Um Ministério Aprovado

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Por Silvano Barbosa

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FERRAMENTAS PARA A MOBILIZACÃO

O

trabalho do pastor envolve uma variedade tão ampla de atividades e funções que dificilmente poderia ser apresentado aqui de maneira completa e definitiva. Certamente, ele é um líder, promotor, administrador e terapeuta. Mas o seu trabalho vai além. Ao ministrar a Palavra, ungido pelo Espírito, ele gera fé, leva ao arrependimento, conduz ao perdão e implanta no homem a natureza divina (II Cor. 5:7; Atos 2:37-38; Rom. 10:8 e I Pedro 1:23). Através de um programa contínuo de visitação, ele leva cada ovelha a perceber que nada lhe agrada mais do que aquilo que lhes é proveitoso, e nada lhe preocupa mais do que aquilo que lhes fere. Quando ministra os ritos da igreja, ele fortalece os pilares fundamentais que são indispensáveis ao bem-estar espiritual da igreja.

O pastor é o instrumento usado por Deus para conduzir cada discípulo no processo de crescimento espiritual que irá habilitá-lo a exercer as prerrogativas de sal da terra e luz do mundo onde estiver. Ele está sempre buscando criar mais formas de participação a fim de ajudar cada discípulo a se misturar com as pessoas, granjear-lhes a confiança, ministrar-lhes às necessidades e então ordenar-lhes: segue-me.1 Contudo, antes de qualquer outra coisa, o pressuposto para a realização deste trabalho é que este é sempre realizado em um local. Todo o trabalho pastoral acontece em um lugar. Todas as igrejas são locais. O ministério de Jesus foi exercido num local, num ponto remoto da Palestina. Toda a Bíblia está baseada na geografia: Sinai, Belém, Jerusalém são locais reais, e aqueles que visitaram as terras bíblicas sabem que os locais onde Moisés morreu e Jesus viveu não são mais atrativos do que o seu distrito pastoral. Todo o trabalho pastoral acontece em um local e a pior coisa que você poderia fazer é desprezar esse lugar. Pode ser uma pequena igreja sem água e energia, entre pés de milho e café, há 600 km da sede da associação e há 130 km da sede do distrito. Pode ser um grande prédio cheio de bancos vazios e salas por terminar, ou ainda uma igreja cheia de gente descompromissada. Há um trabalho a ser feito e o Senhor Deus o considerou fiel, separou-o

para o Seu ministério e o designou para fazer a Sua obra na vida das pessoas que vivem nesse lugar. É nesse local que você desenvolve a sua vocação ministerial e a sua espiritualidade, e de fato, a pior coisa que você poderia fazer é desprezar esse local. Muito antes de chegar no seu local de trabalho, o Espírito Santo já estava agindo ali. Se você observar bem, vai ver as pegadas da ação de Deus lá. Você deve se adequar ao que já está acontecendo, estudar as características, entender o clima, saber que tipo de plantações crescem melhor lá, respeitar as peculiaridades e, então, agir com poder e amor, submetendo a igreja a Cristo e ordenando-a segundo a instrução de Deus. Ao mesmo tempo, a “boa vontade do carpinteiro não lhe garante um corte perfeito”2. Da mesma forma, a boa intenção do pastor não se traduz automaticamente em um ministério eficaz. Realmente acredito que a maioria dos pastores são homens consagrados, bem-intencionados, que dedicaram a vida a Deus e querem fazer o melhor. Mas a boa intenção não se estende de maneira automática à sua vocação. É preciso que o pastor entenda qual é o trabalho a ser feito, o que se espera dele e com o que ele se comprometeu ao aceitar a vocação ministerial, para que então possa realizar o trabalho. Portando, gostaria de apresentar resumidamente cinco áreas fundamentais do trabalho pastoral.

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CUIDAR DO REBANHO “Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele [...] E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória” 1 Pedro 5:2-4. Esse conselho e promessa foram feitos especificamente àqueles separados para cuidar do rebanho do Senhor. A palavra usada por Pedro para se referir a Jesus como Supremo Pastor é poimenos, que significa pastorear ou cuidar do rebanho, sugerindo que, talvez, a principal responsabilidade do pastor seja cuidar do rebanho.3 Jesus não é descrito como Supremo Pregador, Supremo Promotor, Supremo Administrador ou Supremo Líder, mas como Supremo Pastor. Quando o rebanho percebe que o pastor realmente lhe ama, ouvirá o que ele diz, dará o que ele pede e simplesmente o seguirá. Geralmente olhamos para o nosso rebanho de maneira geral, como um todo. Contudo, Richard Baxter sugere que há alguns grupos de pessoas que precisam individualmente da nossa atenção: 1. Os não-convertidos – “A miséria dos perdidos é tão grande que clama pelo máximo da nossa compaixão”. Amigos, há tantas coisas clamando pela nossa atenção, há uma variedade muito grande de responsabilidades que não podem ser adiadas, mas seja o que for que façamos ou deixemos de fazer, não nos esqueçamos dos que ainda estão lá fora. O trabalho de ajudar essas pessoas no processo de conversão talvez seja a parte mais vital do nosso ministério. Ela deve ter a prioridade da nossa atenção e dos nossos esforços. Eu sempre tive comigo um pequeno caderno onde colocava os nomes dos interessados de cada igreja. Em minhas visitas pastorais, perguntava: “Todos já foram batizados aqui?” Quando cumprimentava visitantes ao final dos cultos e nas visitas aos pequenos grupos, eu perguntava: “Posso orar por você?” Além disso, frequentemente os irmãos se aproximavam e me falavam desse ou daquele interessado. Eu perguntava qual o nome e endereço deles, assim, meu caderno de oração sempre estava repleto de nomes. Aqueles que começavam a receber estudos bíblicos, passavam a frequentar um pequeno grupo, continuavam vindo a igreja e demonstravam que estavam aumentavam o nível de interesse e compromisso, eu passava a orar diariamente em favor deles e garantia que continuassem recebendo assistência. Nas minhas visitas pastorais à tarde e à noite, dividia o meu tempo entre os membros da igreja e essas pessoas ainda não-convertidas. Eu as visitava uma ou duas vezes durante o período de estudos bíblicos e fazia uma visita final, quando apelava para o batismo. 2. Os novos na fé – A falta de um atendimento adequado às necessidades desse grupo tem feito com que muitos recém-conversos já nasçam mornos e permaneçam assim por toda a vida, ou pior, abandonem a fé.

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©Jakub Krechowicz| Fotolia

Precisamos ajudá-los a se desenvolverem no processo de discipulado: treinando os que deram estudos bíblicos a continuarem acompanhando essas pessoas durante o processo de desenvolvimento na fé e criando programas de treinamento específicos para eles, engajando-os na missão da igreja. 3. Os espiritualmente fracos – Estes são mais facilmente seduzidos pela tentação, têm menos forças para ficarem firmes quando tentados, conhecem menos a si mesmos e se enganam quanto a sua real condição. Essa é a condição típica de muitos dos nossos irmãos. Ajudá-los a crescer é uma tarefa difícil. O problema de ser espiritualmente fraco é que isso os expõe a muitos perigos. 4. Os que têm impedimentos morais – Estes são aqueles vulneráveis a tentações específicas que os impedem de se desenvolverem. Podemos ajudá-los conversando sobre o assunto, mostrando as consequências terríveis dos seus pecados e, principalmente, mostrando o remédio. O fato é que quanto mais os amarmos, mais lhes mostraremos a nossa tristeza pelo pecado deles. 5. Os desconsolados – Entender as necessidades dos enfermos, enlutados, viúvas, excluídos, idosos, em processo de divórcio é indispensável para que possamos consolá-los. 6. Os maduros – Precisamos ajudá-los no aperfeiçoamento das suas capacidades. Para aumentar o envolvimento deste grupo, precisamos criar mais formas de participação. Isso será visto por eles como uma recompensa. 7. Os líderes – Eles também precisam de nutrição e estímulo espirituais. Precisam perceber que estamos interessados na salvação deles. Corremos o risco de falharmos no atendimento a este grupo por lidarmos com eles apenas no nível funcional. Delegamos tarefas, entregamos materiais, cobramos resultados, mas podemos acabar esquecendo de sermos pastores deles também. Contudo, há outro aspecto relacionado ao cuidado do rebanho que eu gostaria de mencionar. Como pastores, não somos meramente profissionais que prestamos um serviço ou cumprimos uma tarefa e vamos para casa. Para cuidar do rebanho é preciso se envolver. É preciso se aproximar dele e deixar que se aproxime de nós. É preciso desenvolver um relacionamento pessoal. É preciso se tornar alguém de casa, um “insider”. Talvez seja por isso que um membro da igreja em Singapura me disse que eu estaria pronto para ser eficaz no trabalho entre eles quando eu estivesse cozinhando a comida deles, do jeito que eles gostam. Ao refletir sobre as palavras desse ancião, entendi melhor a encarnação de Jesus e concluí que nada menos do que isso é exigido do pastor para que ele seja eficaz em sua obra. Portanto, vamos nos aproximar das pessoas, vamos permitir que elas se aproximem de nós, vamos nos tornar alguém de casa para que possamos cuidar dos diferentes grupos de pessoas que compõem o nosso rebanho.

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O MINISTÉRIO DA PALAVRA Quando usada pelo Espírito, a pregação da Palavra gera fé, traz arrependimento, conduz ao perdão e implanta no homem a natureza divina (At. 2:37-38; Rom. 10:8 e I Ped. 1:23).5 Por isso, precisamos ter em mente que esse aspecto essencial do ministério, a pregação pública da Palavra de Deus, requer uma habilidade, um viver e um zelo que estão além das possibilidades de qualquer um de nós. Colocar-se em frente a uma congregação e transmitir uma mensagem de salvação, instrução, advertência ou repreensão, vinda de Deus e em nome dEle não podem ser considerados assuntos de menor importância. Por isso, o estudo deve ser uma prioridade. Se ousamos nos aventurar a fazer um trabalho tão elevado como esse, será que deveríamos poupar esforços no preparo para realizá-lo? Habilidade e carisma seriam suficientes?6 Ellen White afirma que:

Os homens que se colocam agora diante do povo como representantes de Cristo geralmente têm mais habilidade do que preparo. É essencial que tenham um alvo elevado. Eles poderiam fazer dez vezes mais se cuidassem em serem gigantes intelectuais.7

Portanto, o desejo natural de aprender, a busca pela verdade e a consciência da nossa incapacidade devem nos motivar a uma vida de estudos. Tudo o que você precisa é um tempo, um lugar e disciplina para incorporar esse tempo e lugar à sua rotina diária. Além disso, o ministério da Palavra é um dos meios mais eficazes de estabelecer a autoridade pastoral tão necessária para dire-

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cionar os rumos da igreja, corrigir as distorções e influenciar positivamente. É enquanto está sendo cuidado e nutrido que o rebanho assimila quem é o seu pastor. Por outro lado, um ministério da Palavra deficiente levará o pastor a perder respeito e credibilidade. OS RITOS DA IGREJA Os rituais estão presentes em todas as sociedades humanas. Eles expressam aquilo que palavras não conseguem transmitir. Paul Hiebert afirma que os ritos não são acerca das coisas triviais da vida, mas das imensidões.8 Os rituais podem ser divididos em três grupos principais: transformação, intensificação e crise. Os ritos de transformação criam uma nova ordem e marcam a transição entre diferentes estágios ou status na vida de uma pessoa. São como corredores numa casa, por onde as pessoas precisam passar para ir de um ambiente para o outro. O casamento e o batismo são exemplos de ritos de transformação. Os ritos de intensificação reafirmam publicamente a ordem social e religiosa existente. São como uma faxina. À medida que vivemos em nossas casas, elas simplesmente vão ficando sujas. Periodicamente, a família para e faz uma limpeza. Os ritos de intensificação funcionam como uma faxina social e religiosa, restaurando o significado em um mundo caótico. O sábado é um rito de intensificação semanal, a Santa Ceia é um rito de intensificação trimestral, e o Natal é um rito de intensificação anual. Os ritos de crise são realizados quando perigo ou crise ameaçam a ordem social. Considerando que não há nenhuma estrutura para ser renovada, a estrutura em si precisa ser criada em meio à desordem. Esses tipos de ritos têm um efeito poderoso na comunidade. Eles são realizados

como uma expressão da necessidade de proteção quando uma destruição massiva se espalha na comunidade, como em caso de fome, seca, inundação ou com o propósito de recriação, como fazemos a cada celebração de Ano Novo. Na Bíblia, Deus estabelece rituais para que sejam a representação visível dos Seus atos salvíficos na história. Ele mesmo instituiu esses três tipos de rituais a fim de prover uma ampla variedade de ocasiões nas quais o Seu povo pudesse se encontrar com Ele e reafirmar a lealdade deles a Ele. Veja abaixo alguns exemplos de rituais estabelecidos por Deus: 1. O casamento (Gên. 1:26-28; 2:24) 2. O sábado (Gên. 2:1-3; Êx. 20:8-11) 3. A circuncisão (Gên. 17:10-13) 4. As festas de Israel (Êx. 13:6, 34:22 e Deut. 16:13) 5. O ritual do santuário (Lev. 16) 6. Os funerais (Deut. 21:23) 7. A dedicação de crianças (Luc. 2:22) 8. O batismo (Mat. 3:3-15) 9. A Santa Ceia (Mc. 14:23-25) 10. A Ordenação (Atos 6:3-6, 13:2-3)

Atualmente, continuamos a realizar todos estes ritos, com exceção de três: a circuncisão, as festas de Israel e o ritual do santuário. Contudo, gostaria de enfatizar a importância de dois deles: o batismo e a Santa Ceia. Ellen White afirma que “as ordenanças do batismo e da Santa Ceia são dois pilares indispensáveis ao bem-estar espiritual da igreja”9. Ela vai além ao afirmar que “é nesta ocasião que Cristo encontra o Seu povo e o energiza com a sua presença. Todos os que fixam a fé nele são grandemente abençoados. Os que negligenciam estas reuniões sofrem grande perda”10 Esta declaração deixa claro que as ordenanças não são fontes de graça, mas meios de graça, pois através delas Deus provê uma oportunidade para que o Seu povo se encontre com Ele e seja abençoado. Portanto, jamais deveriam ser realizadas na base do “vai assim mesmo”. Além de todos os demais benefícios, quando realizados com excelência, os ritos da igreja reforçam a função do pastor como legítimo representante de Deus. Consequentemente, também reforçam a autoridade pastoral, tão necessária ao exercício do ministério.

1 ODESPERTAR INTERESSE

UMA ESTRUTURA MISSIONÁRIA Talvez a coisa mais importante a ser falada sobre o estabelecimento de uma estrutura missionária é que uma coisa é o que você faz para nutrir a igreja e outra coisa é o que você faz para evangelizar. Não existem automatismos na igreja. Nada acontece de maneira simplesmente automática. O seu trabalho fiel ao cuidar do rebanho, pregar bons sermões, realizar os ritos da igreja, embora facilitem grandemente o estabelecimento de uma estrutura missionária, não se traduzem automaticamente em batismos. O fato de dar os três passos anteriores não significa que a igreja automaticamente vai se organizar e sair para trabalhar. A igreja precisa ser conduzida em seu processo de crescimento e é necessário que ações específicas sejam tomadas nessa direção. O estabelecimento de uma estrutura missionária depende da execução simultânea de duas ações: despertar interessados e conduzi-los a Cristo. Veja abaixo alguns métodos que a igreja tem tradicionalmente utilizado para alcançar estes objetivos:

2 ACONDUZIR CRISTO

✓ TV Novo Tempo

✓ Duplas Missionárias

✓ Feiras de Saúde

✓ Pequenos Grupos

✓ Mega-domingos

✓ Classes Bíblicas

✓ Livro Missionário

✓ Evangelismo

✓ Programas na Igreja ✓ Diferentes Ministérios

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O pressuposto para que haja conversões é ter interessados. Precisamos mobilizar a igreja para a realização de ações específicas para despertar interessados. Ao mesmo tempo, o pressuposto para que haja batismos é ter pessoas dando estudos bíblicos. Não importa o que estejamos fazendo na igreja, se alguém não estiver com a Bíblia aberta instruindo pessoas no caminho da salvação, dificilmente haverá batismos. Precisamos ter as duas estruturas funcionando juntas. Se você tem muitos interessados, mas ninguém conduzindo à decisão, o resultado é muito trabalho e pouco batismo, pois não há ninguém trabalhando para conduzir pessoas no processo do discipulado. Se você tem pessoas para conduzir à decisão, mas não tem interessados na igreja, a estrutura vai ruir, pois os irmãos missionários da igreja precisam de interessados para continuarem motivados e trabalhando. Ao mesmo tempo, existe um abismo entre entender esse princípio e vê-lo funcionando na sua igreja. Essa lacuna é preenchida com duas coisas: muita oração e muito trabalho. Além disso, alguém pode se perguntar qual dos métodos apresentados acima são os mais eficazes para despertar interessados e conduzi-los à decisão. Antes de responder essa pergunta, quero contar uma história. Uma criança da zona rural observa ao pai trabalhando no campo, plantando melancia. Ela pergunta: “Pai, aqui dá melancia?” O pai responde: “Sim, filho, dá”. Meses depois, o pai de família está plantando feijão. A criança mais uma vez pergunta: “Pai, aqui dá feijão?” O pai responde: “Sim, filho, dá”. No ano seguinte, o pai está plantando abóbora. Intrigada, a criança pergunta: “Pai, aqui também dá abóbora?” O pai parou, olhou com atenção para o filho e respondeu: “Meu filho, plantando, regando e adubando, dá”. Você entendeu! Não existe apenas um método que pode ser usado com sucesso. O melhor método a ser aplicado para iniciar o estabelecimento de uma estrutura missionária na sua igreja é aquele com o qual você mais se identifica. É isso que vai te dar o brilho no olho e a paixão tão necessários para o processo de promoção e mobilização da igreja. Nos últimos cem anos, de uma maneira ou outra, todos estes métodos foram aplicados com sucesso em diferentes partes do Brasil. Ao mesmo tempo, tem ficado cada vez mais evidente que os Pequenos Grupos são a metodologia mais rica, aquela através da qual mais objetivos podem ser alcançados e, portando, vai exigir um pouco mais de esforço da sua parte para vê-la funcionando na igreja. Além disso, quanto maior for a variedade de métodos sendo aplicados, maiores serão as oportunidades de engajamento. Contudo, qualquer que seja o método utilizado, plantando, regando e adubando, dá!

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É importante lembrar que, o fato de implantar uma estrutura missionária em sua igreja, não significa que ela continuará funcionando automaticamente. Como qualquer instrumento em funcionamento, é necessário um programa periódico de manutenção para que ela continue operando em suas melhores condições. Duas ações são indispensáveis. Primeiro, uma reunião periódica de acompanhamento, avaliação, planejamento e motivação. Em minha experiência pessoal, posso dizer que uma periodicidade menor do que mensal (semanal ou quinzenal) não favorece a continuidade, considerando as muitas atividades paralelas realizadas tanto pelos pastores como pelos membros. Segundo, é necessário realizar festivais missionários. Eles funcionam como os fios de alta tensão da igreja e proporcionam uma recompensa ao árduo trabalho realizado pelos irmãos. Finalmente, lembre-se de que a igreja não funciona em condições ideais. Ao implantar a estrutura missionária, é mais importante ter uma percepção clara do ideal do que ser motivado. Faça um trabalho organizado, sistemático e consistente e, a despeito da condição atual da sua igreja, continue caminhando sempre na direção desse ideal. RITMO DE TRABALHO Acredito que apenas pensar na execução de todas as atividades pastorais descritas até este ponto seria suficiente para deixar um profissional de qualquer outra área um tanto desorientado! A conclusão óbvia é que é simplesmente impossível realizar todas as atividades e funções pastorais sem um bom ritmo de trabalho. Amigos, não podemos evitar aquilo que nos custará maior sacrifício. Não podemos servir a Deus de maneira barata. Tenho observado que raramente Deus abençoa o trabalho de um homem se o seu coração não está comprometido com o êxito daquilo que ele está disposto a realizar. Por isso, amigos, coração no trabalho e ritmo de trabalho. Só um detalhe: a organização poupa tempo! Às vezes, me sinto frustrado ao perceber que não existe nenhuma outra alternativa ao trabalho, e muito trabalho. Me pergunto quando vou ter algum alívio e vou poder viver de maneira mais tranquila, mas não há qualquer indicação de que irei receber esta resposta em algum tempo próximo! Contudo, o que posso afirmar com segurança é que o nosso trabalho não é em vão, e que haverá uma recompensa. “Suporte comigo os sofrimentos, como bom soldado de Cristo Jesus. O lavrador que trabalha arduamente deve ser o primeiro a participar dos frutos da colheita”, II Tim. 2:3 e 6.

CONCLUSÃO Um ministério aprovado: Como se define? Em que se resume? Como realizá-lo com excelência? Não tive a pretensão de apresentar aqui respostas definitivas para estas questões, mas gostaria de chamar atenção para o fato de que as respostas nos levam à essência do ministério pastoral, àquilo que é a nossa vocação essencial. Ao cuidar do rebanho do Senhor, ministrar a Palavra no poder do Espírito, realizar as ordenanças que são os pilares fundamentais do bem-estar espiritual da igreja e estabelecer uma estrutura missionária que irá comunicar a mensagem divina para o tempo em que vivemos, o pastor direciona os seus esforços para a execução das atividades que justificam o seu chamado ministerial. Como não poderia ser diferente, alcançar um desempenho eficaz em meio a realização de tantas tarefas não é uma coisa simples, e exige um forte ritmo de trabalho, mas o Senhor prometeu que haverá uma recompensa. Enquanto isso, vamos colocar o coração no trabalho do Senhor, lembrando sempre das palavras do apóstolo Paulo: “Porque eu sei em quem tenho cri-

do, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia”, 2 Tim. 1:12.

1. WHITE, Ellen. A Ciência do Bom Viver. p.143. 2. PETERSON, Eugene. A Vocação Espiritual do Pastor: Redescobrindo o Chamado Ministerial. São Paulo, SP: Mundo Cristão, 2005. 3. FOWLER, John. Adventist Pastoral Ministry. Nampa, ID: Pacific Press, 1990, p. 34. 4. BAXTER, Richard. The Reformed Pastor. London: Banner of Truth, 1974, pp. 62-75. 5. PETERSON, Eugene. A Vocação Espiritual do Pastor: Redescobrindo o Chamado Ministerial. São Paulo, SP: Mundo Cristão, 2005, p. 66. 6. BAXTER, Richard. The Reformed Pastor. London: Banner of Truth, 1974, p. 23 7. WHITE, Ellen. Testemunhos Para Ministros. p. 194. 8. HIEBERT, Paul. Understanding Folk Religions. Grand Rapids, MI: Baker Academics, 1999, pp. 283-323. 9. WHITE, Ellen. Evangelismo. p. 273. 10. WHITE, Ellen. O Desejado de Todas as Nações. p. 656.

SILVANO BARBOSA

O pastor Silvano Barbosa é o editor da revista Foco na Pessoa. Graduou-se em Teologia no IAENE em 1998 e concluiu o mestrado em Teologia Pastoral no UNASP, em 2010. Atualmente, está cursando PhD em Missão e Ministério na Andrews University. Foi pastor distrital por cinco anos nas associações Paulista Leste e Mineira Sul. Também atuou no sul de Minas como Secretário Ministerial e departamental de Publicações por três anos. Em seguida, serviu por quatro anos como departamental de Ministério Pessoal e Escola Sabatina nas associações Norte Paranaense e Paulista Central. É casado com a enfermeira Lea Sampaio, com quem tem dois filhos, Davi e Liz.

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