Um novo achado do Bronze do Sudoeste. A estela do Monte do Ulmo (Santa Vitória, Beja)

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dois suportes... ...duas

revistas diferentes

o mesmo cuidado editorial

revista impressa

Iª Série (1982-1986)

IIª Série (1992-...)

(2005-...)

revista digital em formato pdf

edições

[http://www.almadan.publ.pt] [http://issuu.com/almadan]

EDITORIAL ste tomo da Al-Madan Online reúne estudos, artigos e textos de opinião de natureza muito distinta. Nos primeiros inclui-se a análise de faianças provavelmente produzidas em Coimbra entre a segunda metade do século XVII e os inícios do século XVIII, entretanto recolhidas no interior do perímetro amuralhado da antiga vila medieval do Jarmelo (Guarda), a par do estudo de um conjunto de pratos decorados em “corda-seca” recuperado na Praça do Comércio e na Ribeira das Naus, em Lisboa, que atesta o uso destas cerâmicas sevilhanas de finais do século XV, primeira metade do século XVI, na convivialidade da corte portuguesa da época. Segue-se uma abordagem às técnicas e tecnologias informáticas disponíveis para a manipulação não invasiva, a restituição e a representação gráfica de cerâmicas arqueológicas, acompanhada de uma reflexão bem diversa, centrada na interpretação sociológica da epigrafia votiva do municipium Olisiponense, considerando as diferentes entidades religiosas e os que lhes prestam culto nesta parcela do Império Romano. Os textos de opinião ilustram também uma assinalável diversidade. O primeiro fala-nos da “Arqueologia das Coisas”, também conhecida como “Arqueologia Simétrica”, uma visão pós-processualista do mundo e da transformação social como teia de relações entre seres humanos, mas também entre estes e seres não humanos, e de todos eles com “coisas”. Outro trabalho trata a relação antrópica com o ambiente aquático e apresenta propostas para a definição, interligação e aplicação de conceitos como os de Arqueologia Marítima, Naval, Náutica e Subaquática. Por fim, um terceiro reflecte sobre as condições de consolidação e desenvolvimento do Parque Arqueológico do Vale do Côa, de modo a que este assuma em plenitude o importante papel regional que pode e deve desempenhar. As denominadas arqueociências marcam presença através da apresentação e sustentação teórico-metodológica de projecto de investigação em arqueomagnetismo aplicável na datação absoluta de contextos e materiais arqueológicos. A temática patrimonial mais alargada está representada por trabalhos de ilustração científica de aspectos técnicos, etnográficos e históricos do Moinho de Maré de Corroios (Seixal), de divulgação da vida de Maria José Viegas e integração da sua obra em couro no contexto da produção artística das mulheres portuguesas, e, ainda, de destaque para a importância local e regional da extinta igreja de N.ª Sr.ª da Consolação, fundada em meados do século XV à entrada do castelo de Alcácer do Sal. Noticia-se o achado, em Monte do Ulmo (Santa Vitória, Beja), de uma nova estela atribuída à Idade do Bronze, e a aplicação de técnicas de estudo de parasitas em sedimentos associados a enterramentos humanos de necrópole identificada na igreja de S. Julião, em Lisboa. Por fim, apresentam-se sínteses ou balanços de vários eventos científicos ou de âmbito patrimonial, dedicados ao debate de temáticas ligadas ao Neolítico, à Época Romana e à Antiguidade Tardia, ou à reflexão sobre o papel dos museus, empresas e associações de cidadãos na gestão da Arqueologia e do Património arqueológico. Como sempre, votos de boa leitura!...

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Capa | Jorge Raposo Montagem de fotografias de peças em faiança recolhidas no interior do perímetro amuralhada da antiga vila do Jarmelo (Guarda), provavelmente produzidas em Coimbra, entre a segunda metade do século XVII e os inícios do século XVIII. Fotografias © Tiago Ramos e Vitor Pereira.

II Série, n.º 20, tomo 1, Julho 2015 Propriedade e Edição | Centro de Arqueologia de Almada, Apartado 603 EC Pragal, 2801-601 Almada Portugal Tel. / Fax | 212 766 975 E-mail | [email protected] Internet | www.almadan.publ.pt Registo de imprensa | 108998 ISSN | 2182-7265 Periodicidade | Semestral Distribuição | http://issuu.com/almadan Patrocínio | Câmara M. de Almada Parceria | ArqueoHoje - Conservação e Restauro do Património Monumental, Ld.ª Apoio | Neoépica, Ld.ª Director | Jorge Raposo ([email protected]) Publicidade | Elisabete Gonçalves ([email protected]) Conselho Científico | Amílcar Guerra, António Nabais, Luís Raposo, Carlos Marques da Silva e Carlos Tavares da Silva Redacção | Vanessa Dias, Ana Luísa Duarte, Elisabete Gonçalves e Francisco Silva Resumos | Jorge Raposo (português), Luisa Pinho (inglês) e Maria Isabel dos Santos (francês)

Jorge Raposo Modelo gráfico, tratamento de imagem e paginação electrónica | Jorge Raposo Revisão | Vanessa Dias, Fernanda Lourenço e Sónia Tchissole Colaboram neste número | Rafael Alfenim, Ticiano Alves, Maria João Ângelo, André Bargão, Piero Berni, André Carneiro, António Rafael Carvalho, Ana Cruz,

Mariana Diniz, Sara Ferreira, José Paulo Francisco, Agnès Genevey, Rámon Járrega, Sara Leitão, Ana Marina Lourenço, Vasco Mantas, Andrea Martins, Vítor Matos, César Neves, Franklin Pereira, Vitor Pereira, Xavier Pita, Eduardo Porfírio, Tiago Ramos, Sara Henriques dos Reis, Artur J. Ferreira Rocha, Ana Rosa, Sandra Rosa,

Miguel Serra, Luciana Sianto, Pedro F. Silva, Rodrigo Banha da Silva e Ana Vale Por opção, os conteúdos editoriais da Al-Madan não seguem o Acordo Ortográfico de 1990. No entanto, a revista respeita a vontade dos autores, incluindo nas suas páginas tanto artigos que partilham a opção do editor como aqueles que aplicam o dito Acordo.

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ÍNDICE EDITORIAL

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OPINIÃO ESTUDOS

A Arqueologia e as Coisas: a disciplina e as correntes pós-humanistas | Ana Vale...41

A Faiança da Antiga Vila do Jarmelo (Guarda): contributos para o seu conhecimento | Tiago Ramos e Vitor Pereira...6

Arqueologia Marítima, Naval, Náutica e Subaquática: uma proposta conceitual | Ticiano Alves e Vasco Mantas...50

De Sevilha para Lisboa: pratos com decoração em “corda-seca” de final dos séculos XV-XVI de dois contextos na Ribeira ocidental | André Bargão, Sara Ferreira e Rodrigo Banha da Silva...21

Arqueologia, Património e Desenvolvimento Territorial no Vale do Côa | José Paulo Francisco...56

ARQUEOLOGIA Breve Abordagem Acerca da Aplicação das Técnicas Computacionais à Representação da Cerâmica Arqueológica | Ana Rosa e Sandra Rosa...28

ARQUEOCIÊNCIAS Uma Análise da Epigrafia Votiva de Olisipo: contributo para um estudo das interacções culturais no municipium | Sara Henriques dos Reis...34

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II SÉRIE (20)

Tomo 1

JULHO 2015

Arqueomagnetismo em Portugal: aplicações em Arqueologia | Maria João Ângelo, Agnès Genevey, Rafael Alfenim e Pedro F. Silva...64

Elementos para a História da Extinta Igreja de Nossa Senhora da Consolação de Alcácer do Sal nos Séculos XV a XVII | António Rafael Carvalho...91

PATRIMÓNIO O Moinho de Maré de Corroios: ilustração do Património pré-industrial | Xavier Pita...76

O Couro Repuxado na Linhagem Feminina: a arte de Maria José Viegas | Franklin Pereira...99

NOTÍCIAS Um Novo Achado do Bronze do Sudoeste: a estela do Monte do Ulmo (Santa Vitória, Beja) | Miguel Serra e Eduardo Porfírio...108 EVENTOS Colóquio O Neolítico em Portugal, Antes do Horizonte 2020: perspectivas em debate | Mariana Diniz, César Neves e Andrea Martins...112 Seminário Internacional Augusta Emerita y la Antiguëdad Tardía | André Carneiro...114 Congreso Amphorae ex Hispania: paisajes de producción y consumo | Ramón Járrega y Piero Berni...116

Estudo Paleoparasitológico de Sedimentos Associados a Enterramentos Humanos da Necrópole da Igreja de São Julião, Lisboa | Luciana Sianto, Sara Leitão, Vítor Matos, Ana Marina Lourenço e Artur Jorge Ferreira Rocha...110

I Fórum sobre Museus, Empresas e Associações de Arqueologia: dinâmicas e problemáticas sociais na gestão da Arqueologia em Portugal | Ana Cruz...118

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NOTICIÁRIO ARQUEOLÓGICO

Um Novo Achado do Bronze do Sudoeste a estela do Monte do Ulmo (Santa Vitória, Beja) Miguel Serra e Eduardo Porfírio [Arqueólogos / Palimpsesto - [email protected]]

A estória de um achado celebração do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios de 2015 em Beja foi assinalada através de duas iniciativas dedicadas à Idade do Bronze em Santa Vitória. A primeira actividade realizou-se no dia 17 de Abril de 2015 em Santa Vitória, aldeia do concelho de Beja e sede de freguesia, com uma conferência a cargo dos signatários sobre a Idade do Bronze nesta região, com o intuito de dar a conhecer à população local os importantes legados e achados que a investigação arqueológica desta região nos deu a conhecer. A segunda actividade, no dia 18 de Abril de 2015, consistiu num percurso pedestre que pretendia “atravessar 3500 anos de história pelas planícies da Idade do Bronze”, com início e fim em locais conhecidos pelos importantes achados desta época aí descobertos: o Monte do Ulmo e a Mina da Juliana. Sem necessidade de aprofundarmos muito o tema, basta-nos dizer que o percurso, que contou com mais de 100 participantes, organizado em conjunto pela Câmara Municipal de Beja, pela União de Freguesias de Santa Vitória e Mombeja e pela empresa de arqueologia Palimpsesto, foi apoiado com uma breve exposição histórica de cada um dos sítios, a cargo de um dos signatários (MS) no Monte do Ulmo, e de Sofia Soares, geóloga do Instituto Politécnico de Beja, na Mina da Juliana. Sobre estes dois sítios bastará dizer, neste breve texto, que o Monte do Ulmo é conhecido pela necrópole de cistas localizada algures nas suas proximidades, estudada por Abel Viana nos anos 40 do século XX (VIANA, 1947; VIANA e RIBEIRO, 1956), enquanto a Mina da Juliana merece a sua fama pelo facto de se terem encontrado no século XIX, numa galeria de mineração a grande profundidade, alguns artefactos metálicos deste período, nomeadamente machados e escopros, acom-

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II SÉRIE (20)

Tomo 1

JULHO 2015

FIGS. 1 E 2 − Em cima, localização do Monte do Ulmo (Carta Militar de Portugal, escala 1:25000, n.º 530). À esquerda, estela do Monte do Ulmo.

panhados ainda por percutores em pedra (VEIGA, 1891: 211). Resta dizer que a exposição oral no Monte do Ulmo foi enriquecida pelas informações prestadas pelo seu proprietário, Cesário Colaço, sobre a história recente deste monte centenário onde chegaram a viver e a trabalhar diversas famílias em tempos idos.

Para completar estas explicações foi ainda distribuído um folheto aos participantes, com textos de divulgação sobre os dois sítios mencionados e acompanhado de algumas imagens dos artefactos aí recolhidos. No caso do Monte do Ulmo, foi utilizada uma estampa retirada do Arquivo de Beja (VIANA e RIBEIRO, 1956: 164) onde figuravam desenhos de várias cistas, de alguns materiais arqueológicos e de duas estelas da Idade do Bronze, nomeadamente as estelas de Panóias (Ourique) e de Defesa (Santiago do Cacém), as quais apresentam como motivo comum a intrigante figura conhecida como ancoriforme. Ora, foi precisamente o desenho deste objecto que chamou a atenção do Sr. Cesário Colaço, que em seguida chamou um de nós (MS), indicando que tinha na sua posse uma “pedra riscada” igual àquelas que viu nesses desenhos. Tal facto confirmar-se-ia de imediato ao nos ser mostrada uma laje que havia sido descoberta, há dois anos atrás, no decurso de trabalhos agrícolas nas imediações do Monte do Ulmo, e que apresentava de modo muito nítido a figura do ancoriforme (Figs. 1 e 2).

Estelas e necrópoles Uma vez que este texto pretende apenas dar a conhecer este novo achado, não iremos fazer uma descrição exaustiva da estela agora encontrada, até pelo facto da nossa preocupação imediata ter sido a de assegurar a sua recolha e entrega à Câmara Municipal de Beja, após o devido acordo do proprietário, onde agora se encontra para se poder proceder à sua limpeza, levantamento e estudo, que já deverão estar concluídos quando estas linhas forem publicadas. Bastará nesta fase referir que se trata de uma estela integrada no subtipo A da classificação de Mário Varela GOMES (2006: 60), que se distingue por uma iconografia mais simples, que ora mostra o símbolo do ancoriforme isolado ou em associação com a representação da espada e que, segundo esta proposta, poderá fazer parte do grupo mais antigo dentro das estelas de tipo alentejano. A estela do Monte do Ulmo, apesar de apresentar algumas fracturas, parece estar completa no que diz respeito à sua iconografia, não nos restando dúvidas de que se trata de um exemplar que apenas ostenta o símbolo do ancoriforme, à semelhança das estelas de Alfarrobeira, Panóias, El Torcal e Trigaches II. Trata-se de uma laje alongada com 102 cm de altura, 38 cm de largura e uma espessura de 11 cm. A figura do ancoriforme tem 47,5 cm de comprimento. Apesar de raramente se conhecer o contexto primário destas estelas, o seu cariz funerário parece não deixar dúvidas e é de assinalar que todas as que

foram recolhidas na região de Santa Vitória / / Mombeja surgem sempre próximas de necrópoles de cistas, como, por exemplo, a estela da Pedreirinha, encontrada no lugar epónimo que se situa junto à necrópole de Mós, a estela de Santa Vitória, que poderia estar reutilizada numa sepultura, as três estelas de Mombeja, que também poderiam ter sido reutilizadas em sepulturas na necrópole de Alcarias e, por fim, a estela do Assento, encontrada perto do caminho de acesso ao Monte do Ulmo (SERRA, 2014: 277, 278 – Tabela 3), onde agora se encontrou mais esta estela que também poderá estar relacionada com a necrópole do Ulmo. Futuro imediato e não só… A agora denominada estela do Monte do Ulmo será alvo de nova publicação mais exaustiva em breve, mas a nossa preocupação também vai no sentido de a tornar conhecida do público em geral e, sobretudo, das comunidades locais, para enfatizar a importância do Património da região durante a Idade do Bronze e como forma de apelo para que futuros achados sejam dados a conhecer pelos seus proprietários, de modo a que se tornem um bem público acessível a todos e garantindo assim a sua preservação futura, pois estamos em crer que novos elementos deste tipo ou outros serão tornados públicos mais frequentemente se conseguirmos criar uma verdadeira Arqueologia Pública!

Bibliografia GOMES, M. V. (2006) – “Estelas Funerárias da Idade do Bronze Médio do Sudoeste Peninsular: a iconografia do poder”. In Actas do VIII Congresso Internacional de Estelas Funerárias. Lisboa: Museu Nacional de Arqueologia, pp. 47-62 (O Arqueólogo Português, Suplemento 3). SERRA, M. (2014) – “Os Senhores da Planície: a ocupação da Idade do Bronze nos «Barros de Beja» (Baixo Alentejo, Portugal)”. Antrope, Série Monográfica. Tomar: Centro de Pré-História do Instituto Politécnico de Tomar. 1: 270-296. Em linha. Disponível em http://www.cph.ipt.pt/ download/AntropeDownload/ANTROPE%201/ antrope-Metodologias-Trabalho-Arqueologico.pdf (consultado em 2015-05-03). VEIGA, E. (1891) – Antiguidades Monumentais do Algarve. Lisboa: Imprensa Nacional. Vol. IV. VIANA, A. (1947) – “Notas Históricas, Arqueológicas e Etnográficas do Baixo Alentejo”. Arquivo de Beja. Vol. IV, Fasc. I-II, pp. 10-11. VIANA, A. e RIBEIRO, F. N. (1956) – “Notas Históricas, Arqueológicas e Etnográficas do Baixo Alentejo“. Arquivo de Beja. Vol. XIII, Fasc. I-IV, pp. 153-167.

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