UMA ALTERNATIVA AO CONHECIMENTO PAUTADO NA CIÊNCIA MODERNA

Programa de Mestrado Profissional em Administração Disciplina: Administração Pública, Estado e Sociedade Professora: Clerilei Aparecida Bier Aluna: Gisiela Hasse Klein Seminário 12 – 27/05/2015

PERGUNTAS 1. Os movimentos sociais e as ONGs que trabalham conectadas mundialmente com interesses de grupos oprimidos podem ser considerados um modelo de globalização contra hegemônico e uma aplicação da teoria do conhecimentoemancipação de Boaventura? 2. Um erro da ciência moderna apontado por Boaventura foi explicar a sociedade a partir da ideologia do liberalismo. Como exemplo, ele cita o darwinismo e sua extensão às teorias sociais e políticas. As propostas do “conhecimentoemancipação” também não estariam caindo na mesma armadilha ao tentar entender os fenômenos naturais a partir dos sociais?

UMA ALTERNATIVA AO CONHECIMENTO PAUTADO NA CIÊNCIA MODERNA Após 200 anos de conhecimento pautado na ciência moderna, a humanidade se depara com uma realidade de ignorância, pobreza, dominação e destruição do planeta. Ao mesmo tempo em que o desenvolvimento científico nos proporcionou grandes descobertas, elas não foram usadas para o bem estar dos homens. Pelo contrário, chegamos a uma crise do paradigma dominante. Para Boaventura, no entanto, essa crise não é um pântano cinzento de ceticismo e irracionalidade. O autor defende que a caracterização da crise traz consigo o perfil do paradigma emergente. “Falarei do paradigma de um conhecimento prudente para uma vida decente. Com essa designação, quero dizer que a natureza da revolução científica é estruturalmente diferente da que ocorreu no século XVI. É uma revolução científica que ocorre numa sociedade já revolucionada pela ciência e o que

vai emergir desta revolução não é apenas um paradigma científico, mas também social.” (Santos, 2000:27)

A mudança de pensamento de uma ciência hiperespecializada para uma visão complexa, flexível e interligada do conhecimento sugere uma tomada de consciência da crise e dos problemas fundamentais que afligem o homem, promovendo a transformação de si e de sua relação com a sociedade e o planeta. Esse novo conhecimento é chamado por Boaventura de conhecimentoemancipação, pautado no princípio da comunidade e da racionalidade estéticoexpressiva. Pelo princípio da comunidade, Boaventura nos conduz aos conceitos de solidariedade, à defesa da retórica, do senso comum e de participação. Já pelo princípio racionalidade estético-expressiva, o autor propõe um “reencantamento do mundo”. “... mais do que uma teoria comum, do que necessitamos é de uma teoria de tradução que torne as diferentes lutas mutuamente inteligíveis e permita aos atores coletivos ‘conversarem’ sobre as opressões a que resistem e as aspirações que os animam. É neste contexto que a teoria crítica pós-moderna procura reconstruir a ideia e a prática da transformação social emancipatória. As especificações das formas de socialização, de educação e de trabalho que promovem subjetividades rebeldes ou, ao contrário, subjetividades conformistas é a tarefa primordial da inquirição crítica pós-moderna”. (Santos, 2000:27)