Uma curadoria em Paquetá: relatos de percurso

June 2, 2017 | Autor: Ivair Reinaldim | Categoria: Curadoria, Experimentalismo, Arte contemporânea no Brasil, Ilha de Paquetá
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Uma curadoria em Paquetá: relatos de percurso Ivair Reinaldim

Curador artes visuais

Quando fui convidado por Fernanda Metello para elaborar uma curadoria de artes visuais na ilha de Paquetá 1 , como parte do projeto Paquetá Experimenta Arte Contemporânea, em certo momento ela comentou comigo que uma exposição cujo enfoque fosse experimental, em relação às características das bandas que se apresentariam na abertura do evento, poderia ser um modo de integrar mais intimamente as duas áreas que fariam parte da proposta: música e artes visuais. Na ocasião, o termo “experimental” ficou ecoando em minha mente, de sua importância em algumas práticas artísticas nas décadas de 1960 e 1970, passando pelo levantamento dos prováveis significados que o termo poderia expressar no século XXI, até o questionamento se seria possível haver uma produção de fato experimental na conjuntura artística atual. Lidar com essa ideia subentendia assumir alguns riscos, pelo menos os de natureza conceitual. Ao relacionar “experimentalismo” e “Paquetá”, logo pensei na ação do coletivo A Moreninha, ocorrida na ilha em 1o de fevereiro de 1987. Tratava-se de jovens que se associaram com o objetivo de estudar artistas, seus processos e alguns movimentos da arte moderna. Em sua primeira ação coletiva decidiram homenagear o centenário de um suposto grupo de “pintores de final de semana”, que, a partir de indicações deixadas pelo jovem artista francês Édouard Manet

durante sua passagem pelo Rio de Janeiro, em 1849, reuniam-se em Paquetá para pintar ao ar livre, em busca das paisagens bucólicas da ilha e da “esplendorosa luz de fundo de baía”, criando “obras impressionistas de temática nacional”. Se de fato algum paralelo concreto pudesse ser traçado entre essa história e o período em que o pintor Giovanni Battista Castagneto passou por Paquetá, produzindo marinhas e vistas da paisagem local, nada mais irônico no relato contado pelo grupo do que a tentativa de constituir uma identidade nacional por meio desse tipo de prática pictórica, mais centrada no motivo do que na temática. Misto de anedota e ficção, foi por meio da difusão dessa história junto à mídia que esses jovens promoveram uma maratona de pintura “impressionista” em Paquetá, atraindo quantidade considerável de pintores diletantes, que a eles se juntaram. Nascia ali o coletivo A Moreninha; seus membros passariam a ser chamados “moreninhos” 2 . A essência satírica dessa proposta ia além da anedota pura e simples; estendia-se à já bastante banalizada prática de pintura ao ar livre, muito distante da dimensão algo contestatória que a mesma apresentou no século XIX, agora exercida tanto por autodidatas quanto por artistas de viés academizado. Pintar ao ar livre, no contexto da década de 1980, em plena evidência da produção pictórica no sistema de arte contemporânea, tanto no âmbito nacional

quanto no internacional, era igualmente uma tomada de posição crítica e um ato contestatório frente ao esvaziamento do debate em torno daquela produção, assim como uma tentativa de mudança de rumo, deslocando o enfoque sobre a pintura para a evidência da manipulação midiática no circuito de arte. Ou seja, promover uma ação de pintura ao ar livre naquela conjuntura valia não tanto pelo ato em si, mas pela dimensão anárquica, crítica, e, por que não dizer, “experimental” – um experimentalismo possível naquele momento 3. Paquetá, afinal, encontrava artistas que, já distantes do impressionismo, munidos de suas próprias urgências, produziam uma nova relação com a paisagem bucólica e turística da ilha. Para mim, de algum modo, era preciso tentar resgatar algo desse processo, embora muita coisa houvesse mudado de lá para cá. Parti então do pressuposto de que era necessário considerar certos aspectos importantes em um projeto com essa natureza. Por um lado, a circunstância da exposição de arte contemporânea ocorrer em uma ilha, com características próprias e algumas peculiaridades: um bairro ligado ao centro urbano do Rio de Janeiro, porém apresentando ares de cidade de interior, repleto de ruas não asfaltadas, onde só veículos motorizados autorizados podem circular, além das bicicletas e charretes 4 ; ainda, o fato de Paquetá estar imortalizada no imaginário nacional como provável

pano de fundo do romance A moreninha, escrito em 1844, por Joaquim Manuel de Macedo, obra inaugural do Romantismo na literatura brasileira, assim como por suas adaptações para cinema e televisão 5. Havia, por conta disso, uma tendência a preservar a atmosfera bucólica do romance, estendendo-a para uma realidade persistente, quase imutável, embora diferentes camadas de tempo pudessem ser identificadas na ilha. Por outro lado, suspeitar que a população local pudesse não estar habituada com propostas que divergissem das linguagens artísticas tradicionais, tendendo a preferir e a se interessar por pinturas de paisagem e de cenas cotidianas, monumentos figurativos espalhados por espaços públicos e fotografias produzidas por profissionais e diletantes, imagens decorrentes das levas de turistas, que vão à ilha nos finais de semana em busca de fonte de inspiração e encantamento visual. Ao mesmo tempo, pressupor que o convite para “experimentar arte contemporânea” não soaria estranho a essas pessoas, e que o evento não necessariamente geraria conflito, negação, indiferença ou uma experiência desagradável junto ao público – algumas das situações estereotipadas que às vezes acompanham a expressão “arte contemporânea”. Em suma, não era preciso produzir choque, mas talvez uma suspensão.

Paquetá certamente tem uma tradição cultural que não poderia ser menosprezada. Mais do que uma proposta em que se leva/ traz “arte contemporânea” ou “produção experimental” para a ilha 6 , desde o início entendi que era preciso colaborar para a construção de plataformas de diálogo, estimular trocas possíveis entre artistas, moradores e visitantes, a partir de camadas múltiplas de envolvimento com as espacialidades do local e a vivência de uma temporalidade outra, perceptível desde o acesso à ilha por via marítima. Mais do que transformar Paquetá, ou apenas tê-la como cenário para a exposição, era preciso que os artistas pudessem de algum modo ser “impactados” pelas experiências que teriam naquele lugar, tanto quanto suas propostas pudessem “impactar” um público variado, de moradores a visitantes da ilha, seja no processo de concepção e desenvolvimento de seus projetos, seja na exposição propriamente dita. Era preciso compreender que muitas histórias atravessavam os locais e as pessoas que por eles circulam, que tudo que há ali existia e preexistia antes de nosso contato real ou imaginário com a ilha e para além das ações que seriam realizadas em Paquetá: afinal, seríamos os elementos passageiros na paisagem e no cotidiano local. E talvez fosse possível, em termos poéticos, muito mais que efetivos, constituir modos de sensibilização reconhecidamente fugazes, mas com reverberações não

menos duradouras, tanto para artistas quanto para o público do evento. Em 2005, Fernanda Metello criou Previsão da Memória, um globo de vidro contendo inúmeras imagens de Paquetá: alguns elementos presentes na casa da avó – que frequentou diversas vezes durante sua infância –, além de locais da ilha conhecidos por turistas, assim como de vários outros que talvez apenas os moradores conseguiriam identificar. Com esse trabalho alertou para a persistência da memória, mais do que do tempo: as imagens poderiam sugerir uma impressão de constância das coisas, de uma Paquetá que nunca muda, quando, na verdade, constituem traços de algo que persiste mais na memória (individual/coletiva) do que na realidade cotidiana e histórica. Por isso, em certo momento, foi possível antever nesse trabalho um contato íntimo com certas questões que poderiam estar evidenciadas (ou não) na mostra, justificando sua inserção no espaço expositivo, em uma nova configuração. Há no objeto certa ironia em relação ao tempo, uma vez que a suposta esfera que permitiria vislumbrar o futuro exibe na verdade imagens do passado. Esse aspecto permitiu que as imagens que compõem a obra estivessem também disponibilizadas ao público na forma de um jogo da memória, de modo a estimular que os visitantes partilhassem das reminiscências que elas representam, agindo em relação à ilusória

imutabilidade das mesmas e também quanto à possibilidade de seu esquecimento. Quando convidados por mim, os outros cinco artistas que integram a exposição apresentavam uma característica comum: aceitaram participar de uma proposta de “imersão” sem uma relação afetiva prévia ou o hábito de visitação constante à ilha. Em verdade, alguns deles nunca a tinham visitado; outros, o fizeram apenas na infância. No entanto, todos evidenciavam algum tipo de relação mediada pelas imagens e pelas histórias ouvidas a respeito de Paquetá, o que a princípio poderia contribuir para que a experiência real com o lugar gerasse algum tipo de deslocamento – físico, espacial, temporal, imaginário, ficcional –, produzindo uma espécie de confronto entre aquilo que imaginavam (ou lembravam) da ilha com o que de fato encontrariam em suas andanças; ou ainda pela ambivalência de estarem em um local próximo e ao mesmo tempo distante das vivências e dos lugares por eles geralmente frequentados no Rio de Janeiro. Dessa condição, e por meio do acúmulo de experiências diversas advindas das visitas que fariam à ilha, criariam trabalhos inéditos, em resposta a suas incitações, incômodos, curiosidades, etc.; enfim, pelas variadas demandas geradas a partir do contato, pesquisa e diálogo com Paquetá. Por isso, cabe ressaltar que o modo como esses trabalhos nasceram e também

como foram “instalados” nos locais escolhidos pelos artistas constituiu parte importante dos processos vivenciados durante o projeto. Pretendo falar aqui não como porta-voz dos artistas, mas com base em minhas impressões e experiências, como alguém que os acompanhou durante alguns meses e que acima de tudo procurou viabilizar suas ideias da melhor forma possível. Teço meus comentários como um colaborador quase sempre próximo, procurando me distanciar em certos momentos; em suma, vejo-me simultaneamente como interlocutor e espectador dos trabalhos apresentados na exposição. Um dispositivo em formato de orelhão – mas sem o aparelho de telefone – instalado na areia da praia de São Roque, em frente à Casa de Artes de Paquetá, transmite a programação sonora da Radio Lugar, proposta de Floriano Romano, concebida como um programa de web rádio. Combinando uma seleção de músicas brasileiras com trechos de depoimentos colhidos em conversas com moradores da ilha, o trabalho possui dupla apresentação: por um lado, sua presença física em um local improvável, relacionando objeto, sonoridade e paisagem local – uma vista do fundo da baía, a partir da ilha –; por outro, a disponibilização na internet dos diferentes podcasts gravados pelo artista, ampliando seu acesso, para que um público mais vasto pudesse

acompanhar a programação 7 . No entanto, para além dessas duas configurações do trabalho, há uma dimensão relacional inerente ao processo, advinda de situações de contato entre Romano e os moradores da ilha, em incursões do artista por locais de convivência, de caráter comunitário, ouvindo, dialogando e provocando seus interlocutores, de modo a desenvolver reflexões sobre sua condição particular de insulanos. Assim, as paisagens sonoras que Radio Lugar acrescenta àquelas já construídas e imaginadas de Paquetá possibilitam que outras dimensões simbólicas do local se sobressaiam, para além daquilo que nos é corriqueiro a respeito da ilha. Com uma proposta também de cunho relacional, Jorge Menna Barreto apresenta Transburger, ação de intervenção artística desenvolvida conjuntamente com Kadija de Paula, Joelson Bugila e Van Holanda, e que pode ser definida como escultura ambiental. As quatro ações realizadas na ilha de Paquetá, em que ocorreu a venda de hambúrgueres confeccionados à base de plantas, abrangem a relação estreita entre alimentação e impacto ambiental, englobando ainda a convivência social entre artistas e espectadores/ consumidores, entendida como situação em que transcorrem possíveis táticas de conscientização e/ou engajamento. Ao estabelecer uma relação comercial por meio do Transburger, subvertendo o

emprego e os sentidos do sufixo “trans”, o artista e seus colaboradores exploram as trocas simbólicas possíveis entre clientes e vendedores, o que pressupõe não apenas a permuta comida-dinheiro, mas a potencialidade de concepção e construção escultórica por meio da convivência social e da disseminação de ideias entre pessoas 8. Nas palavras do próprio artista: “aquilo que comemos – ou deixamos de comer – transformará a paisagem e o mundo no qual vivemos”. No contexto de uma ilha, em que muitos produtos são provenientes do continente, onde é possível desenvolver e ampliar as redes de produção, distribuição e permuta de alimentos/ideias, refletir sobre o que consumimos é também uma forma de posicionamento político e ético frente ao lugar, mais especificamente, e ao planeta, em uma conjuntura geral. A identidade bucólica e turística de Paquetá é evidenciada na proposta de Leo Ayres, de natureza efêmera, em que 25 balões de gás hélio, prateados e em formato de letras, foram distribuídos nas águas da baía de Guanabara, na praia de São Roque. Em O Caos é uma Ordem Por Decifrar, frase extraída da obra O homem duplicado, do autor português José Saramago, a ação do artista espalhando as letras e modificando a paisagem transformou a atmosfera do lugar durante a abertura do evento. Em meio a barcos de pescadores, com as pedras típicas de Paquetá e a silhueta da Serra dos Órgãos ao fundo, o ritmo das

letras dispersas em diferentes pontos e em alturas variadas, espelhando as cores e formas de seu entorno, contribuía para estabelecer novo olhar contemplativo para o local. No ritmo cambaleante dos balões, qualquer tentativa de formação de palavras – ou mesmo de uma frase – tornava logo claras a impossibilidade de concretização do objetivo e a sensação de fracasso do espectador, sem que no entanto prevalecesse um sentimento de frustração nesse processo. Ao contrário: a ação alimentava o desejo de registro, a partir de fotografia e vídeo, gerando inúmeras imagens que logo foram compartilhadas nas redes sociais, reforçando e ampliando o caráter eminentemente participativo da proposta. Nas semanas seguintes o trabalho persistiu nas formas de vídeo e de cartão postal, como imagem impressa que pode ser compartilhada e levada para casa, constituindo mais uma das representações que circulam e endossam o imaginário a respeito da ilha. A videoinstalação Cachorro, de Mayana Redin, pode ser entendida como um trabalho realizado para o lugar, tanto porque o interior da Capela de São Roque, primeira igreja construída na ilha, abriga e faz parte da proposta, quanto pela orientação conceitual que o trabalho apresenta nesse contexto, uma vez que se nutre de certas particularidades discursivas do ambiente e do imaginário local. São Roque, padroeiro de Paquetá, representado pela pintura do

artista acadêmico Pedro Bruno, localizada no altar da capela, apresenta-o como um peregrino, acompanhado por um cachorro com um pão na boca e próximo a uma fonte d’água, no momento em que se exilou para curar uma enfermidade 9 . A instalação dos dois vídeos da artista nas laterais da capela – evidenciando a presença de um cachorro, ora de frente ora de costas para o espectador – estabelece uma relação triangular com a pintura, tornando evidente que o interior da capela não é apenas o cenário para os vídeos – o que por si só já é algo inusitado –, havendo concretamente uma ação inversa: as projeções, cujo movimento das ondas da Baía de Guanabara simbioticamente redefine a fixidez das paredes azuis da capela, incorporam e transformam todo o conjunto de elementos identificáveis do ambiente. No constante ir e vir dos cachorros que circulam livremente pelas ruas e praias de Paquetá, destacase o olhar contemplativo e o suposto desejo insulano de um cão, a confrontar o horizonte em busca do que há para além da sua condição e do pertencimento a um lugar. O trabalho A Mesma Casa, de Regina de Paula, reforça a abordagem relacional de muitas das propostas apresentadas. Concebido a partir da filmagem de interiores das casas de alguns moradores de Paquetá, e projetado na adega da Casa de Artes, agrega na antiga residência, agora centro cultural, todas as demais casas, sejam elas as da ilha ou as que existem e habitam a

memória de todos nós. Somos instigados a assumir a posição de voyeurs, adentrando esses ambientes, acompanhando o deslocamento da câmera, na “captura” de peças de mobiliário, objetos e elementos decorativos, espaços de habitação e convivência social. Embora o trabalho apresente uma sequência de ambientes desabitados, as imagens reforçam o quanto estão carregados de memórias e de traços da presença daqueles que cotidianamente circulam ou circularam por esses espaços. Ao projetar o vídeo na adega, localizada no subsolo da Casa, local escuro e rústico, sem enquadrar a imagem na tela, de modo a incorporar o entorno, somos impelidos a observar a certa distância, induzidos a vivenciar uma espécie de recolhimento, visualizando um reservatório de imagens próximas, às vezes quase familiares, das casas reais e também das imaginárias, afinal, essas imagens em movimento representam mais traços simbólicos do que registros documentais. O processo de elaboração do trabalho envolveu as diversas trocas e negociações entre a artista e pessoas que ela não conhecia, fazendo com que se engajassem na proposta e abrissem suas casas, a partir de uma relação de confiança que se concretizava no momento mesmo em que as filmagens eram realizadas.

Paquetá Experimenta Arte Contemporânea mostrou-se como um conjunto de experiências singulares. A partir de uma tentativa de afastamento e reflexão, penso que experimental nesse contexto pode ser entendido como deslocamento, seja de território, de temporalidade, ou em relação a condições habituais de convivência, produção e pensamento artístico. Deslocar os artistas de seu modus operandi, distanciar a curadoria das normativas e procedimentos corriqueiros dos espaços expositivos convencionais, desprender

o público das condições e percepções padronizadas; tudo isso contribuiu para que o projeto incorporasse certo risco calculado, entendendo-se que as propostas só podiam de fato se concretizar havendo alguma margem de abertura frente à possibilidade de fracasso e ruína. Nesse território de liberdade, senão real, pelo menos discursivamente assegurada, artistas puderam elaborar suas questões e desenvolver trabalhos por meio de seus olhares para a ilha de Paquetá.

[para que os carros possam circular]”, disse a professora universitária Liliane Ferreira Mundim, que mora na ilha desde que nasceu, há 59 anos. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-05/ prefeitura-do-rio-proibe-charretes-na-ilha-de-paqueta

1. Escrevo este relato em primeira pessoa, como modo de reforçar minha implicação durante o processo. 2. Nessa ação, faziam parte do grupo: Alexandre Dacosta, André Costa, Angelo Venosa, Beatriz Milhazes, Claudio Fonseca, Cristina Canale, Chico Cunha, Daniel Senise, Enéas Vale, Gerardo Vilaseca, Hilton Berredo, João Magalhães, Jorge Barrão, Lucia Beatriz, Luiz Pizarro, Marcia Ramos, Maurico Bentes, Paulo Roberto Leal, Ricardo Basbaum – além da fotógrafa Loris Machado e do crítico Márcio Doctors. 3. É preciso considerar ainda o fato de que a performance sonora da Dupla Especializada (Ricardo Basbaum e Alexandre Dacosta) na barca que conduziu os artistas até a ilha também reforçava uma proposta de integração entre as artes plásticas e a música, outro paralelo possível com o projeto atual, guardadas as devidas diferenças. 4. Três dias antes da abertura do evento, um decreto da Prefeitura proibiu veículos de tração animal na ilha de Paquetá, famosa pelas tradicionais charretes puxadas a cavalo. Na data da abertura do evento, alguns moradores organizaram uma manifestação junto à estação das barcas, opondo-se à chegada de 17 carrinhos doados pela Prefeitura, nomeados “charretes elétricas”, e que passaram a ser utilizados pelos antigos charreteiros. “Eles trocaram uma coisa totalmente típica da ilha por carros que vão piorar nossa situação urbana interna. Vai aumentar o número de veículos motorizados. As pessoas já empreendem velocidades absurdas. Não tem fiscalização, nem controle. Daqui a pouco, todos vão se achar no direito de ter esses carrinhos. Além disso, a ilha é de saibro. Qualquer chuva vai fazer lama e estragar os carrinhos. Provavelmente, vão querer asfaltar as ruas

5.

O romance foi adaptado duas vezes para o cinema, em 1915 e 1970, e duas vezes para a televisão, em 1965 e 1975.

6. Próximo à abertura do evento, quando estava na ilha, me dei conta da diferença entre “levar” e “trazer”, que depende das posições assumidas por quem fala/ouve, do “local de fala” de cada um. Embora não seja um morador da ilha, no momento em que estava lá percebi a inversão. Tomo isso como o momento em que fui “impactado” pela localidade, para usar uma expressão que utilizei no texto; isto é, fui realmente atravessado pelo ambiente de Paquetá e pelas vivências advindas da proposta, a ponto de me perceber como alguém que está na ilha, e não fora dela. 7.

Gravações disponíveis em: https://soundcloud.com/florianoromano/paqueta1?utm_source=soundcloud&utm_ campaign=share&utm_medium=email

8. Nesse sentido, importante a discussão presente no ensaio The Queer Vegan Manifesto, de Rasmus Rahbek Simonsen. In: Journal for Critical Animal Studies, Volume 10, Issue 3, 2012. Disponível em: https://www.academia. edu/1999206/A_Queer_Vegan_Manifesto 9. A festa de São Roque é a comemoração mais tradicional da ilha de Paquetá, com forte interação entre moradores, veranistas e turistas, ocorrendo em torno do dia 16 de agosto. Nessa ocasião há a benção dos cachorros.

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