Um vergonhoso ataque à classe operária
Descrição do Produto
ECONOMIA
»
IMPOSTOS
IMPOSTOS
Um vergonhoso ataque à classe operária José Miguel Pinto dos Santos
Seguir
8/10/2016, 8:30 399 36
"O operário, ao colocar ao serviço de outrem as suas forças e a sua indústria (...) adquire um direito sem limites, não só para exigir o seu salário, como também para usar dele como melhor entender." Há três semanas atrás foi anunciado que um novo imposto sobre o património, a aplicar a partir de 2017, deverá incidir sobre o valor tributário total dos imóveis dos contribuintes, enquanto o IMI (imposto municipal de imóveis) se aplica ao valor de cada prédio; segundo a informação inicial, avançada pelo Bloco de Esquerda, o limite mínimo para cobrar o imposto ascende a 500 mil euros de valor patrimonial e a sua aplicação será progressiva. Pouco depois, uma figura pública, conhecida pelos seus vigorosos ataques ao capitalismo selvagem em que vivemos, fez uma declaração: “A retenção das riquezas por um pequeno número ao lado da indigência da grande maioria, a maior consciência do seu valor por parte dos operários e a sua união cada dia mais forte […] estão a originar uma verdadeira guerra.” E o referido alto dirigente passou a enquadrar de imediato esta medida, proposta pelo governo, nos seguintes termos:
“O operário, ao colocar ao serviço de outrem as suas forças e a sua indústria fá lo com o intuito de angariar o necessário para viver e poder prover à sua sustentação, e assim, mediante o seu trabalho, adquire um direito sem limites, não só para exigir o seu salário, como também para usar dele como melhor entender.” Acrescentou a seguir: “Portanto, se o trabalhador à força de poupar parte do seu salário e para maior segurança dessas economias as emprega na compra de um terreno, tornase evidente que esse terreno mais não é do que um salário transformado: o terreno assim adquirido pelo operário é tão seu como o salário ganho com o seu trabalho.” Quase sem pausa, o mesmo líder começou a desferir um contundente ataque a política tributária e redistributiva da geringonça, abrindo assim uma divisão ideológica insanável entre as forças que combatem a “cobiça de uma concorrência desenfreada”: “E é nisto que consiste precisamente, como não é difícil de ver, o direito à propriedade mobiliária e imobiliária. Assim, o empenho dos socialistas em converter a propriedade particular em propriedade coletiva mais não faz do que empiorar a situação dos operários, já que ao priválos da liberdade de usarem a seu belprazer o salário, roubamlhes a esperança e quaisquer possibilidades de aumentarem o seu património e procurarem maiores benefícios.” Só se pode lamentar que o autor destas palavras já não consiga distinguir entre socialistas e bloquistas mas, hoje em dia, quem ainda o consegue? O autor destas declarações pode, no entanto, contar com a benevolência de todos. Tanto mais quanto o lutador prooperário antiliberal que fez estes comentários, não só foi contundente, foi também presciente. Leão XIII (1810 1903) fêlos, há 125 anos, na Rerum Novarum. Professor de Finanças, AESE Business School
PARTILHE COMENTE 36
Comente e partilhe as suas ideias
SUGIRA
Lihat lebih banyak...
Comentários