TV PAGA E FICÇÃO TELEVISIVA BRASILEIRA: Dados de 2007 a 2013

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TV PAGA E FICÇÃO TELEVISIVA BRASILEIRA: Dados de 2007 a 20131 BRAZILIAN CABLE TV AND TV FICTION CONTENT: Data from 2007 to 2013 Ligia Maria Prezia LEMOS2 Resumo: O artigo realiza uma compilação dos Anuários OBITEL de 2008 a 2014, referentes anos de 2007 a 2013. Debruçamo-nos sobre dados e análises a respeito da TV Paga brasileira e da ficção televisiva brasileira na TV Paga, além da cronologia de implantação da Lei da TV Paga. Captamos os dados no capítulo referente ao Brasil, no trecho sobre o contexto do País e acrescentamos elementos detalhados de nossas próprias pesquisas. Dessa maneira, tomamos os dados de cada monitoramento anual e os inserimos num panorama temporal retrospectivo, com possibilidade de gerar reflexões sobre perspectivas do setor, além de converter-se em material para novas pesquisas. Palavras-Chave: TV Paga. Ficção televisiva brasileira. Anuário OBITEL. Abstract: This article compiles OBITEL Yearbook content from 2008 to 2014, referring to the years of 2007 to 2013. We inspect data and analysis about Brazilian Pay TV and Brazilian Pay TV fiction, as well as the chronology of the law “Lei da TV Paga” and its implementation. Data from the chapter pertaining to Brazil is captured in the excerpt about the context of the country, and detailed elements from our own researches are added. That way, we get data from each annual monitoring and insert it into a retrospective temporal panorama, with the possibility of generating reflections about the sector’s perspective, and also becoming material for new researches.. Keywords: Pay TV. Brazilian television fiction. OBITEL Yearbook.

Introdução O conceito síntese de “mediações” de Martín-Barbero (2006) que reflete sobre a comunicação a partir de seus nexos nos ampara na realização da presente pesquisa. Nesse sentido, pensamos mediação como o lugar circulante em que transitam produção e recepção. Assim, o espaço das mediações é o espaço em que a cultura verdadeiramente se mostra e se realiza. No mapa das mediações proposto por esse autor, as lógicas de produção mobilizam uma tríplice indagação sobre: (1) a estrutura empresarial – dimensões 1

Trabalho apresentado na Divisão Temática Ibercom Comunicação Audiovisual do XIV Congresso Internacional IBERCOM, na Universidade de São Paulo, São Paulo, de 29 de março a 02 de abril de 2015. 2 Doutoranda em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, ECA, USP, bolsista CNPq. Pesquisadora do Centro de Estudos de Telenovela, CETVN/USP e do Observatório Ibero-Americano da Ficção Televisiva - OBITEL. Mestre em Ciências da Comunicação e Especialista em Gestão da Comunicação - Políticas, Educação e Cultura também pela ECA, USP. Redatora, roteirista e arte-educadora. E-mail: [email protected].

econômicas, ideologias profissionais, rotinas produtivas; (2) a competência comunicativa – capacidade de interpelar/construir públicos, audiências, consumidores; e (3) a competitividade tecnológica - tecnicidades e capacidade de inovar nos formatos industriais (BARBERO, 2006: 18). Nesse sentido, o artigo busca colocar-se como material de pesquisa, porém sem avançar sobre questões como representações, discursos, consumo. Coloca-se como uma entre muitas fontes para pensar nosso tempo, pois “vivemos o hoje, vivemos este tempo de agora, tecido de ‘destiempos’.” (MARTÍN-BARBERO, 1998). O Observatório Ibero-americano da Ficção Televisiva – OBITEL desenvolve um projeto intercontinental que realiza a observação das políticas de produção e criação midiática, cultural, artística e comercial da ficção televisiva dos países participantes3 e, como resultado dessa análise, publica o Anuário OBITEL4 que se tornou referência para estudantes e pesquisadores da área:

Os anuários Obitel dividem-se em duas partes. A primeira realiza uma síntese comparativa de todos os capítulos, ou seja, pretende aglutinar os resultados trazidos pelos países participantes; a segunda parte contempla os capítulos específicos com dados e análises referentes a cada país. (LEMOS, 2014, p.140)

O presente artigo baseia-se, justamente, nessa segunda parte que se refere ao contexto audiovisual de cada país, e que apresenta informações sobre o setor e sua produção a cada ano. O Centro de Estudos de Telenovela da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (CETVN - ECA - USP) é o responsável pelo capítulo do Brasil no Anuário. Cumpre lembrar que o Anuário OBITEL monitora amplamente os dados do ano referentes a programas ficcionais dos canais de televisão aberta de alcance nacional, entretanto, no trecho sobre o Contexto, traz informações e dados expressivos também sobre a TV Paga.

Para este artigo, realizamos uma abordagem da sequência histórica da TV Paga no Brasil a partir dos sete Anuários OBITEL mais recentes. Fazemos, portanto, uma leitura que perpassa tal sequência histórica que começou a ser apresentada no Anuário OBITEL 2008 e permanece até a data atual. Em outras palavras, tomamos os tópicos referentes à TV Paga 3

Os países participantes atualmente são: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Estados Unidos, México, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela. 4 Disponíveis para download em: www.obitel.net

e Políticas de Comunicação5 examinados nos Anuários de maneira profunda e verticalizada e os inserimos numa análise horizontalizada, cronológica e histórica. Cremos que, assim, operacionalizamos os dados captados pelo monitoramento anual e os inserimos num panorama temporal retrospectivo, com possibilidade de gerar reflexões sobre perspectivas do setor. Acrescentamos a esse material nossas pesquisas referentes aos gêneros das ficções, além de catalogar as empresas produtoras e coprodutoras. A reclassificação de assuntos e/ou dados abordados fizeram parte da metodologia empregada, assim como a criação de gráficos comparativos. Em paralelo, realizamos pesquisa bibliográfica para nortear teoricamente a investigação. Partimos da análise dos dados dos Anuários OBITEL (LOPES & VILCHES, 2008; LOPES & OROZCO, 2009 a 2014) e os confrontamos com artigos que refletem sobre temas como Lei da TV Paga; histórico da TV Paga no Brasil; produção independente e cotas de conteúdo. Como resultado, apresentamos um histórico da ficção televisiva brasileira na TV Paga do Brasil, nos últimos sete anos, tanto em termos de incremento e legislação, quanto de produção e gêneros.

O início dos anos 1990 marca o princípio da história da TV Paga em nosso país, com oferta de canais com programação segmentada e atrativa para o consumidor, mas Devido a seu alto preço e alcance reduzido, pois apenas poucas localidades tinham possibilidade de receber o serviço, a TV paga no Brasil permaneceu como um privilégio das classes sociais mais abastadas até meados da primeira década dos anos 2000. Segundo indicadores do setor de televisão por assinatura, no Brasil, em 1994 havia apenas 400 mil assinantes; dez anos depois, em 2004, 3,8 milhões. (LEMOS, 2012, p. 3)

Nos anos seguintes, a velocidade de crescimento ano a ano aumentou e, em 2013, a TV Paga no Brasil já abrangia 18 milhões de domicílios6, ou 59 milhões de brasileiros. Tal crescimento, aliado ao desenrolar da aprovação da Lei 12.485, justifica a observação do setor e consequente desenvolvimento e experimentações relacionadas à ficção televisiva brasileira na TV Paga. Portanto apresentamos, a seguir, o panorama e dados anuais da TV Paga no Brasil, um breve histórico da aprovação da lei e um apanhado da Ficção Televisiva Brasileira, por título, canal, gênero e produtora, no período de 2007 a 2013 segundo os Anuários OBITEL 2008 a 2014.

5

No tópico referente às Políticas de Comunicação dos Anuários OBITEL 2008 a 2013 tivemos acesso às questões referentes à Lei 12.485, desde o projeto até implantação. 6 Dados do Anuário OBITEL 2014.

Panorama e Dados Anuais De acordo com o registro histórico dos Anuários OBITEL, a TV Paga no Brasil, no ano de 2007, contabilizava 12 anos de existência alcançando o número de 5,2 milhões de assinantes no país, com uma taxa de crescimento de 15% no ano (a maior no período de 2000 a 2007). Esse crescimento seria consequência da entrada de empresas de telefonia no capital das operadoras, aumento de renda da população e oferta de pacotes que incluíam TV por assinatura, internet banda larga e telefonia fixa, o então chamado triple play: “Da mesma forma que as TVs por assinatura passaram a atuar na área das teles, estas passaram a disponibilizar serviço de TV paga [...]” (LOPES & VILCHES, 2008: 87). Tínhamos, então, a NET como maior operadora de TV paga, com 45% do mercado de cabo. E a maior operadora de TV paga via satélite era a Sky dominando 95% desse mercado. Em termos gerais, no Brasil, a cada grupo de 200 habitantes, cinco possuíam TV paga. Mas o sinal desse serviço cobria apenas 475 municípios do país.

Havia 6,3 milhões de assinantes de TV paga no ano de 2008, representando um crescimento de 20% em relação ao ano anterior. Naquele ano, a TV por assinatura registrou alta de dois pontos percentuais de audiência sendo que “a divisão ficou em 74% para a TV aberta e 26% para a TV por assinatura” 7. Viu-se, no ano, um esforço das operadoras de TV por assinatura para conquistar assinantes das classes mais baixas, principalmente por meio dos pacotes triple play a preços reduzidos.

No ano de 2009 havia 7,4 milhões de assinantes de TV paga, representando um acréscimo de 18,24% em relação a 2008. A estimativa era de que tínhamos 25 milhões de brasileiros com acesso à programação da TV paga e esse crescimento, mais uma vez, devia-se à ampliação de oferta de combos e serviços de assinatura por satélite.

Em 2010 já possuíamos quase 10 milhões de assinantes de TV Paga no Brasil e estimativa de mais de 32 milhões de brasileiros com acesso à sua programação. Esse número era creditado ao contínuo crescimento da Classe C e à Copa do Mundo de 2010. O maior 7

Pesquisa Hábitos & Consumo de 2008 divulgada pela Globosat. Dados disponíveis em: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/tv-paga-esta-em-54-milhoes-de-casas-revelapesquisa/n1237647557279 .html. Acesso em janeiro de 2015.

crescimento percentual naquele ano foi nas regiões Norte e Nordeste sendo que o maior número absoluto de aquisições foi na região Sudeste.

Em 2011, o número de assinantes da TV Paga chegava a 12,7 milhões, o que corresponde a 42 milhões de brasileiros com acesso à programação. O Brasil tornou-se o maior mercado de TV por assinatura da América Latina em números absolutos devido, especialmente, à ascensão de 40 milhões de pessoas à classe C, com o consequente aumento de seu poder de compra. O quadro comparativo abaixo (Tab. 1) retrata o crescimento desta classe social entre os assinantes o que, em apenas três anos, alterou completamente a conjuntura do setor. Viu-se, por exemplo, no período, uma importante mudança cultural: a dublagem de grande número de programas estrangeiros, principalmente filmes e séries, que anteriormente eram legendados.

Tabela 1. Assinantes por Classe Social ANO 2008 2011 Dados OBITEL

AB 75% 50%

C 22% 43%

DE 3% 7%

O crescimento da adesão da Classe C à TV Paga era atribuído à possibilidade de assistir TV aberta com melhor qualidade de imagem e à grande oferta de conteúdo infantil e de programas esportivos. No ano, as operadoras de TV paga seguiram lançando opções de pacotes (TV por assinatura, telefonia fixa, banda larga) com preços acessíveis.

O acesso dos consumidores da Classe C interessados em TV paga e internet e a aprovação da Lei do Cabo fizeram com que o ano de 2012 fosse especialmente fértil, alcançando a marca de 16,2 milhões de assinantes, ou 53 milhões de brasileiros. Houve, portanto, um crescimento de 28,3% em relação ao ano anterior. Apesar disso, os dados do IBOPE mostravam que a penetração da TV paga brasileira ainda era pequena, ou seja, englobava apenas 30% do total de residências do país. Ainda que o serviço tenha atualmente baixa penetração no Brasil, a experiência no estrangeiro indica que a TV por assinatura ganhará mercado no país, podendo em breve se equiparar à TV aberta nos níveis de penetração nos domicílios brasileiros e, por consequência, também na importância para a difusão da cultura e informação (BARCELOS, 2013).

Em termos gerais, a TV paga do Brasil, em contínuo desenvolvimento nos últimos anos, apresentou certa desaceleração em 2013 – de quase 30% para 10% ao ano – fato que não a impediu de alcançar os 18 milhões de assinantes. A dimensão da base de assinantes seguiu impulsionada pela classe C, que se impôs pelo aumento do número de canais dublados ou falados em português e, ainda, pela assistência de canais abertos via TV paga para obter melhor qualidade de imagem.

ANUÁRIO

ANO

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

MILHÕES DE BRASILEIROS 8 17 20 24 33 42 53 59

Figura 1. Crescimento do Número de assinantes da TV Paga no Brasil (2007-2013)

Os dados registrados pelo Anuário OBITEL no período de sete anos, de 2007 a 2013, exibem um salto de 247% no número de assinantes e de brasileiros com acesso à TV Paga no Brasil conforme podemos observar no gráfico e tabela acima (Fig.1).

Breve histórico da Lei da TV Paga No ano de 2007 tramitou no Congresso Nacional um Projeto de Lei (PL-29) propondo reformas na TV Paga brasileira no sentido de desagregar os componentes da cadeia produtiva (produção, programação, empacotamento e distribuição). Nesse projeto, o maior destaque era o estímulo à promoção de conteúdo nacional na TV Paga por meio do

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Segundo critérios populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que estima a existência média de 3,3 pessoas para cada domicílio. Utilizamos esta estimativa no decorrer do presente artigo.

conceito de “espaço qualificado”

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em que todo canal que exibisse filmes ou ficção

televisiva deveria destinar 10% do tempo total para a transmissão de conteúdo nacional.

Em 2008 prosseguiu o debate sobre o PL-29, já com expectativas de sua votação em 2009. O projeto tornou-se mais amplo, objetivando liberar as operadoras de telefonia para também atuar no mercado de TV por assinatura. Além desse ponto, prosseguiu o debate para que a TV Paga reservasse 10% do tempo total veiculado em horário nobre para produções nacionais e independentes de séries, filmes e documentários.

Em dezembro de 2009, o Projeto de Lei 29 foi aprovado pela Comissão de Ciência e Tecnologia e encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara para ser apreciado e votado em 2010. Nessa altura, já definia que as regras deveriam ser as mesmas para todas as tecnologias, sem restrições ao capital estrangeiro ou a concessionárias de telefonia fixa local; mantendo, também, as cotas de programação nacional. Em junho de 2010, o projeto de lei da TV paga foi aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados e encaminhado ao Senado como Projeto de Lei da Câmara (PLC-116). Permaneceram os pontos mais polêmicos do projeto, ou seja, a entrada no mercado das operadoras de telecomunicações e as cotas de conteúdo nacional. No dia 12 de setembro 2011, a presidente Dilma Rousseff sancionou a nova Lei de TV por Assinatura (ou Lei do Serviço de Acesso Condicionado - SeAC) que criava novas regras para o serviço de TV Paga, alterando radicalmente o mercado. A nova lei previa mais canais com conteúdo brasileiro além de cotas de produção nacional em canais estrangeiros. Os objetivos eram “aumentar a produção e circulação de conteúdo audiovisual brasileiro, diversificado e de qualidade, gerando emprego, renda, royalties, mais profissionalismo e o fortalecimento da cultura nacional” (BARROS & RICHTER, 2013, p. 317). A regulação e fiscalização das atividades de programação e de empacotamento do SeAC ficaram a cargo da ANCINE (Agência Nacional do Cinema). 9

Espaço qualificado é “O espaço total do canal de programação, excluindo-se conteúdos religiosos ou políticos, manifestações e eventos esportivos, concursos, publicidade, televendas, infomerciais, jogos eletrônicos, propaganda política obrigatória, conteúdo audiovisual veiculado em horário eleitoral gratuito, conteúdos jornalísticos e programas de auditórios ancorados por apresentador”. (BRASIL, 2011)

O ano de 2012 foi marcado por discussões referentes ao SeAC, pois as novas regras trouxeram alterações substanciais para o mercado audiovisual. A implantação das cotas de conteúdo deveria ser progressiva10, mas já começava a trazer mudanças importantes no cenário audiovisual como a ampliação do número de produtoras independentes; a migração de profissionais de publicidade e cinema para a TV e o aumento dos recursos disponíveis para a produção televisiva.

Em 2013 já se observava certa consolidação das produções brasileiras na TV Paga, sendo que a lei reforçou também a diversificação e o aumento do número de produtoras atuantes no setor. Finalmente, com a vigência da lei, mesmo canais internacionais, que anteriormente apresentavam apenas conteúdo estrangeiro, passaram a exibir produções nacionais em horário nobre.

Ficção Televisiva Brasileira na TV Paga Durante o período observado pelo presente artigo, o tópico sobre TV Paga dos anuários OBITEL passou por alterações, naturais durante seu desenvolvimento e implantação. Assim, redefinimos aqui o que se considera ficção televisiva como a entendemos hoje, e não como considerado então. Por essa razão alguns títulos – poucos – foram reclassificados eliminados ou acrescentados, como as séries compostas de quadros, ou esquetes, que não se consideram mais como ficção televisiva stricto sensu tais como 220 Volts, Olivias na TV e Sensacionalista, por exemplo. Outro ponto que destacamos na presente pesquisa é a citação dos nomes das produtoras, o que permite verificar sua crescente participação no cenário. Finalmente, relacionamos as temporadas de estreia no ano, o que pode gerar dúvidas quanto à presença da mesma temporada em dois anos diferentes. Isso ocorre devido a alguns episódios estrearem no final de determinado ano e os demais episódios no ano seguinte.

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De acordo com a nova lei, os canais de TV paga deveriam passar a exibir, semanalmente, 3h e 30min de conteúdo nacional no horário nobre (sendo que metade deveria ser proveniente de produtoras brasileiras independentes). No primeiro ano a partir de sua publicação os canais deveriam exibir 1 hora e 10 minutos por semana de programação nacional, metade dela independente, no horário nobre; no segundo ano, 2 horas e 20 minutos; a partir do terceiro ano, 3 horas e 30 minutos.

No ano de 2007, a produção de ficção televisiva brasileira para a TV Paga ainda era tímida, assim como no período imediatamente anterior ao início da publicação dos Anuários OBITEL que registra que a primeira série brasileira, do canal Multishow, Cilada, foi lançada em 2005 e perdurou por seis temporadas, até 2009. Além do Multishow, HBO também apresentou ficção televisiva brasileira então, Mandrake e Filhos do Carnaval.

Tabela 2. FICÇÃO INÉDITA BRASILEIRA NA TV PAGA (2005) CANAL Multishow HBO Dados OBITEL

TÍTULO 1. Cilada 2. Mandrake

GÊNERO Comédia Drama

PRODUTOR Casé Filmes HBO/Conspiração

Tabela 3. FICÇÃO INÉDITA BRASILEIRA NA TV PAGA (2006) CANAL Multishow HBO Dados OBITEL

TÍTULO 1. Cilada - 2ª temp. 2. Cilada - 3ª temp. 3. Filhos do Carnaval

GÊNERO Comédia Comédia Drama

PRODUTOR Casé Filmes Casé Filmes HBO / O2

Tabela 4. FICÇÃO INÉDITA BRASILEIRA NA TV PAGA (2007) CANAL Multishow HBO Dados OBITEL

TÍTULO 1. Cilada- 4ª temp. 2. Mandrake – 2ª temp.

GÊNERO Comédia Drama

PRODUTOR Casé Filmes HBO

Em 2008 mais dois canais exibiram séries nacionais, Fox e GNT. No ano, houve pela primeira vez o lançamento de quatro produções de ficção nacional diferentes em um único ano. Tabela 5. FICÇÃO INÉDITA BRASILEIRA NA TV PAGA (2008) CANAL TÍTULO Multishow 1. Cilada – 5ª temp. 2. Alice HBO 3. 9mm São Paulo Fox 4. Dilemas de Irene GNT Dados OBITEL

GÊNERO Comédia Drama Drama Policial Comédia Romântica

PRODUTOR Casé Filmes HBO / Gullane Filmes Fox / Moonshot Pictures GNT / Youle Produções

No ano de 2009 houve cinco títulos de ficção inédita nacional, mantendo a tendência de incluir a produção de ficção brasileira na TV Paga. O canal que mais exibiu ficção nacional foi o Multishow.

Tabela 6. FICÇÃO INÉDITA BRASILEIRA NA TV PAGA (2009) CANAL

TÍTULO 1. Cilada - 6ª temp. 2. Quase anônimos Multishow 3. Beijo, me liga! 4. Filhos do carnaval -2ª temp. HBO 5. 9mm São Paulo - 2ª temp. Fox Dados OBITEL

GÊNERO Comédia Comédia Comédia Romântica Drama Drama Policial

PRODUTOR Casé Filmes Multishow / Mixer Endemol-Globo HBO / O2 Fox / Moonshot Pictures

Em 2010 houve um crescimento significativo nos títulos inéditos de séries, com 16 títulos contra os cinco de 2009. O canal Multishow, principal responsável pelo aumento, exibiu dez títulos. Tabela 7. FICÇÃO INÉDITA BRASILEIRA NA TV PAGA (2010) CANAL

HBO

TÍTULO 1. Quase anônimos - 1ª temp. cont. 2. Open Bar 3. Morando Sozinho 4. Na fama e na lama 5. Adorável psicose 6. Os gozadores 7. Amoral da história 8. Bicicleta e melancia 9. Vendemos cadeiras 10. Desprogramado 11. Alice (2ª temp)

GÊNERO Comédia Comédia Comédia Comédia Comédia Comédia Comédia Comédia Comédia Comédia Drama

MTV

12. Tô frito

Comédia Romântica

Multishow

Canal Brasil

13. Elvirão ou como vovó já dizia 14. Bipolar 15. Quando a noite cai 16. O vampiro carioca - 1ª temp. Dados OBITEL

Comédia Drama Policial Comédia ComédiaTerrorErótico

PRODUTOR Multishow / Mixer Dois Moleques Produções Conspiração Filmes Dínamo Entretenimento Goritzia Filmes Dois Moleques Produções Conspiração Multishow / KN Multishow / Zeugma Multishow / Gullane&Grifa HBO LA / Gullane Filmes Film Planet / Satelite Audio / Aretha Marcos Canal Brasil / Tribal filmes Felistoque Filmes Canal Brasil Canal Brasil / LC Barreto

Em 2011 o Anuário OBITEL registra que os três últimos anos apresentaram aumento expressivo de programas de ficção brasileira, produzidos e veiculados exclusivamente na TV Paga. Os canais brasileiros que então apresentavam ficção televisiva eram Multishow, GNT e Canal Brasil, os três pertencentes à Globosat, da Rede Globo. Em sua maioria, essas produções tinham o formato de série, com grande predomínio do gênero comédia, dirigida para o público jovem/adulto. Nos canais estrangeiros, a ficção brasileira aparece em coproduções com Fox e HBO. Vale destacar que o canal Multishow se adiantou à lei de TV paga e, no ano, já apresentava produções nacionais em praticamente 90% da grade.

Tabela 8. FICÇÃO INÉDITA BRASILEIRA NA TV PAGA (2011) CANAL

TÍTULO 1. Adorável psicose - 2ª temp. 2. Barata Flamejante 3. Bicicleta e melancia - 2ª temp. 4. Cara metade 5. De cabelo em pé 6. Desenrola aí - 2ª temp. 7. Desprogramado - 1ª temp. (cont.) 8. Ed Mort Multishow 9. Mais X favela 10. Morando sozinho 11. Morando sozinho - 2ª temp. 12. Na fama e na lama - 1ª temp. (cont.) 13. Na fama e na lama - 2ª temp. 14. Oscar Freire 279 15. Os figuras 16. Os gozadores - 1ª temp. (cont) 17. Mulher de fases HBO 18. 9mm: São Paulo - 2ª temp. Fox 19. Duas histéricas GNT 20. Duas histéricas - 2ª temp. Canal Brasil 21. O vampiro carioca - 1ª temp. (cont) Dados OBITEL

GÊNERO Comédia Comédia Comédia Comédia Comédia Comédia Comédia Comédia Comédia Comédia Comédia Comédia Comédia Drama Comédia Comédia Comédia Drama Policial Ficção / Reality Ficção / Reality Comédia/Terror/Erótico

PRODUTOR Goritzia Filmes Multishow Multishow / KN Multishow / Atitude Total Filmes Multishow Multishow/Gullane&Grifa Urca Filmes Multishow Dínamo Dínamo Dínamo Dínamo Prodigo Films Total Entertainment Dois Moleques Produções HBO/Casa Cine P.Alegre Fox/ Moonshot Pictures Chocolate Filmes Chocolate Filmes Canal Brasil/LC Barreto

Em 2012, mais uma vez, houve predomínio do gênero comédia nas ficções para o público jovem/adulto, com experimentações de formato em algumas produções. No ano, o Anuário OBITEL passou a contar com os dados do IBOPE de Alcance11 da TV Paga e as lideranças foram, pela ordem, A Vida de Rafinha Bastos; Oscar Freire,279; Adorável Psicose; Meu Passado me Condena e Ed Mort. Tabela 9. FICÇÃO INÉDITA BRASILEIRA NA TV PAGA (2012) CANAL

Multishow

11

TÍTULO 1. Adorável psicose - 3ª temp. 2. Do amor 3. Meu passado me condena 4. Malícia - 2ª temp. 5. Morando sozinho - 3ª temp. 6. Open bar 7. Os buchas 8. Quero ser solteira 9. Oscar Freire, 279 10. Ed Mort - 1ª temp. (cont.)

GÊNERO Comédia Comédia Romântica Comédia Romântica Comédia Erótica Comédia Comédia Comédia Comédia Drama Comédia

PRODUTOR Goritzia Filmes Fina Flor Filmes Multishow / Atitude Multishow / Conspiração Dínamo Dois Moleques Produções Pérola Negra Multishow / Raccord Pródigo Filmes Urca Filmes

Fonte: IBOPE Media - Media Workstation – Paytv. Dados do Universo domiciliar 2012: 5.226.185. O índice de alcance é, grosso modo, o percentual de indivíduos e/ou residências diferentes que assistiu, por determinado período de tempo, às diversas exibições de certo programa. Dessa maneira, a cada nova apresentação, é alcançado dado grupo de pessoas, tanto aquelas que já tiveram a oportunidade de assistir aos programas/episódios anteriormente quanto aquelas que os assistem pela primeira vez.

11. Destino: São Paulo 12. Mandrake - 3ª temp. HBO 13. FDP 14. Preamar 15. A vida de Rafinha Bastos Fox 16. Sessão de terapia GNT 17. Família imperial Futura 18. Elmiro Miranda Show TBS Dados OBITEL

Drama Drama Drama Comédia Dramática Comédia Drama Aventura Comédia

O2 HBO Pródigo Filmes Pindorama Filmes Canal FX / Zeppelin Moonshot Pictures Primo Filmes/Globo Filmes ParanoidBR

As produções nacionais de ficção televisiva se firmaram cada vez mais e, em 2013, estiveram presentes em oito canais pagos nacionais e internacionais, dois a mais do que no ano anterior. Os canais que mais investiram em produção nacional foram GNT e Multishow com sete produções cada. É possível verificar, além do crescimento do número de produções, o aumento do volume de produtoras atuantes no setor. Os canais que tiveram maior alcance de audiência da ficção televisiva nacional foram Multishow, Fox e GNT. Tabela 10. FICÇÃO INÉDITA BRASILEIRA NA TV PAGA (2013) CANAL

TBS Sony FX

TÍTULO 1. Adorável psicose - 4ª temp. 2. Adorável psicose - 5ª temp. 3. Vai que cola 4. De volta pra pista 5. Do amor - 2ª temp. 6. Meu passado me Condena - 2ª temp. 7. Uma rua sem vergonha 8. Destino: Rio de Janeiro 9. O Negócio 10. Contos do Edgar 11. Se eu fosse você 12. 3 Teresas 13. As Canalhas 14. Beleza S/A 15. Copa Hotel 16. Copa Hotel - 2ª temp. 17. Sessão de Terapia - 2ª temp. 18. Surtadas na Ioga 19. Elmiro Miranda Show - 2ª temp. 20. Agora Sim 21. A Vida de Rafinha Bastos - 2ªtemp.

GÊNERO Comédia Comédia Comédia Comédia Comédia Romântica Comédia Romântica Comédia Erótica Drama Drama Terror Comédia Drama Comédia Comédia Comédia Dramática Comédia Dramática Drama Comédia Comédia Comédia Comédia

TNT

22. Latitudes

Drama

Multishow

HBO Fox

GNT

PRODUTOR Goritzia Filmes Goritzia Filmes Multishow / Zola Multishow / Migdal Filmes Fina Flor Filmes Multishow / Atitude Multishow / Conspiração O2 HBO / Mixer O2 Fox Bossa Nova Films Migdal Filmes O2 Pródigo Filmes Pródigo Filmes Moonshot Pictures Conspiração ParanoidBR Sony Entertainment / Mixer Zepelin Losbragas e House Entertainment

Dados OBITEL

A título de compilação de dados, destacamos a seguir três nuvens de palavras que oferecem imagens comparativas indicando os canais pagos que mais exibiram ficção televisiva brasileira (Fig. 3); as empresas produtoras e coprodutoras que mais realizaram

ficção televisiva brasileira (Fig. 4); e os gêneros mais presentes na ficção televisiva brasileira na TV Paga (Fig. 5) no período de 2007 a 2013.

Figura 2. Canais pagos que mais exibiram ficção televisiva brasileira (2007-2013)

Figura 3. Produtores e coprodutores que mais realizaram ficção televisiva brasileira (2007-2013)

Figura 4. Gêneros mais presentes na ficção televisiva brasileira na TV Paga (2007-2013)

O panorama da ficção televisiva brasileira na TV paga do País nos últimos anos apresentou forte crescimento (Fig. 2) e inúmeras modificações. O que antes se limitava a esparsas produções de ficção nacional em um ou outro canal, atualmente se multiplica e se espalha por emissoras nacionais e estrangeiras de maneira ampla. Esse espalhamento oferece um cenário distinto daquele presente na TV aberta, pois apresenta outras características como, por exemplo, episódios exibidos diversas vezes em diferentes horários na grade do canal, episódios diferentes da mesma ficção exibidos no mesmo dia e, ainda, produções exibidas em mais de um canal em determinado período.

Figura 5. Número de títulos inéditos de ficção televisiva brasileira na TV Paga (2007-2013)

A implantação definitiva da lei da TV Paga, o aumento do valor dos incentivos fiscais, além dos investimentos financeiros na produção brasileira de audiovisual foram fatores desencadeantes desses processos de crescimento que, ainda, trouxeram reflexos no sentido de estimular a produção e, consequentemente, a receita das produtoras independentes, pois até canais internacionais, que anteriormente apresentavam apenas conteúdo estrangeiro, passaram a exibir produções nacionais em horário nobre. Também é relevante ressaltar que o espaço da TV Paga revela-se importante em termos de atuação e experimentação transmídia, que trataremos em próximo trabalho. Nos anos recentes, a TV Paga brasileira tem estabelecido novos elencos e novos padrões visuais – diferentes dos conhecidos pelo público das TVs abertas, tornando-se opção e possibilidade de negócios e de empreendimentos criativos.

REFERÊNCIAS BARCELOS, M. R. (2013) O estímulo ao conteúdo na Lei do SeAC. Observatório da Imprensa. Edição nº 768, de 15/10/2013. Disponível em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed768_o_estimulo_ao_conteudo_na_ lei_do_seac> Acesso em janeiro de 2015. BARROS, B. M. C. de; RICHTER, D. (2013) Empresas transnacionais de mídia x Lei 12.485/11: o pluralismo e diversidade na promoção do direito à cultura. REDESG / Revista Direitos Emergentes na Sociedade Global. Universidade Federal de Santa Maria. V. 2, n. 2, jul.dez. Disponível em: www.ufsm.br/redesg. Acesso em janeiro de 2015. BRASIL. (2011) Presidência da República. Lei 12.485/2011. Dispõe sobre o serviço de acesso condicionado. Disponível em: www.planalto.gov.br Acesso em: janeiro de 2015. LEMOS, L.M.P. (2012) Admirável mundo novo da ficção televisiva na TV paga: Adorável Psicose. Anais. Comunicon. ESPM. São Paulo, 15 e 16 outubro de 2012. Disponível em: http://www.espm.br/download/Anais_Comunicon_2012/comunicon/gts/gtcinco/ Ligia_lemos.pdf Acesso em fevereiro de 2015. LEMOS, L.M.P. (2014) Memória e ficção televisiva ibero-americana. Comunicação & Educação. Ano XIX, número 1, jan/jun 2014. São Paulo, Paulinas. LOPES, M. I. V. de. (2008) BRASIL: Panoramas ficcionais diante do novo, em busca do novo. In: LOPES, M. I. V. de; VILCHES, L. (Org.). ANUÁRIO OBITEL 2008 – Mercados globais, histórias nacionais. São Paulo: Globo LOPES, M. I. V. de. (2009) BRASIL: No limiar de novos rumos. In: LOPES, M. I. V. de; OROZCO GÓMEZ, G. (Org.). ANUÁRIO OBITEL 2009 – A ficção televisiva em países iberoamericanos: narrativas, formatos e publicidade. São Paulo: Globo. LOPES, M. I. V. de; et al. (2010) BRASIL: Novos modelos de fazer e de ver ficção televisiva. In: LOPES, M. I. V. de; OROZCO GÓMEZ, G. (Org.). ANUÁRIO OBITEL 2010 – Convergências e transmidiação da ficção televisiva. São Paulo: Globo. LOPES, M. I. V. de; et al. (2011) BRASIL: Caminhos da ficção entre velhos e novos meios. In: LOPES, M. I. V. de; OROZCO GÓMEZ, G. (Org.). ANUÁRIO OBITEL 2011 - Qualidade na ficção televisiva e participação transmidiática das audiências. Rio de Janeiro: Editora Globo. LOPES, M. I. V. de; et al. (2012) BRASIL: A "nova classe média" e as redes sociais potencializam a ficção televisiva. In: LOPES, M. I. V. de; OROZCO GÓMEZ, G. (Org.). ANUÁRIO OBITEL 2012 - Transnacionalização da ficção televisiva nos países ibero-americanos. Porto Alegre: Sulina. LOPES, M. I. V. de; et al. (2013) BRASIL: A telenovela como fenômeno midiático. In: LOPES, M. I. V. de; OROZCO GÓMEZ, G. (Org.). ANUÁRIO OBITEL 2013 - Memória social e ficção televisiva em países ibero-americanos. Porto Alegre: Sulina. LOPES, M. I. V. de; et al. (2014) BRASIL: Trânsito de formas e conteúdos na ficção televisiva. In: LOPES, M. I. V. de; OROZCO GÓMEZ, G. (Org.). ANUÁRIO OBITEL 2014 - Estratégias de produção transmídia na ficção televisiva. Porto Alegre: Sulina. MARTÍN-BARBERO, J. (1998) Modernidades y destiempos latinoamericanos. Nómadas, nº 8, Universidad Central, Bogotá. MARTÍN-BARBERO, J. (2006) Dos meios às mediações. Comunicação, Cultura e Hegemonia. Rio de Janeiro: ed.UFRJ. WORDLE. Ferramenta de geração de nuvens de palavras. Disponível em: http://www.wordle.net/. Acesso em fevereiro de 2015.

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