Uma análise sobre os blogs: o caso dos blogs moçambicanos

June 4, 2017 | Autor: Vânia Pedro | Categoria: Netnografia
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Uma análise sobre os blogs: o caso dos blogs moçambicanos

Uma análise sobre os blogs: o caso dos blogs Moçambicanos1 Vânia Pedro2

Introdução

O presente artigo surge no contexto da Conferência internacional promovida pelo Centro de Estudos Africanos sobre Desenvolvimento e Diversidade Cultural em Moçambique: homogeneidade global, diversidade local.

A nossa motivação para abordar a questão dos blogs tem a ver, por um lado, com o facto de possuirmos dois blogs, e por outro lado por termos estado a notar que existe um número crescente de pessoas a aderirem ao uso de blogs, embora não haja um estudo sobre os blogs em Moçambique. A data de aparição dos blogs moçambicanos é desconhecida, mas pensa-se que terá sido por volta de 2004/5. Nos últimos 5 anos os blogs publicados por moçambicanos não param de aumentar e abordam uma multiplicidade de assuntos.

Os blogs tornaram-se não só em um objecto fundamental de pesquisa para as ciências sociais, mas também um poderoso instrumento pedagógico. Vários académicos usam os blogs para lançar ideias e colher comentários; para criar ambiente de discussão que amplia a sala de aula e permite aos alunos trocar ideias, adicionar comentários; como memória de pesquisa; como obra de arte. Os usos e os tipos são inúmeros e crescem a cada dia (Amaral et al, 2009).

Em Moçambique, alguns docentes universitários têm utilizado os blogs para troca de experiências na sua área de conhecimento. O Prof. Carlos Serra é sociólogo e docente universitário e possui um blog intitulado: “oficina de sociologia; Patrício Langa também é Comunicação elaborada no âmbito da Conferência Interancional sobre desenvolvimento e diversidade Cultural em Moçambique: homogeneidade global, diversidade local, promovida pelo Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane. 1

Antropóloga, assistente estagiária da disciplina de Teoria da Cultura na Faculdade de Estudos da Cultura do Instituto Superior de Artes e Cultura e mestranda em Saúde Pública na Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane. 2

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sociólogo e docente universitário e tem um blog chamado:”círculo de sociologia”. Existem alguns juristas que também são docentes universitários e têm blogs especializados na área de direito. Um deles é o jurista Stayler Marroquim.

Os blogs que utilizamos como exemplo no parágrafo anterior são visitados pelas pessoas formadas nas áreas abordadas nos mesmos bem como por pessoas de outros ramos de conhecimento, assim como pelos discentes dos proprietários dos blogs.

Metodologia A metodologia que utilizamos no presente trabalho é a metodologia qualitativa. O método qualitativo permite também penetrar nos motivos, intenções e projectos dos actores a partir das quais as acções, as estruturas e as relações se tornam significativas (Minayo e Sanchez, 1993). Para a colecta de dados utilizamos a revisão da literatura existente sobre o assunto, pesquisa exploratória na internet, nomeadamente no agregador de notícias sobre Moçambique (PNET Moçambique), onde se encontram registados praticamente todos os blogs Moçambicanos. Utilizamos também as entrevistas semi-estruturadas e conversas informais. Adoptamos no presente artigo o método fenomenológico proposto por Giorgi (1985), que considera que o método fenomenológico permite aos investigadores estudar de forma cientifíca o complexo processo do fenómeno da experiência humana, uma vez que está orientada para a experiência e o significado que esta tem para a pessoa que a vivenciou.

Como técnica de amostragem, utilizamos a amostragem não probabilística por conveniência, visto possuirmos dois blogs, facilmente acedemos aos proprietários dos blogs, na medida em que os conhecemos já há algum tempo.

Trabalhamos com 8 informantes. Goldenberg (2000) refere que o método qualitativo, em combinação com técnicas e instrumentos de observação, permite alcançar a informação pretendida apenas com poucos interlocutores, visto que o número de entrevistas na pesquisa qualitativa não invalida a fiabilidade dos resultados.

A representatividade dos dados na pesquisa em Ciências Sociais está relaccionada com a capacidade do investigador de compreender o significado do fenómeno estudado no seu Vânia Pedro

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contexto e não com a expressividade numérica. Goldenberg refere ainda que o pesquisador qualitativo busca exemplos que podem revelar a cultura de onde estão inseridos. Para as entrevistas ou conversas informais, seleccionamos um blog de cada categoria. O critério de escolha dos blogs estudados teve a ver com a nossa possibilidade de aceder aos proprietários dos blogs. Conceito de blog Existem três perspectivas de definição de blog, nomeadamente: a) Perspectiva estrutural; b) Perspectiva funcional; c) Perspectiva que vê os blogs como artefactos culturais.

a) Perspectiva estrutural

Os blogs foram inicialmente definidos como uma ferramenta de publicação que constituía um formato muito particular. A perspectiva estrutural foi baseada na estrutura da publicação resultante do uso do blog e é bastante comum (Amaral et al, 2009).

b) Perspectiva Funcional

Esses autores vêem os weblogs a partir de sua função primária como meio de comunicação (idem). c) Blogs como artefactos culturais

Esta percepção, advinda de um olhar antropológico e etnográfico, representa a oportunidade de uma aproximação do contexto sócio-histórico de apropriação dos artefactos tecnológicos a partir do olhar subjectivo dos próprios actores que interactuam com as TIC’s3 (Zepeda, 2007). No presente trabalho adoptamos o conceito de blogs, a partir da perspectiva que os vê como artefactos culturais, porque a mesma permite-nos ler o fenómeno através dos actores sociais que vivenciam e interagem com o fenómeno. 3

Tecnologias de Informação e Comunicação.

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Classificação dos blogs Moçambicanos quanto à natureza A pesquisa exploratória que realizámos no agregador de notícias de Moçambique, PTNET Moçambique, permitiu-nos identificar a existência de 293 blogs, repartidos em 14 categorias. O quadro abaixo permite notar que existe uma multiplicidade de blogs que aborda assuntos dos mais variados tipos. Importa salientar que a maioria dos blogs registados no agregador de notícias pertence a singulares e que os blogs descontinuados, ou seja, aqueles que estão inertes, são os mais predominantes, seguidos pelos blogs pessoais. Porém, existem blogs que, por um lado, não se enquadram em nenhuma das categorias acima indicadas mas, por outro lado, oscilam entre uma ou mais categorias. Categoria

Número

Opinião

38

Pessoais

41

Olhar Moçambique

12

Especializados

19

Música

11

Artes

15

Poesia

13

Desporto

5

Paisagens

3

Pousio

16

TV e Rádio

2

Imprensa

7

Blogs descontinuados

104

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Eróticos

7

Total

293

Fonte: www.pnetmocambique.com Perfil dos bloguistas entrevistados Alguns bloguistas têm nível de escolaridade superior, mas existem outros que mesmo sem terem o ensino superior feito, têm acesso, contacto e domínio permanente das tecnologias de informação e comunicação. Os entrevistados no contexto do presente artigo não constituem excepção. Ximbitane é pedagoga, Júlio Mutisse é jurista, Shirangano é jornalista com ensino superior e Egídio Vaz historiador e consultor em comunicação, Lázaro Bamo é bacharel e estudante do curso de filosofia, Joaquim Chacate é licenciado em administração e gestão, Melo Mate é licenciado em química e Jorge Saiete é licenciado em administração pública. Alguns bloguistas utlizam os seus nomes verdadeiros, mas existem alguns que preferem utilizar pseudónimos, porque preferem manter-se no anonimato ou no back-stage. De entre os bloguistas por nós entrevistados, apenas Júlio Mutisse, Melo Mate, Jorge Saiete, Chacate Joaquim, Lázaro Bamo e Egídio Vaz é que utilizam os seus nomes verdadeiros. Através da pesquisa exploratória no PNET Moçambique, foi possível, por um lado, notar que existem bloguistas que não são moçambicanos, mas escrevem sobre Moçambique. Por outro lado, foi possível também notar que a diáspora moçambicana também tem produzido bloguistas, que mesmo estando fora do país procuram abordar assuntos relaccionados à terra de origem. Este facto, de certa forma, corrobora com o estudo de Pedro (2008) sobre a integração de migrantes na cidade de Maputo que sustenta que a terra de origem representa o local de nascimento e de interacção com parentes e amigos, assim como com os seus antepassados. Ximbitane possui três blogs, nomeadamente: o “Ximbitane na lenha”, “vasikate va Moçambique” 4

e “nó da capulana”, que é um blog essencialmente de poesia.

Por seu turno Júlio Mutisse tem dois blogs: ideias subversivas e legal e subversivo, que é blog que aborda assuntos da sua área de especialização. 4

Mulheres de Moçambique em língua Chopi.

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Shirangano possui um blog intitulado: “solta-te”, em que procura questionar aspectos do quotidiano e, até certo ponto mostrar a sua indignação face à algumas situações que ocorrem na Sociedade moçambicana.

Egídio Vaz tem um blog designado “contra-peso 3.0”, que aborda assuntos Políticos aplicados à comunicação, sua área professional, pese embora se tenha formado em história. Lázaro Bamo tem um blog intitulado a insatisfação levará para sempre consigo a tensão eterna”, onde procura abordar assuntos ligados à crítica social. Melo Mate possui um blog chamado “Mashangana das Arábias”, em que aborda o seu quotidiano e as experiências que a vida lhe proporciona. Jorge Saiete tem um blog chamado “debate e reflexão”, em que aborda os assuntos de uma forma generalista. Chacate Joaquim possui um blog intitulado “críticas e reflexões”, onde aborda a actualidade política, económica, social e cultural.

O perfil dos bloguistas difere em função das suas motivações para ter blogs, fonte de inspiração, área de formação e suas influências (leitura, amizade e ambientes de socialização), como se pode depreender nos relatos abaixo: “Nos blogs abordo mais assuntos sociais (mulher, criança, idoso e o modus vivendi da sociedade que têm impacto nas pessoas). A minha fonte de inspiração advém da observação da realidade e de leituras” (Ximbitane). “Considero-me um cidadão militante e consciente dos meus deveres e direitos. Único, livre e com pensamento próprio. Abordo assuntos Político e Técnico-Jurídicos, em blogue especializado” (Júlio Mutisse).

“Sou um jovem que procura, através da escrita, expressar as minhas ideias, cidadania e libertar-me de todas as amarras que me Vânia Pedro

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inibem de dizer o que penso do mundo em que vivo. Abordo assuntos relacionados à Política e a Sociedade” (Shirangano). “Sou um blogger moçambicano, provavelmente dos primeiros, depois de Nkhululeko, de André Cristiano José, Mas-Chamba de José Pimentel Teixeira e Xicuembo. Desde o início, abordei assuntos políticos, mormente ligados à minha profissão. O blog, é o espaço que ganhei sem ter que lutar com os mídia ordinários, e por essa via estabeleci o meu próprio canal de comunicação com a minha audiência” (Egídio Vaz). “Ainda não me descobri como bloguista, mas acho-me isento, imparcial, livre. Alguém que sabe respeitar os outros e suas opiniões. Detesto censura no mau sentido, detesto demagogia. O blog me permite difundir a minha liberdade de pensar e expressarme” (Chacate Joaquim).

Motivações e experiências dos bloguistas Alguns dos bloguistas por nós entrevistados afirmam que souberam da existência de blogs através de amigos, convites para colaborar em alguns espaços de sociabilidade virtuais e através de curiosidade.

“Entrei em contacto com os blogs pela primeira vez através do “diário de um sociólogo” do Professor Carlos Serra, onde comecei a interagir com outros bloguistas e decidi criar o meu” (Chacate Joaquim). “Tomei contacto contacto com os blogs pela primeira vez através de uma reportagem do jornal Savana em que se fazia referência ao blog do professor Carlos Serra. Segui o blog dele e de lá nunca mais parei” (Jorge Saiete).

“Soube da existência dos blogs através da conversa com amigos" (Melo Mate).

"Tomei conhecimento da existência dos blogs através de um amigo que

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vivia

em

Portugal



Arqueofuturista

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http://arqueofuturista.wordpress.com e também via RTP.pt numa reportagem" (Egídio Vaz).

"Entrei em contacto com os blogs pela primeira vez através de um amigo, também bloguista, o Ouri Pota. Criamos um blog que hoje é dele" (Lázaro Bamo).

As razões que os levam a possuir e a gerir blogs são praticamente as mesmas, variando apenas na forma de expressão dessas razões. "Possuo blogs porque acho que são espaços de liberdade de expressão e opinião (alguns). Espaços que, por sua natureza, e tendo em conta a qualidade das pessoas que os frequentam têm maior possibilidade de influenciar políticas e decisões. Manter-me presente no debate público de ideias contribuindo para a diversificação de percepções sobre os mais diversos fenómenos. Os blogs permitem exercitar a cidadania, formar opinião e influenciar decisões e/ou políticas e visões estratégicas sobre o país" (Júlio Mutisse).

"O que me leva a possuir blog é o meu desejo de mostrar a minha indignação, inquietação e também a minha alegria em relação aos factos que se sucedem no quotidiano. É uma espécie de tubo de escape, ou seja, liberdade sobretudo de expressão" (Shirangano). “Tenho blogs porque concedem-me a oportunidade de transmitir a minha forma de pensar, experiências, anseios de forma gratuita, rápida e sem censuras” (Ximbitane). “Blogo para falar, partilhar, ouvir e contribuir para a mudança social, política e da nossa cultura como cidadãos. Os blogs são de suma importância na medida em que agregam valor à liberdade de expressão e dão corpo às nossas aspirações” (Egídio Vaz).

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Os bloguistas que temos vindo a citar consideram o estágio dos blogs moçambicanos positivos, apesar de algumas limitações que apontam. “Os blogs moçambicanos na minha opinião são interessantes, trazem temas actuais, mas infelizmente, discutem pessoas” (Ximbitane). “Há diversificação temática nos blogs moçambicanos e, até uma tentativa de especialização e, nessa diversidade, alguma qualidade analítica que pode crescer” (Júlio Mutisse). “Na minha óptica o estágio dos blogs moçambicanos é positivo. Há uma multiplicidade de ideias e cosmovisões, demonstrando que existe tolerância em relação às opiniões de outros” (Shirangano).

Os bloguistas apontam alguns pontos fortes e fracos dos blogs: “Os conteúdos dos blogs deviam abranger mais pessoas. Os excertos dos meus posts têm aparecido no boqueirão da verdade5, suscitando comentários no seio daqueles que nem podem comprar um jornal, uma vez que a verdade que um dos pontos forte da verdade é ser gratuito e de fácil acesso a todos. Logo, de alguma forma, eles têm acesso ao que eu escrevo e isso é alvo de profundas reflexões, que já tive oportunidade de acompanhar numa viagem de chapa.

Gostaria que os meus posts fossem sobretudo para as pessoas que de facto vivenciam o que retrato nos posts, porque são experiências que apesar de negligenciadas também há quem as vive como eu. Os blogs permitem-me transmitir a minha forma de pensar, experiências, anseios de forma gratuita, rápida e sem censuras” (Ximbitane).

Boqueirão da verdade é uma rubrica inserida no jornal a verdade, que visa dar voz ao cidadão e, por vezes passa excertos de alguns textos veiculados nos blogs e o da Ximbitane tem sido praticamente sempre citado. 5

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“Na minha opinião, os blogs são elitistas. O acesso à internet ainda é limitado no país e só uns poucos privilegiados têm e mantêm blogs e só poucos os visitam por força disso. Essa é uma limitante. Pelo contrário apesar disso, considerando que as pessoas que têm e mantêm blogs tem acesso a informação e são potencialmente formadas, há que considerar o efeito positivo que pode advir daí”. (Júlio Mutisse).

À semelhança de Júlio Mutisse, Jorge Saiete e Chacate Joaquim consideram que os blogs são elitistas e acesso limitado: “No contexto moçambicano os blogs são espaços de uma minoria elitista com acesso à internet” (Jorge Saiete).

“A internet ainda não chega longe no nosso país. Há muito anonimato e na blogosfera proliferam muitos intelectuais orgânicos. Porém, permitem com que haja auto-aprendizagem, porque é uma escola permanente e permite medir o pulsar da opinião pública, não obstante ser uma minoria” (Chacate Joaquim).

“Os blogs apresentam como limitação o facto de poucas terem acesso à opiniões que lá são deixadas ficar, e os assuntos morrem ali, ou seja, não há desenvolvimento e não criam o impacto desejado. Apesar dessa limitação, os blogs permitem a interactividade entre o autor e os seus visitantes, e também têm um poder de fazer com que os indivíduos sintam-se livres de expressar as suas ideias” (Shirangano).

Quanto à relação entre diversidade, desenvolvimento e globalização, os bloguistas consideram que existe uma relação, uma vez que essas dinâmicas se inter-relacionam. “Acredito que os blogs apenas contribuem para o desenvolvimento intelectual na medida em que permite

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olhar o outro ângulo dos assuntos abordados e enriquecem a nossa cultura geral” (Shirangano). “Pela diversidade de ideias e abordagens sobre os fenómenos que se produzem. Os nossos blogs não se circunscrevem ao espaço moçambicano; são acedidos por pessoas de todos os cantos do mundo que emitem as suas ideias e ajudam a produzir soluções com utilidade para o ideal de desenvolvimento que queremos” (Júlio). “Os blogs contribuem para o desenvolvimento porque se temos uma forma de pensar, podemos trocar experiências com outras pessoas e assim melhoramos. Os blogs moçambicanos atingiram seu boom e por isso que procura-se formas mais rápidas de disponibilizar informação em outras redes sociais imediatas e de reacção espontânea” (Ximbitane). “Sendo o blog um artefacto, desenvolvimento como momento e globalização, caractrerística, a relação é directa. Vivemos um momento caracterizado pelo desenvolvimento das TIC’s, que por sinal, são a característica exclusiva do momento em que vivemos, ao condicionar o desenvolvimento das sociedades ao seu domínio. Os blogs, vêm nesse âmbito, alargar esse campo” (Egídio Vaz). “A relação entre desenvolvimento, globalização e blogs é visível a olho nu. Não fosse a globalização, nós não estariamos a falar de blogs, eventualmente nem nos conheceriamos. A chegada dos blogs no nosso meio, só isso representa desenvolvimento na componente comunicação, representa desenvolvimento político ou constituicional, no que diz respeito ao direito de expressão e informação. Os blogs abrem em nós um espaço para participarmos no debate e concepção de estratégias de desenvolvimento” (Jorge Saiete).

Considerações Finais Este artigo fez uma análise dos blogs moçambicanos, por um lado, a partir da pesquisa exploratória no agregador de notícias de Moçambique, onde se encontram registados praticamente todos os blogs moçambicanos. Por outro lado, levamos a cabo a análise dos blogs Vânia Pedro

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moçambicanos a partir das motivações e experiências dos bloguistas moçambicanos para terem blogs.Utilizando a perspectiva fenomenológica, foi possível aceder aos significados que cada um dos proprietários ou gestores de blogs, por nós entrevistados atribuem à essa ferramenta comunicativa.

Os blogs são por excelência espaços de sociabilidade, mas também de lobby e advocacia. Os relatos dos bloguistas já apresentados no presente artigo mostram claramente essa função destes veículos de comunicação na medida em que os seus proprietários ou gestores afirmam que utilizam-nos para fazer ouvir suas opiniões, trocar experiências e influenciar certas acções tais como: mudança de comportamento e tomada de decisões. Outrossim, os blogs também são campos políticos, pois alguns políticos e algumas formações políticas têm utilizado esse espaço para alcançar de forma relativamente rápida e mais fácil potenciais membros e eleitores de outros estratos sociais. Um exemplo disso é o blog do presidente da República, sendo por isso necessário repensar as categorias nas quais os blogs se encontram inseridos e mapear os contornos que eles vão tomando.

Conforme referimos no resumo deste artigo, os blogs são indubitavelmente uma ferramenta comunicativa que se torna cada vez mais conhecida e revoluciona o sector da comunicação e dos inter-relacionamentos sociais. Num mundo em constante mudança, em que a globalização aproxima e simplifica os relacionamentos entre pessoas de lugares tão longíquos.

Os blogs surgem como espaços de de liberdade de expressão e de troca de ideias, entre pessoas dos mais diversos quadrantes dentro e fora do país, uma vez que nem todos os bloguistas estão sedeados em Maputo, sendo por isso locais de excelência no que concerne à globalização, diversidade e desenvolvimento, fazendo com que haja uma interacção entre o local e o global.

Referências bibliográficas

AMARAL, Adriana; MONTARDO, Sandra; RECUERO, Raquel. (2009). Blogs.com: estudos sobre os blogs e comunicação. São Paulo: Momento Editorial. GIORGI, Amadeo. (1985). Phenomenology and psychological research. Pittsburg Dusquene University press. Vânia Pedro

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GOLDENBERG, Mirian. (2000). “ A arte de pesquisar: como fazer uma pesquisa qualittaiva em Ciências Sociais”. Rio de Janeiro: Record.

MINAYO, Maria e SANCHES, Odécio. (1993). “Quantitativo-Qualitativo: oposição ou complementaridade?” Cadernos de Saúde Pública, 9 (3): 239-262. PEDRO, Vânia. (2008). “O papel das redes de parentesco na integração de migrantes oriundos da Zambézia na cidade de Maputo”.Dissertação de licenciatura em Antropologia. Maputo: UEM/ FLECS/DAA.

ZEPEDA, Horacio. Intersticioss de sociabilidade: una autoetnografia del consumo de TIC. Athenea

Digital,

n.12,

p.

272277,

2007.

Disponível

http://psicologiasocial.uab.es/athenea/index.php/atheneaDigital/article/view/448.

em:

Acesso

em

27/2/2011.

Páginas web www.pnetmocambique.com (Acessado a 24 de Outubro de 2010).

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