Uma batalha com o Ego para aprender a amar de verdade

June 5, 2017 | Autor: Matheus Pinheiro | Categoria: Romance philology
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Uma batalha com o Ego para aprender a amar de verdade

Autor : Matheus Pinheiro Gomes

Narra a história de dois jovens que tiveram que aprender a lidar com suas confusões da juventude para poder amar livremente e com o tempo vão descobrindo as faces mais diversas do sentimento. Em cada capítulo uma aventura diferente.


Ao me deparar com aqueles cachos sedosos, não pude fazer nada para evitar a hipnose absoluta. Não sabia como me defender de todo aquele charme, era difícil ser lógico diante de tal beleza. Era a bagunça mais harmônica que não dava vontade de organizar de maneira alguma. No decorrer do tempo, comecei a me acostumar com os traços. Mesmo sendo algo tão radiante que ao me aproximar, ardia os olhos, porém um ardor que parecia valer a pena. Era secreto e isso dava ainda mais êxtase aos encontros esporádicos. Toda aquela tensão sexual que apenas os dois sentiam em um olhar! Quando se encontravam, nada mais importava. E qualquer tempo que não fosse o presente era ignorado. Nenhum dos lados queria ceder a uma possível paixão, mesmo que cada aproximação aumentasse o afeto entre os dois. E assim travaram uma batalha intensa entre medo e amor. Se de um lado pensavam que podiam se magoar, a curiosidade de sentir um sentimento tão ardente tornava a entrega de ambos os lados cada dia mais próxima. 
O cabo de guerra era travado com carícias aprazíveis. Aprendendo de novo a beijar, para encaixar um beijo que tornasse cada momento perfeito. Sempre que terminavam, se encaravam e trocavam palavras bem próximos, apenas para certificar que todo perigo envolvimento valia o risco.Conversaram durante dias para definir o possível destino, porque no início acreditava-se que todas as jornadas amorosas tinham início, meio e fim. Tudo bem fixo e objetivo, como se fosse externo a cada um deles. Mas na prática, o envolvimento se mostrava uma expressão mais intrínseca do que um sentia pelo outro, contrariando toda a objetividade com que encaravam. Notaram que as experiências que passavam juntos só solidificava o que já havia no íntimo. Tentar controlar o amor pela outra pessoa ou a outra pessoa é fazer de tudo para perder o controle. O sentimento requer liberdade de expressão de ambas as partes para intensificar cada ligação existente. Isto foi essencial para dar continuidade a história: abandonar a ideia de história ou de tentar trazer para realidade exatamente o que há na cabeça. Não planejar futuros para sentir cada vez mais o presente, pois a história existirá independente dos planos.
Se afastar não era tarefa fácil. Os segundos sem sentir aquela pele ou ouvir aquela voz, eram eternos. Até as desavenças, com o tempo se tornaram essenciais para a paz da relação no horizonte de tempo. Da mesma forma que o tempo longe enaltecia o tempo perto, ou a forma que aprender a ser felizes sozinhos ajudava a se tornarem um casal mais feliz. Uma balança eterna que se desequilibrava apenas para o lado bom, porém nunca bom demais.
Nenhum dia da semana passava tão depressa a ponto de tornar a espera por encontrá-la menos dolorosa. Nenhum caminho era atalho quando andava em direção a casa dela. Sentia-se uma criança novamente, cheio de ânsias e sem saber o que esperar! Em alguns momentos se perguntava se estava bem, porque o cognitivo e o lógico se tornavam obsoletos na tentativa de explicar o que sentia. Já havia desistido de tentar verbalizar o que se passava e decidiu se abrir para o que viesse.


A mente dela era feminina e madura emocionalmente. Nenhum homem jamais tinha sequer possibilidade de penetrar aquela máscara opaca que ela usava todos os dias. Quando passava, ninguém sabia o que estava pensando, era um charme consentido. Nada podiam fazer a não ser admirar. Às vezes ela olhava para trás e ao estabelecer contato visual, os homens olhavam para o chão. Se sentiam incapazes e sem saber o porquê.


Até conhecer um homem que não cedia tão fácil e que aceitou o desafio de penetrar aquela máscara. As tentativas dela de se proteger funcionaram até um certo tempo, mas no meio de toda aquela insistência surtir efeito. Gerando a confiança que ela precisava para não sentir mais tanta necessidade de se proteger. Um sentimento que cresceu dentro dela e que por muito tempo não chegava a superfície, que sempre que tentava era sufocado pelo medo. Com o tempo, mais pedaços da máscara iam se quebrando e a intimidade aumentava, intensificando os laços de afeto. 

Quanto mais afeto, menor a necessidade de prazer físico e maior a necessidade de olhar nos olhos...
... Quando encaravam-se por muito tempo, finalmente esqueciam o que estava em volta. Ficavam ali se "invadindo" por diversos minutos e sem fazer nada. Deixando suas almas interagirem. Para ela, esta experiência era muito nova, pois sempre teve medo de alguém quer o seu verdadeiro eu. A intimidade extrema que era uma ideia tão desconfortável para era se tornara algo reconfortante. Agora não queria saber mais de nada, nada além daqueles olhos negros na sua frente. 

Do outro lado daquele olhar, ele se sentia realizado. Nunca pensara que ela confiaria nele tanto assim. O melhor é que foi tudo natural, todas as palavras que disse vieram de dentro, nada ensaiado, mais um sinal de que eram feitos um para o outro. Nada mais importava, só aqueles olhos negros na sua frente. 

Os lábios se aproximaram perigosamente. Mas a vontade de beijar vinha de dentro, alguma energia interior que clamava por mais aproximação, por uma elo mais forte entre os dois. Não podiam e nem tentaram resistir ao chamado. E naquela noite fria, essa foi a chama necessária para um beijo tão intenso. O beijo que marcou o período que não havia mais medo de amar junto deles, que o amor expandiu a consciência. Momentos completos assim só podiam ser produzidos quando se estava em um estado totalmente alternativo, "em que se descobria a mística da realidade" (BM).

Com o tempo, a carga do beijo foi diminuindo, e voltaram aos toques delicados e a serenidade de um dia normal. Mas foram instantes tão marcantes a ponto de continuarem na mente de ambos para o dia seguinte. Na despedida, não paravam de pensar no que tinha acontecido lá. Uma ocasião de combinação únicas que...
...mudou completamente a maneira que apreciavam o ato. Aquele momento justificava o porquê de tantos se casarem e procurarem compromissos durante a vida, pois se forma um tipo de laço que desperta elementos novos do interior. Um desejo que não era mais tão biológico assim, começou como um desejo carnal e levou a uma satisfação espiritual.

A distância não era dolorosa enquanto estavam com as mentes ocupadas em seus trabalhos ou estudos. Era impossível não criar expectativas ou pensar qual seria o próximo passo deles dois. Se seguiriam assim ou tentariam aumentar ainda mais a intimidade, evitar outros casos ao acaso. Para ele era difícil, sempre foi um homem de relações múltiplas e estava acostumado assim. Era apenas um hábito ruim, não conseguia corrigir. Alguma ideia na mente dele que o fazia crer que era melhor ter mais para não depender exclusivamente de uma, o medo de ficar só, insegurança. Mostrando que até um homem de aparência sólida por fora podia ter uma instabilidade ou necessidade por atenções bem femininas. 

Já da parte dela, era tudo muito abstrato ainda. Por nunca ter coragem de se desbravar tanto emocional quanto espiritualmente, aquele episódio foi apenas marcante, porém perdeu o sentido com o tempo! Ela sabia que havia sido bom, contudo sua falta de abertura para estes assuntos no passado acabou tornando o presente uma névoa que permitia que a luz passasse esporadicamente. Sentia-se feliz por ter tido a coragem, atitude de recolher coragem para ir além do carnal. Agora só tinha que lidar com a confusão interior. A confusão gerava um pouco de medo, mas isso fazia parte da falta de claridade que encarava - perante - seus sentimentos mais profundos. 

Ficaram sem se encontrar por mais um tempo. E o tão esperado encontro, não fez jus as expectativas dele. Ela não parecia sentir sua falta, mantinha uma cara ilegível diante de suas palavras e a mente dela parecia vagar a maior parte do tempo. Não havia intensidade e pareciam desconhecidos. Parecia que o melhor beijo da vida dele se perdera no meio da névoa obscura dela. 

A opacidade de sua deusa o levou a loucura. Não queria demonstrar, para manter a imagem de homem sólido e que sempre faz sentido, porém sua insegurança interior não o deixou aguentar muito tempo. Com um beijo no rosto, se despediu. Se perguntava "logo eu que sempre me senti tão maduro e em contato com meus sentimentos... tão independente, estou aqui sem saber o que fazer diante de uma situação que parece ter fugido do meu...
...controle!". 

E agora tinha que lutar constantemente para se manter são. Havia se metido em um ciclo viciante, em que quanto mais tentava "resolver" o problema que tinha, mais pensava nela e mais intenso era o sentimento. Queria poder ler cada pensamento dela e saber a razão para aquilo tudo. Porque era um homem e como tal, tinha que pensar logicamente até ao lidar com o seu lado piegas. Idealizava durante aquelas noites mal dormidas, uma situação em que conseguiria conquistar sua deusa de volta. 

A deusa, no entanto, estava tranquila. Sentiu que reagiu mal, pois aconteceu algo intenso demais e rápido demais. Estava olhando para os céus constantemente em busca de uma resposta para sua falta de compaixão por ele. Esta era a dinâmica da sua máscara, era a confusão na sua cabeça que gerava o medo de continuar em zonas desconhecidas. Quando viu que ele reagira necessidade, produziu um medo ainda maior de fazer alguém sofrer! Não queria ser a culpada pelo ardor de ninguém. Então se afastou pensando estar fazendo o certo, pensando que alcançara o bem para ambos os lados desta forma. 

Os encontros cessaram. E ele estava perdido. Quando a encarava à distância nos encontros esporádicos pela rua, percebia que havia um quê de repressão naquele olhar. Parecia que ela tentava arduamente suprimir as sensações que surgiam ao vê-lo. Como se uma substância química aniquilasse as borboletas do seu estômago. Como qualquer ser humano, tentava buscar sensações mais intensas no plano físico e com o tempo descobriu que seu cérebro tinha se tornado imune às próprias endorfinas. Depois de obter aquele prazer profundamente arraigado, não conseguia ver sentido em mais nada.

Ela quando o encarava, tentava não lembrar do passado. Meditar se tornou uma tarefa impossível, porque a sua mente não se separou daquilo e a necessidade começava a aparecer. Era uma força tão impetuosa que todos seus esforços para resistir eram em vão. Como uma árvore com raízes profundas tem a necessidade de chegar ao céu, via, acontecer o mesmo com um sentimento de raízes profundas e com força suficiente para chegar onde fosse necessário.
Ele decidiu engolir seu orgulho mesquinho e perguntar o que estava passando na mente dela. Porém não obteve o que queria ouvir. Então se frustrou mais. Era um homem imaturo que estava feliz apenas quando as reações das mulheres estavam sob o seu controle, assim que o perdeu, se tornava uma criança capaz de tudo para retomá-lo. Isto não funcionava com ela, sem querer a confusão que ela passava só fazia-o enterrar-se em um buraco mais fundo e mexia ainda mais com os sentimentos de quem jamais amou de verdade. 

Depois de certo tempo com o coração partido e sem estímulos para viver, reviu uma amiga antiga. E esta o fez lembrar como era bom aquele tempo e deu expectativas futuras para ele. Nada melhor que isso para gerar uma atração repentina entre os dois. Ela, secretamente, sempre o amou e sentiu que era a hora perfeita para escutá-lo e mexer com sua mente. O homem que nunca amou se torna oficialmente uma marionete emocional. 

Ela fez tudo certo para conseguir o que queria, uma verdadeira sedutora. Atacou na hora certa e gerou bastante conexão entre eles, o fazendo reviver os melhores momentos que haviam passado apenas para a mente dele associar a imagem dela com tudo que há de bom na vida. Ela também disse que para sair desse buraco, ele precisava que de uma nova aventura, se jogar sem medo de cair! Fascinando-o rapidamente. Também vivia enchendo o ego de seu futuro companheiro, pois sabia que depois ele se tornaria mais um necessitado por sua atenção. 

Precisou de mais algumas visitas para ele esquecer a situação que ela o encontrara. Agora, só queria pensar no futuro com a sua antiga amiga, ela parecia ótima, tinha um sorriso que podia derreter qualquer resistência, cabelos aveludados que se movimentavam graciosamente enquanto andava, além de uma pele lustrosa e bem cuidada. Comportava-se de acordo com a situação, não se prendia ao que a sociedade dizia sobre as mulheres, ela era livre e isso era como um ímã para ele. Toda aquela liberdade despertava diversas sensações nele e era por isso que estava ali a admirando à medida que ela soltava cada palavra num tom ardente.

Sofia fez parecer que aquela atração entre eles era mútua e orgânica, ele não sabia que foi levado a pensar isso e que sua amiga se tornara uma mulher capaz de tudo para obter o que quer. Na cabeça dela, era tudo por amor, porque sentia-se diferente quando o tocava e não queria correr o risco de levar um não para o seu vício. Porém não via como uma obsessão, via mais como uma...
Não queria que tudo acabasse, porém o medo havia retornado. Gabriela não via a hora de se situar e ao mesmo tempo não via maneiras de fazê-lo. Não era tão simples quanto parecia esquecer o homem com quem deu o melhor beijo de sua vida. Um beijo que não foi um beijo, e sim uma experiência complexa que apagou toda a frieza que pensava existir em si mesma. Mas a transição para amadora não estava sendo fácil. E sabia que voltar por medo de piorar sua situação não ia resolver as coisas efetivamente. Seus cabelos encaracolados retratavam exatamente como sua mente estava. Sentia saudades de ser invadia por aquele olhar penetrante que não existia em nenhum lugar do mundo. A garota fria e não necessitada, vivia o seu oposto. 

Nesse meio tempo Bernardo e Sofia estavam encontrando sua harmonia. A ilusão funcionara e as intrigas eram ínfimas. Na verdade, ele estava tão impulsionado pela nova paixão que as brigas se tornaram uma forma objetiva de se conhecerem melhor e depois ter o dobro do afeto. Também estava feliz por se desprender, mesmo que ainda houvesse uma parte dele no beijo daquela noite. Nunca mais havia visto Gabriela. E se por um lado isso o ajudava a esquecer, também se via sofrendo ao perder aos poucos o doce daquele beijo. Reparou que tinha um defeito: tentava ver o amor como se fosse algo que estivesse fora dele, pensava que era uma coleta e não criação. Por isso, pensava que tudo que podia fazer era estar aberto para receber mais. E Sofia o ajudava a entender que criá-lo era uma atitude mais efetiva. Ainda mais para estabelecer uma correlação sólida entre o amor e a felicidade plena. O que na sua visão era um sonho a ser alcançado. 

Tudo corria antes de receber uma ligação de Gabriela pedindo para se encontrarem. Enquanto sua mente racional dizia para não ir, seus sentimentos reprimidos foram um convite para uma recaída. Aceitou, sem saber o que esperar, pois Gabriela não tinha noção que ele estava todos aqueles meses tentando imergir desesperadamente o que sentia por ela, e com outra mulher. As horas passaram como se fossem dias e ao chegar lá as diferenças eram sutis, porém claras para quem a conhecia visceralmente. 

Ficou lá paralisado, vendo Gabriela falar sobre seus sentimentos de forma tão lógica e presa. Relevava porque sabia que era o máximo que podia fazer. As emoções dela nunca estavam nas palavras e sim nos gestos que faziam com suas mãos ( que mesmo nos momentos mais quentes, estavam gélidas) e na maneira que contraía seus lábios antes de falar seu nome. Seu sentimento não era consciente, diferente de Sofia que sabia onde estava cada parte do seu corpo e como transmitir o que sentia durante seu discurso. 

 Até que na imperiosidade do silêncio sucede-se um acontecimento curioso: uma dormência corporal, uma leve atonia muscular (principalmente nas faces) acompanhada de um êxtase, uma aceleração interna - e estes dois últimos coabitam com uma debilitada vontade de responder a estímulos externos. Só posso concluir que esta é uma operação da alma, visto que dois itens, o aumento da velocidade do pensar e o declínio do ímpeto de resposta, não são senão imateriais e o restante não é senão consequência deles. Esse evento é também poderosamente inercial. Não quer-se dar sequer um passo em falso para escapar deste estado. É suave e aparenta libertador, sábio, sacro e harmonioso.

Não era mais tão fácil assim para ele que agora tinha que lidar com duas mulheres exercendo soberania sobre o seu coração. Mesmo com o tempo, haviam raízes fortes com Gabriela, mas estava empolgado por todas as possibilidades que Sofia implantara em sua mente. Isto tudo passou na sua mente antes de responder a Gabriela, não sabia muito bem o que dizer. Não se guiava mais pela estética natural de dois corpos que se encaixavam perfeitamente no seu, era algo mais.
Os dias se passavam e nada de Bernardo melhorar sua condição mental. Se esforcou durante um bom tempo, sem sucesso. Então decidiu viajar e se abriu ainda mais para as experiências que a vida têm para oferecer. Como seus conceitos de aproveitar a vida mudaram muito, agora queria mais contato consigo mesmo, mas não sabia por onde começar. Ao chegar em casa, seu amigo Lucca decidiu ajudá-lo nisso tudo. Como eram íntimos e sem segredos, ficava bem fácil. Lucca também trouxe alucinógenos, dizendo que se conheceria muito melhor ao tomar um, seria como um telescópio interno para ele. Bernardo não levava muita fé, porém estava apto a novas experiências e também seu melhor amigo nunca iria apresentá-lo a uma coisa que pudesse fazer mal. Depois de um pouco de bebida, decidiu aceitar o santo remédio de Lucca! Os dois tomaram com o objetivo de aumentar a plasticidade da realidade. DMT não foi capaz de fornecer a resposta que procurava. 

Era um mistério dentro de si, não podia aguentar por tanto tempo ter tudo aquilo, sem respostas. Por isso, levava fé no seu amigo. Quando começou a viagem, ele não obteve o que queria. Só teve um fascínio aumentado por tudo que o cercava, as cores e as formas pareciam tão intrigantes e o entretinham por muito tempo. No fim, acabou nem passando pela sua cabeça indagar sobre a formação do seu eu ou qualquer coisa do tipo. Tudo parecia complexo demais para o momento em que o simples se tornara altamente interessante e sedutor. DMT não foi capaz de fornecer a resposta que procurava. Lembrava ainda mais de Sofia e seus sorrisos reconfortantes. Estava viciado e momentos de confusão tornavam sua mente necessitada pelas palavras de Sofia que aos poucos construira um amor imperioso nele.

O mistério de Gabriela a prejudicava em ocasiões que ela se mostrava altamente egocêntrica, interessada apenas em si e não como um jeito de explorar inteligência intra pessoal, e sim agindo como se não precisasse de conexões com o mundo. Apenas seu ego, sua mente e seu corpo eram dignos de atenção. Não se adaptava às situações sociais ou "tabelava" seus conhecidos por riqueza ou influência que tinham. Agia como o mar em todas suas interações, um mar que tinha como lua suas emoções que tinha pouco contato. O resultado? O mar que não sabia como reagir a tantas mudanças inesperadas, que estava sujeito à mudanças de uma Lua que mal conhecia. 
Sofia manipulava mais homens em busca de uma conquista que não existia. Porque os "objetivos" que ela estabelecia eram apenas para inflar seu ego e provar para si que ainda tinha poder sobre quem queria. Acreditava que ao usar quem queria, não sofria consequências, só as pessoas que se tornavam viciadas nela e clamavam por mais. Mas isso mudou quando viu a foto 3x4 de Bernardo esquecida na sua carteira, aqueles olhos inanimados por uns instantes despertaram sentimentos que ela esforçava-se para afogar. Depois disso se perguntou "será que estou perdendo meu autocontrole?".

Bernardo com o tempo começou a detectar características cíclicas na sua vida. Queria mudar de vez e parar de andar sem nenhum destino. Toda a vez tinha uma desilusão e começava a tentar loucamente as mais diversas "soluções" para confusão de seus sentimentos. Tornava-se um sedutor sem propósito e carregava seu espírito com vibrações das mais diferentes pessoas, tudo que ele precisou foi sentar e admirar o céu e ver que não é para ter significado no amor. Deveria largar aquele orgulho, deixar abaixar todos aqueles pensamentos aleatórios em sua mente. O que ele queria mesmo já... 
Foi até a casa de Gabriela e pediu para conversar. Ela ficou surpresa e o deixou entrar com certa relutância. O desejo em Bernardo crescia, no silêncio de uma conversa praticamente telepática se entreolhavam como se conhecidos eternos estivessem se reencontrando. Ela deixou suas mãos escorregarem pelo sofá até alcançarem as de Bernardo, estavam suadas. Bernardo sentiu aquelas mãos geladas e ficou sem ação. Aquelas eram as únicas mãos que mesmo geladas acendiam uma chama em seu coração. Ninguém o fazia sentir assim, ninguém o teve momentos tão profundos com ele então por que ainda hesitava em dizer tudo que sentia e nunca mais largar aquelas mãos?

Era muito desafiante para Gabriela abandonar todo aquele orgulho. Porém não tinha escolha, aquele era provavelmente o melhor homem de sua vida. O único que com palavras suaves a atinge com intensidade e também o único que não se deixou abater pelo turbilhão de emoções que havia dentro dela. Foi aquele homem que redefiniu o que é o amor para ela a fazendo abandonar tudo o que pensava que era. Sabia que era clichê, mas essas tentativas de racionalizar o amor só deixaram mais claro que é para sentir e não entender. Então por que nunca mais largar aquelas mãos e dizer o que estava sentindo naquele momento?

Enquanto conectavam como nunca, Sofia também começou a sentir algo diferente em seu coração. A foto de Bernardo trouxe à tona sensações pouco exploradas. Porém não mudava o seu jeito de lidar com situação românticas e esforçava-se para vê-lo como um objeto. O esforço ficava cada dia maior até que um dia se provou uma enganação por completo. Sabia que se envolveu em excesso com ele e que agora só ele podia curar o que para ela era uma doença.

Quando começavam a entrar nos padrões do passado, a ter pensamentos similares e abaixar todas as guardas... O telefone dele tocou, trazendo os dois de volta à uma realidade sem cor. Olhou para o celular e...
A resposta para esta confusão na mente dele estava prestes a chegar. Quando encarou Gabriela mais uma vez, naquela tarde de domingo chuvosa. Viu que se quisesse ser feliz de verdade, era o olhar dela que tinha que intrigá-lo pelo resto da sua história. Depois daquele dia tudo mudou, conseguiu idealizar uma história perfeita com ela. Ligou e pediu uma chance de encontrá-la. 

Chegando lá, se deparou com o que mais temia. Parecia que ela estava acompanhada por alguém! Não podia acreditar que ela buscava satisfação em outro homem, mas teve que aceitar. 

- Podemos ficar à sós por uns minutos? - disse se recuperando ao se recuperar do baque. 

- Claro. 

Se virou e disse para seu amigo que precisava resolver certas coisas com Bernardo. Ele já havia entendido tudo também, na verdade ela estava desabafando sobre ele para o amigo. 

- Não acredito que você já está com outro cara. Pensava que era especial para você, assim como é para mim! Não quero acreditar que isso seja... 

Foi interrompido com pelo dedo de Gabriela.

- Pare de ser inseguro. Apenas um amigo e se não fosse não teria problema. Agora me diz, o que você quer aqui? - disse ela num tom ríspido.

Ele teve que concordar com o que ela falou, ele estava com tanto medo de perdê-la que homens agora eram vistos como ameaça. Mal sabia que para alcançar o verdadeiro amor ele deveria desapegar de qualquer tipo de medo ou ansiedade com relação a ela. Deveria permitir que o sentimento fluísse e que significasse nada além dele mesmo, como tudo no universo. ( A.W)
-Só quero dividir algumas palavras com você depois de tanto tempo! Sinto saudades e quero mais que nunca renovar cada sensação que tive com você. Tentei, mas não dá, a saudade é muito forte. - disse se sentando no sofá . 

- Você acha que foi fácil para mim ficar te evitando? Claro que não, senti tudo que você sentiu, mas senti do meu jeito estranho. Fico feliz que você soube acolher esse turbilhão de emoções que há dentro de mim, mesmo que não fizesse bem para você em alguns momentos. Isto foi o sinal que eu precisava para saber que você é o que preciso para me completar. O tempo que passei longe só ajudou a solidificar essa certeza em minha...

Foi interrompida por um beijo de Bernardo. 

Sua reconfortadora, Sofia, passava por mudanças. A sedutora e poderosa agora abria o coração para o que Bernardo estava despertando nela. Ela tentou ignorar de todas as formas, porém viu que o certo era se esclarecer com ele de uma vez por todas. Como não conseguiu falar com ele de nenhuma maneira, decidiu ir direto no endereço dele.

Estava bom demais para ser verdade e Gabriela interrompeu tudo para dizer que sua mãe a visitaria em algumas horas. Ele não queria apressar em nada, então decidiu ir para casa. Só não sabia que veria Sofia em frente ao seu portão com os olhos brilhando assim que o percebeu.


— O que você quer aqui? (—) disse com uma expressão de desconfiança.

— Quero te ver e não consigo mais te evitar, pensava que era só um caso, mas agora eu tenho que levar isso adiante. Porque jamais senti o que estou sentindo agora! Creio que você é o homem que...

— Nem comece seu discurso. Acabei de resolver minha situação com a Gabriela. Não foi legal da minha parte tentar te usar para me consolar no passado, me desculpe. Mas agora o que eu quero já está definido. - enquanto dizia isto, sentia um peso sair de suas costas, como se estivesse flutuando.

— Não posso acreditar que fará isto comigo! Pensava que você já tinha esquecido e que queria algo sério comigo. Porém entendo que não posso ter o que quero sempre. - ao abraçá-lo roubou um beijo.
Este beijo custou caro, porque Gabriela tinha saído mais cedo de casa para fazer uma surpresa e acabou vendo apenas a pior parte. Decidiu não gritar, voltou para casa e tentou assimilar tudo aquilo. O que testemunhou acabou gerando uma intensa raiva, pois as palavras de Bernardo pareciam dissolver! 


— Saia daqui já disse que não rola mais nada entre nós dois. Pensava que iria superar, mas vejo que não. 

Sofia não vê outra opção, altamente frustrada pela primeira vez que tudo não saiu como o planejado, entra em um imenso poço na sua cabeça. Como se não tivesse escapatória e desesperada, ela vai para casa e se entope de remédios calmantes. Porém a alta dosagem a fez mal, levando-a a morte. 

Nos dias seguintes, Bernardo não conseguia falar com Gabriela e desconfiou que ela viu o beijo entre ele e Sofia! Porém ela nunca abria a porta para ele e nem atendia as chamadas, estava perdido. Quando soube da morte de Sofia, ficou abalado e decidiu ir ao enterro (mais por remorso que por reais pêsames, pois ela o fez perder o amor da sua vida por um mero capricho). Lá ele teve a felicidade de encontrar Gabriela e não queria mais perder tempo para explicar o acontecido. 

— Vem aqui! - pegou-a sutilmente pelo braço e ficou hipnotizado com aqueles olhos, como esperava fazer em todos os dias da sua vida. 

— Vi tudo que aconteceu entre vocês, suas palavras são falsas, fica difícil demais acreditar do que sai de sua boca depois do que aconteceu! 
 Na verdade, ela queria ouvir cada palavra. Não podia resistir ao simples toque das mãos dele em seu antebraço. Como se distrair de um homem que não tinha uma presença meramente física e sim espiritual para ela?
 Bernardo conseguiu explicar o mal entendido. Mesmo assim implorou por perdão: 

— Me desculpe, não era para eu dar chance a ela, pensava que ela tinha mudado e que ia acei...

O beijo que iniciou toda essa história veio à tona, ela não pode segurar a vontade de silenciar a boca que estava ali, bem na sua frente. Naquele ato concretizaram a estabilidade de situações tão confusas. Só com Bernardo que ela se sentia segura e inabalável, mas sem o menor sinal de monotonia. (BM)

Uma cena feliz para o casal que vivia intrigado com uma realidade confusa criada pela insegurança de cada um. Tiveram que passar por isso para descobrir que o amor é libertador e que fica melhor a cada desapego, a cada desconfiança deixada para trás. Por isso chama os envolvidos a se jogarem mais e julgarem menos um ao outro. Uma libertação conjunta e harmônica em que só há horas certas para ser quem você é e fazer bem com quem está contigo. 



The End. 








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