UM FILHO DE CISTER NO PIEMONTE DO PARAGUAÇU: RESQUÍCIOS MEDIEVAIS (1938/1970)

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MARTINS, Ana Maria Tavares Ferreira. Espaço Monástico: da Cidade de Deus à Cidade do Homem. Escuela Técnica Superior de Architectura (Universidad de Sevilla). Bolseira de Doutoramento/Fundação para a Ciência e a Tecnologia. P. 86.
2 DIAS, Geraldo J. A. Coelho. OSB/FLUP. A Regra de S. Bento, Norma de Vida Monástica: sua problemática moderna e edições em Português. "Rectissima norma vitae", RB. 73,13. Revista da Faculdade de Letras; História. Porto, III, Série, vol. 3, 2002, pp.009-048.
3 Sociedade das Ciências Antigas. Vida e Obra de São Bento. P. 13.
4 Sociedades das Ciências Antigas. Vida e Obra de São Bento. P.16.
5 Sociedades das Ciências Antigas. Vida e Obra de São Bento. P.16.
Ver Pequeno Exórdio, cap. I em Os Cistercienses: documentos primitivos/ introdução e bibliografia Irmão François de Place; tradução brasileira Irineu Guimarães. São Paulo: Musa Editora. Rio de Janeiro: Lumen Christi-Mosteiro de São Bento, 1997. P. 37.
Ibid, 1997. P.39-41.
Ibid,1997. P. 239.
9 Ibid, 1997. P. 245.
10 Ibid., 1997. P. 243.
11 FERNANDES, Tathyana Zimmermann. O Ideal de Papa Proposto por Bernardo de Claraval no Tratado Sobre A consideração (XII). Curitiba, 2007. P. 50 e 52.
12 PEDRO, Lívia. História da Companhia de Jesus no Brasil, Biografia de uma obra. Salvador, 2008. P 12.
13 CARVALHO, Cibele. As Hagiografias Franciscanas (século XII): uma reconstrução do conceito de pobreza. Curitiba, 2011.
14 MARTINS, Ana Maria Tavares Ferreira. Op. Cit., P. 87.
15 Ver, CRUZADAS. Por , Onéas Sales, Fábio Silveira e Joaldo Moraes.
16 CORDOVA, Reinaldo Batista. Urbano II; Revista NetHistória... para compreender, registrar e informar. Disponível em < http://www.nethistoria.com.br/secao/ensaios/298/urbano_ii/> , acessos em 10/05/2015.
17 IDEM, CORDOVA; 10/05/2015.
18 Ver História Eclesiástica, Livro III, 26 em Os Cistercienses: documentos primitivos. Op. Cit., P.241.
19 Ibid, 1997. P.243.
20 Ibid, 1997. P243.
21 Ibid, 1997. P. 77.
22 Idem, 1997. P. 77.
23 Ver Carta de Caridade, Introdução, em Os Cistercienses: documentos primitivos. Op. Cit., P.71.
24 FERNANDES, Tathyana Zimmermann. O Ideal de Papa Proposto por Bernardo de Claraval no Tratado Sobre a Consideração (Século XII). Curitiba, 2007. P.58.
25 TOMAN, 2000, p.9. apud FERNANDES, 2007, p. 58.
26 Ibid., 2007. P.53.
27 Ver GUIMARÃES, Irineu. Prefácio; Os Cistercienses: documentos primitivos. Op. Cit., P.7.
28 DUBY, 1990. apud FERNANDES, 2007, p. 54.
29 VANIN, Iole Macedo. Educando "machos", formando "homens": O Ginásio/Seminário São Bernardo. Salvador; 2002. Capítulo I; P.18.
30 FILHO, Ubaldo Marques Porto. 200 Anos de Associação Comercial da Bahia. Salvador, 2011. P. 22 e 62. Disponível em: , acessos em 21/08/2015.
A atividade comercial na Bahia, que crescera de forma vertiginosa logo após a abertura1, promulgada em 28 de janeiro de 1808, dos portos brasileiros às nações amigas de Portugal, estava carecendo de um lugar próprio para as transações comerciais. E foi visualizando essa necessidade, que o governador da Província da Bahia, dom Marcos de Noronha e Brito, VIII Conde dos Arcos de Valdevez, tomou a iniciativa de fundar, em 15 de julho de 1811, com o nome de Praça do Comércio da Bahia, uma entidade nos moldes das existentes nas cidades de Lisboa e do Porto.
Com essa decisão, o governador também iniciava a organização do setor mercantil que se encontrava sem regras e princípios fixos. Nessa época, além de ainda ser a maior cidade da América do Sul, Salvador possuía o porto mais movimentado do Hemisfério Sul. Durante 29 anos, a Praça do Comércio da Bahia foi gerida por uma comissão denominada Junta de Administração, presidida por um de seus membros, sendo Francisco Dias Coelho o primeiro. No total foram cinco juntas, sendo as duas primeiras por nomeação do Conde dos Arcos. Em 2 de junho de 1840 houve a troca da denominação para Associação Comercial da Bahia e, no dia 23 de novembro desse mesmo ano, foi eleita e empossada a primeira Diretoria, tendo na presidência João Gonçalves Cezimbra.
31 Ibid., 2002. P.18 e 19.
32 VANIN, Iole Macedo. Educando "machos", formando "homens": O Ginásio/Seminário São Bernardo. Salvador; 2002. Capítulo I; P.19.
33 Ver informações na nota de rodapé em VANIN, Iole Macedo. Educando "machos", formando "homens": O Ginásio/Seminário São Bernardo. Op. Cit. , P. 19.
34 Ibid., 2002. Capítulo I, nota de rodapé P. 20.
35 Ibid., 2002. P. 20
36 Ibid., 2002. Ver Nota de rodapé. P.20. Cf.: "Isabel Fernandes Tude de Souza" In.: A Tarde, 1 de dezembro de 1955.
37 Ibid., 2002. P.22.
38 Ibid., 2002. Nota de rodapé. P. 22.
39 Ibid, 2002. P. 22.
40 Ibid, 2002. P. 26.
41 Ibid, 2002. P. 26.
42 Ibid., 2002. Nota de rodapé. P. 27.
43 Cf. VANIN, Iole Macedo. Op., Cit. , P. 26.
44 Ibid., 2002. P. 26.
45 Ibid., 2002. Nota de rodapé. P. 27.
46 Ibid., 2002. P. 28.
47 Idem., 2002. P. 28.
48 Ibid., 2002. P. 28.
49 Ibid., 2002. P. 29.
50 Ibid., 2002. P. 36.
51 Ibid., 2002. Nota de rodapé. P. 36 e 1º e 2º parágrafos dessa mesma página.
52 Ibid., 2002. P. 41
53 Acervo do Mosteiro Cisterciense de Jequitibá (AMCJ). Testamento de Plínio Tude de Souza, Salvador 15 de fevereiro de 1936. (Cópia).
54 Idem.
55 Idem.
56 Idem.
57 Ibid.
58 Acervo do Mosteiro Cisterciense de Jequitibá (AMCJ). Testamento de Plínio Tude de Souza, Salvador 15 de fevereiro de 1936. (Cópia).
59 Idem.
60 Acervo do Mosteiro Cisterciense de Jequitibá (AMCJ). Testamento de Plínio Tude de Souza, Salvador 15 de fevereiro de 1936. (Cópia).
61 SAMPAIO, Anderson Mendes. O Centro Supletivo de Qualificação Profissional da Fundação Divina Pastora: Uma Instituição Escolar em sua Singularidade (1970 – 1996). Salvador, 2011. Capítulo I, p. 38.
62 Jornal Avante, 02/02/1938, apud SAMPAIO, Anderson Mendes. O Centro Supletivo de Qualificação Profissional da Fundação Divina Pastora: Uma Instituição Escolar em sua Singularidade (1970 – 1996). Salvador, 2011. Capítulo I, p. 38.
63 ANDRADE, Maria Isabel Borges Quadros de. Caderno de Família; Vitória da Conquista 1990. P. 86. E P.87.
64 Idem.
65 Idem.
66 Acervo do Mosteiro Cisterciense. (AMCJ)
67 VANIN, Iole Macedo. Educando "machos", formando "homens": O Ginásio/Seminário São Bernardo. Salvador; 2002. Capítulo I; P.46.
68 (AMCJ)
69 ANDRADE, Maria Isabel Borges Quadros de. Caderno de Família; Vitória da Conquista 1990. P.87.
70 (AMCJ)
71 Ibid., 2002. P. 47 e P. 48.
72 A origem dessa abadia remonta ao século IX; passando a pertencer aos cistercienses no século XIII, funcionou como uma abadia feminina durante três séculos. Com a Reforma Protestante, o mosteiro teria se tornado ermo por falta de vocações, situação vivida por outras abadias e mosteiros católicos nas regiões atingidas pelo movimento. Em 1620, após a expulsão dos protestantes na região, a Abadia de Schlierbach ressurge como um mosteiro masculino. WIESINGER, Aloísio. Breve Histórico da Ordem Cisterciense. Suplemento ilustrado da Biografia São Bernardo de Claraval. Aparecida-SP: 1945. P.14., apud, VASCONCELOS, Tânia Mara Pereira. Educar, Catequizar e Civilizar a Infância: A Escola Paroquial em uma comunidade do sertão da Bahia. (1941-1957). São Paulo, 2009. Nota de rodapé. P. 69.
73 PINHEIRO, Gilmara Ferreira de Oliveira. Os "Monges de Branco" e os sertões das Jacobinas: Catolicismo e Restauração nas Ações Missionárias de Pe. Alfredo Haasler. (1938/1965). Feira de Santana, agosto de 2012. P. 42.
74 Idem. P. 42.
75 SAMPAIO, Anderson Mendes. O Centro Supletivo de Qualificação Profissional da Fundação Divina Pastora: Uma Instituição Escolar em sua Singularidade (1970 – 1996). Salvador, 2011. Capítulo I, p. 39.
76 Ibid., 2012. P. 45.
77 Ibid., 2011. P. 40.
78 Nascido na Áustria, em 20 de abril de 1889, foi o principal personagem da Segunda Guerra Mundial. Conduziu o partido Nazista ao poder na Alemanha e foi o Führer de 1933 até o fim do conflito, em 1945. Hábil orador e carismático, Hitler ganhou apoio popular ao defender o nacionalismo, anti-semitismo e anti-comunismo em uma Alemanha que tinha o orgulho ferido pela perda da Primeira Guerra Mundial e pelas duras imposições do Tratado de Versalhes. Disponível em: http://www.terra.com.br/noticias/70-anos-segunda-guerra/segunda-guerra-quem-e-quem.htm,>. Acessos em 17/08/2015.
79 VASCONCELOS, Tânia Mara Pereira. Educar, Catequizar e Civilizar a Infância: A Escola Paroquial em uma comunidade do sertão da Bahia. (1941-1957). São Paulo, 2009. P. 70 e 71.
80 Ibid., 2011. P. 40.
81 VANIN, Iole Macedo. Educando "machos", formando "homens": O Ginásio/Seminário São Bernardo. Salvador; 2002. Capítulo II; P.86.
82 Idem., 2011. P. 40.
83 ANDRADE, Maria Isabel Borges Quadros de. Caderno de Família; Vitória da Conquista 1990. P.87.
84 Ibid., 2011. P. 40.
85 VASCONCELOS, Tânia Mara Pereira. Educar, Catequizar e Civilizar a Infância: A Escola Paroquial em uma comunidade do sertão da Bahia. (1941-1957). São Paulo, 2009. P. 72
86 Ibid., 2009. P. 72.
87 Idem., 2009. P. 72
88 Idem., 2009. P. 72
89 ANDRADE, Maria Isabel Borges Quadros de. Caderno de Família; Vitória da Conquista 1990. P.87 e P. 88.
90 Ibid., 2011. P. 40.
91 Ibid., 2011. P. 41.
92 Art. 1º A Associação Religiosa Mosteiro de Jequitibá, é uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, com autonomia administrativa e financeira, sediada no Município de Mundo Novo Estado da Bahia, na Fazenda Jequitibá, regendo-se pelo presente Estatuto; e com a legislação religiosa da regra de São Bento, segundo e constituição religiosa da Congregação Brasileira dos Cistercienses a que lhe for aplicável; seguindo os preceitos da lei 10.406; Novo Código de Direito Civil Brasileiro.
Art. 2º [...] Entidade Religiosa, com sede na Fazenda Jequitibá, no Município de Mundo Novo, estado da Bahia, CNPJ 14.713.093/0001-06. Fundado em 10 de fevereiro de 1939, pela Abadia-mãe de Schlierbach, Áustria, foi canonicamente ereto por Decreto da Congregação dos Religiosos de Roma, em 20 de julho de 1939 e pelo consentimento do Exmo. Sr Arcebispo da Bahia e Primaz do Brasil, Dom Augusto Álvaro da Silva, em 29 de maio de 1939, com seus Estatutos publicados no Diário Oficial do Estado de 15 de outubro de 1943 e registrado no Registro das Pessoas Jurídicas, livro 4, fls. 58-60 se regulara de ora em diante por este Estatuto.
Art. 3º - O Mosteiro dos Cistercienses em Jequitibá é uma sociedade religiosa de fins filantrópicos, educativo, de caráter – formação pastoral, cultural, beneficente, educativo e de assistência social, de modo especial testemunho de vida cristã sob a Regra de São Bento e a Constituição da Ordem Cisterciense da Congregação Brasileira.
Art. 4º - O Mosteiro dos Cistercienses em Jequitibá é responsável pela administração da Fundação Divina Pastora, entidade criada para o exercício de filantropia como o CNPJ Nº 14.815.153.0001-00, com sede na Fazenda Jequitibá, município de Mundo Novo, Estado da Bahia.
93 Art. 1 - A FUNDAÇÃO DIVINA PASTORA, é uma pessoa Jurídica, de direito privado, com sua sede localizada no Mosteiro da congregação Brasileira dos Cistercienses, povoado de Jequitibá no Município de Mundo Novo, Estado da Bahia – Brasil, Inscrita no C.N.P.J. Nº 14.815.153.0001-00, Sem fins lucrativos, Com autonomia administrativa e financeira, regendo-se pelo presente Estatuto e pela legislação que lhe for aplicável.
Art. 2 – A Fundação Divina Pastora tem como natureza ser uma instituição filantrópica tendo como objetivos beneficentes, formar pessoas nas áreas de educação profissionalizante, formação religiosa, de assistência social, assistência agropecuária e Preservação ambiental.
Art. 3 – A Fundação Divina Pastora na consecução dos seus objetivos poderá firmar convênios, contratos e outras espécies de ajustes, com pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado nacional ou estrangeiro.
Art. 4 – O prazo de duração da Fundação é indeterminado.
94 Ibid., 2011. P. 41. e P. 42.
95 Ibid., 2011. P. 42.
96 Ibid., 2011. P. 42. e P. 43.
97 Ibid., 2011. P. 43.
98 Ibid., 2011. P. 43.
99 Ibid., 2011. P. 43.
100 Ibid., 2011. P. 43.
101 Idem, 2011. P. 43.
102 Ibid., 2011. P. 44.
103 Idem., 2011. P. 44.
104 A Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém remonta ao século IV, quando o Imperador Constantino erigiu a primeira Basílica sobre o túmulo de Jesus Cristo. Godofredo de Bulhões, por ocasião da 1ª Cruzada, em 1095, deu à Ordem a sua primeira Constituição. Em 1847, o Papa Pio IX mudou o estatuto da Comenda de Cavaleiro e Dama do Santo Sepulcro de Jerusalém, fazendo com que a custódia do Templo já não fosse confiada à força das armas – como o foi em sua função primitiva – mas, ao valor de "um constante testemunho de fé e solidariedade para com os cristãos residentes nos Lugares Santos".
Disponível em: http://www.vatican.va/. Acesso em: 10/2009. Ibid., 2011. Nota de rodapé. P. 44.
105 Ibid., 2011. P. 45.
106 Idem., 2011. P. 45.
107 Ibid., 1990. P. 88.
108 Ibid., 2011. P. 46.
109 Ibid., 2011. P. 46 e P. 47.
110 Ibid., 2011. P. 47.
111 Ibid., 2011. P. 48.
112 Idem., 2011. P. 48.
113 Ibid., 2011. P. 49.
114 VANIN, Iole Macedo. Educando "machos", formando "homens": O Ginásio/Seminário São Bernardo. Salvador; 2002. Capítulo III; P.121.
115 Ibid., 2002. P. 122 e P. 123.
116 Ibid., 2002. ". Ver nota de rodapé. P. 125. Cf.: AMCJ. "Livro de Tombo, março de 1945.
117 Ibid., 2011. P. 49.
118 Ibid., 2002. P. 132.
119 Ibid., 2011. P. 49.
120 Ibid., 2011. P. 50.
121 Ibid., 2011. P. 50.
122 Ibid., 1990. P. 90.
123 Ibid., 2011. P. 51.
124 Em 1963, no governo João Goulart, foi criado pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) o PIPMO – Programa Intensivo de Preparação de Mão-de-Obra. Com previsão de duração dos cursos de 20 meses, o programa se destinava a preparar trabalhadores e candidatos a emprego na indústria. Entretanto, funcionou durante 19 anos, estendendo-se até 1982. Ibid., 2011. P. 53.
125 Ibid., 2011. P. 63.
126 Ibid., 2011. P. 63.
127 Ibid., 2011. P. 63.
128 Ibid., 2011. P. 50 e P. 51.
129 Ibid., 1990. P. 88.
130 Folheto comemorativo dos 50 Anos dos Cistercienses no sertão da Bahia/Brasil. 1988; P. 4 e P. 5.
131 MISEREOR é a Obra episcopal da Igreja Católica da Alemanha para a cooperação ao desenvolvimento. Desde há mais de 50 anos, MISEREOR está comprometida com a luta contra a pobreza na África, Ásia e América Latina. A ajuda de MISEREOR dirige-se a todas as pessoas que sofrem necessidade – independentemente da sua religião, raça, cor ou sexo. Disponível em: < http://www.misereor.org/pt/sobre-nos.html>; Acessos em 26/09/2015.
132 Oed-Oehling é um município da Áustria localizado no distrito de Amstetten, no estado de Baixa Áustria. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Oed-Oehling>; Acessos em 26/09/2015.
133 Ibid., 1988. P. 4.
134 Ibid. , 1988. P. 5.
135 Livro de Crônica de Jequitibá 1937-1938, Beneditinos da Bahia e 1939- 1955, Cistercienses. Acervo do Mosteiro Cisterciense de Jequitibá. P. 80.
136 Livro de Crônica de Jequitibá (II Parte em Português) 1955-1980. Acervo do Mosteiro Cisterciense de Jequitibá. P. 16
137 Ibid. 1955-1980. P. 23.
138 Ibid., 2011. P. 51.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB)
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL (UAB)
CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA






EDVÂNIA SILVA DE JESUS





UM FILHO DE CISTER NO PIEMONTE DO PARAGUAÇU: RESQUÍCIOS MEDIEVAIS
(1938/1970)









MUNDO NOVO
2015
EDVÂNIA SILVA DE JESUS







UM FILHO DE CISTER NO PIEMONTE DO PARAGUAÇU: RESQUÍCIOS MEDIEVAIS
(1938/1970)




Monografia, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de licenciado (a) em História, na modalidade de Educação a Distância, pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) com Coordenação da Universidade Aberta do Brasil (UAB).
Orientadora: Tatiane de Jesus Chattes.






MUNDO NOVO
2015


FICHA CATALOGRÁFICA
Elaboração: Sistema de Biblioteca da UNEB
Bibliotecária: Maria das Mercês Valverde – CRB 5/1109

Jesus, Edvânia Silva de Um filho de Cister no Piemonte do Paraguaçu: resquícios medievais (1938/1970) / Edvânia Silva de Jesus. - Mundo Novo (BA), 2015. 96 f. il. Color. Orientadora: Tatiane de Jesus Chattes Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade do Estado da Bahia. Universidade Aberta do Brasil Contém referências e anexos 1.História local - Mundo Novo (BA). 2. Mosteiro Cisterciense - Mundo Novo (BA). 3. Fazenda Jequitibá - Mundo Novo (BA). 4. Fundação Divina Pastora - Mundo Novo (BA). I. Chattes, Tatiane de Jesus. II. Universidade do Estado da Bahia. III. Universidade Aberta do Brasil. CDD: 907.2Jesus, Edvânia Silva de Um filho de Cister no Piemonte do Paraguaçu: resquícios medievais (1938/1970) / Edvânia Silva de Jesus. - Mundo Novo (BA), 2015. 96 f. il. Color. Orientadora: Tatiane de Jesus Chattes Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade do Estado da Bahia. Universidade Aberta do Brasil Contém referências e anexos 1.História local - Mundo Novo (BA). 2. Mosteiro Cisterciense - Mundo Novo (BA). 3. Fazenda Jequitibá - Mundo Novo (BA). 4. Fundação Divina Pastora - Mundo Novo (BA). I. Chattes, Tatiane de Jesus. II. Universidade do Estado da Bahia. III. Universidade Aberta do Brasil. CDD: 907.2
Jesus, Edvânia Silva de
Um filho de Cister no Piemonte do Paraguaçu: resquícios medievais (1938/1970) / Edvânia Silva de Jesus. - Mundo Novo (BA), 2015.
96 f. il. Color.

Orientadora: Tatiane de Jesus Chattes
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade do Estado da Bahia. Universidade Aberta do Brasil
Contém referências e anexos



1.História local - Mundo Novo (BA). 2. Mosteiro Cisterciense - Mundo Novo (BA). 3. Fazenda Jequitibá - Mundo Novo (BA). 4. Fundação Divina Pastora - Mundo Novo (BA). I. Chattes, Tatiane de Jesus. II. Universidade do Estado da Bahia. III. Universidade Aberta do Brasil.

CDD: 907.2


Jesus, Edvânia Silva de
Um filho de Cister no Piemonte do Paraguaçu: resquícios medievais (1938/1970) / Edvânia Silva de Jesus. - Mundo Novo (BA), 2015.
96 f. il. Color.

Orientadora: Tatiane de Jesus Chattes
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade do Estado da Bahia. Universidade Aberta do Brasil
Contém referências e anexos



1.História local - Mundo Novo (BA). 2. Mosteiro Cisterciense - Mundo Novo (BA). 3. Fazenda Jequitibá - Mundo Novo (BA). 4. Fundação Divina Pastora - Mundo Novo (BA). I. Chattes, Tatiane de Jesus. II. Universidade do Estado da Bahia. III. Universidade Aberta do Brasil.

CDD: 907.2
















































Aos meus amados pais, Everaldo e Izauri, que por benção de Deus, me deram a vida, além de muito amor, carinho e educação, e (In memoriam) a minha doce, querida e tão amada Vovó Maria, a pessoa mais amorosa e cheia de fé que já conheci.



AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente ao meu Senhor e bom Deus, por ter me dado forças e iluminação por meio do Divino Espírito Santo para concluir com louvor este trabalho e curso acadêmico, além da intercessão de São Bernardo de Claraval e Nossa Senhora de Fátima, a quem muitas vezes pedi ajuda para discorrer esta monografia.
À minha família e parentes que sempre me incentivaram a perseverar nos estudos e me deram apoio, com seu carinho e palavras de coragem para dar continuidade e concluir este curso de Licenciatura em História. Em Especial, meu pai Everaldo, minha mãe Izauri, minha madrinha e tia Vanda Florêncio, meu padrinho e tio Miraldo Florêncio, enfatizo as viagens cansativas à noite de ida e volta do Pólo em Mundo Novo, além de alguns "perrengues" que tivemos com o carro, mas, que no final sempre terminava bem, e acabaram se tornando lembranças divertidas; Ao meu primo Kledison, a tia Marilane e In memoriam, minha amada e inesquecível Vovó Maria, por sempre me fazer acreditar e perseverar em busca das realizações dos sonhos.
À Fundação Divina Pastora que por seus serviços prestados nas áreas de educação, cultura, religião e de assistência social aos moradores da Fazenda Jequitibá, deu-me assim, oportunidades de desenvolvimento intelectual, cultural e profissional e a toda comunidade do Mosteiro Cisterciense de Jequitibá pela solicitude, acolhimento e total apoio no desenvolvimento desta pesquisa monográfica. Em especial meus amigos monges Ir. Bruno Lopes O Cist. , Ir. André Pinto O Cist. , por toda ajuda bibliográfica, palavras de incentivo espiritual, generosidade e prontidão, e por fim, o saudoso Pe. Irineu Castelo Neto O Cist., por sempre me receber com alegria para a consulta ao acervo do Mosteiro, além de seu interesse e entusiasmo pela minha pesquisa, transparecendo seu brilho acadêmico a cada visita minha.
Aos meus amigos Givaldo Carvalho, Maria Pereira, Patrícia Oliveira que sempre me deram palavras amigas e me ajudaram sempre que preciso e Samara Alves, minha querida companheira de estudos que infelizmente não pode continuar, mas, que sempre me deu muito incentivo para seguir em frente.
As queridas e inesquecíveis professoras da Escola Santa Isabel, Maricélia Moura, Mirtes Cardoso, Maria Nice Alves e Eusânia Andrade, estas cujas quais, foram formadoras do meu alicerce educacional na idade mais tenra, de forma que também tem participação especial nesta conquista.
A todo corpo docente do Colégio Regional de Jequitibá (CRJ), que por seu compromisso com a educação para vida em favor da cidadania e seu ensino de qualidade, também contribuíram de forma marcante em meu desenvolvimento educacional e cidadã, além do acolhimento e apoio em meu período de Estágio Supervisionado, em especial a professora regente Ana Angélica Peixoto que me acompanhou e orientou durante este processo.
A UNEB/UAB pela a oferta do curso à distância, juntamente com seu corpo docente, em especial ao querido e inesquecível Tutor à distância João Marciano Neto, pela compreensão, paciência, dedicação e incentivo no primeiro semestre desses estudos. A todos os funcionários do Polo Mundo Novo e sua coordenadora Mariléia Santos, pelo ótimo acolhimento, solicitude, dedicação e prontidão durante todos esses quatro anos de formação acadêmica.
A todos os meus colegas de turma pela boa convivência, aprendizado e laços de amizades que se criaram no decorrer do curso. Em especial minhas amigas e companheiras de "guerra", Marileuza Sampaio, Juliana Reis, Roseane Aragão e Fátima Rodrigues, que infelizmente desistiu, não chegando assim ao fim da jornada.
A minha amada e inesquecível Tutora Presencial, Floriva Moura, por todo ensinamento, companheirismo, paciência, atenção, prontidão, puxão de orelha, alegria, amizade, solicitude e palavras de coragem e perseverança pra que eu e meus colegas chegássemos à conclusão do curso. Muitíssimo obrigada, jamais me esquecerei de ti.
A minha orientadora Tatiane Chattes, que foi crucial para a realização desta monografia. Sempre paciente, educada, gentil, dedicada, clara, objetiva, precisa, compromissada e com muita seriedade. Sua maravilhosa orientação possibilitou a conclusão desta etapa acadêmica.
Por fim, agradeço a todos aqueles que direta e indiretamente contribuíram para a realização deste sonho, pois, sozinha não teria conseguido alcançar.































RESUMO


O objeto de estudo é o Mosteiro Cisterciense de Jequitibá, localizado no Piemonte do Paraguaçu, no município de Mundo Novo, Bahia. O recorte temporal vai desde 1938 – 1970, onde é historicizado todo o decorrer do seu desenvolvimento de edificação, tendo como principal causa de surgimento, o desejo póstumo do Coronel Plínio Tude de Souza, onde este quis beneficiar os moradores de sua Fazenda Jequitibá por meio da criação da Fundação Divina Pastora, sendo esta dirigida por uma Ordem religiosa, neste caso, a Ordem dos Cistercienses, e assim por meio desta ser implantada uma escola com ensino primário agrícola e o ensino do catecismo da Igreja Católica Apostólica Romana, de modo que, a Fazenda Jequitibá obteve progressos positivos em seu desenvolvimento e que contribuíram para a construção da identidade sociocultural de seus moradores, constados assim, no final desta pesquisa monográfica.

Palavras-chave: Mosteiro Cisterciense; Jequitibá; Fundação Divina Pastora;
Resquício Medieval; Plínio Tude de Souza.

















ABSTRACT



The object of study is the Cistercian monastery of Jequitibá, located in Paraguaçu of Piedmont in the New World district, Bahia The time frame is from 1938 -. 1970, which is historicized whole course of development of building, with the main because of appearance, the posthumous desire of Colonel Plinio Tude de Souza, where this would benefit the residents of his Jequitibá Farm through the creation of the Divine Foundation Shepherdess, which is run by a religious order, in this case, the Order of Cistercians, and thus hereby be deployed a school with agricultural primary education and the teaching of catechism of the Roman Catholic Church, so that the Treasury Jequitibá achieved positive progress in its development and contributed to the construction of socio-cultural identity of its residents, noted so at the end of this monographic research.

Keywords: Cistercian Monastery; Jequitibá; Divina Pastora Foundation; remnant Medieval; Plínio Tude de Souza.
















SUMÁRIO


1 INTRODUÇÃO 11
2 CISTER: PRIMÓRDIOS MEDIEVAIS 15
2.1 A vontade do Coronel Plínio Tude: O Testamento 22
2.2 Fundação Divina Pastora: Edificação do Mosteiro 25
3 CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE JEQUITIBAENSE 35
3.1 Povoado de Jequitibá: Os Progressos obtidos 41
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 45
REFERÊNCIAS 48
ANEXOS 50
1 INTRODUÇÃO

"Não fiqueis preocupados como ou com que vos defendereis, ou com o que direis. Pois, nessa hora, o Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer" (Lucas 12,11)

Esta pesquisa monográfica tem por tema Um Filho de Cister no Piemonte do Paraguaçu: Resquícios Medievais, tendo assim, por seu objeto de estudo o Mosteiro Cisterciense de Jequitibá, localizado no Município de Mundo Novo – BA, e por objetivo investigar a relação entre a fundação do Mosteiro Cisterciense e a construção da identidade, formação das tradições e o desenvolvimento do povoado de Jequitibá.
Seu recorte temporal vai do ano de 1938 a 1970, e seu método de pesquisa é a Nova História Cultural, onde busquei investigar, contextualizar e identificar os fatores positivos e como se deu o desenvolvimento do povoado de Jequitibá a partir da Fundação do Mosteiro Cisterciense de Jequitibá, de modo que, com a Nova História Cultural, por ser abrangente possibilitou utilizar inúmeras quantidades de fontes, de forma a analisá-las minuciosamente, sendo relevante cada detalhe para o desenvolvimento da pesquisa, chegando assim, a conclusão do objetivo geral desta monografia, já mencionado anteriormente. Seu estudo historiográfico é voltado para História Local e Regional, onde seu contexto histórico-social fundamenta-se na história local da Fazenda Jequitibá e como esta progrediu no decorrer do processo de edificação de um Mosteiro da Ordem de Cister, em sua localidade.
Para a realização da pesquisa foram utilizadas diversas fontes, dentre elas: Documentos oficiais, fontes bibliográficas como livros, dissertações, teses, textos, folhetos, artigos, buscas em sites, fotografias, pesquisas de campo no Mosteiro Cisterciense de Jequitibá para a consulta de seu acervo e conversas informais com monges, padres e alguns moradores desta localidade. De fato, ter acesso tanto às fontes primárias quanto secundárias, possibilitou riquezas de detalhes e um processo de historização científico claro e objetivo, analisando e comprovando em citações o que aconteceu neste período histórico social, além de que, a história local e regional permite estudos mais detalhados de seus contextos, e do foco do objeto em si e as possibilidades sobre se este favorece ou não a sociedade tanto positiva quanto negativamente.
No segundo capítulo temos por título "Cister: Primórdios Medievais", onde foi necessária uma "viagem no tempo", até a Idade Média, respectivamente ao século XII, no vale de Cister, na França, onde Roberto, juntamente com Alberico, Estevão e mais alguns monges, sendo o primeiro abade do Mosteiro de Molesme pertencentes à Ordem dos Beneditinos, insatisfeitos com vida monástica que viviam lá partem em busca sedenta, juntamente com o desejo de assumir o compromisso de retornar as origens da Regra de São Bento, de modo a viver a: Ordem, disciplina, fidelidade, obediência, caridade, vida interior, renúncia dos desejos, temor a Deus, escola, estabilidade, responsabilidade, igualdade, temperança, boas obras, silêncio, humildade, virtudes estas pertencentes a um verdadeiro monge e que estes puderam por em prática em Cister, daí a origem do nome Cisterciense. A questão é que apenas conhecendo as origens e o que de fato fazem, é possível compreender o que estes, séculos depois, já na contemporaneidade, proporcionaram a Fazenda Jequitibá, sendo um resquício medieval.
No subtítulo do 2.1., temos "A Vontade do Coronel Plínio Tude: O Testamento", onde é abordada a personalidade deste senhor, católico apostólico romano, de espírito empreendedor, progressista e compromissado com caridade cristã católica. É por meio de seu desejo póstumo, que nasce o "Filho de Cister", um Mosteiro que dirigi a Fundação Divina Pastora, uma instituição filantrópica com a finalidade de beneficiar os agregados da Fazenda Jequitibá que pertencia ao Coronel Tude e a sua herdeira Universal, sua esposa Dona Isabel Fernandes Tude de Souza, que após o falecimento de seu esposo, toma a iniciativa de tornar o sonho do casal TUDE em realidade, de modo que, a população Jequitibaense, tivesse uma educação primária com o ensino agrícola, juntamente com o ensino do catecismo da Igreja Católica Romana, a qual os benfeitores eram fiéis devotos. Conhecer o modo de vida e os anseios do seu benfeitor é primordial para compreender o porquê da doação e o desejo de se criar uma Fundação sem fins lucrativos sob a supervisão de uma Ordem religiosa secular.
No subtítulo 2.2., tem-se "Fundação Divina Pastora: Mosteiro Edificação do Mosteiro", onde a abordagem foca a historização da edificação do mosteiro desde as suas bases, juntamente com os objetivos da Fundação Divina Pastora, além de compreender a correlação entre ambas as partes e como uma não existiria sem a outra. Ambas estão interligadas, pois, visa um propósito, um compromisso de caridade e fé posta em prática na localidade jequitibaense com o total apoio e empenho de Dona Isabel Tude e do abade de Schlierbach, na Áustria, Dom Aloísio Wiesinger, que com seus devotos monges edificaram esse resquício medieval e dirigiram a Fundação Divina Pastora, beneficiando com educação, trabalho, cultura e alimento espiritual aquela gente sertaneja do Piemonte do Paraguaçu. É muito interessante conhecer a sua história desde ao lançamento da pedra fundamental e como transformou a dinâmica de vida das pessoas da comunidade que foi crescendo gradativamente; tudo era uma novidade, uma esperança e concretização de progresso que aumentava a cada dia.
No capítulo 3, temos por título, "A Construção da Identidade Jequitibaense", focada na contextualização da formação cultural do povo, seus bens materiais e imateriais. Regida principalmente pela religiosidade católica e a educação, inicialmente primária agrícola, em regime de internato, passando pelo ensino ginasial, também em regime de internato, havendo posteriormente um seminário para formação vocacional católica, e por fim o ensino primário regular, sem internato e agricultura, além do curso supletivo profissionalizante iniciado em 1970. Ao passo, que outros setores também foram desenvolvendo-se e os progressos chegando até a Fazenda Jequitibá, como a abertura de estradas, correios, energia elétrica, atendimento médico entre outros, de forma que são estes detalhes que vem somente a somar no resultado final na vida dos agregados da Fazenda e moradores das regiões vizinhas.
No subtítulo 3.5. temos "Povoado de Jequitibá: Os progressos obtidos", chegando assim aos resultados da pesquisa, que visa os fatores e progressos positivos que o povoado de Jequitibá obteve com a fundação do Mosteiro Cisterciense de Jequitibá. A constatação de tudo que foi pesquisado, estudado e contextualizado para responder a pergunta problemática de que forma a fundação do Mosteiro Cisterciense contribuiu para a construção da identidade, formação das tradições e o desenvolvimento do povoado de Jequitibá em Mundo Novo - BA? De modo que a seguir, descobriremos como tudo se deu e quais seus resultados alcançados e as considerações finais desta pesquisa monográfica.






















2 CISTER: PRIMÓRDIOS MEDIEVAIS

Acredito-me que cada Mosteiro Cisterciense fundado é um renascimento, uma busca pela vivência dos valores da simplicidade, austeridade e solidão, fazendo com que o homem volte-se para seu interior e principalmente para Deus, de forma que ele se encontre, se reconheça e compreenda um pouco da sua natureza humana e sua herança divina, penetrando e conhecendo assim, o mais íntimo do ser, de modo que, o monaquismo é o caminho para este conhecimento espiritual aspirado pelo ser humano, pois, segundo MARTINS, "[...] o monaquismo procura dar resposta a algumas das mais profundas aspirações da alma humana: a busca da perfeição e o desejo da contemplação [...]", e é por meio dessa busca sedenta juntamente com o desejo de assumir o compromisso de retornar as origens da Regra de São Bento, "[...] que vem dos confins da Alta Idade Média (séc. VI) e tem exercido uma influência enorme e reconhecida no campo religioso-monástico da Igreja Católica [...]"2 e buscando por meio desta se dedicar a Deus e a uma vida de oração, aprofundando-se nas sagradas escrituras e "nas fontes dos Padres do deserto"3 vivendo a ordem, disciplina, fidelidade, obediência, caridade, vida interior, renúncia dos desejos, temor à Deus, escola, estabilidade, responsabilidade, igualdade, temperança, boas obras, silêncio, humildade, além das leituras dos salmos, a prática do
Exercício da Lectio Divina que remonta do tempo dos apóstolos e São Bento nos escreve da oração: Se queremos sugerir alguma coisa aos homens poderosos, não ousamos faze-lo a não ser com humilde reverência, quanto mais não se deverá empregar toda a humildade e pureza de devoção para suplicar ao Senhor Deus de todas as coisas? E saibamos que seremos ouvidos, não com o muito falar, mas com a pureza do coração e a compulsão das lágrimas.4
E do trabalho onde "[...] ele diz: "A ociosidade é inimiga da Alma". Por isso seus mosteiros eram muito produtivos já que todos tinham que trabalhar e ele considerava o verdadeiro monge aquele que vivia de suas mãos. [...]"5, então, já que esta não estava de fato sendo vivida tanto por eles e seus companheiros de acordo como haviam prometido observar uma solene profissão, que alguns dos monges juntamente com seu abade, da abadia de Molesme na França, resolveram então partir, sob o legado da Santa Sé Apostólica e arcebispo venerável Hugo, a fim de realizar tal projeto de aspiração.
Assim, Roberto, abade de Molesme, juntamente com Alberico, Estevão e mais alguns monges partem em busca de tal realização, de modo que, em 1098, "[...] o grupo assim, reforçado dirigiu-se com entusiasmos a uma solidão chamada Cister, situada na diocese de Chalon e de difícil acesso, por causa da densidade da floresta e dos espinhos sendo habitada pelas feras...".
Então, "[...] o Duque de Borgonha, Oto, filho de Henrique, teve compaixão deles e lhes deu uma propriedade", para que construíssem o mosteiro "[...] com as próprias mãos"9 e poderem ter uma vida monástica voltada a Regra de São Bento na forma primitiva em sua origem, focada no relacionamento íntimo com Deus por meio da oração, caridade, estudos e trabalhos manuais, observando "[...] o silêncio durante o tempo todo', não usam panos tingidos, trabalham com suas próprias mãos e produzem sua comida e sua roupa."10, ressaltando ainda, que este é "o ideal da ordem" cisterciense, além da renúncia aos dízimos, benefícios eclesiásticos, sendo também chamados de "Monges Brancos", devido a cor do seu hábito, feito de lã de ovelha não trabalhada, sem tingimento algum, dessa forma, diferenciando-se assim, dos Monges Beneditinos, que usavam o hábito negro, dedicavam-se maior tempo a liturgia, reduzindo assim, o tempo de trabalho e oração, além de que, seus conventos eram ricos, deixando-se de lado a santidade espiritual e a pobreza11.
É importante também diferenciar os Cistercienses da Ordem dos Jesuítas e Franciscanos, onde, os jesuítas devem obediência total ao Papa, não se contrapondo de forma alguma a este; esse voto é primordial, além da castidade e pobreza, os jesuítas fazem missões na zona rural, ensino o Cristianismo, catequese, prelação sacra, administração dos sacramentos, obras de misericórdia e também administram colégios12. Enquanto que os Franciscanos tem por ideal fidelidade a pobreza, fraternidade, castidade, obediência, humildade, buscando sempre pregar o Evangelho a todos sem distinção, principalmente os mais pobres13.
Segundo MARTINS14,
O espaço monástico é assim o reflexo de um ideal, de uma visão de mundo, de um sistema de valores que tudo organiza e modela. Razões de ordem espiritual e material exercem um papel decisivo nas escolhas dos locais de edificação de cada mosteiro da Ordem de Cister. Frequentemente os cistercienses implantaram seus mosteiros em vales, sendo para isso necessário proceder as profundas transformações no território de modo a torna-los férteis e habitáveis [...].
Somente nessas condições, longe das cidades e vilas os monges encontram a paz necessária para observar vida de solidão, pobreza, silêncio, fraternidade, compromisso, contemplação e dedicação exemplar a Regra de seu Pai Bento. Contudo, privados de seu abade os monges de Molesme, se dirigiram ao Papa Urbano II, este foi um Papa beneditino que marcou a Igreja por ser o grande incentivador e disseminador da Primeira Cruzada, ressaltando que as Cruzadas foram expedições rumo a Jerusalém organizadas pela Igreja, principalmente de cunho militar e que tinham por objetivo retomar o Santo Sepulcro do poderio mulçumano, sendo num total de oito Cruzadas durante vários anos15.
Contudo, em outubro de 1095, Urbano II convocou um sínodo em Clermont e neste "[...] ficou definido que o exército composto de cavaleiros e homens a pé deveria se dirigir a Jerusalém, para salvá-la e auxiliar as Igrejas da Ásia contra os sarracenos [...]"16, de modo que, a data de partida da Cruzada ficou marcada para o dia 15 de outubro de 1096, no entanto, Urbano II "[...] faleceu poucos dias após a tomada de Jerusalém pelos Cruzados (26 de Julho de 1099) não recebendo a notícia de sua tomada [...]"17...
Assim, retornando a situação dos monges de Molesme, estes pedindo o retorno deste (Abade Roberto), para que o mosteiro não fosse à ruína, o Papa concede ao pedido levando em consideração ambas as partes, o que o faz a pedir a Roberto, que indique um monge com ideais virtudes para sucedê-lo e pastorar o novo rebanho em Cister, escrevendo então o Papa Urbano II o seguinte decreto:
[...] 70 Para isto estamos tomando as necessárias providências, de modo salutar, maneira de um pai. Por força da autoridade apostólica, ordenamos, pois aos monges de Molesme que, tendo escolhido os costumes monásticos comuns, guardem estes ditos costumes com rigor, de maneira a não os violar jamais, não podendo, de agora em diante, deixar sua residência para se mudar para outros costumes; 71 aos Cistercienses, por outro lado, que se orgulham de guardar em todos os pontos a Regra de São Bento, que não retornem nunca mais à situação que agora espontaneamente desprezam. 72 A estabilidade na comunidade e a perseverança no bem devem ser garantidas e mantidas com firmeza em todo tempo e lugar [...]18
Com isso Roberto regressa a Molesme, deixando o monge e também fundador, Alberico, como sendo o primeiro Abade de Cister, num período de dez anos até sua morte, onde depois desta, outro fundador também o sucedeu, "[...] Estevão, de nacionalidade inglesa, homem de grande piedade e sabedoria; ele desempenhou este cargo durante mais de vinte e quatro anos"19 , e ainda estando vivo escolheu Guy, abade da Abadia de Trois-Fontaines, para ser seu sucessor, porém, este assumiu por algum tempo o lugar de seu pai, no entanto, provocou censuras e no fim de dois anos abandonou o cargo insensatamente, então foi escolhido Rainard, sagrado abade pelo então bispo de Chalon, Dom. Gautier.
Apesar de jovem, com trinta e sete anos de fundação da Ordem de Cister, neste pequeno período de tempo, "[...] acorreu para lá uma multidão tal que já surgiram ali mais de sessenta e cinco abadias, todas elas submetidas ao abade de Cister"20, onde exigem, de acordo com as recomendações de São Bento ao abade, "que se observe em tudo"21 e "que não se introduza nenhum sentido diferente na interpretação da Santa Regra"22 e para isto têm-se a Carta de Caridade, que é a constituição da Ordem sendo santo Estevão quem a denominou; "Ela regula o controle e a continuidade da administração de cada casa, define as relações das diferentes casas entre si e garante a unidade da Ordem."23; suas abadias primárias são La Ferté, Pontigny, Claraval e Morimond, também chamadas de "casas-mães" e um dos maiores incentivadores da expansão cisterciense foi São Bernardo de Claraval, abade do mosteiro de mesmo nome (Claraval), este cujo qual, não poderia deixar de mencionar foi um dos maiores escritores do século XII, sendo "o porta-voz dos ideais cistercienses, os quais eram também seus ideais."24. Este foi
O grande Abade cisterciense, o polêmico, o mais mordaz e o monge mais poderoso do século XII, entendia o monaquismo como uma vida de rigorosa obediência e de abnegação extrema no que dizia respeito ao bem-estar pessoal, à alimentação e ao sono. Imbuído de espírito missionário, tendia a imiscuir-se em todo o lado onde, na sua opinião, se fizesse sentir, no essencial, a falta de severidade e concentração necessárias aos hábitos de vida monástica, à prática litúrgica e à postura religiosa.25
Em 1119, a Ordem de Cister é enfim reconhecida pelo Papa Calisto II, onde após o seu reconhecimento como "ordem legítima, seguidora da Regra de São Bento e com seu próprio ideal de ascetismo, pobreza e trabalho, distinto das demais casas beneditinas"26, pode expandir suas filiações por toda Europa, quanto fora do continente.
Houve um momento em que a Europa foi cisterciense: uma rede de mosteiros desta ordem monástica estendia-se por todo o continente, de Portugal à Estônia, da Noruega à Sicília. O século XII marcou o apogeu dos cistercienses, um ramo do grande tronco beneditino, que procurou dar novo vigor aos valores tradicionais do monaquismo, na busca de Deus na solidão e no silêncio, no quadro de uma comunidade fraterna, ascetismo liberador das melhores energias espirituais do ser humano, despojamento e simplicidade em todas as coisas, da liturgia e arquitetura ao vestuário e alimentação. 27
Assim, realiza-se o ideal reformista cisterciense, sendo no século XII, o seu despertar, expansionismo e apogeu de uma nova forma de vida monástica, prezando uma vida de oração, cultivando a terra com suas próprias mãos para ter o seu sustento primando o silêncio, a caridade, renunciando aos benefícios eclesiásticos e dízimos, enfim, vivendo uma pobreza em lugares afastados de centros urbanos, de modo que, levou "[...] consigo duas notáveis contribuições: as novas concepções agronômicas, as quais fariam de suas granjas autênticos modelos de unidade produtiva, agrícolas e pecuárias e arte única de seus mosteiros."28
No próximo desdobramento discorrerei um pouco sobre a vida e personalidade do senhor Plínio Tude de Souza, uma figura de importância para a sociedade baiana, diretor de várias empresas e companhias29, além de também ter sido presidente da Associação Comercial da Bahia em 1926-192830. Coronel Plínio Tude de Souza morre aos 59 anos deixando em Testamento, seu desejo póstumo de criar a Fundação Divina Pastora, que será administrada e dirigida sobre os cuidados de uma instituição religiosa31; Seja ela a Ordem de São Bento, Ordem Cisterciense ou Trapista, neste caso ficou sendo a Ordem de Cister, já que, mesmo a obra sendo iniciada pelos Beneditinos do Mosteiro de São Bento da Bahia, estes não tiveram condições de dar continuidade a realização desta Obra, de modo que, os cistercienses aceitaram a direção deste desejo póstumo.
























2.1 A VONTADE DO CORONEL PLÍNIO TUDE – O TESTAMENTO

O senhor Plínio Tude de Souza era natural da cidade de Feira de Santana, nascido aos 27 de março de 1877 e este "dedicou-se da indústria à agricultura, atividades herdadas de sua família e ocorriam em várias regiões da Bahia"32; Este era um dos proprietários da Casa Tude, Irmão & Cia33, na cidade de Nazaré das Farinhas, sócio na Hydro-eletrica Fabril, empresa fundada em 191734, onde era responsável pelo abastecimento de energia elétrica da cidade de Nazaré, e também, de outras cidades do Recôncavo35, de modo que,
Os jornais ao noticiarem sobre os empreendimentos dos Tude, destacam a figura de Eudoro Tude, fator que pode induzir a ideia errônea de que ele era o único proprietário e gestor dos negócios realizados pelas firmas e empresas Tude. Plínio Tude de Souza, seu irmão, era sócio, apesar do nome deste não ser mencionado nas notícias sobre os empreendimentos da família, é o que verificamos na nota de pesar realizada pela Hydro-electra Fabril na ocasião do falecimento de sua viúva – Isabel Fernandes Tude de Souza: "A Companhia Hidro- Eletrica Fabril de Nazaré S/A agradece as manifestações de pesar que lhe foram apresentadas pelo falecimento de sua inesquecível acionista e grande colaboradora, D. ISABEL FERNANDES TUDE DE SOUZA, ao tempo em que convida os seus amigos para as missas de 30 º dia que serão celebradas às 8 horas da próxima segunda-feira, 5 do corrente, na Igreja de São Bento".36
É notório o espírito progressista e empreendedor dos irmãos TUDE37, em especial, o senhor Plínio Tude de Souza, um dos focos desta pesquisa, além das empresas aqui já citadas, E. Tude & Cia. Inaugura uma fábrica de cigarros, em 192138 e no ano anterior inaugurou-se uma "possante e moderna fabrica de óleos vegetaes da Empresa E. Tude."39; Na cidade de Ilhéus, estes possuíam a "Industria Ilheos"40, suas atividades agrícolas e pecuaristas tem por exemplos "as fazendas de cacau, no sul do Estado, e de engorda de bovinos em vários municípios da região do Piemonte da Chapada Diamantina"41, além do que é possível por meio do seu Testamento, ter-se noção do quanto Plínio Tude gostava de investir em compras de terras, é demonstrado as inúmeras fazendas que este lega a sua esposa e demais herdeiros, todas elas distribuídas pelo território do Estado da Bahia, seu sobrinho Remy F. de Souza diz em seu depoimento42:
Meu tio Plínio ganhou muito dinheiro no gado, como Garcia D' Ávila, era um Garcia D'Ávila de segunda, de terceira... Então, era comprar terra (...), o fato é que comprou terra que foi um horror. Eu conheci um advogado, da família, que dizia 'Plínio é capaz de comprar um saco de terra'. E realmente, tinha dinheiro, tinha um jeitão de fazer dinheiro. 43
A vida religiosa também é um aspecto marcante na "vida do coronel Plínio Tude, e de sua família"44, fato que é comprovado por meio de "Uma importante festa religiosa na Villa-Tude, Missas, confissões, chrismas, e outros atos religiosos na laboriosa empresa industrial"45. Demonstrando assim, o quanto era católica apostólica e romana a família TUDE, além dos atos de caridade que estão inseridos na sua crença46; Por ter esse compromisso e devoção religiosa, fez com que Plínio Tude, doasse suas terras e bens na região sertaneja baiana para a construção da Fundação, para benefício da população carente daquela localidade47.
Plínio Tude de Souza também foi presidente por dois anos da Associação Comercial Baiana, "esta Instituição foi criada no século XIX, tem como finalidade específica de defender os interesses dos seus sócios, homens que geriam a economia baiana desde o simples comércio até à agricultura"48. A política de "ação" efetuada por ele na Associação Comercial Baiana é um dos indícios para a compreensão da sua atitude, quanto ao desejo de criação da Fundação Divina Pastora, que fora de forma prática, objetiva e imediata49. Plínio também se preocupava com os problemas em que a Bahia enfrentava no desenvolvimento da sua economia e propunha que o governo federal apoiasse mais a agricultura do Estado da Bahia50, ideias estas, expostas em sua saudação ao presidente da república Washington Luís em sua visita à Bahia51.
Assim,
A referida instituição foi o resultado gerado pela confluência destes fatores: Ideias progressistas aliadas à "política de ação" do grupo ao qual era parte, um desejo de levar o "desenvolvimento" econômico ao semi-árido da Bahia, por meio do melhor preparo do homem do campo. Associado a este desejo havia ainda a realização perpétua da caridade cristã e, mais, uma aspiração de legar para a posteridade a lembrança de sua efêmera existência. Esse exercício perpétuo foi concretizado por meio da doação de uma parte do seu patrimônio para a criação da FUNDAÇÃO DIVINA PASTORA. 52
Plínio Tude de Souza era "casado pelo regime de comunhão de bens com Dona Izabel Fernandes Tude de Souza"53, além de ser "Católico, apostólico e romano e não tendo descendentes do seu casal"54, instituiu sua esposa como sendo sua "herdeira universal de seus bens"55. E em seu testamento dentre outros desejos, há a expressa vontade de se criar a Fundação Divina Pastora.
[...] Declaro que tendo eu e minha mulher Dona Izabel Fernandes Tude de Souza nascidos na zona sertaneja, onde possuímos grande parte de nossos bens e onde por anos vivemos contentes e com felicidade, é nosso desejo beneficiar a referida zona, o que ora fazemos neste nosso testamento, criando a "Fundação Divina Pastora". Assim lego à mesma Fundação Divina Pastora, aqui instituída, a fazenda de engorda denominada "Jequitibá", no município de Mundo Novo, com todas as benfeitorias, gado, etc. e tudo mais que nela existir [...]56
Assim, a dois de maio de 1936, Plínio Tude de Souza vem a falecer, de modo que, é por meio desta vontade, explícita em seu testamento que se tem a formação do embrião de um Filho de Cister no Piemonte do Paraguaçu, cujo qual, constatará todo o seu desenvolvimento no desdobramento a seguir.



2.2 FUNDAÇÃO DIVINA PASTORA: EDIFICAÇÃO DO MOSTEIRO

Como já foi mencionado no desdobramento anterior, a Fundação Divina Pastora foi realizada a partir do desejo póstumo, registrado em testamento do senhor Plínio Tude e consequentemente da sua viúva Dona Izabel Fernandes Tude de Souza que iniciou em prática a criação da mesma, de modo que, tal instituição também receberia como legado o seguinte patrimônio: a Fazenda Jequitibá, em Mundo Novo, as fazendas Sant' Anna, Boa Paz e Casa Nova, em Baixa Grande, a Fazendo Acerto em Ipirá (Camisão), e a Fazenda Santo Antônio, em Macajuba (Capivary), além de benfeitorias nelas existentes, bens e móveis e imóveis;57 A sede da instituição deveria estar localizada na Fazenda Jequitibá, que faz parte do município de Mundo Novo, e administrada pelos beneditinos do Mosteiro de São Bento da Bahia, caso estes não possam ou não desejem assumir o compromisso, outra Ordem religiosa deveria assumir a sua administração, sendo elas as Ordens dos Cistercienses e Trapistas, como está expresso no Testamento do senhor Plínio Tude de Souza:
A Fundação Divina Pastora deverá ser administrada e dirigida diretamente por uma das seguintes Ordens Religiosas: Beneditinos do Mosteiro de São Bento da Bahia ou Monástica Trapa ou os Cistercienses sob a condição de qualquer delas que aceitar a incumbência de aplicar os bens legados e os rendimentos aos fins aqui previstos, a exemplo do que fazem atualmente os Beneditinos no Rio de Janeiro e os Trapistas em Taubaté, no Vale do Paraíba do Sul.58
Além desse requisito, em seu Testamento, Plínio Tude de Souza também deixa expressa a finalidade da Fundação Divina Pastora:
[...] e tudo mais que nela existir ao tempo de abrir-se a sucessão, para na mesma fazenda ser criada a escola de ensino primário rural (...). Nesses estabelecimentos exigimos que seja dado o ensino do catecismo e seja ensinada e divulgada a nossa Santa Religião Católica, Apostólica, Romana, como base primordial da referida Fundação Divina Pastora. [...]59
Para a realização destas obras também foi feita uma doação de 400:000,000 (quatrocentos contos de réis), cuja qual seria dividida em uma parcela no valor 200:000,000 (duzentos contos de réis), investida na construção das escolas e mais duas parcelas no valor de 100:000,000 (cem contos de réis), alternando entre si por um período de quatro meses. (Testamento de Plínio Tude, 15/02/1936). Além de que, a Ordem que se comprometesse a assumir à administração da Fundação da Divina Pastora, lhe seria legada a Fazenda São Pedro, localizada no município de Macajuba, "[...] com todos os gados, caprinos e cavalares, vacuns, lanígeros, construções e benfeitorias e tudo que nelas mais existisse ao tempo da sucessão [...]"60.
Ainda, segundo o Testamento a ordem que se comprometesse à administrar a Fundação deveria iniciar os trabalhos após a entrega dos bens, num prazo de seis meses após este último; no entanto, se nenhuma das Ordens, aqui já mencionadas anteriormente, responsabilizassem pela direção da Fundação, a sua tutela deveria ser transferida aos cuidados do Arcebispo Primaz do Brasil ou ao Liceu Salesiano de Salvador para que este destinasse a outra Ordem religiosa a administração da Fundação Divina Pastora.
Assim, em dezembro de 1937, Dona Isabel Tude concede a Dom Abade Plácido Staeb, da Ordem de São Bento da Bahia, a herança do seu esposo Plínio Tude de Souza. Em 31 de janeiro de 1938, o Jornal Avante, de Mundo Novo, noticia o relato do lançamento da pedra fundamental da Fundação Divina Pastora, no Morro da Graça, na Fazenda Jequitibá61:
[...] Si grande foi a idéia de Plínio Tude de Souza maior ainda será a realização da sua obra continuada pela viúva D. Izabel Fernandes Tude de Souza. Em verba testamentária deixou o Coronel Plínio Tude de Souza, em última disposição, que a Fazenda Jequitibá fosse destinada a um colégio para ensino dos filhos de vaqueiros e de agregados e famílias destes. No dia 31 de janeiro p. findo, no morro de Nossa Senhora da Graça na Fazenda Jequitibá, deste município, foi lançada a pedra fundamental da construção da , cujo ato foi abençoado pelo Abade do Mosteiro de São Bento D. Plácido Staib. (...) Ampliando a solenidade, a viúva Exma. Sra. Izabel Fernandes Tude de Souza fês uma locução, dizendo que aquela obra era um anhelo do seu saudoso esposo e que, muito embora, a disposição testamentária permitisse o retardamento da sua realização, era desejo seu ve-la concluída, antes de morrer e, para isto, estava disposta a empregar a maior soma de suas energias; que, sem orgulho, não desejava nada de ninguém, porém pedia o apoio moral do município e não dispensava o dos amigos do seu falecido esposo que ali a animavam [...]62
Assim, os beneditinos dão início aos trabalhos; o monge incumbido para ser superior da futura comunidade foi Dom Mauro Clement e para ajudá-lo foi acompanhando-o Dom Wilibaldo Hofman. "Tão logo chegaram, D. Isabel ordenou a (...) construção de uma casa para abrigá-los até que se construísse o mosteiro."63 Foram eles juntamente com Dona Isabel Tude que escolheram o lugar para ser edificado à sede do Mosteiro, e deram-lhe o nome de Morro da Graça, e "a obra receberia o nome de Fundação Divina Pastora"64 e assim houve o lançamento solene da pedra fundamental, mencionado anteriormente, com
[...] a benção pelo abade de São Bento, Dom Plácido e vários convidados de D. Izabel – Dr. Severo de Albuquerque, engenheiro, e Dr. Jaime Junqueira Aires, advogado, ambos casados com duas sobrinhas de D. Izabel: D. Emília e D. Corina; Dr. José Tude, irmão das duas; Dr. Adalberto Pereira, então prefeito de Mundo Novo; outras autoridades e o empresário Dr. Emílio Odebrecht, engenheiro responsável pela construção. [...]65
Com a chegada dos monges os trabalhos dão desenvolvimento, sendo a Escola Primária Divina Pastora a ser a primeira a ser inaugurada pelos beneditinos, neste mesmo ano de 1938, ressaltando que é uma das finalidades da Fundação Divina Pastora; Nela estavam matriculados 10 alunos e sua inauguração oficial foi no dia 17 de maio de 1938, sendo o primeiro matriculado o filho do administrador, José de Oliveira Borges.66 De modo que,
[...] A importância desta fundação e das instituições que a constituíam, não é ressaltada somente pelos jornais locais, o Avante e O Itaberaba, mas, também por jornais da capital como o A Tarde. A criação da Fundação Divina Pastora ganhou relevância seja pela "caridade cristã" dos seus benfeitores, fosse pelos benefícios que ela traria aos habitantes do Piemonte da Chapada Diamantina, região, como a maioria do interior do estado, carente de escolas tanto de nível elementar como secundário. "67
Os beneditinos assumem este compromisso até o dia 9 de novembro de 1938, quando "Dom Mauro e Dom Wilibaldo foram chamados definitivamente a Salvador renunciando ao legado do Sr. Plínio Tude e de sua esposa."68 Os motivos seriam que a Ordem de São Bento da Bahia não teria "condições de assumir um empreendimento daquela magnitude; não dispunha de monges suficientes para instalar o mosteiro"69. Porém, os reais motivos teriam sido as divergências entre Dom Mauro e Dona Isabel Tude, visto que o primeiro solicitava "aumento de salários e a construção de um salão escolar e que Dona Isabel discordava"70, pois,
[...] Era o difícil relacionamento com a tutora da Fundação, Dona Isabel Fernandes Tude de Souza, permeado por disputas de poder, visto que Isabel Tude não fez a doação dos bens pertencentes a Fundação Divina Pastora imediatamente, ao contrário ela acompanhava o processo de instalação da instituição e todas as etapas tinha que ter o seu aval. [...]71
Enquanto isso Dom Hugo Bressane de Araújo, bispo da diocese de Bonfim, necessitava de mais padres para assumir as paroquias existentes, então, fez-se um "acordo" "entre a abadia de Schilierbach72 e a diocese de Senhor do Bonfim, a entrega da paróquia de Santo Antônio da Jacobina In Perpetuum à ordem Missionária de Cister"73, onde, este compromisso se "coaduna com as ações e objetivos do movimento de Restauração Católica de, com o auxílio de Ordens Missionárias estrangeiras, adentrar no interior do País e disseminar o catolicismo romano."74. Assim, por meio da solicitação de Dom Hugo Bressane, a Abadia Cisterciense de Schilierbach, na Áustria, atendeu o seu pedido.
Dom Aloísio Wiesinger, abade de Schilierbach, enviou 3 padres ao Brasil: "Alfredo Haasler, Adolfo Lukasser e Berchmans Elsen [...] , de modo que, a partir de setembro de 1938, estes passaram a administrar a Paróquia de Santo Antônio de Jacobina."75. Sabendo da desistência da Ordem de São Bento da Bahia em relação à doação das terras do Sr. Plínio Tude, Dom Hugo Bressane, "intermediou junto aos Beneditinos, a doação dessas terras para Ordem de Cister"76, sendo os cistercienses, "apresentados a D. Isabel Tude que falou sobre os desígnios póstumos de seu esposo e das dificuldades encontradas para a concretização da Fundação Divina Pastora, na Fazenda Jequitibá"77.
Enquanto isso a Europa sofre uma grande tensão de uma futura guerra, por conta da ascensão Nazista liderada por Adolf Hitler78. Em março de 1938, a Alemanha anexa a Áustria e assim começam as perseguições aos Mosteiros, o que fez com que a Abadia de Schlierbach e as escolas religiosas fossem fechadas, reduzindo suas atividades79. Neste mesmo ano, no mês de outubro os monges cistercienses, Alfredo Haasler e João Berchmans, foram conhecer a Fazenda Jequitibá, propriedade esta, onde seria localizada a Fundação Divina Pastora e respectivamente o mosteiro; estes gostaram da propriedade e de imediato escreveram ao abade Dom Aloísio, descrevendo tudo o que viram.
Pressionados pelas condições políticas em que se encontrava a Áustria e por apelos insistentes de Padre Alfredo Haasler, em janeiro de 1939, desembarcaram, no Brasil, Dom Abade Aloísio Wiesinger, acompanhado de irmãos-leigos a fim de assumirem a direção da Fundação Divina Pastora.80
Os Cistercienses passaram a dar continuidade da Obra iniciada pelos Beneditinos de forma oficial em 3 de março de 193981, melhorando a "estrutura da Fazenda Jequitibá"82. De modo que,
[...] Após contato, aos poucos foram chegando: Dom Bruno, Pe. Hermano, Ir. Humberto, Ir. Werner, Dom Abade Aloísio Wiesinger, Ir. Emílio, Ir. Ubaldo, Pe. Reinaldo, Pe. Antônio, Pe. Fridolino, Pe. Henrique, Pe. Adolfo que, depois, foi ser vigário em Miguel Calmon. Todos eram alemães e austríacos; só Ir. Humberto era italiano. Aos poucos foram aprendendo o português. D. Isabel, que falava francês, comunicava-se com Dom Abade nesse idioma. [...]83
Ressaltando que "os padres e irmãos leigos cistercienses em Jequitibá foram duramente perseguidos e vítimas de denúncias de espionagem"84, "por serem estrangeiros e identificados como alemães"85 e terem recebido "várias visitas policiais, os religiosos sofreram perseguições de populares em alguns momentos"86; após o Brasil declarar guerra aos países do Eixo, composto por: Itália, Alemanha e Japão; Pelo motivo de que, cinco navios brasileiros foram afundados por navios alemães. De modo que, esse momento, foi um dos quais que fez-se com que
[...] Dom Aloísio após celebrar a missa do dia de São Bernardo em Jacobina, não conseguiu retornar para Jequitibá por ter sido expulso do trem pelos passageiros; foi obrigado, então, a voltar a cavalo, percorrendo um longo itinerário, sendo parado e interrogado no caminho de volta. [...]87
No entanto, mesmo com dificuldades e "sendo interrompidas algumas vezes"88 as obras se mantiveram ativas.
[...] Um imenso galpão construiu-se para funcionar a serraria, olaria, marcenaria, tudo movido a eletricidade. Durante todo o dia, se ouvia o ruído estridente das máquinas, o roncar do trator e do caminhão subindo e descendo o Morro da Graça, transportando material. De todos os lados chegavam pedreiros, marceneiros, ajudantes que se juntavam à equipe especializada de Dr. Emílio Odebrecht, um senhor baixo, forte, corado, com o seu capacete de engenheiro, dando ordens, comandando. [...] foi criada uma escola para as crianças da fazenda, que funcionava na dependência da casa dos padres. [...] Foi construída uma estalagem com vários compartimentos para receber as pessoas que vinham de fora trabalhar, porque o movimento era, cada dia, maior. [...] Primam pela oração, trabalho e disciplina. Cada qual tinha as suas tarefas. Dom Abade e os padres se ocupavam com os trabalhos mais especializados. Os irmãos leigos, com serviços manuais: Ir. Humberto, na agricultura; Ir. Ubaldo, na chefia do setor da marcenaria; Ir. Emílio, na direção da cozinha; Ir. Werner, em tarefas diversas. Todos tinham pessoas que os ajudavam e com eles iam aprendendo. [...] Todos os padres aqui do Brasil usavam batinas e estranhamos os cistercienses só a usarem para os atos litúrgicos. Fora dessas ocasiões, vestiam calças com suspensórios, camisas grossas com mangas no cotovelo, calçavam botinas e chinelões, usavam aventais longos e pesados, chapéus de palha com abas largas param se protegerem do sol. Só Dom Abade permanecia mais tempo com o hábito, que é muito bonito: batina creme e escapulário preto com cinto preto de fivela. Todos tinham o cabelo rente, que eles mesmos cortavam. [...]89
Embora havendo diversos percalços, em 18 de abril de 1945 foi inaugurada a primeira ala do Mosteiro Cisterciense em Jequitibá com uma benção que foi publicada no jornal Correio do Sertão, da cidade do Morro do Chapéu90:
[...] Consoante já noticiou um dos nossos confrades, realisaram-se no dia 18 de abril p. passado, em Jequitibá, no visinho municipio de Mundo Novo, a benção do novo Mosteiro daquela cidade, havendo também ali a inauguração do Colegio São Bernardo, da Fundação Divina Pastora, no Morro da Graça, em cujo colégio já se contam cerca de 80 alunos internos e externos, em grande parte, alunos pobres que recebem instrução gratuitamente. As solenidades religiosas da inauguração do Mosteiro Do Jequitibá, revestidas de raro brilhantismo, foram presididas pelos Exmos. e Revmos. Snrs. D. Henrique Goland Trindade, bispo desta Diocese, e D. Aloisius, superior do novo Mosteiro. O Mosteiro de Jequitibá dos monges Sistercienses, é sem contestação, uma obra monumental e proveitosissima, que um grande bem vem proporcionar a uma vasta região do nosso sertão bahiano, especialmente pelo lado da instrução, o que tanto ainda necessita o nosso povo. Nossas congratulações, pois, ao povo do visinho municipio de Mundo Novo, pelo grande beneficio de que acaba de ser dotado, fazendo votos para que melhoramentos como este, sejam, pelos homens que nos governam, empreendidos em todo o sertão, para a civilisação do nosso povo e grandeza do Brasil. (CORREIO DO SERTÃO, 15/06/1945). [...]91
Embora estando oficialmente registrado, o Mosteiro Cisterciense de Jequitibá92, não tinha a posse jurídica da administração da Fundação Divina Pastora93, e todo seu patrimônio ainda estava sob a tutela de sua executora, D. Isabel Tude94, pois, esta estava insatisfeita com a forma com que Dom Aloísio Wiesinger estava administrando a Fundação. No entanto, Dom Aloísio passou a receber cartas da Abadia de Schlierbach, solicitando seu retorno desde o mês de novembro de 1945, sendo que, apenas em meados de 1946, ele resolve retornar a Áustria para reassumir suas funções de administrar o mosteiro e as escolas que já reiniciavam suas atividades95, deixando o Padre Prior Antônio Moser, por conta da administração do Mosteiro e da Fundação.
Os cistercienses passaram a exigir a transferência jurídica dos direitos sobre a Fundação Divina Pastora e todo seu patrimônio96, porém Dona Isabel se recusava a entregar, talvez "por receio de ser posta de lado pelos cistercienses"97, sendo esta, orientada pelo Abade Geral da Ordem Cisterciense
Dom Mattháus Quatember, através de uma carta na qual este lhe informava sobre a necessidade da transferência dos registros de propriedade para que se pudesse definitivamente erigir a Abadia Cisterciense de Jequitibá. [...]98
Desse modo, Dona Isabel Tude, resolve chamar o Padre Prior Antônio Moser a cidade de Salvador, ainda em meados de 1946 e nesse mesmo ano dar-se início a construção da segunda ala do Mosteiro Cisterciense em Jequitibá99.
Com a mediação do novo Bispo da Diocese de Senhor do Bonfim, Dom Henrique Golland Trindade, os dirigentes do mosteiro e D. Isabel Tude se reuniram em fevereiro de 1947. Inicialmente, D. Isabel propôs a doação juridicamente reconhecida da Fazenda São Pedro, mas, em contrapartida, os cistercienses perderiam a metade dos lucros da Fazenda Jequitibá. Contudo, como todos os investimentos foram realizados nessa fazenda, mesmo com apenas metade dos lucros, ela oferecia mais vantagens aos cistercienses que a propriedade integral da Fazenda São Pedro. A contraproposta do padre prior Antônio Moser, interessado na elevação do mosteiro à condição de abadia independente, era de que D. Isabel entregasse toda a administração da Fundação Divina Pastora e de seu patrimônio aos cistercienses de forma jurídica, e que, num contrato particular, continuasse como sua executora em caráter vitalício. [...]100
Os cistercienses temiam que Dona Isabel viesse a falecer antes de ter concedido o direito jurídico sobre a Fundação e seus bens, o que tornaria o Mosteiro independente, porém, do contrário, outros herdeiros poderiam tornar inviável a continuidade na manutenção da Fundação Divina Pastora101. Enquanto que Dona Isabel Tude, estava temerosa em fazer as devidas concessões jurídicas do patrimônio e ser excluída da direção da Fundação. Então foi feito um acordo onde a Fazenda Jequitibá foi transferida juridicamente102, porém, Dona Isabel Tude, ainda permanecia sendo a executora da Fundação Divina Pastora em sua prática e também seria feito a concessão jurídica da Fazenda São Pedro como prêmio a Ordem Cisterciense103.
Dona Isabel continuou beneficiando o Mosteiro em sua construção da segunda ala, tanto quanto os trabalhos feitos pela Fundação por meio de contribuições significativas, o que fez com que a Ordem Cisterciense a recomendasse com a Comenda de Dama da Ordem do Santo Sepulcro104, numa forma de recompensá-la por seus significativos donativos. Então em 1948, a senhora Tude recebe a mencionada comenda e logo depois renuncia de forma jurídica ao seu direito de usufruir o patrimônio, passando então à tutela da Fundação Divina Pastora e do Mosteiro Cisterciense em Jequitibá105.
Assim, a Fundação e o Mosteiro tornavam-se totalmente dirigidos pela Ordem de Cister, e o Mosteiro elevado à categoria de Abadia independente, sendo o Padre Prior Antônio Moser nomeado seu primeiro abade106 em 1949. Após, historiar e relatar os fatos do desenvolvimento histórico de base da Fundação do Mosteiro Cisterciense em Jequitibá que está interligado com a Fundação Divina Pastora, abordaremos no próximo capítulo os fatores positivos que o povoado de Jequitibá obteve com a realização dessa Obra, de modo a, constatar a construção da identidade jequitibaense e seus progressos obtidos.













3 CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE JEQUITIBAENSE

Localizada na zona sertaneja do Piemonte do Paraguaçu, no município de Mundo Novo, foi realizada a obra da Fundação Divina Pastora, dirigida pela Ordem Cisterciense, onde a concretização desta partiu do desejo póstumo do Coronel Plínio Tude de Souza, e sendo iniciada e acompanhada por sua esposa Dona Isabel Tude de Souza, juntamente com os cistercienses, como aqui já foi mencionado anteriormente. É requisito primordial do Testamento, a criação de uma escola de ensino primário e a exigência do ensino do catecismo e a divulgação da religião da Igreja Católica, Apostólica e Romana, o que nos remete a reflexão e a constatação de que as bases da identidade Jequitibaense, são compostas pelos fatores educacionais primários e da religião católica, no entanto, é notório que com o desenvolver da obra da Divina Pastora e consequentemente do povoado de Jequitibá por meio da direção Cisterciense, a identidade da comunidade naturalmente traz consigo elementos essenciais da forma administrativa dos seus gestores e da Regra de São Bento que rege os membros da comunidade monástica, mesmo que de forma involuntária, ou seja, não sendo necessariamente um monge de fato.
Podem-se perceber os primeiros andamentos da obra cisterciense, mesmo o mosteiro ainda não estando pronto em Jequitibá nesse trecho abaixo:
[...] Tudo mudou e para melhor. As casas receberam luz elétrica; um chafariz foi construído onde todos se abasteciam de água da melhor qualidade; foi criada uma escola para as crianças da fazenda, que funcionava numa dependência da casa dos padres. [...] Duas vezes por semana, ia assistir às aulas de catecismo, ministradas por Dom Abade, um teólogo de grande cultura e que falava nove idiomas.
Ligado à casa, havia um salão que foi transformado em capela e, ao lado, uma varanda muito larga onde eram celebradas as missas em dias festivos, pois a capela era pequena para conter tanta gente que afluía da vizinhança. Durante a semana, os atos religiosos se realizavam na capela, que recebera a bela imagem da Divina Pastora, vendo-se ao fundo os carneirinhos sobre os montes de arbusto. Rezava-se missa a partir das 5 horas da manhã até às 7 e, à noite, o terço, ladainha e a benção do SS. Sacramento acompanhada de cânticos.107
É iniciado o ensino primário ao mesmo tempo em que as aulas de catecismo. A educação e a religiosidade católica, caminhando de mãos dadas. Ambas fazem parte do modo de viver dos filhos de Cister e consequentemente passa aos poucos a fazer parte das pessoas da Fazenda Jequitibá, ressaltando, que em 1938 o ensino primário estava sendo ministrado pelos monges beneditinos, que por motivos aqui já mencionados anteriormente, tiveram que abrir mão da direção da Fundação Divina Pastora e construção do Mosteiro, de modo que,
[...] Em 1940, portanto já sob a direção da Ordem Cisterciense, consta no livro de matrículas o registro de 19 alunos que cursaram o ensino primário. Entretanto, daí até 1945 não são feitas novas matrículas, pois não houve atividades de ensino formal, visto que os monges passaram a concentrar as suas forças fundamentalmente na construção do mosteiro [...]108
Em meados de 1940, Dom Aloísio, já planejava os caminhos que se tomaria para uma eficaz administração educativa voltada a religiosidade cisterciense, este por sua vez, tem a consciência da realização do desejo póstumo do Coronel Plínio Tude, cujas suas prioridades, aqui já foram mencionadas, no entanto, têm-se novas ideias, como é perceptível em sua fala a seguir:
[...] O que se vê aqui em geral é um baixo nível cultural, onde ninguém sabe ler nem escrever, ainda mais para a vida religiosa, nem oração em família, nem sentido em tomar as refeições em conjunto, porque o espaço das moradias era insuficiente. Por isso, era necessário que as crianças não somente freqüentasse a escola, mas recebessem um internato para terem uma instrução religiosa e familiar. Só assim quando esses ficassem formados poderiam um dia formar uma família, trazendo melhorias neste sentido; por isso era de máxima importância uma escola com internato para favorecer um futuro melhor. Também era necessário para continuação da escola, pensar em novas vocações. Então resolvi fundar um ginásio, pois eu não queria somente um seminário, como acontece nas outras ordens religiosas e dioceses; eu defendo a idéia do ginásio, pois o aluno tem melhor condição para depois optar pela vida religiosa ou outra profissão, sendo assim uma melhor vocação. No nosso colégio outros jovens podem estudar, mesmo sabendo que a assistência do responsável torna-se difícil.. [...]109
É notório que com a sua intelectualidade Cister, Dom Aloísio, tem uma visão para além do almejado pelo senhor Tude; ele percebe a possibilidade de não só instruir o povo na educação agrícola e catequista, mas, em conseguir, vocações, futuros monges cistercienses brasileiros, monges estes, que consequentemente levarão esse legado histórico social adiante, pois, como ele mesmo escreveu:
[...] Julgou-se necessário anexar à escola primária e rural um seminário para fomentar vocações de meninos brasileiros, que serão, mais tarde, os continuadores dessa obra social. Para tal fim entretanto não podia servir uma escola particular, porque assim talvez viesse a ser prejudicada a liberdade das vocações. Pode acontecer que um jovem, embora bem instruído e preservado, após quatro ou cinco anos de estudos, reconheça não ter vocação para padre. Sabe, entretanto que, não tendo cursado colégio equiparado, dificilmente poderá encetar outra carreira; e para não perder o trabalho de tantos anos, fica no seminário e ordena-se com pouca ou nenhuma vocação. Para evitar esse grave perigo, qual o de abraçar tão sublime estado sem as devidas disposições, os alunos do seminário seguirão um curso equiparado; dest'arte, se algum deles não se sentir idôneo para o sacerdócio, terá a liberdade ou a possibilidade de seguir outra carreira. (…) Eis porque os Cistercienses tencionam fundar um colégio equiparado, onde os meninos serão habilitados a seguirem quer a carreira eclesiástica quer outra, exercendo outra profissão honrada, na sociedade. [...]110
Então, entre meados dos anos de 1944 e 1945, Dom Aloísio, põe em prática seu pensamento, efetuando a Escola Divina Pastora, para estudos primário, agrícola e religioso em regime de internato no intuito de formar bons agricultores, porém, gratuito, enquanto que, o Ginásio São Bernardo, mesmo sendo em regime de internato "era pago, pois, não estava ligado à Fundação Divina Pastora, mas, sim era uma iniciativa do Mosteiro Cisterciense em Jequitibá"111. Essa ação fez com que Dom Aloísio Wiesinger, juntasse o útil ao agradável, de modo que, ele estaria cumprindo o desejo testamentário ao mesmo tempo em que proporcionava condições propícias para despertar vocações para a vida monástica, do mais novo filho de Cister, por meio do internato, onde os alunos além de estudarem as disciplinas da grade curricular, teriam convivência com a prática diária dos monges em suas orações e trabalhos, ou seja, Ora et Labora (Reza e Trabalha), que faz parte da Regra de São Bento.
As aulas do Ginásio tiveram seu início em março do ano de 1945, porém, ainda sem autorização oficial, e tendo apenas, de início, como professores Dom Aloísio Wiesinger e padre Antônio Moser e logo em seguida,
[...] com retorno dos padres Reinaldo Stieger, Henrique Baur e Fridolino Glasauer para a Fazenda Jequitibá, vindos de São Paulo onde regularizaram seus estudos, o ensino foi reorganizado. Padre Reinaldo ministrava aulas de geografia, história, canto e português; padre Henrique lecionava matemática, ciências naturais e desenho; e padre Antônio Moser ensinava religião e ginástica. Posteriormente, foi introduzido o estudo de língua estrangeira. [...]112
Apenas em 25 de fevereiro de 1947, depois de muitas lutas e percalços "o Ginásio São Bernardo foi oficializado."113. Este funcionava no interior do Mosteiro Cisterciense e por meio de cartas muitas famílias demonstravam interesse em que algum de seus familiares viesse a estudar no Ginásio, que foi divulgada por meio de "panfletos que continham informações básicas sobre a instituição"114, de modo que, houve tanto alunos locais quanto das cidades circunvizinhas e até mesmo da capital, Salvador, no entanto,
[...] A direção do ginásio não tornou explícito o objetivo de formar novos religiosos, pois, esta era uma finalidade que colocavam em prática no cotidiano do internato implicitamente, pois, acreditavam que possibilitando a estes meninos, ainda na infância/adolescência, o convívio com a rotina da vida religiosa, bem como com os princípios morais da ordem, seria mais fácil suscitar "vocações" e garantir a futura formação de um quadro de novos religiosos. [...].115
Ressaltando mais uma vez, que os alunos do Ginásio pagavam para estudar, enquanto que,
[...] Os alunos internos da Escola Divina Pastora (escola primária) que não eram filhos de agregados da Fazenda Jequitibá, e que não tinham sido indicado por Dona Isabel Tude, pagavam mensalidade. Como se pode verificar pelo panfleto de propaganda distribuído pela Fundação Divina Pastora e pelo Mosteiro de Jequitibá sobre os tipos de estabelecimentos educacionais que possuíam, e pelo seguinte registro feito no livro de Tombo: "Estão chegando as primeiras matriculas para os alunos. Neste caso teremos um curso para o pessoal da fazenda, os que D. Isabel vai escolher – e mais um curso de admissão para o ginásio. Este último será pago". 116
Infelizmente o objetivo de Dom Aloísio não se concretizou; devido a tantos empecilhos e dificuldades, mesmo depois de ter conseguido a oficialização do Ginásio, este não conseguiu manter o número de matrículas, que foi diminuindo gradativamente, além do,
[...] desagrado manifesto de D. Isabel Tude quanto à existência de uma escola privada ao lado de uma escola gratuita, patrocinada pela Fundação Divina Pastora; o êxodo rural ocorrido quando os alunos avançavam nos estudos; as dificuldades de acesso à Fazenda Jequitibá; [...]117
Assim, em 1949 o Ginásio São Bernardo dar-se por encerrado ao final do ano letivo, porém, com seu fechamento foi criado o Seminário São Bernardo com o objetivo específico de despertar vocações, para aqueles que de fato, têm a predisposição para ser monge ou padre, isso já na década de cinquenta, onde,
[...] Os meninos fariam o ginásio e colegial (estudos humanísticos) normalmente, conviveriam com os regulamentos da Ordem, mas cientes de que ao completarem os estudos e com a idade mínima permitida, eles ingressariam na Ordem e continuariam a sua formação com o objetivo de seguir sacerdotal. [...]118
Portanto, a instituição "estava unicamente imbuída do objetivo de formar a juventude monástica"119, de modo que,
[...] até fins da década de 1960, funcionaram concomitantemente o Seminário São Bernardo e a Escola Divina Pastora, que servia tanto para o ensino primário das crianças como para a alfabetização dos adultos da Fazenda Jequitibá. [...]120
Porém, a partir de 1969, a Escola Divina Pastora em regime de internato para com sua função, no entanto, passa a funcionar a Escola Santa Isabel localizada na Fazenda Jequitibá e a Escola Santo Antônio no Povoado da Estação, ambas, estão voltadas apenas para o ensino primário, de modo que, não há ensino agropecuário, apenas o ensino regular e "posteriormente, para administração dessas escolas, os dirigentes da Fundação Divina Pastora celebraram convênios com a Secretaria Estadual da Educação que, gradualmente, assumiu a sua gestão."121.
Como se pode ver, os Cistercienses têm uma preocupação e cuidado com a educação e busca por novas vocações religiosas, criando sempre possibilidades de desenvolvimento intelectual, trabalhos manuais e espirituais, onde na Fazenda Jequitibá mantêm-se as atividades de:
"[...] Pecuária, a agricultura, o trabalho na serraria. Mantêm aviário, padaria, fábrica de manteiga, apiário, venda, pensão, oferecendo oportunidade de trabalho às cinqüenta famílias que ali residem. [...]"122
Onde, por fim, da década de 60, o Seminário São Bernardo chega ao fim e no ano seguinte,
[...] acompanhando as mudanças que vinham ocorrendo no contexto da educação nacional, em 1970 os dirigentes do Mosteiro Cisterciense em Jequitibá implantaram o Centro Supletivo de Qualificação Profissional da Fundação Divina Pastora. [...]123
Que tinha por objetivo "oferecer nos moldes do PIPMO124, cursos profissionalizantes nas áreas de agropecuária, mecânica geral, mecânica de autos e marcenaria à revelia dos órgãos competentes da educação."125, não deixando também de oferecer o ensino primário, além do "curso de alfabetização de adultos patrocinado pelo MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização), corte e costura, construção civil, datilografia entre outros"126, ressalvando que "todos esses cursos eram gratuitos para os agregados da Fazenda Jequitibá, conforme os desígnios do seu instituidor."127, formulando assim, dessa forma, a construção da identidade Jequitibaense que é voltada ao desenvolvimento educativo e compromissada com fé católica.
No próximo desdobramento a seguir constataremos quais os progressos obtidos pelo povoado por meio de toda trajetória histórico-social traçada pelos cistercienses, que aqui já foi visto, ao longo da implementação da Fundação Divina Pastora e Mosteiro Cisterciense de Jequitibá, advinda do desejo póstumo do coronel Plínio Tude de Souza, registrado em seu testamento e posto em prática logo que de imediato por sua esposa Dona Isabel Fernandes Tude de Souza em parceria com os filhos de Cister da Abadia de Schlierbach, na Áustria.






3.1. Povoado de Jequitibá: Os progressos obtidos

Muitos fatos e mudanças ocorreram na Fazenda Jequitibá desde o falecimento do Coronel Plínio Tude de Souza e o início da prática do seu desejo póstumo por sua esposa, Dona Isabel Tude de Souza; Foi de uma simples Fazenda com sede e alguns mínimos agregados para um povoado com 50 famílias, Mosteiro Cisterciense com sua Igreja Abacial e a direção de uma Fundação com fins filantrópicos, onde,
[...] O Mosteiro Cisterciense em Jequitibá e a Fundação Divina Pastora frequentemente atuaram também na estruturação do Povoado da Estação e na Comunidade da Fazenda Jequitibá, auxiliando na construção e reforma de casas, abertura de estradas, prestação de serviços médicos e odontológicos [...]128
A Fundação Divina Pastora e o Mosteiro Cisterciense transformou a Fazenda e seus moradores com sua cultura, sua vivência e práticas religiosas da Ordem de Cister fundamentada na Regra de São Bento, Ora et Labora (Reza e Trabalha), com uma vida regular, também promoveu o ensino do catecismo da Igreja Católica e Romana, a realização da Santa Missa todos os domingos, de modo que,
[...] Já, naquele tempo, rezavam a missa em português. Imprimiam livrinhos com a missa dialogada, para a participação dos fiéis. As missas eram acompanhadas de cânticos. Dom Abade e alguns padres sabiam tocar órgão. Aos domingos e nas bênçãos do Santíssimo não faltava o incenso, completando aquele ambiente místico. As leituras do Velho Testamento, das epístolas, do Evangelho eram bem explicadas para que todos entendessem. [...]129
Assim, as pessoas da comunidade se aprofundavam nos ensinamentos e na prática da fé Católica Apostólica Romana, como desejou o Coronel Plínio Tude, de modo que, outros irmãos e padres, além dos primeiros aqui já mencionados anteriormente, vieram da Abadia mãe, Schlierbach, para cooperar ainda mais nessa obra de benefício social, sendo eles:
[...] Os padres Altamano Tretter, Paulo Felber (1947), Ir. Martinho Elmecker (1950), Pe. Bernardo Stoettinger (1951), Pe. Bento Radler (1960), Pe. Dr. João Franz Gattermeyer e enfermeiras diplomadas da Áustria (1964), Pe. José Hehenberger (1966) [...]130
A Fazenda Jequitibá também foi privilegiada com o desenvolvimento da educação, primeiramente com o ensino primário agrícola em regime de internato (Escola Divina Pastora) juntamente com Ginásio São Bernardo que tempos depois ficou sendo apenas Seminário São Bernardo, com o objetivo de obter novas vocações e por fim, é encerrada a Escola Divina Pastora em regime de internato e passa a funcionar a Escola Santa Isabel localizada na Fazenda Jequitibá e a Escola Santo Antônio no Povoado da Estação, ambas, estão voltadas apenas para o ensino primário, porém, sem regime de internato, além de que ao mesmo tempo o Seminário também chega ao fim, pelos motivos aqui já mencionados anteriormente e no ano seguinte, década de 70, se inicia o Centro Supletivo de Qualificação Profissional da Fundação Divina Pastora, funcionando até o ano de 1996, proporcionado ensino de qualidade a todos da comunidade e diversos outros municípios,
[...] Com seus cursos de mecânica geral, mecânica de auto, marcenaria e tratorista agrícola. MISEREOR131 da Alemanha ajudou a construir oficinas tais de ensino profissionalizante e aparelhá-las com máquinas e ferramentas modernas, elevando deste modo o ensino prático com cooperação dos abnegados voluntários austríacos (OED)132 que o Bispo de Linz mandou. Pe. Henrique possibilitou com ajuda dos instrutores do (OED) o excelente funcionamento das oficinas. Centenas de rapazes passaram por estes cursos. [...]133
De fato, os Filhos de Cister desde que tomaram para si tal responsabilidade para com a Fundação Divina Pastora, fizeram jus ao legado deixado pelo Coronel Plínio Tude. A preocupação e o cuidado em acompanhar o desenvolvimento social ao longo dos anos e passá-lo na prática para os moradores da Fazenda Jequitibá são perceptíveis durante todo o trajeto aqui já traçado sobre sua historicidade, de modo que,
[...] O Patrimônio da Fundação serve em Jequitibá a mais de 50 famílias. Quase todas elas já têm casas higiênicas, amplas, com serviço de água, luz e esgoto. As escolas primárias são mantidas com oito professoras formadas.
No setor da saúde serve a Fundação às famílias de Jequitibá e da vizinhança, com seus ambulatórios médico-odontológicos, além do laboratório. Este serviço foi instalado por Dr. João Franz Gattermeyer e enfermeiras voluntárias da Áustria.
[...] Neste funciona a Agência dos Correios [...]134
A inauguração desta agência juntamente com a benção dada por Dom Abade Antônio Moser foi em 03/07/55135. Também eram oferecidos cursos de instruções para o povo e pessoas atuantes como monitores na área de educação:
[...] Curso na Fazenda Jequitibá, "Instruções para monitores", Pe. Henrique deu uma conferência sobre "Educação Sanitária", Pe. Aloísio sobre Religião e Cultura, Ir. Miguel conferência sobre primeiros socorros na Fazenda. Um movimento muito atual – A Instrução em lugares distantes! [...]136
O fato é que desde que os Filhos de Cister chegaram à região do Piemonte do Paraguaçu muito foi feito, não só no sentido material, mas, também no cultural e espiritual, onde naquela época, especificamente no ano de 1966, "[...] Nas escolas vai tudo bem. Os seminaristas dão catecismo na Estação e em outros pontos. Tem 69 alunos internos e 80 na Escola Santa Isabel. [...]"137 de modo que, foi algo que beneficiou muito a comunidade Jequitibaense, e os povoados vizinhos, além do município de Mundo Novo, das cidades circunvizinhas, a Bahia e porque não o Brasil, já que muitos estudantes saíram de Jequitibá para atuarem no progresso social do país, de modo que,
[...] Por ser uma instituição filantrópica com a prestação de serviços na área educacional, cultural, religiosa e de assistência social à população das imediações da Fazenda Jequitibá, a Fundação Divina Pastora foi reconhecida como instituição de utilidade pública municipal, estadual e federal.[...]138
Portanto, esse resquício medieval, que hoje ainda vive na contemporaneidade, trouxe mais, benefícios que malefícios à sociedade, mesmo sendo uma Ordem tão antiga; onde o desempenho da ação de seus idealizadores e colaboradores juntamente com os que desejaram um dia com um espírito progressista o melhor para sociedade não pode ser ignorado e apagado da história, visto que o passado, sempre se faz presente, mesmo que nas mínimas coisas, e que seu legado colabora e ecoa na posteridade, pois, também faz parte da construção da identidade das pessoas de uma determinada localidade.





































4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se dizer que após todo o decorrer da historização de como ocorreu o nascimento de um Filho de Cister no Piemonte do Paraguaçu, remetendo primeiramente aos seus primórdios medievais, onde foi possível conhecer e refletir as bases e regras dos primeiros monges Cistercienses e como estes buscaram por meio do monaquismo e vida austera, no vale de Cister, desenvolver seu próprio sustento no trato com a terra, a busca de Deus por meio da solidão e do silêncio, ao mesmo tempo em que viviam numa comunidade fraterna, dando um novo vigor a Regra de São Bento em suas origens, de modo a viver na prática o Ora et Labora, Reza e Trabalha, tendo uma intimidade com Deus por meio da oração, estudos, trabalhos manuais, caridade e sempre observando o silêncio. Vê-se de imediato que a ociosidade não faz parte da sua conduta e o quanto é necessário estar sempre cultivando para se obter frutos, capazes de tornar um ambiente inóspito e sem produção, num lugar fértil e se desenvolver por meio de seus próprios esforços.
Passados séculos, vê-se na figura do Coronel Plínio Tude de Souza em seu desejo póstumo e também da sua viúva a senhora Dona Isabel Fernandes Tude de Souza a possibilidade do nascimento de um resquício Medieval surgido no século XII, e que em seu apogeu, expandiu-se por toda a Europa, onde na contemporaneidade é possível encontrar resquícios "vivos" de sua existência e permanência no decorrer da história em outros continentes, que é o caso do Mosteiro Cisterciense de Jequitibá. Coronel Plínio Tude tinha um perfil de homem extremamente religioso e devoto da Igreja Católica Apostólica Romana, assim como sua esposa, Dona Isabel Tude de Souza, ambos extremos benfeitores da santa fé católica e fiéis seguidores do catecismo.
O Coronel Plínio Tude, também era um homem visionário, empreendedor, e que se preocupava com o desenvolvimento econômico social da Bahia, principalmente com agricultura. De espírito progressista, procurava as melhores maneiras de produzir, principalmente quando se tratava de terra, acreditava que por meio de uma política de ação, era possível desenvolver a economia, sendo fundamental a profissionalização do homem do campo, dando-lhe oportunidades de educação e trabalho, assim, na prática da caridade, em testamento deixou expresso o seu desejo de deixar seu legado para a posteridade por meio da criação de uma fundação filantrópica, que beneficiou os moradores da zona sertaneja, de modo que a sua contribuição e personalidade ficou marcada na história. Esta é a Fundação Divina Pastora, que teria por seu dirigente, em primeiro lugar a Ordem dos Beneditinos da Bahia, em caso de recusa, seriam os Trapistas ou os Cistercienses, que deveriam criar uma escola de ensino primário agrícola e principalmente que fosse dado o ensino do catecismo e promovida a religião Católica Apostólica e Romana.
Vejamos então, como são os fatos da história, coincidência ou não, por recusa dos Beneditinos, quem acaba por fim a tomar essa missão e compromisso, são os Cistercienses, estes vindos de Schlierbach, na Áustria, que já estavam aqui na Bahia, compromissados em tomar conta das paróquias de Jacobina, mas, diante da proposta da viúva do Coronel Plínio Tude, estes assumem também esse ato de caridade. O notável é como os liames da fé, trabalho e estudo, estão sempre interligados, mesmo com o passar de séculos, além de que, é interessante ver a vontade de cultivar a terra para produzir a sua subsistência e progredir, além de compartilhar todos esses progressos com as outras pessoas, tornando-se num movimento sociocultural comunitário, de modo que, ao mesmo tempo não se deixa de lado a oração a Deus, a vida espiritual e o quanto esta é fundamental, para reconhecer-se a si mesmo, as próprias limitações e olhar para o próximo, em especial os mais carentes, sobretudo, ter consciência da existência de uma Divindade, que dá forças e providência, por meio da fé; Tudo é de fato, muito bíblico.
O embrião de Cister é fertilizado na Fazenda Jequitibá, e com o empenho da sua fundadora, Dona Isabel Fernandes Tude de Souza, mulher determinada, de fibra e fé, juntamente com a inteligência, força, compromisso e também fé de Dom Aloísio Wiesinger, abade de Schlierbach, e seus devotos monges, mesmo com todos os percalços, mencionados anteriormente no desenvolvimento, pouco a pouco o Mosteiro Cisterciense foi sendo edificado, porém, sem deixar de lado a comunidade da Fazenda Jequitibá, que ao longo dos anos, foi-se aprimorando sua fé católica, aprendendo a lidar com outras técnicas o cultivo da terra, tendo educação, construindo a sua identidade sociocultural, marcada pela religiosidade Católica Apostólica Romana e Educação voltada à agricultura; desenvolvendo sua cultura que d'antes parecia ser tão limitada, simples e sem nenhuma perspectiva de desenvolvimento material e intelectual, já que poucos sabiam ler e escrever.
A Fazenda progrediu junto com a Fundação, o município voltou-se os olhos para ela, assim, como o governo estadual e federal, percebendo e reconhecendo a Fundação Divina Pastora dirigida pelo Mosteiro Cisterciense, como instituição de utilidade pública municipal, estadual e federal, por seus serviços prestados nas áreas de educação, cultura, religião e de assistência social à população da comunidade e das imediações da Fazenda Jequitibá.
Por fim, este resquício medieval, um Filho de Cister no Piemonte do Paraguaçu, nasceu, cresceu, fertilizou terras e produziu frutos. Os monges cistercienses fizeram jus ao desejo póstumo do Coronel Plínio Tude e da sua então, falecida posteriormente, esposa, Dona Isabel Fernandes Tude de Souza, de modo que, os progressos obtidos foram positivos e beneficiaram ao povo Jequitibaense, principalmente na formação espiritual, cultural, intelectual e desenvolvimento social da Fazenda Jequitibá, valores que perduram além do tempo, como assim foi desejado. Este é o maior legado do casal Tude para posteridade, esta é a atuação dos cistercienses, registrado na história por meio do seu trabalho, compromisso, estudo, caridade e fé.










REFERÊNCIAS

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FERNANDES, Tathyana Zimmermann. O Ideal de Papa proposto por Bernardo de Claraval no Tratado sobre a Consideração (Século XII). 2007. 146 f. Dissertação (Mestrado em História) – Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

MARTINS, Ana Maria Tavares Ferreira. Espaço monástico: da Cidade de Deus à Cidade do Homem. Escuela Técnica Superior de Architectura (Universidad de Sevilla).

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PINHEIRO, Gilmara Ferreira de Oliveira. Os "monges de branco" e os Sertões das Jacobinas: Catolicismo e Restauração nas Ações Missionárias de Pe. Alfredo Haasler. (1938/1965). 2012. 223 f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana.

SALES, Onéas; SILVEIRA, Fábio; MORAES, Joaldo. Cruzadas. 15 f.

SAMPAIO, Anderson Mendes. O Centro Supletivo de Qualificação Profissional da Fundação Divina Pastora: Uma Instituição Escolar em sua Singularidade (1970-1980). 2011. 144 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador.

VANIN, Iole Macedo. Educando "machos", formando "homens": O Ginásio/Seminário São Bernardo. 2002. 213 f. Dissertação (Mestrado em História Social) - Universidade Federal da Bahia, Salvador.

VASCONCELOS, Tânia Mara Pereira. Educar, Catequizar e Civilizar a Infância: A Escola Paroquial em uma comunidade do sertão da Bahia (1941- 1957). 2009. 207 f. Dissertação (Mestrado em História) – Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Vida e Obra de São Bento. Sociedade das Ciências Antigas. 18 f.


FONTES ESCRITAS E MANUSCRITAS

Acervo do Mosteiro Cisterciense de Jequitibá (AMCJ). Testamento de Plínio Tude de Souza. Salvador 15 de fevereiro de 1936. (Cópia).

Acervo do Mosteiro Cisterciense de Jequitibá (AMCJ). Estatuto Mosteiro Cisterciense de Jequitibá. (cópia)

Acervo da Fundação Divina Pastora (AFDP). Estatuto da Fundação Divina Pastora de Jequitibá. (Cópia)

ANDRADE, Maria Isabel Borges Quadros de. Caderno de Família; Vitória da Conquista 1990.

Folheto comemorativo dos 50 Anos dos Cistercienses no sertão da Bahia/Brasil. 1988. Acervo da Fundação Divina Pastora (AFDP).

Livro de Crônica de Jequitibá 1937-1938, Beneditinos da Bahia e 1939- 1955, Cistercienses. Acervo do Mosteiro Cisterciense de Jequitibá (AMJC).

Livro de Crônica de Jequitibá (II Parte em Português) 1955-1980. Acervo do Mosteiro Cisterciense de Jequitibá (AMCJ).

FONTES ELETRÔNICAS

CORDOVA, Reinaldo Batista. Urbano II; Revista NetHistória... para compreender, registrar e informar. Disponível em < http://www.nethistoria.com.br/secao/ensaios/298/urbano_ii/> , acessos em 10/05/2015.
FILHO, Ubaldo Marques Porto. 200 Anos de Associação Comercial da Bahia. Salvador, 2011. P. 22 e 62. Disponível em: , acessos em 21/08/2015.

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WIKIPEDIA. Oed-Oehling. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Oed-Oehling>; Acessos em 26/09/2015.
ANEXOS



Fig. 1 Coronel Plínio Tude de Souza. (Acervo da Fundação Divina Pastora)

Fig. 2 Dona Isabel Fernandes Tude de Souza. (Acervo da Fundação Divina Pastora)

Fig. 3 Abade Dom Aloísio Wiesinger. (Acervo do Mosteiro Cisterciense de Jequitibá)


Fig. 4. Mosteiro Cisterciense de Jequitibá visto da Fazenda Jequitibá. (Acervo do Mosteiro Cisterciense de Jequitibá)
Fig. 5 Cistercienses com os alunos da Escola Divina Pastora em uma aula prática de agricultura, próximo ao Mosteiro Cisterciense de Jequitibá. (Acervo da Fundação Divina Pastora)

Fig. 6 Cistercienses com alunos da Escola Divina Pastora em aula prática de agricultura. (Acervo da Fundação Divina Pastora)


Fig. 7 Cisterciense dando aula de desenho aos alunos do Ginásio São Bernardo. (Acervo do Mosteiro Cisterciense de Jequitibá)

Fig. 8 Cisterciense dando aula prática de agricultura a um aluno da Escola Divina Pastora. (Acervo da Fundação Divina Pastora)






Fig. 9 Cistercienses, pais e alunos da Escola Divina Pastora e do Ginásio São Bernardo. 1952 (Acervo da Fundação Divina Pastora)







Fig. 10 Cistercienses com os alunos do Ginásio São Bernardo e da Escola no dia da Festa da Divina Pastora. 11/10/1954. (Acervo da Fundação Divina Pastora)

Fig. 11 Visita Canônica em Jequitibá. 04 a 12/06/1955. (Acervo do Mosteiro Cisterciense de Jequitibá.
















































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