Um escândalo e a sua influência na imagem de uma figura pública: O caso de O. J. Simpso

July 23, 2017 | Autor: Sara Sampaio | Categoria: Media, Revistas, Escándalos, O. J. Simpson, Escândalo Mediático
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Faculdade de Letras da Universidade do Porto Mestrado em Ciências da Comunicação Media e Sociedade 1.º ano - 1.º Semestre

Um escândalo e a sua influência na imagem de uma figura pública: O caso de O. J. Simpson

Docente: Professor Doutor António José Machuco Pacheco Rosa Discente: Sara Maria Catarino Vilela Sampaio [email protected] Ano letivo: 2013/2014

Índice

Resumo ......................................................................................................................... 3

Abstract ........................................................................................................................ 3

Introdução..................................................................................................................... 3

O. J. Simpson: Breve Biografia ..................................................................................... 5

Antes do Homicídio ...................................................................................................... 6

Reação Mediática ao Homicídio .................................................................................... 9

Imagem Atual ............................................................................................................. 14

Conclusões.................................................................................................................. 17

Bibliografia ................................................................................................................. 19

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Resumo Atualmente o escândalo mediático é um dos acontecimentos que mais é explorado por parte da comunicação social. Mas em escândalos que envolvem figuras públicas, que resultados pode este tipo de acontecimentos ter na imagem da pessoa em causa? Com este trabalho pretendemos analisar a imagem do famoso ex-jogador de futebol americano O. J. Simpson após o seu envolvimento no escândalo de duplo homicídio que vitimou a sua ex-mulher e um amigo da mesma. Serão analisadas capas de revistas com a figura de O. J. Simpson em destaque; revistas estas que foram lançadas antes, durante e após o escândalo em causa. Iremos examinar a imagem do exatleta na comunicação social norte-americana antes e depois do seu controverso julgamento. Palavaras-Chave: O. J. Simpson, escândalo, media, homicídio, figura pública, revistas.

Abstract Nowadays a media scandal is one of the events which is very exploited by the media. But in scandals involving public figures, what results can these types of events have in the image of the person involved? With this paper we intend to analyze the image of the former football player O. J. Simpson after being involved in the double homicide scandal which victimized his ex-wife and a friend of hers. Magazine covers with O. J. Simpson’s image in the spotlights will be analyzed; these magazines were launched before, during and after the scandal. We will examine the former athlete’s image in the North American media before and after his controversial trial. Key Words: O. J. Simpson, scandal, media, homicide, public figure, magazines.

Introdução O escândalo é algo que atualmente se encontra bastante ligado a denúncias de determinado caso feitas através dos meios de comunicação social. O escândalo mediático é um dos acontecimentos que mais é explorado por parte da comunicação social. Como refere o artigo de Fernando Azevedo “(...) Em parte, os escândalos são explorados com volúpia pela mídia por conta da teoria do cão de guarda e, por outra, 3

por conta da teoria do valor-notícia, ou seja, porque simplesmente vende mais jornal e dá mais audiência (...)”. No âmbito deste tópico, o objetivo deste trabalho passa por analisar o caso do ex-jogador de futebol americano O. J. Simpson. Esta figura pública americana é um bom exemplo de um indivíduo cuja fama começou de forma positiva e depois acabou por perder a mesma devido a um incidente ocorrido na sua vida. Três aspetos, em particular, serão analisados ao longo deste trabalho: a fama de O. J. Simpson antes desse escândalo, as reações mediáticas a esse escândalo e a sua imagem atual depois do mesmo. O objetivo principal deste trabalho é o de tentar mostrar a forma como um escândalo pode afetar consideravelmente a fama de uma figura pública, nomeadamente, na forma como tal incidente é divulgado publicamente, que influência tem na opinião pública e de que modo a fama da pessoa (figura pública) em causa é descrita antes e após o seu envolvimento num escândalo. Tendo em conta o impacto deste caso particular para os EUA e o seu controverso desfecho, não há dúvidas de que este é um bom exemplo relativo à forma como um escândalo acaba por influenciar toda a vida de uma figura pública. Para começar será feita uma breve biografia de O. J. Simpson, seguida da sua imagem na comunicação social durante os anos em que a sua carreira desportiva (e não só) lhe concederam uma fama sólida. De seguida, irão ser abordadas as reações dos media Norte-Americanos ao escândalo ao qual o nome de O. J. Simpson passaria a ser associado. Por fim, será referida a imagem que, atualmente, O. J. Simpson, tem, após o desfecho do seu julgamento, e a forma como a sua imagem não deixou de ser associada ao escândalo do qual acabou por ser, sem dúvida, protagonista.

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O. J. Simpson: Breve Biografia Orenthal James Simpson (frequentemente conhecido, simplesmente, como “O. J.” ou “The Juice”) nasceu a 9 de julho de 1947 em São Francisco na Califórnia. A sua fama teve início graças ao Futebol Americano: após ter começado a praticar esse desporto no ensino secundário e ter quebrado vários recordes na Universidade de São Francisco, O. J. Simpson passou a ser bastante procurado por diversos clubes e associações relacionadas com este tipo de desporto. Em 1969, O. J. Simpson juntou-se aos Buffalo Bills onde, durante grande parte da década de 70, ganhou uma popularidade considerável entre os desportistas americanos dessa época. A última equipa para a qual jogou foi a dos San Francisco 49ers, encerrando a sua carreira como desportista em 1979. Após ter-se retirado, O. J. Simpson trabalhou como comentador desportivo, golfer e ator. Relacionado com a sua faceta de ator, ironicamente, em “The Klansman” interpretou uma personagem que foi acusada de homicídio pela polícia. Foi uma presença recorrente nos filmes de comédia “The Naked Gun” e também em vários anúncios publicitários da companhia Hertz. O seu primeiro casamento foi com Marguerite L. Whitley em 1967. Dessa união resultaram três filhos. No mesmo ano em que a sua filha mais velha morreu tragicamente afogada numa piscina (1979), O. J. Simpson divorciou-se de Marguerite. Conheceu então Nicole Brown (na altura com 17 anos de idade) ainda durante o seu casamento com Marguerite, e em 1985 os dois casaram-se resultando dois filhos dessa nova união. Contudo, essa seria mais uma união que terminaria em 1992: Nicole, muitas vezes, se queixou à sua família e amigos de que O. J. Simpson era uma marido abusivo e que frequentemente lhe batia. Este sempre negou as acusações de agressão física de que era alvo por parte de Nicole. Dois anos depois, no dia 12 de junho, Nicole e um amigo (Ronald Goldman) foram encontrados brutalmente assassinados. O incidente teve lugar no pátio da casa de Nicole enquanto os seus filhos dormiam calmamente dentro da casa. Devido a uma série 5

de provas peculiares, a polícia suspeitou de O. J. Simpson como sendo o homicida. Este chegou mesmo a ser protagonista de uma pequena perseguição de cerca de 96 quilómetros que foi transmitida em direto por várias televisões norte-americanas. Este episódio chegou mesmo a ser motivo para a interrupção da transmissão das competições finais da NBA (National Basketball Association). A perseguição terminou com a entrega às autoridades de O. J. Simpson na sua residência. O seu julgamento, frequentemente caracterizado como “o julgamento do século” teve o seu desfecho a 3 de outubro de 1994, com um veredicto que dividiu os Estados Unidos da América: foi declarado como sendo inocente. Ainda assim, em 1997, um júri civil declarou que O. J. Simpson era realmente o responsável pelo homicídio e como tal este teve que pagar uma indeminização de 33 milhões de dólares. Em 2007/2008, O. J. Simpson voltaria a ter problemas com a justiça. Chegou a ser ouvido em 12 tribunais por crimes de assalto à mão armada e rapto, juntamente com Clarence Stewart (também constituído arguido neste caso). Em dezembro desse mesmo ano, os dois foram condenados a 33 anos de cadeia, sentença deliberada com a condição de liberdade condicional. Atualmente ainda se encontra a cumprir a mesma pena no Centro Correcional de Lovelock, em Nevada.

Antes do Homicídio Quando O. J. Simpson revelou o seu talento no mundo do desporto, a sua fama rapidamente se tornou notória. Muitas revistas ora o caracterizavam como um ídolo no mundo do desporto, ora como uma pessoa de certo modo atraente não só como atleta em ação (ver Figuras 1 e 2), mas também em questões de aspeto físico (ver Figuras 3 e 4).

Figura 1: Capa da Revista Sports Ilustrated - Edição de 25 de agosto de 1969.

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Figura 2: Capa da Revista Sports Ilustrated - Edição de 20 de outubro de 1979.

No início dos anos 70 várias revistas desportivas da época davam destaque à carreira de O. J. Simpson como desportista. Destacamos aqui, meramente a título ilustrativo, dois números da revista Sports Ilustrated, que, apesar de publicados com dez anos de diferença, dão destaque a uma figura em ascensão no campo desportivo. A sua imagem na capa destas revistas, mostra o atleta com uma postura pujante e determinada.

Figura 3: Capa da Revista People - Edição de 17 de outubro de 1977.

Na capa da revista People, datada de 1977, a figura do desportista é colocada mais uma vez em destaque, realçando os seus atributos físicos numa pose confiante (ver Figura 3). No artigo dedicado à sua figura1, salienta-se a sua participação em filmes e séries televisivas. O seu impacto sobre o género feminino é evidenciado quando a

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Artigo disponível em: http://www.people.com/people/archive/article/0,20069304,00.html (Consultado em 15 de dezembro de 2013);

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mesma headline refere as Groupies2 que o perseguiam avidamente. Apesar de referir essa faceta da sua vida, no artigo também é referida a sua característica como homem de família ao mencionar o valor que era dado, na altura, ao relacionamento com a sua esposa Marguerite L. Whitley, e com os seus três filhos resultantes dessa união.

Figura 4: Capa da Revista Rolling Stone - Edição de 8 de setembro de 1977.

A mesma tática foi utilizada pela revista Rolling Stone em 1977. O. J. Simpson é descrito na capa como “Um Homem para todas as Estações”. A capa coloca a sua figura com o mesmo tipo de destaque que foi dado pela revista People, mas com o desportista a segurar uma bola usada na prática do futebol americano. Nesta altura, O. J. Simpson era olhado como sendo um ídolo americano, principalmente pelas suas vitórias no mundo do futebol americano. Tendo em conta a popularidade deste desporto nos EUA, é natural que um atleta que mostre um talento peculiar para o mesmo, ganhe notoriedade, nomeadamente para os adeptos dedicados a este tipo de desporto. Também, com a sua participação em anúncios publicitários e filmes, a popularidade de O. J. Simpson foi para além da conseguida com o futebol americano. A sua vida, na altura, era caracterizada como sendo uma vida de sonho, com alguns dos seus objetivos concretizados, mostrando-se como um dos mais famosos desportistas, distinguindo-se dos outros, movendo-se num mundo onde, aparentemente, nada lhe faltava, pois o “dinheiro” tudo resolvia, sem que a dificuldade fosse posta em causa para resolver qualquer tipo de problema. 2

Um(a) Groupie refere-se a uma pessoa (frequentemente mulher) que detém uma adoração por vezes obsessiva por determinadas celebridades, tais como músicos, atores, atletas e até mesmo figuras políticas. Às vezes um(a) Groupie visa obter estatuto, envolvendo-se emocional e/ou fisicamente com a celebridade em causa (Definição retirada do site: http://www.urbandictionary.com).

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O. J. Simpson nesta fase estava, de acordo com Rosa (2011), numa fase ascendente, ou seja, tinha-se tornado num objeto de atenção por parte de um conjunto numeroso de indivíduos, sendo visto como um ídolo e tendo na sua posse vários recursos simbólicos que lhe concederam uma “visibilidade mediática” positiva. Contudo esse estatuto na comunicação social norte-americana iria mudar radicalmente a partir do ano de 1994, quando O. J. Simpson passou a ser o rosto de um dos escândalos mais mediatizados de sempre.

Reação Mediática ao Homicídio “(…) A story has its characters, its plot, its drama. The question now becomes how do all these elements take on a ‘form’ in the media, how are they shaped in the media, or, as communication research would have it, how are they framed by the media? (…)” (Canel e Sanders: 54)

Um escândalo quando se torna público torna-se imediatamente numa história que é enfatizada pelo foco mediático que lhe é dado. E como referem as autoras há determinados elementos que constituem a história em causa que em breve tomam uma determinada forma nos media. Lull e Hinerman, citados por Canel e Sanders (2006), referem que para que ocorra um escândalo mediático, as revelações que o compõem devem ser abundantemente divulgadas através da comunicação social, sendo depois convertidas numa história que suscita interesse e discussão. É criado um drama moral, no qual alguém é culpado por algo e estigmatizado. No caso de escândalos nos quais estão celebridades envolvidas, Bird, citado mais uma vez por Canel e Sanders (2006), refere que as pessoas começam a criar especulações relativamente aos aspetos mais pessoais da vida da celebridade em questão, chegando mesmo a utilizar esses casos para refletir sobre os seus próprios códigos morais. No caso de O. J. Simpson, após este escândalo ter vindo a público, de repente começaram a existir especulações relativamente a determinados aspetos da sua vida pessoal que dantes não tinham a atenção mediática que passaram a ter a partir de 1994, como veremos mais à frente. No dia 13 de junho de 1994, a notícia do homicídio de Nicole Brown Simpson e Ronald Goldman foi recebida com um grande choque por parte dos cidadãos norte-

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americanos. Rapidamente houve provas que incriminaram O. J. Simpson, apontando-o como sendo o potencial culpado. Poucos dias depois desse acontecimento vários americanos assistiram de olhos fixos na televisão a uma perseguição em direto que a polícia fez a O. J. Simpson. Nesse dia, O. J. Simpson foi considerado como arguido dos assassinatos de Nicole e Goldman. As autoridades dirigiram-se à residência do seu amigo e advogado Robert Kardashian, esperando que o ex-atleta se entregasse pacificamente. Rapidamente descobriram que O. J. Simpson tinha fugido na companhia do seu ex-colega de equipa Al Cowlings. Este conduziu o seu automóvel, de marca Ford Bronco, por uma autoestrada de Los Angeles, enquanto os dois eram perseguidos, lentamente, pela polícia. A perseguição durou cerca de 2 horas e terminou na casa do ex-atleta com a sua rendição.

Figura 5: Perseguição transmitida pela CNN a 17 de junho de 1994.

A CNN foi uma das estações que acompanhou a perseguição em direto. Um dos fatores que deixou muitos espetadores em suspense foi a possibilidade de O. J. Simpson se poder suicidar após este acontecimento, visto que tinha nas suas mãos uma arma apontada à cabeça durante a perseguição. Na cobertura da CNN3 destaca-se uma conversa telefónica entre o Detetive Tom Lange e O. J. Simpson, na qual o primeiro tenta dissuadir o segundo de se tentar matar e se entregar calmamente às autoridades. Após a detenção de O. J. Simpson, o caso caiu como uma bomba nos media Norte-Americanos. As revistas Newsweek e Time lançaram no mesmo dia duas headlines, nas quais coincidentemente utilizaram a mesma imagem de O. J. Simpson (fotografia essa tirada já com O. J. Simpson detido) por forma a refletir a tragédia que se tinha desencadeado na vida do ex-atleta, não só com a morte da sua ex-esposa, mas também pelo facto de se ter tornado no principal suspeito deste caso e passado a ser visto, por muitos, como o potencial culpado. Por exemplo, a revista Newsweek refere 3

Vídeo disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=HcyyCi2b2AY (Consultado em 6 de novembro de 2013)

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um “Rasto de Sangue”, enquanto a revista Time salienta “Uma Tragédia Americana”, para destacarem este infeliz acontecimento (ver Figuras 6 e 7).

Figura 6: Capa da revista Newsweek em 27 junho de 1994.

Figura 7: Capa da revista Time em 27 de junho de 1994.

Ironicamente, a revista People, uma das revistas que enalteceu o atleta conforme já foi visto anteriormente, lançou capas que se referem ao ex-atleta de maneira oposta à capa analisada em 1977. Os dois números lançados pouco depois da detenção referem “A história chocante da relação volátil e violenta entre O. J. Simpson e a sua bela exmulher”, e ainda uma referência a “O O. J. (Simpson) que ninguém conhecia”(ver Figuras 8 e 9). Ou seja, como foi dito no início deste capítulo, de repente surgiram especulações relativamente à vida pessoal do ex-atleta que dantes não eram tão exploradas como passaram a ser após os homicídios.

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Figura 8: Capa da revista People a 27 de junho de 1994.

Figura 9: Capa da revista People a 4 de julho de 1994.

Thompson (1997), citado por Rosa (2011), menciona que o fascínio que as pessoas têm com os escândalos tem a ver com a “tensão que existe entre a aura projetada das figuras públicas e as realidades exibidas das suas vidas privadas”. Neste caso vimos a figura de O. J. Simpson a ser alvo de revelações e especulações sobre a sua vida privada durante o casamento com Nicole. Os seus comportamentos reprováveis enquanto marido, nomeadamente o seu comportamento violento, não só vieram a público, como também mancharam a sua fama anterior como ídolo e como pai de família. O julgamento de O. J. Simpson prolongou-se desde junho de 1994, até outubro de 1995, e foi várias vezes denominado como sendo o “julgamento do século”. Segundo 12

Chidley (1995), citado por Horveath (2006), um inquérito conduzido pela estação de televisão ABC concluiu que 77% dos americanos de raça branca acreditavam que o exatleta era culpado, enquanto 72% da população de raça negra acreditava na sua inocência. As divisões, tanto relativas a questões de opinião, como a questões raciais ficaram mais acentuadas quando o veredicto4 foi declarado a 3 de outubro de 1995. Esta decisão polémica dividiu as opiniões. A revista TIME, mais uma vez, explorou este caso, abordando essa questão delicada (ver Figura 10).

Figura 10: Capa da revista Time a 9 de outubro de 1995.

Desde que O. J. Simpson foi constituído arguido neste caso, a sua figura passou a ser associada ao escândalo relativo aos homicídios, a um homem envolvido numa tragédia e de certa forma, na altura, tornou-se no rosto de várias questões raciais que predominavam na América do Norte. Horveath (2006), refere que uma das razões pelas quais o julgamento foi bastante destacado nos media americanos na altura, foi com o objetivo de aproveitar as discrepâncias sentidas entre a população americana de raça branca e a de raça negra para um ganho de audiências nos meios de comunicação social. O rosto de O. J. Simpson nessa época, passou a ser assimilado com os homicídios, e até mesmo à figura de um marido abusivo e violento, em contraste com aquilo que era, habitualmente, associado à sua imagem nos anos anteriores ao homicídio. De figura pública com sucesso passou a ser referido como o potencial suspeito no caso de homicídio.

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Vídeo disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=sF9tJUmZGNI (Consultado em 20 de dezembro de 2013)

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Imagem Atual A revista Notícias TV publicou um artigo no qual aborda a forma como um escândalo mediático pode afetar a imagem de uma figura pública. O primeiro parágrafo convida à reflexão relativamente a esta questão:

“"E agora?" É a pergunta que se segue ao rebentar de um escândalo que envolve uma figura pública. E não é feita apenas pelas pessoas mais próximas da personalidade em causa, longe disso. Repercute-se pela imprensa, pelos agentes e pelas marcas que rodeiam uma figura pública televisiva. E também o público, que é a razão pela qual estes profissionais trabalham, vai tomando posição. (…)”(Sousa e Rendeiro 2003: 20)

No caso de O. J. Simpson, desde os anos 90 que o caso de homicídio, do qual foi o principal arguido, ficou intrinsecamente ligado à sua fama desde então. De ídolo e até mesmo de herói americano, passou a ser recordado pelo seu protagonismo no decorrer do seu julgamento desde 1994 a 1995. Alguns referem-se a O. J. Simpson como sendo o culpado dos homicídios. Recentemente, a sua caracterização na comunicação social revela um O. J. Simpson muito diferente daquele que era enaltecido durante a sua carreira desportiva. Em 2008, cerca de treze anos depois de ter estado envolvido no julgamento relativo aos assassinatos de Nicole Brown Simpson e Ronald Goldman, O. J. Simpson foi condenado5 a trinta e três anos de prisão, sentença esta relativa a uma série de assaltos à mão armada e raptos. Ainda assim, em maio de 2013, o ex-atleta requereu um novo julgamento. Esse pedido foi-lhe mais tarde recusado. O jornal New York Post seguiu este novo julgamento, salientando, e de certa forma parodiando, o aspeto físico do recluso ao referir-se ao mesmo como, “Apenas um velhote gordo no tribunal”. No título principal a palavra “lard”, que se refere a gordura e/ou banha, é utilizada como uma forma de caracterizar, de forma humorística, o aspeto físico de O. J. Simpson (ver Figura 11).

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Vídeo disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=Roof9xh9WVA (Consultado em 20 de dezembro de 2013)

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Figura 11: Capa da revista New York Post editada a 14 de maio de 2013.

O mesmo tipo de caracterização foi utilizado pelo jornal Daily News, chegando este jornal a incluir uma imagem de O. J. Simpson durante o julgamento pelos homicídios, como uma forma de comparar o antes e o depois do aspeto do ex-atleta. Aliás a imagem (que é colocada em destaque) e a headline principal do jornal servem para referir como o ex-atleta “cresceu”.

Figura 12: Capa da revista Daily News editada a 14 de maio de 2013.

Recentemente de acordo com a revista National Inquierer, O. J. Simpson pesa cerca de 136 kg, tem o seu estado de saúde em risco devido a problemas relacionados com a diabetes e tensão arterial elevada e poderá estar em risco de vida. Um dos rumores que é logo salientado na capa desta revista é a possibilidade de o ex-atleta estar a planear uma confissão no leito de morte (“Deathbed Confession”), o que demonstra que a sua imagem ainda é associada aos assassinatos de 1994 de que foi acusado.

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Figura 13: Capa da revista National Inquirer editada a 29 de julho de 2013.

A figura descrita nestas headlines, ao contrário da figura descrita nos anos 70 e 80, refere-se a uma pessoa visivelmente em decadência. O seu aspeto físico é mais uma vez salientado, mas neste caso, em contexto negativo, salientando-se o peso que o exatleta ganhou desde que foi detido até à sua aparição pública, anos depois de ter sido condenado em 2007. É certo que a fama que ganhou na sequência do seu julgamento nunca o deixou, visto que existem rumores relativos a uma possível confissão relativa aos homicídios antes da sua morte. Apesar de estes rumores não terem sido confirmados, a existência destes, revela o quanto a imagem de O. J. Simpson está fortemente ligada aos homicídios de Nicole e Ronald Goldman.

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Conclusões Desde a década de 70 até agora, é bastante evidenciada a queda de uma figura que, dantes era olhada como sendo um ídolo americano e um marco no futebol americano e que agora é conotada como mais um assassino. O. J. Simpson foi ganhando uma reputação positiva com os seus sucessos no mundo do desporto, da sétima arte e não só. Não demorou muito até ser associado a uma pessoa que tinha uma vida apetecível. Contudo quando os homicídios de Nicole e Ronald Goldman vieram a público, foi dado um grande destaque a O. J. Simpson pela sua fuga no seu automóvel Ford Bronco e a todo o seu processo de julgamento. Graças à cobertura dada pelos media Norte-Americanos nessa época, O. J. Simpson é, atualmente, mais recordado pelo seu envolvimento neeste caso, do que pelas suas anteriores conquistas no mundo do desporto, na sétima arte, no teatro, entre outras atividades. O O. J. Simpson que é descrito, atualmente, nos media, é um forte contraste em relação ao O. J. Simpson que era descrito nos media americanos nos anos 70. Anteriormente a sua aparência física era apresentada como uma de muitas virtudes, enquanto atualmente é algo que é criticado e parodiado num contexto negativo. O seu estado de saúde em deterioração é também um ponto negativo na reputação do ex-atleta. De entre os exemplos que foram analisados ao longo deste trabalho, um caso que convém particularizar é o da revista People: em 1977 a revista descrevia o ex-atleta como alguém com uma vida invejável, referindo a sua fama além do mundo do futebol (nomeadamente na televisão, no teatro e no cinema), as mulheres que o perseguiam e ainda a sua relação com a sua ex-esposa Marguerite L. Whitley e seus filhos. O artigo da revista People chega a descrevê-lo como “um fenómeno”. Contudo, nas capas de revista lançadas pouco depois da detenção do ex-atleta, é referido um O. J. Simpson diferente daquele que era descrito no artigo de 1977: por exemplo, enquanto nesse artigo era referido o valor que O. J. Simpson dava à família (nomeadamente aos seus filhos), na capa desta mesma revista a 27 de junho de 1994, é colocada em destaque a história de violência que caracterizava o casamento do ex-atleta com Nicole. Esta revista em épocas diferentes caracterizou o ex-atleta de maneiras muito dissemelhantes. Em suma, O. J. Simpson começou por ser referenciado na comunicação social como uma estrela em ascensão, contudo com o seu envolvimento no escândalo do duplo 17

homicídio, passou a ser mais reconhecido pelo seu envolvimento no caso e até mesmo como o potencial culpado do mesmo. Hoje em dia, após o seu envolvimento nesse escândalo e em outros problemas com a justiça, que levaram à decadência da sua fama inicial, O. J. Simpson é descrito na comunicação social norte-americana como sendo uma pessoa em declínio, não só pela sua condição de recluso, mas também pelo seu estado de saúde debilitado. Este caso é um forte exemplo de como nem sempre a fama, o dinheiro e o sucesso nos levam a termos uma vida feliz. São muitas vezes estes fatores, aqueles que nos levam ao insucesso, se os não soubermos gerir com alguma sabedoria sem nos prejudicarmos.

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Bibliografia Azevedo, F. (2010). “Corrupção, Mídia e Escândalos Midiáticos no Brasil”. In: Em Debate, Belo Horizonte, v.2, n.3, 14-19.

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Webgrafia

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