe uma grande quantia de “Maestros trombonistas” no Brasil, pois os principais nomes do trombone nacional, além de dominarem vários outros instrumentos, foram grandes compositores, arranjadores, regentes e professores de música. Essa característica sempre existiu e permanece até hoje, possivelmente devido ao fato de que a imensa dificuldade de se executar o trombone exige uma grande musicalidade, no sentido geral da palavra.

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No choro, além de desempenhar os papéis comuns ao bombardino e oficleide, que contrapontuavam nas bandas de música, ou como dizem os chorões, “costumam costurar as melodias”, o trombone também começou a desempenhar papel como solista principal. Influenciado pelas grandes orquestras de música popular que cresciam na época, aos poucos, foi se caracterizando um novo estilo, o “Choro de gafieira”, eternizado por algumas obras de trombonistas maestros que sabiam exatamente o que fazer para valorizar o instrumento. Um destes grandes grupos de música popular que se destacou foi a “Orquestra Tabajara”, onde numerosos trombonistas atuaram e se desenvolveram, como por exemplo Manuel Araújo, irmão do maestro Severino Araújo.

2.1. RAUL DE BARROS

Raul de Barros é um dos trombonistas brasileiros mais conhecidos dentre e fora do país. Nasceu no Rio de Janeiro em 25 de novembro de 1915, faleceu em Maricá, no dia 09 de junho de 2009. Foram 93 anos de bailes de gafieira e de rodas choro. Raul foi grande, seu famoso choro Na Glória é repertório obrigatório de qualquer trombonista dedicado ao estudo da música brasileira. Pode parecer brincadeira, devido a outro ídolo do rock brasileiro chamado Raul Seixas, mas sempre quando um trombonista toca para um público que conhece a música popular brasileira é freqüente ouvir o pedido de: “Toca Raul!”. Raul de Barros iniciou seus estudos com Ivo Coutinho em 1930, tendo aula de saxhorn (um tipo de bombardino contralto), logo passaria ao trombone, sendo aluno de Eugênio Zanata. Em 1935, começou a tocar em clubes do Rio, tocando em “dancings”, onde conheceu o maestro Carioca, que o levou a Rádio Tupi. Acompanhou diversos cantores e fez excursões

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pelo Uruguai. Formou sua orquestra para a Rádio Globo, participando do programa “Trem da Alegria”. Casou-se com a cantora Gilda de Barros, que conheceu nos meios profissionais.

Figura 4: Foto de Raul de Barros Fonte: http://cifrantiga2.blogspot.com/2006_10_08_archive.html (26/04/2007)

Seu primeiro disco solo foi lançado em 1948, onde ele interpretou os choros O pobre vive de teimoso e Malabarista, de Donga. No ano seguinte, gravou com sua orquestra o tema recém lançado Na Glória5, de sua autoria e Estes são outros quinhentos, de Luiz Americano. Na década de 50, foi para a Rádio Nacional, onde apresentava um programa semanal, voltou a fazer excursões pela America latina e iniciou uma série de gravações. Gravou, em 1950, os frevos Gostozão, de Nelson Ferreira, Solta o brotinho, de Levino Ferreira, além dos choros de sua autoria Toselli no samba, arranjado por Moacir Santos, e Parabéns para você, e os choros Tuiu e Faísca, de Lauro Maia e Penélope, cantados por violeta Cavalcanti. Em 1951, com sua

5 A música Na Glória teria sido composta quando o trombonista se dirigia a um casamento em que iria tocar na saída dos noivos, na igreja da Glória, no bairro de mesmo nome, no Rio de Janeiro. Como o seu taxi estava preso no trânsito e ele não chegaria a tempo, Raul de Barros compôs o tema, ainda no carro, para homenagear os noivos e se redimir do atraso.

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orquestra gravou seu choro Pra moçada se acabar e os frevos Vassourinha no Recife, de Baltazar de Carvalho e Pernabucana, dos irmãos Valença. No ano seguinte, lançou os choros Ai, Raul, de Carioca e Solando na Garoa, de J. Dilermando, gravou seu famoso solo de trombone no choro Pororó-Pororó-Pororó e Gilda, em homenagem a sua mulher. Em 1953, gravou com sua orquestra os choros Rolo Compressor de Edson Menezes e Arsênio de Carvalho, e Amanhecendo, de Cícero Nunes, Rogério Lucas e Arsênio de Carvalho, com vocais de Gilda de Barros, assim como o choro Trombone de Gafieira, de Almanir Grego e Luiz Carneiro e o maracatu Maracatuá, de Geraldo Medeiros e Jorge Tavares. Em um concurso promovido na revista “O Cruzeiro”, por Ary Vasconcelos, Raul de Barros foi eleito o melhor trombonista do ano de 1955. Neste ano, gravou diversos mambos com sua orquestra e lançou com Dilermando Pinheiro o LP Trombone Zangado, apresentando sua música Ginga do candango e Consolo de otário, de João Roberto Kelly, e no mesmo ano gravou seu famoso solo em Melodia Celestial. Gravou o Intermezzo de Provost, em ritmo de Fox, e o choro Voltei ao meu lugar, de Carioca, em 1956. Com sua orquestra, gravou em 1957 a sua música Rock em Samba e Amigo Velho, de Cristovão de Alencar e Hélio Nascimento. Em 1958, lanço o LP “Ginga de gafieira” com destaque para Cidade Maravilhosa, de André Filho; Se acaso você chegasse, de Lupcínio Rodriguez e Felisberto Martins; Gosto que me enrosco, de Sinhô e a música título do álbum, Ginga de gafieira, de Alcebíades Nogueira. Raul de Barros participou, em 1966, do Festival de Arte Negra de Dacar, no Senegal. Na delegação brasileira também estavam Clementina de Jesus, Ataufo Alves, Paulinho da Viola e Elton Medeiros. Em 1974, gravou seu mais conhecido disco, o “Brasil Trombone”, com destaque a gravação das suas Na Glória e Pororó-Pororó, Chorinho de Gafieira e Páraquedista, dos trombonistas Astor Silva e José Leocádio respectivamente, além de Folhas Secas, de Guilherme de Brito e Nelson Cavaquinho, e Saudades da Bahia, de Dorival Caymi.

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Em 1979, lançou outro LP, chamado de “O som da Gafieira”. Nele gravou os famosos Piston de Gafieira e Estatuto da Gafieira, de Billy Blanco, além de sambas como Coração Leviano de Paulinho da Viola, Casa de Banda de Martinho da Vila. Em 1983, lançou o LP “Trombone de ouro”, após um período em que se afastou da vida artística por motivos de doença. Neste álbum Raul Barros dá bastante atenção para o repertório clássico do choro, gravando Na Glória em um novo arranjo bem divertido, Carinhoso, de Pixinguinha, Pedacinho do céu, de Waldir Azevedo e Doce de Coco, de Jacob do Bandolim, além de Ela me disse de Lupcínio Rodrigues e um arranjo inusitado de um clássico norte americano de Glem Miller, Chattanoogaa Choo Choo, executado em ritmo gafieira. Além de todas essas gravações, Raul de Barros foi músico extremamente ativo, tocando ao lado de Ary Barroso, Pixinguinha e Radamés Gnatalli. Participou da produção da marcha Pra frente Brasil, de Miguel Gustavo. Mesmo com a idade avançada, em meados da década de 90, participou de vários shows na casa de espetáculo “Sassaricando”, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, também se apresentou com participações especiais por diversos cantos do Brasil. A partir de 2000 diminuiu suas apresentações, ficando mais tempo em sua casa em Maricá. Participou de pequenos shows, deu algumas entrevistas e em 2004 fez alguns shows com o gaitista Rildo Horta na casa de espetáculo “Carioca da Gema”. Antes de falecer, em 2009, Raul tocou em seu último carnaval em Maricá. Sem dúvida, a exemplo do que acontece com vários artistas no Brasil, não teve todo o reconhecimento que merecia, mas certamente foi um mestre com a tranquilidade de saber que fez a sua parte e entrou para a história do choro e samba como o “Rei da Gafieira”. Seu estilo de tocar é a principal referência para quem se dedica ao estudo do trombone brasileiro. Por isso ele era admirado por celebridades como Juscelino Kubitchek, Ray Conniff e Louis Armstrong. Ele é o principal exemplo estilístico do “Choro de Gafieira”.

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2.2. JOSÉ LEOCÁDIO

José Leocádio foi membro fundador da Orquestra Tabajara, de Severino Araújo. Este grupo foi fundado em 1937 e realizou diversas apresentações e gravações, contribuindo muito para o desenvolvimento do arranjo brasileiro para grandes formações. Em 1952, junto com os trombonistas Astor Silva e Manoel Araújo, e com o saxofonista Zé Bodega, Leocádio gravou seus choros Humildemente e Cadilac enguiçado. Posteriormente, em 1957, montou um conjunto para gravar pela Continental os seus choros Quarenta Graus e Bariri, e os seus baiões Baião do Mengo e Não posso conter o riso. Leocádio escreveu um famoso tema de choro, chamado Paraquedista, lançado em 1946 pela própria orquestra Tabajara e gravado em 1974, por Raul de Barros, no seu LP “Brasil trombone”, em 1975, e por Carlinhos Vergueiro, no LP “Só o tempo dirá”. Em 1977, o flautista Altamiro Carrilho deu a sua versão do famoso choro para um LP chamado de “Antologia do chorinho”. Em 1996, a cantora paulista Carmina Juarez regravou o Paraquedista no CD “Arrasta a Sandália”. Este recebeu mais uma versão em 2000, sendo regravada pelo “Quarteto de Trombones da Paraíba”.

Figura 05: Foto de José Leocádio com a Orquestra Tabajara. Fonte: http://www.lastfm.com.br/music/Orquestra+Tabajara (26/04/2007)

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Paraquedista é um dos maiores clássicos do Choro de Gafieira. Graças a ele o nome de Leocádio é lembrado nas rodas de choro e nos bailes de gafieira por todo o Brasil. É repertório obrigatório para qualquer estudante chorão desenvolver seus improvisos, já que tecnicamente não é dos mais complicados, mas sem dúvida um dos mais cheios de gingado.

2.3. ASTOR SILVA

Astor Silva nasceu em 10 de maio de 1922, no bairro carioca do Rio Comprido. Estudou na Escola João Alfredo, em Vila Isabel, formando um grupo com seus colegas e se apresentando em bailes e festas familiares. Profissionalmente, começou a sua carreira tocando em bailes cariocas, na década de 40 tocou em lugares como o Cassino da Urca e outros em Copacabana e Icaraí. Tocou em boates como a Night and Day e na TV Rio. Quando, em 1946, foi decretado o fechamento de cassinos, passou a integrar a Orquestra Tabajara, de Severino Araújo, realizando excursões pelo Brasil, Argentina, Uruguai, França, entre outros. Com o mesmo grupo também se apresentou na Rádio Tupi, indo parar na orquestra do maestro Carioca, que trabalhava a emissora.

Figura 06: Foto de Astor Silva. Fonte: http://cifrantiga2.blogspot.com/2008/09/astor-silva.html (23/09/2008)

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Além de trombonista, era compositor, arranjador e regente. Trabalhou como diretor musical de diversas gravadoras, como a CBS, onde foi arranjador-chefe. Nos anos 50, montou um grupo com o qual realizou diversas viagens, acompanhando nomes como Flora Matos, Virgínia Lane, Zilá Fonseca, Ademilde Fonseca, Raul Moreno e o grupo Garotos da Lua. Em 1952, seu Chorinho da Nice foi gravado na Continental, por Severino Araújo e sua Orquestra Tabajara. Em 1953, com a sua orquestra Todamérica, gravou seu tema de choro Pisando Macio, sendo que com este conjunto acompanharia a cantora Dóris Monteiro em algumas gravações. Gravou várias obras suas, em 1954 e 1955, como os temas de choros No melhor da festa, Alta noite, cantado por Jamelão, Chorinho de boite e Samba e Água Fresca, o baião Baião Lusitano, o mambo Mambomengo e o samba Sete Estrelas. Com a sua orquestra, pela gravadora Continental, atuou em várias gravações de Moreira da Silva, Nora Ney, Bill Far e Emilinha Borba. Astor Silva foi um dos principais arranjadores do país. Ttrabalhos como o que realizou com Moreira da Silva, mostram toda a sua versatilidade e conhecimento de várias linguagens, desde o choro tradicional até o jazz americano. No começo dos anos 60, realizou gravações de arranjos seus para o samba Beija-me, de Roberto Martins e Mário Rossi, gravado por Elza Soares, assim como nas músicas Louco por você e Não é por mim, do até então iniciante Roberto Carlos. Foi o responsável de arranjos de diversas músicas para os cantores Risadinha, Wanderléia, Cyro Monteiro, Rossini Pinto e Elis Regina. Gravou os frevos Jairo na folia, e Vai na marra, de David Vasconcelos, e os sambas Vamos fazer um samba, de sua parceria com Nelson Trigueiro, e Agora é cinza, de Bidê e Marçal. Enquanto compositor de choro, Astor escreveu Chorinho de gafieira. Esta obra o eternizou como grande compositor. Em 1974, Raul de Barros o homenageia gravando a obra em seu disco Brasil Trombone. Astor Silva faleceu em 12 de fevereiro de 1968, no Rio de Janeiro.

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2.4. GILBERTO GAGLIARDI

Gilberto Glagliardi nasceu em São Paulo, em 5 de dezembro de 1922. Começou a estudar com pai, José Gagliardi, entrando para o curso de iniciação musical na ENMUB (Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil), do Rio de Janeiro (RJ), em 1938. Tocou em várias orquestras na década de 1930, chegando à Orquestra Simom Bountman. Em 1939, fez as suas primeiras gravações em músicas de carnaval. Na Odeon, pode atuar acompanhando Francisco Alves, o Trio de Ouro, Sílvio Caldas e Emilinha Borba.

Figura 07: Foto de Gilberto Gagliardi Fonte: http://www.ita-web.org/competitions/gagliardi.cfm (26/04/2007)

Com a Orquestra de Carlos Machado, tocou no Cassino da Urca (RJ) e viajou para a Argentina em 1943. No ano seguinte, foi para o Uruguai com a Orquestra de Zacarias. Foi eleito como o melhor trombonista brasileiro, em prêmio dado pela Associação dos Fãs-clubes Brasileiro e pelos programas Cinemúsica e Disc-jockey. De 1944 a 1953, tocou na Rádio Globo (RJ), na Rádio Nacional e participou do conjunto Os Copacabanas. De 1954 até 1966, participou das Orquestras Sílvio Mazzuca 25

Simonetti, na de Dick Farney, na Élcio Álvarez, e na Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, como primeiro trombone solista. Lançou o LP "Escola de dança", em 1957, gravou o LP "Dançando com G. Gagliardi e sua orquestra" em 1959 e o LP "Baile das Américas", de 1960. Compôs vários choros com Clóvis Mamede, Domingos Namone e Romeu Rocha. Até 1974, fez arranjos de músicas carnavalescas para compositores da SICAM (Sociedade independente dos compositores e autores musicais), e trabalhou para a Vera Cruz em trilhas sonoras de diversos filmes. Gilberto Gagliardi lançou o método de trombone mais usado no Brasil, com uma série de exercícios melódicos baseados na linguagem da música de raiz brasileira. Enquanto professor, foi inovador na didática musical, trazendo ao Brasil as técnicas mais modernas utilizadas nos grandes centros. Muitos de seus discípulos, como Radegundis Feitosa (primeiro trombonista brasileiro a estudar na Juliard School), Silvio Spolaore (primeiro trombone da OSP) e Wagner Polistchuk (primeiro trombone da OSESP), estão entre os principais professores de trombone erudito do país. Músicas de Gagliardi, como Cantos Nordestinos, Modinha, Sigo o meu caminho e Estudo a 4, são peças obrigatórias para qualquer grupo de trombones.

2.5. MAESTRO PEDROTTI (LINEU FERNANDES PEDROTTI)

Pedrotti é um trombonista com uma formação bem completa, sendo que além de instrumentista é arranjador e compositor. Formou-se em Teoria, Harmonia e Composição pelo Centro Universitário, Conservatório de Música do Rio de Janeiro. Também estudou regência na FECORS, Federação de Coros do Rio Grande do Sul.

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Nasceu em Pelotas, Rio Grande do Sul, em 18 de outubro de 1933. Sua carreira começou na década 1950, quando ingressou na Rádio Gaúcha de Porto Alegre, onde permaneceu de 1957 até 1960. Em 1962, foi morar no Rio de Janeiro, trabalhando na TV Continental, na TV Rio, na TV Excelsior e na orquestra do maestro José Maria. Ficou bastante tempo contratado pela TV Tupi, de 1965 até o fim desta em 1979. Pela emissora trabalhou como maestro e arranjador do Festival de Carnaval, entre outros. Participou de programas como "A grande chance" e "Cassino do Chacrinha". Durante esse período, Pedrotti realizava shows em diversas casas noturnas. Em 1971, lançou o LP "Pedrotti vai de samba na Sucata". O disco contém pot-pourris, sambas clássicos de músicos como Tom Jobim, Jorge Bem, Wilson Batista e João de Barro, além de uma música de sua autoria, chamada Pedrotti Maluco. O produtor Sargentelli ressalta o trabalho de pesquisa realizado por Pedrotti: “Eu, particularmente, levo fé nesse seu trabalho. Sobre tudo, porque se trata de mais um resultado após tantos anos de estudos e pesquisas. Este LP se constitui num extraordinário estímulo a um artista brasileiro que se projeta admiravelmente, sabendo das coisas...” 6 Em 1975, lançou o LP "Gafieira meu xodó", pela Discofam, interpretando músicas de Tom e Dito, João Nogueira e Paulo César Pinheiro, Paulinho da Viola, Benito di Paula, Noel Rosa de Oliveira, entre outros, com destaque a Ná Glória de Raul de Barros e Ari Santos e Paraquedista, de José Leocádio. Foi regente da Orquestra Sinfônica da Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro, em 1976 e 1977.

Neste período realizou shows no Café Concerto, em São Paulo e

apresentações com sua orquestra no Hotel Sheraton, no Chile, Uruguai, Paraguai, Argentina e Panamá, além de apresentações na cidade argentina de Mar Del Plata durante a realização da Copa do Mundo de futebol de 1978, compondo um jingle para o evento. Trabalhou na TV 6

Comentário de Sargentelli na contra capa do LP “Pedrotti vai de samba na sucata” lançado em 1971 pela gravadora Continental.

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Vitória, no Espírito Santo, e compôs outro jingle para a Copa do Mundo da Espanha, em 1982. Escreveu sambas enredo para escolas de samba da cidade de Pelotas. Em 1997, recebeu uma homenagem da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, com diploma e placa. Escreveu a trilha sonora dos filmes "Tudo é Brasil", de Rogério Sgarzela, e "Açorianos", de David Quintas. Criou a Orquestra Escola Missioneira em 1999, se apresentando com orquestra e coro no Teatro SESC, na cidade de Ijuí, no Rio Grande do Sul. O Maestro Pedrotti gravou ao todo oito discos, em mais de 50 anos de carreira.

2.6. ZÉ DA VELHA (JOSÉ ALBERTO RODRIGUES MATOS)

Nascido em Aracaju, em 4 de março de 1942, José Alberto foi jovem ao Rio de Janeiro. Lá, aos 17 anos, pode tocar quando ao lado de Donga, João da Baiana e Pixinguinha, no conjunto Velha Guarda. Por isso ele recebeu o apelido de Zé da Velha. Ele é atualmente o mais ativo e principal trombonista de choro brasileiro. Trouxe toda a tradição do choro, contendo à maneira clássica de interpretar e de criar os contrapontos, ao século XXI, através de recentes álbuns lançados com seu parceiro Silvério Pontes. Em 1965, Zé da Velha começou a tocar ao lado de Jacob do Bandolim. Depois, como solista, fez parte do Conjunto Sambalândia, com o qual realizou excursões para a Alemanha, em 1970. Realizou um espetáculo transmitido pela TV Globo, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em homenagem a Pixinguinha. Em 1975, fez parte da Orquestra Gentil Guedes, fazendo apresentações no Canadá. Atuou em diversas gafieiras ao lado de Paulo Moura, gravando diversos discos. Participou do famoso grupo de choro Sovaco de Cobra, com Joel Nascimento, Abel Ferreira, Waldir Azevedo e Copinha, gravando o histórico espetáculo Choro na Praça.

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Participou dos discos "Chorando baixinho", com Moreira Lima, Abel e Época de Ouro, no Mistura e Manda, de Paulo Moura, e no disco "Noites cariocas", com o grupo Seleção Brasileira de Chorões. Apresentou-se em cidades como Nova York e Côte d'Azur.

Figura 08: Foto de Zé da Velha Fonte: http://zedavelhaesilveriopontes.blogspot.com/ (26/04/2007)

Na década de 1990, Zé da Velha ficou famoso na noite carioca ao servir de referência para muitos chorões, criando um público fiel e recriando o clima espontâneo das rodas de choro. Após conhecer o trompetista Silvério Pontes, montou com este uma grande dupla. Eles estão entre os principais responsáveis por divulgar o choro no século XXI, realizando gravações modernas, com arranjos criativos e modernos, mas sem perder a originalidade da linguagem do choro. A primeira parceria da dupla foi o disco "Só gafieira", de 1995, seguido do CD "Tudo dança", de 1998. Em 2000, eles lançaram o CD "Ele e eu", e em 2006 saiu a homenagem, aos 109 anos do maior mestre do choro, com o CD “Só Pixinguinha”. 29

3. O SAMBA JAZZ

Este é um tema essencial para o trabalho sobre os trombonistas de choro, devido a forte influência que o gênero teve nos músicos brasileiros que se dedicaram ao Jazz. O Samba Jazz rompeu com alguns padrões usados pelos norte americanos, tanto com relação ao ritmo, como com relação ao tipo de escalas usadas nas improvisações. A “Blue Note”7 não é tão usada pelos músicos brasileiros, que em muito se aproveitam das variações típicas do choro para construírem seus solos de improvisos, utilizando modulações mais arrojadas. O Samba Jazz é uma expressão usada para definir a música instrumental brasileira dos anos 50, que foi influenciada pela “escola” de música popular norte americana. O Brasil recebeu muitas influências do jazz, no que diz respeito a maneira como os americanos organizavam a sua didática musical nos campos da harmonia e arranjos. O estilo de tocar dos jazzistas também cativava muitos músicos brasileiros, sendo que a maioria destes eram oriundos das rodas de choro. Essa mistura de gêneros favoreceu o aparecimento de grandes trombonistas para história da música brasileira, músicos estes que fizeram escola e desenvolveram-se em carreiras internacionais. Sem dúvida, Raul de Souza é o trombonista brasileiro mais conhecido fora do nosso país, porém, este tem em músicos como Norato e nos irmãos Edson e Edmundo Maciel, suas grandes referências. A influência de Raul de Souza, em sua opção por sempre tocar o trombone de pisto, além do de vara, inspirou muitos músicos das novas gerações. Atualmente, 7

“A Blue Note é uma nota musical que provém das escalas usadas nas canções de trabalho praticadas pelos povos afro-americanos. A característica musical resultante imprime um carácter lamentatório à música, podendo considerar-se que tenha surgido como uma consequência da dureza do trabalho nos campos. Do ponto de vista sistémico, consiste em criar uma nota que não consta na escala diatónica tradicional, baixando alguns comas ao terceiro, quinto e sétimo graus da referida escala. Estas transformações tornam uma escala maior numa escala de blues. A escala de blues é usada na maioria dos blues de 8 e 12 compassos, mas também em várias canções populares convencionais com um sentimento "blue". Esta herança escalar migrou mais tarde para o universo jazzístico”. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Blue_note, 26/04/2007)

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os trombonistas Zeca do Trombone, François Lima e Bocato, são os principais trombonistas de pisto do país. Por outro lado, o Nelsinho do Trombone, que também dominava os pistões, seguiu os caminhos de Astor Silva e se tornou um grande arranjador. Assim, acontece atualmente com o trombonista Vittor Santos, um dos maiores arranjadores brasileiros em atividade. É importante ressaltar a participação de trombonistas de jazz na música brasileira. Músicos como Jay Jay Johnson, Carl Fontana, Bill Watrous, Juan Pablo Torres e Frank Rosolino, se dedicaram em alguns momentos ao samba e a bossa nova, inspirando vários músicos brasileiros a improvisarem e desenvolverem a técnica adequada para isso.

3.1. NORATO (ANTÔNIO JOSÉ DA SILVA)

Filho do trombonista Sebastião Honorato da Silva, o mineiro Norato iniciou sua carreira artística em 1949, atuando nas orquestras dos maestros Carioca e Cipó, onde se destacou como solista, realizando diversas gravações e viagens. Sua primeira gravação em estúdio aconteceu em 1951, com Waldir Azevedo e seu Regional, interpretando a obra “Pisa Mansinho”, de Jorge Santos. Em 1952, destacou-se como solista na gravação do LP “Assim eu danço”, com o Maestro Cipó. Em 1954, trabalhou na orquestra da Rádio Record de São Paulo e no ano seguinte atuou na Orquestra Enrico Simonetti, gravando com diversos artistas, como Elza Laranjeiras (pela Copacabana), Cidália Meireles, Maysa, Agostinho dos Santos e Roberto Luna (pela RGE), e excursionando pela Argentina. Em 1955, gravou as músicas de sua autoria Férias em bica e Treze listas.

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Norato passou por diversas orquestras cariocas, como a da Rádio Nacional e da TV Excelsior. Em 1962, participou da gravação do LP “Festa dentro da noite”, de Vadico, lançado pela gravadora Festa. Chegou em 1963 na orquestra da gravadora RCA Victor, onde gravou com Alaíde Costa, Ivon Curi, Linda Batista e Jorge Goulart. Em 1965, volta para a orquestra do Maestro Cipó e atua em diversas boates cariocas com o clube de Jazz e Bossa. Em 1967, ingressou na Orquestra Sinfônica Nacional, tocando em concertos transmitidos pela TV Globo do Rio de Janeiro, no programa “Concertos Sinfônicos”. Por esta orquestra, em 1969, realizou excursão para a Europa, deixando-a no ano seguinte e indo tocar na orquestra Odeon. Como solista e arranjador, lançou seu LP “Trombone ao Sol”, em 1972.

3.2. NELSINHO DO TROMBONE (NELSON MARTINS DOS SANTOS)

Nelsinho do Trombone foi um músico muito completo, sua importância como arranjador foi imensa, devido aos seus trabalhos como diretor artístico nas gravadoras RCA Victor e Odeon. Ele nasceu no Rio de Janeiro, em 24 de novembro de 1927, onde veio a falecer em 16 de fevereiro de 1996. Filho de Tiburcio Martins dos Santos e Judith da Silveira Dutra, Nelsinho começou a sua carreira no exército, tendo aulas com músicos como Gilberto Gagliardi. Tocava no Copacabana Palace Hotel, no Hotel Quitandinha e teve passagem pela rádio Mayrink Veiga, ficando lá por anos. Um de seus grandes parceiros foi o jornalista e compositor Davi Nasser, porém, como arranjador e trombonista, realizou trabalhos com os principais artistas brasileiros da metade do século XX. Um de seus maiores trabalhos está no LP “Gente da Antiga”, onde teve a oportunidade de acompanhar seu grande mestre Pixinguinha, além dos músicos, Dino 7

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cordas, Nelson Sargento, João da Baiana e Clementina de Jesus. Neste disco, o solo de Nelsinho em “Roxa” é uma das obras primas do trombone brasileiro.

Figura 09: Capa do disco “Nelsinho e seus Trombones” Fonte:http://loronix.blogspot.com/2006/12/nelsinho-nelsinho-e-seus-trombones-196.html (26/04/2007)

Ele tem em seu currículo várias gravações importantes, como a do LP “Brasil Bossa Nova”. No campo do choro, Nelsinho prestou uma bela homenagem a Candinho Trombone quando lançou, em 1979 (ano do centenário de Candinho), o LP “Candinho na interpretação de Nelsinho”, uma das principais fontes com músicas do antigo mestre. Este disco causou certo rebuliço no universo do choro devido aos arrojos de harmonização. O pesquisador de música brasileira Hélio Amaral, em seu blog do Choro (http://blogdochoro.zip.net/) afirma:

Não bastasse Candinho ser dos compositores mais “complicados” no universo do choro, o trombonista e arranjador Nelsinho conseguiu a proeza de complicá-lo ainda mais! Acrescentando todos os acordes dissonantes a que teve direito (às vezes temos a impressão de que não sobrou espaço para mais nada), tornou Candinho na interpretação de

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Nelsinho um dos discos mais arrojados harmonicamente dos anos 1970...”. (...) Talvez a perícia de Nelsinho seja saber, exatamente, onde pode “quebrar” a harmonia, sem o risco de desvirtuar completamente o choro. Acaba criando um contraste delicioso, pois ante a tantas dissonâncias, o sentimento aflora sempre com grande força. O resultado é um disco provocante, instigando o ouvinte a novas audições.

Outros trabalhos importantes feitos por Nelsinho foram ao lado do grande Cartola, nos discos “Cartola”, “Verde que te quero Rosa” e “Cartola 70 anos’, já que os primeiros discos do grande sambista, lançados pela gravadora “Marcus Pereira”, tiveram Raul de Barros como trombonista. Os solos de Nelsinho, em canções como Minha, Não posso viver sem ela, Aconteceu, Sei chorar e Senhora Tentação, são de audição obrigatória para qualquer trombonista interessado em desenvolver a linguagem do samba.

Figura 10: Capa do disco “Candinho na interpretação de Nelsinho” Fonte: http://blogdochoro.zip.net/ (26/04/2011)

Também gravou passagens célebres com Nelson Cavaquinho, dirigiu e arranjou músicas de Geraldo Pereira, Elizete Cardoso, Miltinho, Clara Nunes, Altemar Dutra, Elza Soares, Chico Buarque, Nelson Gonçalves, João Nogueira, Ademilde Fonseca, Dalva de Oliveira, Clementina de Jesus, entre muitos outros. Tocou em diversas orquestras, como a 34

“Fórmula Sete”, com Márcio Montarroios, e a orquestra da Petrobrás, seu último trabalho antes de adoecer. Em sua vida ele foi casado com Esther Martins dos Santos e teve quatro filhos (Irene, Judith, Nelsinho e Wagner). Segundo a sua filha Judith Martins:

Papai (Nelsinho) era um inovador, improvisava muito, amava Pixinguinha, viajou muito pelo mundo, mulherengo, mas com a gente era insuportável, pois esperava eu e minha irmã na saída dos bailes. (Entrevista concedida por e-mail em julho de 2010)

Judith conviveu com o Maestro Nelsinho nos últimos quatro anos de sua vida, quando ele adoeceu. Para ela isso foi bom para aproximá-los, já que, durante a sua carreira, o maestro tinha pouco tempo para a família. Nelsinho é um gigante para a música brasileira, sendo um dos maiores maestros das orquestras de rádio, um mestre com absoluto domínio das técnicas de arranjo popular e um dos maiores trombonistas que já existiram no Brasil.

3.3. RAUL DE SOUZA (JOÃO JOSÉ PEREIRA DE SOUZA)

Raul de Souza é atualmente o trombonista brasileiro mais conhecido na Europa e nos EUA. Nascido em 23 de agosto de 1934, foi criado musicalmente entre os chorões do Rio de Janeiro, inovando o jazz americano com suas características ‘brazukas’. Seus solos e improvisos são amplamente estudados por trombonistas das principais escolas de música popular do mundo. Aos 16 anos, Raul começou a tocar trombone de válvulas na banda da Fábrica de Tecidos de Bangu. Começou trabalhando em gafieiras do Rio de Janeiro. Ary Barroso o 35

batizou como Rauzinho, em homenagem ao trombonista Raul de Barros que já fazia bastante sucesso na época. Assim, o nome João José Pereira de Souza se transformou em Raul de Souza. Raul pode conhecer os principais mestres do choro, dentre os quais estava Pixiguinha, com o qual teve contato ainda muito jovem. O próprio trombonista, em conversas com alunos em oficinas de música, sempre destacou a importância do choro para o desenvolvimento da técnica e da musicalidade. Ao lado da Turma da Gafieira, Raul gravou o seu primeiro disco, em 1957. Este grupo reunia músicos como Baden Powell, Edison Machado e Sivuca. No ano seguinte entrou para a Banda da Força Aérea Brasileira, no CINDACTA II, em Curitiba, ficando até 1963. Com Sérgio Mendes, fez parte do grupo Bossa Rio que excursionou para a Europa e Estados Unidos após a gravação do LP “Você ainda não ouviu nada”, em 1963. Também foi músico da Orquestra Carioca da Rádio Mayrink Veiga, participando de programas televisivos e acompanhando cantores como Roberto Carlos.

Figura 11: Foto de Raul de Souza Fonte:http://www.emusic.com/artist/Raul-De-Souza-MP3-Download/10568200.html (26/04/2007)

O seu primeiro disco solo foi gravado em 1965. "À vontade mesmo". Lançou outros dois discos na década de 1960 com Turma da Pilantragem. Mudou-se para o México, em 36

1969, quando foi convidado para uma turnê de shows com Airto Moreira e Flora Purim. Em seguida foi morar em Boston para estudar na Berklee Music College, transferido, em 1975, para Los Angeles. Lá ele gravou o disco "Colors", com músicas como a sua composição Water buffalo, em homenagem ao um búfalo que habitava o Passeio Público de Curitiba, para o qual Raul improvisava em seus passeios com pedalinho, visando acalmar o bicho. Com George Duke, lançou o LP “Sweet Lucy”, em 1977, um disco com fortes características do Funk Americano. Em 1978, gravou o LP “Don’t ask me neighbours”. Neste mesmo ano ganhou o título de Cidadão Honorário, em Atlanta, na Geórgia. No ano seguinte lançou o LP “Till tomorrow comes”, com músicas de A. Wright. Após um acidente de carro, um atropelamento criminoso motivado por racismo, na década de 1980, quando teve que ficar alguns meses “de cama”, Raul de Souza começou a estudar Saxofone tenor, já que o trombone não era anatomicamente adequado para se tocar em uma cama. Sua primeira gravação com o novo instrumento aconteceu em 1986, quando gravou o LP “Viva volta”. Atuou nos discos “Antonio Brasileiro”, de Tom Jobim, em 1994, e “Brazilian Horizons”, de 1997. No ano seguinte, um dos melhores discos com trombone brasileiro foi gravado, o CD “Rio – Featuring Conrad Herwig”. Com excelentes arranjos do Maestro Branco, o disco contém memoráveis versões instrumentais para canções como Rio, de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli, Pra ser brasileira, de Taiguara, Piano na Mangueira, de Tom Jobim e Chico Buarque, e Aquelas coisas todas, de Toninho Horta. O trombonista americano Conrad Herwig, valoriza ainda mais o disco, com impressionantes duelos entre os dois trombonistas. Raul de Souza representou o Brasil em diversos festivais de jazz, como os de Montreux e Monterrey. Na época em que morou nos Estados Unidos, pode tocar com vários artistas do jazz, como Freddie Hubbard, Sarah Vaughan, Cannonball Adderlay, Stanley

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Clarke, Ron Carter, Sonny Rollins, George Duke, Chick Corea, Lionel Hampton e Frank Rosolino. No final da década de 1990, foi morar em Paris. Em revistas especializadas em jazz, como a “Down Beat” e “New York Jazz Magazine”, Raul de Souza foi considerado como um dos maiores trombonistas do mundo. Desde 2001 tem vindo ao Brasil com bastante freqüência, demonstrando muita disposição para lançar álbuns como o CD "Jazzmim", de 2006, gravado com o grupo curitibano, Na Tocaia. O álbum contém várias composições suas, como Violão quebrado, St. Remy e Yolaine, além de músicas de componentes do grupo como o Tema para Raul e 7 Maluco, de Mário Conde e Nos conformes de Glauco Solter, entre outras. Em 2008, Raul se redireciona para a bossa nova, gravando um álbum suave em que é visível a enorme experiência dos músicos no estilo. O CD "Bossa eterna", conta com a participação dos músicos João Donato, Luiz Alves e Robertinho Silva. Atualmente ele vive entre o Brasil e a França e está em plena atividade.

3.4. ROBERTO MARQUES

Roberto Marques foi um trombonista muito ativo na TV Tupi, onde começou a sua carreira. Nesta época, participou de espetáculos antológicos, como "Tom, Vinicius, Toquinho e Miúcha", no Canecão (RJ), "Ópera do Malandro", de Chico Buarque, no Teatro Ginástico (RJ), "Chico Total", no Canecão (RJ). Atuou em palco e em estúdio com grandes artistas brasileiros como Roberto Carlos, Maria Bethânia, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Ney Matogrosso, Simone, Alcione, Martinho da Vila, Nelson Gonçalves e Sílvio César. Também atuou ao lado de artistas internacionais, como Julio Iglesias, Lisa Ono, Ofra Rasa, Jahon Gaon e Yoshiro Nakamura.

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Em 1982, ganhou o troféu de “Melhor do Ano”, pela Sociedade Brasileira de Jazz, e em 1989, conquistou o troféu Vítor Assis Brasil, também como Melhor do Ano. Em 1995, apresentou-se no Free Jazz Festival, integrando uma verdadeira seleção brasileira de músicos.

Figura 12: Foto de Roberto Marques Fonte: http://www.songdad.com/Roberto_Marques.html (26/04/2011)

No ano seguinte, volta a trabalhar com televisão e participa de várias gravações, como na trilha sonora do filme "Tieta do Agreste", e no CD comemorativo dos 50 anos de Aldir Blanc. Em 1997, com Rodrigo Lessa, Lula Galvão, Xande Figueiredo, Marcos Esguleba, Eduardo Neves e Edson Menezes, formou o grupo Pagode Jazz Sardinha's Club, com o qual lançou um CD homônimo, em 1999. Recentemente gravou com o grupo Titãs ("Titãs Acústico"), Moska, Zeca Baleiro, Guinga, Velha Guarda da Portela, entre outros.

3.5. VITTOR SANTOS (VITOR SEBASTIÃO SILVA SANTOS)

Vittor Santos é natural de Petrópolis, onde nasceu em 25 de janeiro de 1965. Tem grande produção como trombonista, compositor, arranjador e produtor musical. Desde criança se interessava pelo samba, conhecendo vários instrumentos, até que aos onze anos de idade ingressou na Banda do Clube Musical Euterpe, onde passou a estudar tuba e teoria musical com o regente Alberto de Araújo Lopes.

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Foi um arranjador precoce, começando a escrever com 14 anos. Iniciou a carreira em conjuntos de baile, em 1979, até que em 1984 participou do show "Coração feliz", de Beth Carvalho. Em 1985, montou a Orquestra de Vittor Santos, com a qual realizou diversas apresentações pelo Brasil e gravou os discos, "Aquarelas Brasileiras" e "Um Toque Tropical", participando do filme "Banana Split" e da minissérie "Anos Rebeldes" (TV Globo). No ano seguinte, deu aulas no I Seminário Brasileiro de Música Instrumental, organizado por Toninho Horta, em Ouro Preto (MG). Nesta época, Vittor Santos iniciou seus estudos com Ian Guest, aprofundando seu aprendizado técnico de harmonia e arranjos.

Figura 13: Foto de Vittor Santos Fonte: http://cjub.com.br/vittorsantos.htm (26/04/2007)

Foi regente da orquestra e escreveu os arranjos para o programa "Som Brasil" (TV Globo), em homenagem a Vinícius de Moraes, no ano de 1993, quando o poeta completaria 80 anos. Foi professor de arranjo e harmonia funcional na escola de música “In Concert”. Seu primeiro disco solo saiu em 1994, intitulado "Trombone" e lançado pela Leblon Records. Em 1997, lançou o CD "Sem Compromisso" e registrou no disco sua composição Samba do 40

acaso. Com a Vittor Santos Orquestra, participou do Free Jazz Festival, em 1999. Como instrumentista e arranjador, atuou em gravações de vários songbooks lançados pela Lumiar Discos, de Almir Chediak. Participou de disco de grandes artistas como Chico Buarque, Alceu Valença, Moraes Moreira, Caetano Veloso, Leny Andrade, Gal Costa, Miltinho, Elza Soares, Ivan Lins, Tim Maia, Leila Pinheiro, Fátima Guedes, Antônio Adolfo, Tom Jobim, Ed Motta, Carlinhos Vergueiro, Ivan Lins, Beth Carvalho, Zizi Possi, entre outros. Em seu trabalho como produtor musical, Vittor Santos foi responsável por discos de Moraes Moreira, Mauro Santana e Marco Guido, Ricardo Amado, Jards Macalé, Alberto Rosenblit, entre outros. Dirigiu shows de Carlinhos Vergueiro ("Coração Popular") e de Danilo Caymmi ("Sol Moreno"). Em 2000, participou do Seminário de Música Brasileira, na Dinamarca. Em 2001, atuou como instrumentista, no CD "Ouro Negro", uma homenagem ao compositor e maestro Moacir Santos, teve sua primeira peça sinfônica, Divagações sobre os quatro elementos", executada pela Orquestra Municipal de Sopros de Caxias do Sul. Atualmente ministra aulas de harmonia, arranjo e trombone pelo Brasil. Com Vittor Santos, finalizamos os capítulos deste trabalho, considerando o efetivo papel que os diversos trombonistas aqui analisados tiveram, seja no desenvolvimento do próprio choro, seja no desenvolvimento de arranjos, ou ainda, na formação de grupos musicais dedicados à música popular brasileira e na interpretação dos gêneros musicais brasileiros. Também é importante compreendermos o quanto o choro influenciou a música brasileira. Estes últimos trombonistas citados são exemplos da versatilidade e modernização da música brasileira. As suas maneiras de tocar são muito influenciadas por toda esta tradição, o que faz com que a música brasileira instrumental seja reconhecida em todos os cantos do planeta!

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O primeiro objetivo deste trabalho foi à análise da influência que os trombonistas citados receberam do choro e como estes atuaram música brasileira, na organização de grupos de música popular e na interpretação musical de gêneros nacionais. É levado em consideração o fato de que o choro, enquanto espaço social de integração sonora, é uma das principais tradições da música popular brasileira, pois ele está no alicerce da formação musical de muitos músicos importantes. No caso do trombone, esta tradição permanece através dos sujeitos presentes neste trabalho. Ao focar o trombone de choro na busca empreendida, dezesseis (16) músicos se destacaram: Irineu Batina, Candinho Trombone, Esmerino Cardoso, Zezinho do Trombone, Vantuil de Carvalho, Raul de Barros, José Leocádio, Astor Silva, Gilberto Gagliardi, Lineu Fernandes Pedrotti, Zé da Velha, Norato, Nelsinho do Trombone, Raul de Souza, Roberto Marques e Vittor Santos. Certamente é um número pequeno diante uma diversidade musical gigantesca como é a do Brasil, por isso, alguns nomes importantes ficaram de fora neste momento. Contudo, é importante destacar nomes de grandes trombonistas atuais como: François Lima, um dos principais membros da histórica Orquestra Mantiqueira; Itacyr Bocato Júnior, que está em plena produção com vários discos lançados, incluindo um tributo a Pixinguinha; Zeca do Trombone, um dos principais nomes da gafieira nos últimos tempos; Marcos Flávio, trombonista mineiro que tem gravado ótimos trabalhos sobre choro; os irmãos Edson e Edmundo Maciel, este último gravou trabalhos brilhantes com o maestro Waltel Branco; Radegundes Feitosa, que apesar de ser um grande nome para a música erudita, dedicou-se

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muito a música popular brasileira de raiz. Este, infelizmente veio a falecer a pouco tempo atrás, em um acidente de carro, e certamente fará muita falta ao trombone brasileiro. Vale a pena comentar sobre a obra mais que interessante do chorão e escritor Alexandre Gonçalvez Pinto. Seu livro “O Choro”, é um documento repleto de curiosidade e comentários sobre diversos chorões. Todos estes trombonistas são os perpetuadores e ao mesmo tempo seguidores de uma tradição vinda do século XIX ao século XXI. Fazer parte de uma tradição não significa ser conservador e sim respeitar as origens de uma música rica como o choro, cuja fonte vital está no sentimento de seus intérpretes, criadores e admiradores. Por isso, o principal objetivo do trabalho é homenagear todas as pessoas aqui citadas, para que suas histórias sejam conhecidas pelos interessados em aprender a arte do trombone, das músicas de choro e de gafieira.

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