Uma abordagem ao conceito “Tecnologias da Informação” no contexto do Profissional de Informação-Documentação.

July 22, 2017 | Autor: Luis Machado | Categoria: Information Technology, Tecnologia, Tecnologia da Informação
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Uma abordagem ao conceito “Tecnologias da Informação” no contexto do Profissional de InformaçãoDocumentação.

Luís Machado Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra [email protected]

Resumo/Abstract Este trabalho tem como objetivo abordar, através de uma revisão bibliográfica, o conceito de “tecnologias da informação” comparando-o com as tecnologias relevantes para o Profissional de InformaçãoDocumentação tendo como referência o modelo do profissional europeu patente no respetivo referencial. Na primeira parte do trabalho procura-se uma definição atual do termo tecnologia, abordando a relação tecnologia-ciência. Na segunda parte, justifica-se a utilização da expressão “tecnologias da informação” no plural e não no singular, apresentando uma interpretação para essa expressão. Por fim, confronta-se o conceito apresentado na segunda parte com o grupo das tecnologias incluídas nas competências e aptidões dos profissionais europeus de Informação-Documentação apresentadas no Euro-referencial I-D em vigor.

This work aims to address, through a review of the literature, the concept of "information technology" by comparing it with the relevant technologies for the Professional Information-Documentation having as reference the european professional model manifest in the respective reference. In the first part of the job search-if a current definition of the term technology, addressing the relationship technology-science. In the second part, justified the use of the term "information technology" in the plural and not singular, presenting an interpretation for this expression. Finally, facing the concept presented in the second part with the group of technologies included in the skills and aptitudes of european professional InformationDocumentation presented in Euro-referential I-D in force.

Palavras-chave/Keywords: Tecnologia; técnica; tecnologias da informação; euro-referencial I-D.

Technology; technique; information technologies; euro-referential I-D.

Introdução No âmbito da Unidade Curricular de Teorias e Métodos em Ciência da Informação, lecionada no Mestrado em Ciência da Informação da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra pelo docente Hans Richard Jahnke, foi realizado este trabalho que tem como objeto de estudo o conjunto restrito de tecnologias atualmente designadas como tecnologias da informação, no contexto do Profissional de Informação-Documentação. A razão da escolha deriva do interesse pessoal e profissional do autor em tais tecnologias. Interesse, esse, exponenciado pela omnipresença das mesmas na sociedade atual e sua inegável relevância para as atividades humanas. O trabalho é composto por três partes. Na primeira procura-se uma definição atual do termo tecnologia, abordando a relação tecnologia-ciência. Será também abordado o conceito de técnica no sentido de estabelecer a sua ligação com a tecnologia. Na segunda parte, justifica-se a utilização da expressão “tecnologias da informação” no plural e não no singular, apresentando uma interpretação pessoal para essa expressão em jeito de definição mas limitando-se a linhas muito gerais. A exploração do conceito de informação, por exemplo, ficará fora dos limites deste trabalho. Não completamente fora, mas apenas abordada de forma propositadamente indireta, ficará a comunicação. Frequentemente associada às tecnologias da informação, será mencionada enquanto tal mas a sua análise também não irá ser efetuada. A relação entre tecnologias da informação e tecnologias de informação e comunicação é um assunto que, por si só, merece um trabalho em separado. Por fim, na terceira parte, confronta-se o conceito “tecnologias da informação”, apresentado na segunda parte, com o grupo das tecnologias incluídas no Referencial das Competências dos Profissionais Europeus de Informação e Documentação (Euro-Referencial I-D) em vigor, datado de 2005 na sua versão portuguesa.

Objetivos e Metodologia Este trabalho tem como objetivo abordar, através de uma revisão bibliográfica, o conceito “tecnologias da informação” comparando-o com as tecnologias relevantes para o Profissional de Informação-Documentação tendo como referência o modelo profissional europeu patente no respetivo referencial. Especificamente, pretende-se atingir quatro objetivos: a) Apresentar uma definição atual do termo tecnologia; b) Justificar a razão do uso do plural na expressão tecnologias da informação; c) Conceber uma proposta, em linhas gerais, de definição para o conceito tecnologias da informação; d) Comparar o conjunto das tecnologias da informação, de acordo com a definição obtida, com o “Grupo T – Tecnologias” do Euro-referencial I-D. No objetivo a) não se pretende apresentar uma nova conceção, antes procurar de entre as existentes uma que se afigure atual pela sua abrangência, fundamentação e contemporaneidade. Nos objetivos b) e c), já se pretende apresentar uma interpretação pessoal, alicerçada na pesquisa bibliográfica efetuada, da expressão tecnologias da informação. Por último, no objetivo d), pretende-se fazer uma comparação crítica focada na interpretação que se efetuou do conceito tecnologias da informação.

Tecnologia Das várias definições do conceito “tecnologia”, verifica-se que, por tecnologia, se pode entender: −





Um conjunto de conhecimentos: “tecnologia é um conjunto de saberes inerentes ao desenvolvimento e concepção dos instrumentos (artefatos, sistemas, processos e ambientes) criados pelo homem através da história para satisfazer suas necessidades e requerimentos pessoais e coletivos” (Veraszto, Simon, Silva, & Miranda, 2008, p.78); A utilização de conhecimentos científicos: “Como tecnologia, entendo, (…) o uso de conhecimentos científicos para especificar as vias de se fazerem coisas de uma forma reprodutível” (Castells, 2002, p.67); Ou ambos: “Systematic knowledge and action, usually of industrial processes but applicable to any recurrent activity” (“Technology,” n.d.).

Antes de mais, verifica-se que nem todas as definições identificam os conhecimentos inerentes à tecnologia como sendo científicos. De facto, de acordo com Veraszto et al., (2008), a tecnologia é muito anterior à ciência, pelo que incorporará conhecimentos pré-científicos: Os primeiros utensílios de pedra constituem-se nos artefatos mais antigos de que temos notícias, e se encontram no começo de uma série de produtos desenvolvidos graças ao esforço e à capacidade criadora e intelectual do ser humano, envolvendo saberes, conhecimentos, habilidades e competências que não necessitam de existência prévia de conhecimento cientifico organizado. (Veraszto et al., 2008, p.65) Atendendo a esse argumento, definições de tecnologia que apenas incluam conhecimentos científicos estariam incompletos. No entanto, pode-se argumentar que, na citação acima, encontra-se uma referência à técnica e não à tecnologia. Aliás, na própria obra atrás citada, os autores referem que, apesar das duas palavras terem uma origem comum na palavra grega techné, “que consistia muito mais em se alterar o mundo de forma prática do que compreendêlo”, na palavra tecnologia junta-se a expressão logia (do grego logus, razão), levando à conclusão que a mesma significaria “o estudo da técnica” (Veraszto et al., 2008, p.61-62). Assim, o esforço e a capacidade criadora e intelectual do ser humano empreendida na criação de artefactos seria a técnica e não a tecnologia, sendo esta o estudo dessa ação, desse “saber fazer”. A utilização dos dois termos como sinónimos é, nas palavras de Maria José Tavares (1999, p.18), muito comum embora, diz-nos a historiadora, a palavra tecnologia tende a ser usada nas referências à evolução técnica proveniente das revoluções industriais ou identificada com os novos processos e meios de comunicar e informar que recorrem a uma pluridisciplinaridade científica. Enquanto a palavra técnica continua ligada ao saber manual, mesmo fazendo uso de maquinaria. Portanto, mesmo no uso indistinto, parece existir uma distinção entre os dois conceitos, onde a tecnologia aparenta uma maior complexidade e contemporaneidade. Pelo exposto, no presente trabalho, ir-se-á considerar como próprios da tecnologia os conhecimentos científicos, ficando o conhecimento empírico incluído nos “saberes-fazer” da técnica. Tecnologia - conhecimento científico e técnica - conhecimento empírico. Como se relacionam, se mais parece uma dicotomia? Neste ponto torna-se necessário apresentar uma definição para técnica. Mais consensuais, as definições de técnica apontam para o que, no presente trabalho, foi expresso como saber-fazer. Um saber executar “que advém mais de uma habilidade, inata ou adquirida, do que da

inteligência” (Tavares, 1999, p.18). Será, pois, legítimo afirmar que técnica e saber-fazer são sinónimos? Para responder é necessário atentar à validação da técnica enquanto tal. Validação expressa na própria definição de técnica. Eis dois exemplos: Para José Machado, autor do Grande Dicionário da Língua Portuguesa, técnica (como referido em Tavares, 1999) pode ser definida como um “conjunto de processos bem definidos e transmissíveis que se destinam à produção de certos resultados que se consideram úteis”. Já para João M. Baptista é necessário fazer a distinção entre “técnica (t, minúsculo), acção ou sequeência de acções finalizadas, socialmente consagradas pela sua utilidade e eficácia” e “Técnica (t, maiúsculo), conjunto de técnicas” (1993, p.31). É necessário, portanto, que o conjunto de processos ou a sequência de ações produzam resultados que se consideram úteis ou sejam socialmente consagradas pela sua utilidade e eficácia para serem consideradas técnicas. Esta utilidade social está em consonância com as definições de tecnologia analisadas, pois como característica omnipresente está a sua utilidade para as atividades humanas. Neste ponto do raciocínio pode-se inferir que os conhecimentos tecnológicos só o serão se forem socialmente considerados úteis para a realização das atividades humanas. Temos, portanto, na técnica os processos práticos alicerçados num saber fazer inicialmente empírico e/ou intuitivo, um saber que passos percorrer para atingir determinados objetivos sem entender o porquê e, por vezes, até o como. É a tecnologia que, sendo posterior à técnica, traz consigo conhecimentos científicos que fundamentam e explicam os processos técnicos. Contribuindo, desta forma, para o aperfeiçoamento e inovação das técnicas. Face ao apresentado, adotar-se-á, para o presente trabalho, a definição proposta por Joaquim Nogueira e Manuel Porfírio (2013, p.19) para tecnologia: conhecimento científico da atividade técnica, sendo a técnica, segundo os mesmos autores, o conhecimento dos processos práticos de realização da atividade técnica – saber fazer. O conceito de tecnologia não deverá ser abordado, mesmo numa abordagem breve como a presente, sem mencionar os autores que consideram-na uma ciência, uma vez que essa posição não será a mesma que considerar a tecnologia, como na definição adotada para este trabalho, como “conhecimento científico”. De entre as posições que consideram a tecnologia como uma ciência, ainda há a discussão se esta seria “apenas” uma ciência aplicada. O aprofundamento dessa questão não cabe no presente trabalho, contudo, para terminar esta secção, expor-se-á duas opiniões que se considera relevantes pela abordagem que fazem ao conceito. Ruy Gama (1990, p.43) recusa-se a aceitar a tecnologia como ciência aplicada, advogando sua definição como ciência voltada para a produção, “a ciência do trabalho produtivo”. O autor atribuí a discussão, à volta da definição de tecnologia, em grande parte a uma “tradução apressada do inglês technology”. João M. Baptista aborda a questão na mesma linha da, já aqui apresentada, definição da técnica, diferenciando tecnologia com “t” minúsculo e Tecnologia com “t” maiúsculo. A primeira seria um “conjunto de técnicas associadas”, e a segunda a “ciência da Técnica e das técnicas” (1993, p.31).

Tecnologias da informação Na secção anterior definiu-se tecnologia como sendo o conhecimento científico da atividade técnica. Nesse sentido, poder-se-ia usar a expressão tecnologia da informação no singular, significando: o conhecimento científico da atividade técnica no âmbito da informação. Parece perfeitamente aceitável tal conceção. No entanto, o termo aparece quase sempre no plural. Uma possível explicação poderá residir na referida confusão que a tradução do vocábulo technology pode gerar, uma vez que esta “cobre um vasto campo de significados, indo desde o que entendemos por técnica, ou conjunto de técnicas, até os instrumentos, ferramentas e objetos tecnicamente produzidos, bem como o know-how” (Gama, 1990, p.43). Por outro lado, pode-se utilizar a expressão tecnologias da informação no sentido de incluir mais de um grupo de conhecimentos científicos que, sendo do âmbito da informação, podem ser considerados como uma tecnologia autônoma. Nessa linha de raciocínio Afonso Ponce (2005) afirma: (…) la tecno-logía como sustantivo requiere de un adjetivo que lo precise y califique. Si digo tecnología arquitectónica, me estaré refiriendo al conjunto de conocimientos en torno al hacer de la arquitectura. En este sentido, cada disciplina del conocimiento tiene "su" tecnología. Outros autores vão a uma especificação ainda maior, afirmando que, num sentido mais amplo, “existem tantas tecnologias específicas quantos são os tipos de problemas a serem resolvidos, ou mais, se considerarmos que cada problema apresenta mais de uma solução possível” (Veraszto et al., 2008, p.79). Esse “sentido mais amplo”, como mostrado na secção anterior, pode ser considerado do domínio da técnica não constituindo em si uma tecnologia. Mas, outrossim, tal depende da forma como o conceito de tecnologia é interpretado. Procurando especificar que tipo de tecnologias se pode incluir nas tecnologias da informação encontra-nos, logo à partida, confrontados com uma questão de terminologia: tecnologias da ou de informação? Neste trabalho adota-se a expressão “tecnologias da informação”, uma vez que se pretende indicar que as tecnologias abordadas pertencem ao âmbito da informação e não apenas que dizem respeito à informação (Henriques, 1998). A maioria das referências encontradas utiliza a expressão “Tecnologias de informação” o que, por princípio, deveria significar a inclusão de um maior número de tecnologias. Curiosamente, a que pareceu ser mais abrangente utiliza a expressão tecnologias da informação: Entre as tecnologias da informação, incluo, como todos, o conjunto convergente de tecnologias em microeletrônica, computação (software e hardware), telecomunicações/ radiodifusão, e optoeletrônica. Além disso, diferentemente de alguns analistas, também incluo nos domínios da tecnologia da informação a engenharia genética e seu crescente conjunto de desenvolvimentos e aplicações. (Castells, 2002, p.67) A inclusão da engenharia genética neste grupo é justificado pelo autor por esta se concentrar na decodificação, manipulação e consequente reprogramação dos códigos de informação da matéria viva. Além de outras razões que ultrapassam os limites deste trabalho. Outras definições de Tecnologias de Informação especificam áreas que podem ser incluídas nas tecnologias em microeletrónica e computação: Designação genérica para as diversas tecnologias que têm a ver com o tratamento da informação. As Tecnologias de Informação consistem em processos de tratamento, controlo e comunicação de informação, baseados essencialmente em meios informáticos.

As principais áreas das Tecnologias de Informação são a Informática, Burótica, Telemática e Controlo e Automação (“Biblioteca Universal: Tecnologia de informação (TI),” 2015). Ou agrupam todas as áreas num só conceito que pode ser entendido como tecnologias informáticas ou de computação: “Information technology (IT) encompasses a broad spectrum of computer technologies used to create, store, retrieve, and disseminate information” (“Automation: Types of automation,” 2015). É, ainda, possível encontrar definições onde não se especificam áreas tecnológicas: “Conjunto de equipamentos técnicos e procedimentos recentes que permitem o tratamento e a difusão de informação de forma mais rápida e eficiente” (“Tecnologia: Tecnologias de informação,” 2015). Por esta amostra verificamos a existência de várias tecnológicas que se podem incluir nas tecnologias da informação justificando o plural da expressão. Abordou-se os meios, falta abordar a finalidade, isto é, para que servem as tecnologias da informação? Atentando às definições aqui transcritas, pode-se responder a essa questão da seguinte forma: servem para criar, tratar, armazenar, controlar, recuperar e difundir informação. Tendo em conta a interligação dos processos apresentados pode-se reduzi-los para metade na definição que iremos propor. Assim, por tecnologias da informação pode-se entender o

conjunto de conhecimentos científicos dos processos técnicos de tratamento, controlo e difusão da informação. A não referência a meios digitais ou informáticos na proposta apresentada é propositada pois, apesar de dominantes, ainda não têm o exclusivo no que concerne às tecnologias da informação.

Tecnologias da informação no Euro-referencial I-D Importa, antes de iniciar, contextualizar o documento Referencial das Competências dos Profissionais Europeus de Informação e Documentação, (ou Euro-referencial I-D, na sua forma resumida). Da responsabilidade autoral do Conselho Europeu das Associações de Informação (que agrupa nove associações profissionais de outros tantos países da União Europeia), a versão portuguesa, usada neste trabalho, é uma edição da INCITE – Associação Portuguesa para a Gestão da Informação. O documento Euro-Referencial I-D assume-se como um instrumento auxiliar para “redigir um curriculum vitae, progredir na carreira, auto-avaliar-se, elaborar um programa de formação”, destinado a profissionais de informação-documentação, empregadores-recrutadores, formadores e outros que queiram orientar-se para estas atividades, (Conselho Europeu das Associações de Informação e Documentação [ECIA], 2005, p.11). Esse documento apresenta uma lista de trinta e três domínios de competência, divididos em cinco grupos, a saber: Grupo I – Informação, Grupo T – Tecnologias, Grupo C – Comunicação, Grupo M – Gestão [Management] e Grupo S – Outros saberes. Considerando que se trata de um referencial I-D (informação-documentação) é com uma certa surpresa que se verifica ter um grupo denominado de “Tecnologias” destinado apenas às “tecnologias da Informática e da Internet” (p.11). Estranha-se, também, a separação das tecnologias da informática das da internet dada a indissociação desta última com a primeira, ou seja, as tecnologias da internet fazem parte das tecnologias informáticas. Tendo em conta o exposto nas secções anteriores do trabalho, a surpresa continua quando listamos os domínios de competência do grupo Tecnologias: T T T T T

01 02 03 04 05

– – – – –

Concepção informática de sistemas de informação documental; Desenvolvimento informático de aplicações; Publicação e edição; Tecnologias da Internet; Tecnologias da informação e comunicação.

Pela nomenclatura apresentada dir-se-ia que a informática, a internet e os processos de publicação e edição não fazem parte das tecnologias da informação e comunicação, uma vez estarem fora do grupo com esse nome. Analisando a descrição de cada um destes domínios, chega-se à conclusão que não será assim mas nem por isso se torna menos confuso. Os domínios T01 e T02 fazem referência a “sistemas de informação documental” em meios informáticos mas nenhuma referência à sua integração nas TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação). O domínio T04 continua apartado tanto da informática como das TIC. Os outros dois, reproduz-se aqui a descrição para uma análise mais detalhada: T03: Disponibilizar informação ao público, de modo acessível, produzindo ou reproduzindo documentos em todos os suportes, utilizando da melhor maneira os novos instrumentos e métodos disponibilizados pelas tecnologias da informação e comunicação (p.64). T05: Utilizar e implementar os métodos, técnicas e ferramentas informáticas (equipamentos ou aplicações) para a implantação, desenvolvimento e exploração de sistemas de informação e de comunicação (p.68). Pela descrição do domínio T03 os processos de publicação e edição estão integrados nas tecnologias da informação e comunicação que, pela descrição do domínio T05, se resumem aos métodos, técnicas e ferramentas informáticas.

Como foi referido no início desta secção, tratando-se de um referencial para profissionais de informação-documentação, seria surpreendente não incluir tecnologias áudio-visuais analógicas. E, de facto, elas lá estão mas não no grupo das tecnologias. Encontram-se no Grupo C – Comunicação. Dos sete domínios de competência desse grupo, transcreve-se a descrição do que diz respeito aos audiovisuais e de outro que está, de novo, ligado à informática: C03 - Comunicação Audiovisual: exprimir-se e fazer-se compreender por meios e ferramentas que utilizam a imagem e o som (p.76). C04 - Comunicação pela Informática: exprimir-se e fazer-se compreender em diferentes contextos profissionais, graças ao software de automação de escritório: gestão de pastas e documentos, tratamento de texto, folha de cálculo, base de dados, desenho e apresentação, correio electrónico (p.78). Faria todo o sentido, estes dois domínios, estarem no grupo das tecnologias. É certo que o foco é colocado na comunicação mas, para fazer uso dessa competência através dos meios referidos, um utilizador necessita de as saber utilizar. Parece, aliás, ser essa a lógica inerente à constituição do grupo “T” do referencial: Grupo: T: Tecnologias, procede de uma lógica diferente. Os cinco domínios que agrupa não têm em comum assegurar uma grande função essencial, cada um com a sua orientação e os seus meios próprios, mas sim utilizar os mesmos instrumentos materiais e intelectuais, proporcionados pelo desenvolvimento das tecnologias ditas “novas”, ou seja essencialmente da informática. É assim que o domínio intitulado “Publicação e edição” surge integrado neste grupo. Na verdade, os editores têm sido mais sensíveis à intervenção cada vez mais generalizada de meios informáticos em todas as etapas do processo de publicação do que ao papel por estes desempenhado no conjunto dos meios para comunicar a informação ao público (p.19). Um ponto se afigura necessário destacar desta apresentação. A consideração que o grupo das tecnologias do referencial se debruça sobre os instrumentos proporcionados “essencialmente” pela informática. Pela análise feita sobre os domínios deste grupo o “essencialmente” será antes “totalmente” a não ser que, como parece ser o caso, se considere a internet como uma tecnologia separada. Atentando ao apresentado ao longo do trabalho, seria o grupo T do referencial que deveria ser denominado de Tecnologias da informação e comunicação e não um dos seus domínios. Na descrição deste grupo deveria ser ressalvado o facto de não se incluir todas as tecnologias que cabem nesse grupo, antes aquelas que se afiguram relevantes para o Profissional de InformaçãoDocumentação. Nas incluídas, a área da informática teria, de facto, relevância mas não deixando de parte outros meios, como os audiovisuais referidos no grupo C.

Resultados e Discussão Considera-se ter alcançado os objetivos propostos para o trabalho tendo em conta as especificações impostas ao mesmo. Com o objetivo de apresentar uma definição atual do termo tecnologia, procurou-se comparar abordagens diferentes, extraídas de contextos diversificados. Não se pretendia fazer uma revisão histórica pelo que a preocupação foi a de selecionar fontes recentes. Apresentar uma nova definição para tecnologia estava fora dos limites estabelecidos, mas poderia ter sido uma junção de várias. Não foi, contudo, essa a opção. A finalidade desta procura tinha um propósito claro, encontrar uma definição que contribuísse para a abordagem ao conceito “tecnologias da informação”, clarificando o que, neste trabalho, iria ser entendido como tecnologia. A fundamentação e contemporaneidade da definição adotada: conhecimento científico da atividade técnica, estão, por um lado, nos argumentos apresentados na primeira secção deste trabalho e, por outro, na fonte original do conceito. Joaquim Nogueira e Manuel Porfírio são dois autores contemporâneos, de referência nacional na área tecnológica e especificamente na educação tecnológica. Quanto à abrangência, a definição atribuí à atividade técnica o carácter de objeto de estudo e de intervenção da tecnologia, compreendendo desse modo dois aspetos essenciais. Incorpora os saberes-fazer próprios da técnica, não deixando de lado todo o tipo de saberes inerentes aos processos técnicos. Incluiu, por essa via também, a questão da utilidade para as atividades humanas, pois essa característica está implícita no conceito de técnica. Assim, a definição apresentada é abrangente e sucinta, sem deixar de especificar o tipo e o objeto do conhecimento em causa. Na segunda secção, a justificação para o uso do plural na expressão tecnologias da informação, seguiu a mesma metodologia que na secção anterior. Mas, ao contrário da primeira secção, na definição para o conceito tecnologias da informação o objetivo foi o de apresentar uma proposta pessoal. A proposta apresentada: conjunto de conhecimentos científicos dos processos técnicos de tratamento, controlo e difusão da informação, pretende seguir o mesmo carácter conciso e abrangente. Ao especificar a utilidade e não o tipo de tecnologias que inclui torna-a específica no que faz e abrangente no como faz. Finalidade, na última secção, foi efetuada uma análise das tecnologias presentes no Referencial das Competências dos Profissionais Europeus de Informação e Documentação à luz das definições apresentadas nas secções anteriores. O objetivo inicial seria realizar uma comparação crítica entre dois grupos, um saído da secção anterior e o presente no Euro-referencial I-D. A opção pela análise efetuada derivou de dois fatores. Por um lado, as designações e descrições das tecnologias, explanadas no referido documento, mostraram-se confusas e até contraditórias. Por outro lado, torna-se evidente que as tecnologias informáticas ou de computação detêm o monopólio nesta área deixando, para as outras tecnologias, uma franja residual. O que levanta questões quanto à sua relevância para o Profissional de Informação-Documentação. Questões que seriam de interesse o seu aprofundamento em trabalhos subsequentes. Outra questão, aqui apenas aflorada, merecedora de aprofundamento é a relação tecnologia – ciência.

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