Uma Análise Sobre o Tempo - O que é o Tempo; As relações entre Passado, Presente e Futuro; A realidade do Tempo

May 27, 2017 | Autor: Aline Palumbo | Categoria: Resenha, Resumo
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SUMÁRIO


INTRODUÇÃO...................................................................................................2
TEMPO IRREAL................................................................................................3
TEMPO COMO SENTIDO SUBJETIVO.........................................................3
O TEMPO PRESENTE NA ALMA...................................................................4
PARADOXO SOBRE O TEMPO PRESENTE...........................................5
TEMPO LONGO..........................................................................................5
SOLUÇÃO PARA O PARADOXO SOBRE O TEMPO PRESENTE.......6
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................7
BIBLIOGRAFIA...............................................................................................8





















INTRODUÇÃO

Desde os primórdios da cultura ocidental, filósofos vem debatendo a questão do tempo. Questão essa, totalmente relevante para o dia a dia de qualquer indivíduo. Quando crianças, perguntamos de onde viemos e para onde vamos, isto porque conforme crescemos notamos que possuímos uma intuição sobre o tempo e as coisas que nos cercam. Ouvíamos nossos pais dizendo que havia uma hora para o banho, outra para comer, ir à escola, enfim, que há um tempo para todas as coisas.
Mas afinal, o que é o tempo?
"Tempo: duração relativa das coisas que cria no ser humano a ideia de presente, passado e futuro; período contínuo no qual os eventos se sucedem."
Se apenas isso bastasse para definir o tempo, ainda assim não seria suficiente. E de fato, não é. Por isso o homem, seja filósofo ou físico, se dispôs a estudar o tempo na tentativa de explicar suas propriedades (passado, presente e futuro), e principalmente obter respostas sobre a (ir)realidade deste.
A tarefa de pensar a noção de tempo e defini-lo em toda sua amplitude, parece fácil no inicio. No entanto, ao destrinchar alguns pontos veremos o quanto se tornou confuso para os filósofos chegar a uma única conclusão sobre o determinado assunto.
Alguns deles ousaram ao tomar este conceito como sendo algo subjetivo, outro tratou que estava presente na alma e há quem apresente teorias que levam à negação de sua realidade.
Por esta última que começaremos ainda neste espaço introdutório, pois trata-se de duas teorias acerca das posições do tempo.






O TEMPO IRREAL
O filósofo inglês John Mctaggart apresenta duas teorias para explicar as posições no tempo. Ele chama Série A, a que explica que o tempo consiste em passado, presente e futuro, e Série B, a que diz haver para o tempo somente o momento "anterior" e "posterior" de cada evento.
SÉRIE A SÉRIE B
Passado Anterior
Presente Evento
Futuro Posterior

De acordo com essas estruturas Mctaggart se aprofunda em buscar qual das duas séries seria essencial para o tempo. Começa por negar que a série B seja essencial, pois ela não apresenta mudança. E bem se sabe, que tempo envolve mudança. Permanece então com a Série A, que acredita ser a única necessária para o tempo, por apresentar mudança. E é por esta Série que ele dirá que o tempo é irreal.
Ora, algo que seja presente, passado e futuro, devem ser cada qual em sua posição. Mas o que se nota, é que se a leitura deste trabalho agora é presente, ontem foi futuro e daqui a 1 hora, já se tornará passado. Desta forma, todo esse ciclo virá a se repetir novamente, formando uma regressão futuro presente passado ...
Denominou de Regresso ao Infinito. E porque a Série A, leva ao Regresso ao Infinito, conclui que o tempo é irreal.
O TEMPO COMO SENTIDO SUBJETIVO
O que Kant, filósofo com tendência idealista, pensa sobre o tempo?
Kant aborda que o tempo é um sentido interno, onde formamos na mente a capacidade de vivenciar pensamentos que passam a ocorrer sucessivamente, de modo temporal. Deste modo, ele afirma que se trata de uma noção a priori: "todos aqueles que são absolutamente independentes da experiência;" (KANT,c.r.p).


"O tempo é a forma do sentido interno, que quer dizer, da intuição de nós outros mesmos e de nosso estado interior. O tempo não pode ser de terminação alguma dos fenômenos externos, não pertence nem a uma figura, nem a uma posição, pois ele determina a relação das representações em nossos estados internos. (KANT,1781, página 21)


Além disso, Kant se ocupa em debater com os realistas, a questão da realidade do tempo: "Claro que o tempo é algo real, a saber, a forma real da intuição interna." (KANT, c.r.p ). Ele nega a realidade do tempo em caráter realista, no que se diz, tempo independente da mente humana.
É possível exemplificar esta ideia com situações cotidianas. Como quando, estamos entretidos em determinada tarefa, e ao parar olhamos o relógio e notamos que já se foi uma hora. Mas ainda sim, sentimos como se tivesse sido alguns minutos.
Essa sensação não parte de fora, pois ainda que o relógio objetivo marque 1hora passada, nosso sentido interno toma este tempo de outro modo.
O TEMPO PRESENTE NA ALMA
Ao falar sobre o tempo, o compreendemos, mas não conseguimos defini-lo em sua essência. Exporemos neste capítulo, alguns trechos da obra "Confissões", de Santo Agostinho de Hipona, (2001, pág. 113): "O que é, pois, o tempo? Se ninguém mo pergunta, sei o que é; mas se quero explicá-lo a quem mo pergunta, não sei."
Enquanto Kant explana seu pensamento baseado na intuição interna, St. Agostinho sugere a alma -- ainda que a princípio os conceitos pareçam iguais, a fundo não são --, e diz que o tempo implica em suas três espécies (passado, presente, futuro). Entretanto, questiona o passado e o futuro sendo este, o que já não é mais e aquele, como o que não é ainda. O que resta é o presente, mas será que ele é suficiente? Afinal, se o tempo fosse apenas presente, e não passasse, não seria eternidade?
St. Agostinho também pensou por essa perspectiva, e escreveu quanto ao presente: "se fosse sempre e não transcorresse para o passado, não seria mais tempo, mas eternidade".
Então, qual é o papel do tempo presente? Se ele não é eterno, como age entre as espécies?
Simples. O presente está em todas as espécies.
Vejamos como o autor delimita cada espécie, apropriando um significado para cada uma:
O presente do passado: memória;
O presente do presente: intuição;
O presente do futuro: espera.

É correto identificar a ideia de Kant, dentro do conceito de alma que St. Agostinho apresenta. Seria este, o "presente do presente: intuição". Mas ao invés de reduzir todas as espécies do tempo, em uma única e objetiva substância, optou por distribuir suas concepções em variados sentidos subjetivos.

PARADOXO SOBRE O TEMPO PRESENTE
"Se o tempo presente, só existe porque se torna passado, como podemos dizer que o passado existe se o motivo dele existir é aquele que porque não existirá? Não podemos dizer que o tempo existe, senão porque ele tende para o não existir." ("Confissões", XIV)

O "não existir" diz respeito ao passado. Quando por exemplo dizemos "Se passaram 3 anos desde a morte de Maria", estamos afirmando que a morte de Maria é 3 anos anterior ao presente. Porém, este fato deixou de existir no instante que novas coisas se tornaram presente, ou seja, quando se tornou passado.
Dito isto, conseguimos chegar a uma conclusão do que de fato ocorreu? Se foi presente ou passado? Por um lado, a única certeza que se tem é o presente, devido a intuição. Por outro, precisamos descobrir se o passado e o futuro são reais.

TEMPO LONGO
Chamamos de longo, todo o tempo decorrido a um "x" prazo anterior ou posterior ao presente.
Exemplo: Há 5 anos concluí toda a graduação. (Passado)
Faltam 5 anos para concluir toda a graduação. (Futuro)

Há quem diga que em ambas situações, "5 anos" foram ou ainda será muito tempo. Mas o que é "muito tempo"? Diz "muito tempo" por não ter a noção do que é tempo. Como foi escrito no início "se alguém mo pergunta, então não sei o que é (...)".
Algo que deixa de ser "muito tempo", tem relação com o passado e o presente. Considere que em 5 anos, cada ano vivido era presente no momento que se viveu, e cada ano acrescentado, um outro já se tornava passado.
Agora considere que faltam 5 anos, e a cada ano vivido, é presente no momento em que se viveu, se torna passado, no instante que se deixa de viver e a medida que vai se aproximando os 5 anos, o futuro passa a ser presente, logo, a ser passado.
Nisto, há uma semelhança com o que levou o filósofo McTaggart ao famoso "Regresso ao infinito".
Ainda sobre a noção de "muito tempo", observe que somente o passado e futuro podem ser atribuídos a este. Pois o presente não se prolonga, visto que, ele se reduz a uma fração de segundos. Isto é, assim que terminei de escrever cada palavra, já não é mais presente e ao terminar todo este trabalho, já não o será também.
4.3 SOLUÇÃO PARA O PARADOXO DO TEMPO PRESENTE
A semelhança descrita em 4.1 acerca do pensamento de tempo presente e o regresso ao infinito é dissipada quando Santo Agostinho conclui que é o tempo presente, agente em toda e qualquer propriedade do tempo. Desta forma, me arrisco a dizer que o passado e o futuro são apenas formas de se descrever o presente que já se foi e o presente que ainda virá. Ao contrário do pensamento de eternidade, o presente até passa, mas com tanta velocidade que nem percebemos que já não é mais presente, chega tão depressa que nem percebemos que já estamos no futuro. O tempo até existe, mas passa tão rápido que é impossível notar sua realidade.




CONSIDERAÇÕES FINAIS
Difícil e complicada é a tarefa de expor as relações do tempo. Principalmente, no que diz respeito a sua definição. Antes de terminar o livro, St. Agostinho ainda tira uma carta da manga ao indagar se o tempo pudesse ser a medida com que medimos o movimento dos corpos, e afirma:

"Quando, porém, um corpo se move, é com o tempo que eu meço a duração do seu movimento, desde que começa a mover-se, até que acaba." ("Confissões", XXIV)

De fato, medimos o movimento dos corpos com o tempo. Então seria isto, o tempo é aquilo que é. Não se pode ver, tocar, cheirar, comer ou ouvir. Apenas perceber. Mas de que forma percebo algo que meus cinco sentidos não alcancem? Intuição.
Se por acaso eu não percebê-lo, deixará de existir? Claro que não. Ora, ainda que eu não exista, o tempo continuará a existir. De certo, que o "meu" tempo (aquele intuitivo), não mais existirá. Pois é meu. Quando nasci e fui inserida no tempo, a partir deste momento desempenhei meu sentido subjetivo daquilo que é, e já era antes de mim. Dadas as circunstâncias, o percebi e prossigo a percebê-lo e desempenhá-lo até que meu tempo aqui acabe.










BIBLIOGRAFIA

KANT, Immanuel. Livro "Crítica da Razão Pura",
Publicado pelo grupo Acrópolis, Versão Eletrônica,
Tradução: J. Rodrigues de Merege

HIPONA, Santo Agostinho. "Obra Confissões: Livros VII, X e XI"
Publicado por Lusofia.net, Lisboa, 2001
Tradução: Arnaldo do Espírito Santo; João Beato; Maria Cristina de Castro Maia Souza Pimentel.

MCTAGGART, J.M.E. "A irrealidade do Tempo"
Publicado pela USP, Versão Eletrônica, 2011
Tradução: Osvaldo Pessoa Jr.













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