UMA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DE CIÊNCIAS DE ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS DE J ABOTICABALSP

July 9, 2017 | Autor: T. Gimenez da Sil... | Categoria: Science Education, Teachers Education
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UMA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DE  CIÊNCIAS DE ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS DE J ABOTICABAL­SP  Thaís Gimenez da Silva Augusto  [email protected]  Rosemary Rodrigues de Oliveira  Bruna Carolina Mouro  Natiane Bonani Lopes de Castr o  Rodr igo Henck de Oliveira  Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias  UNESP/ Jaboticabal  Apoio: Núcleo de Ensino  Pr ó­Reitoria de Gr aduação  UNESP  FUNDUNESP 

Resumo Relata­se o desenvolvimento de um projeto de formação continuada para professores  de Ciências da Diretoria de Ensino de Jaboticabal­SP, que teve a participação de professores e  alunos  do  curso  de  Licenciatura  em  Ciências  Biológicas  da  UNESP.  Consistia  em  oficinas  mensais  para  as  quais  os  professores  das  escolas  estaduais  eram  convocados.  As  oficinas  enfocaram a problematização da prática dos professores, a troca de experiências e a discussão  de métodos e conteúdos de ensino. Os envolvidos avaliaram o trabalho muito positivamente e  pediram sua continuação no próximo ano, o que não foi possível,  pois a Secretaria Estadual  da Educação proibiu as convocações. 

INTRODUÇÃO  Em  pesquisa  realizada  sobre  as  estratégias  de  ensino  utilizadas  por  professores  de  Ciências e Biologia de Jaboticabal­SP, constatamos que predominam as aulas expositivas e a  resolução de questionários “em detrimento da problematização dos conteúdos, das discussões  ou  de  outras  práticas  que  levem  o  aluno  a  se  tornar  o  centro  do  processo  educativo  como  preconiza  os  currículos  oficiais”  (AUGUSTO;  OLIVEIRA,  2008).  Portanto,  o  ensino  praticado nas escolas públicas de Jaboticabal caracteriza­se como tradicional.  Krasilchik (1987, p.53) ao se referir à abordagem tradicional destaca que esta faz com  que “a disciplina se torne irrelevante e sem significado, pois não se baseia no conhecimento 1533  Re  v is  ta  a d  da  a S  SB  BE  En  nB  Bi  io  o –  – N  Nú  úm  me  er  ro  o 0  03  3.  . O  Ou  ut  tu  ub  br  ro  o d  de  e 2  20  01  10  0.  .  R ev  i st 

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que  os  jovens  trazem  de  forma  intuitiva  e  não  é  ancorada  no  seu  universo  de  interesses.”  Ademais, o ensino tradicional não favorece o desenvolvimento de habilidades e competências  indispensáveis para o pensamento autônomo e o exercício da cidadania.  Contrapondo­se  à  abordagem  tradicional,  os  Parâmetros  Curriculares  Nacionais  preconizam  que  o  professor  de  Ciências  crie  um  ambiente  propício  ao  desenvolvimento  cognitivo e afetivo de seus alunos e, para tanto, se utilize estratégias de ensino diversificadas  como  a  problematização,  experimentação,  estudo  do  meio,  seminários,  debates,  desenvolvimento de projetos etc. (BRASIL, 1998).  A partir de um convite da Assistente Técnico­Pedagógico de Ciências da Diretoria de  Ensino  de  Jaboticabal  para  que  ministrássemos  um  curso  de  formação  continuada  para  os  professores de Ciências da rede estadual de ensino, desenvolvemos oficinas que enfocavam a  discussão  das  estratégias  de  ensino  de  Ciências  e  secundariamente  o  conteúdo  de  Ciências  para as quatro séries finais do ensino fundamental.  De acordo com essa perspectiva, as oficinas foram estruturadas de modo a possibilitar  a reflexão acerca das concepções e do saberes docentes, em especial os saberes baseados na  experiência  que  esses  professores  trazem,  para  que  coletivamente  possam  analisar  suas  práticas e produzir algo novo, coletivamente, a partir da teoria estudada. Sobre esse aspecto  Rodrigues & Carvalho (2002, p.40) assinalam:  [...] quando o professor estende a sua formação para um trabalho coletivo, através da  troca  de  experiências,  assume  essa  interação  como  um  processo  interativo  e  dinâmico.  Desta  forma,  o  trabalho  em  equipes  de  professores  faz  com  que  a  construção do conhecimento profissional seja realizada de forma enriquecedora. 

Durante as oficinas, que ocorreram no ano letivo de 2008, discutimos temáticas atuais  em educação e as contribuições dos documentos oficiais para as mesmas, num movimento de  ação­reflexão­ação.  Conforme  afirmam  Porlán  &  Rivero  (1998)  é  necessário  que  esse  processo de  construção de  saberes  ocorra  através  da  reflexão  profissional  sobre  sua prática,  sobre  o  seu  fazer,  pode­se  imaginar  um  modelo  de  formação  de  professores  que  atenda  às  exigências expostas pelo ensino de Ciências. Propiciar ao professor oportunidades de reflexão  sobre o seu fazer, sobre a sua prática, permite uma profunda revisão de conceitos e crenças  pessoais.

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Tínhamos  como  objetivo  promover  a  problematização  das  estratégias  de  ensino  utilizadas no ensino de Ciências junto aos professores que ministram essa disciplina na rede  estadual de ensino. 

DESENVOLVIMENTO DAS OFICINAS  O  projeto  consistiu  em  seis  oficinas  com  duração  de  oito  horas  para  professores  de  Ciências da rede pública estadual de ensino, vinculados à Diretoria de Ensino de Jaboticabal  (D.E.). Os professores eram convocados uma vez ao mês, durante o horário de trabalho, para  participarem dos encontros.  Essas  oficinas  eram  realizadas  na  Diretoria  de  Ensino  de  Jaboticabal  com  a  participação de vinte professores, em média, da rede pública estadual e da Assistente Técnico­  Pedagógica de Ciências. Da UNESP de Jaboticabal, participavam a coordenadora do projeto,  professores  colaboradores,  bolsistas  e  graduandos  do  curso  de  Licenciatura  em  Ciências  Biológicas.  Os encontros são sucintamente descritos abaixo: 

Primeira oficina ­ “ Experimentação”   A programação deste primeiro encontro iniciou­se com uma sensibilização através da  exposição  de  um  poema (FRACALANZA,  AMARAL  e  GOUVEIA,  1986).  Em  seguida  os  integrantes da oficina se apresentaram e expuseram suas expectativas, assim como discutiram  sobre as condições de ensino em suas respectivas cidades e/ou escolas.  Finalizada a primeira parte, foram exibidos três vídeos curtos (Projeto Escola Viva e  LAPEF/USP)  sobre  experimentação  em  ensino  de  Ciências,  com  objetivo  de  discutir  as  diferenças entre as abordagens utilizadas pelo professor no desenvolvimento de experimentos.  Após as apresentações dos vídeos, os professores discutiram qual dos modelos poderia gerar  maior  aprendizagem  e  foi  feita  uma  sistematização  sobre  os  três  modelos  de  ensino  de  Ciências.  Em  seguida,  houve  a  divisão  dos  participantes  em  quatro  grupos,  cada  um  responsável  por  elaborar  um  plano  de  aula  que  utilizasse  experimentação.  Os  planos  elaborados foram apresentados e discutidos.

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Segunda Oficina – “ Sexualidade e Prevenção”   Após os professores participantes expressarem suas dificuldades na abordagem deste  tema,  foi  realizada  uma  dinâmica  de  aquecimento  que  associou  sentimentos  ao  tema  sexualidade, além de que foram feitas reflexões sobre assuntos como adolescência, respeito,  família, aspectos sociais e acesso à informação.  Na segunda dinâmica os participantes foram divididos em quatro grupos, dois grupos  desenharam,  o  corpo  de  um  homem  e  os  outros  dois  grupos  desenharam  uma  mulher.  Os  grupos foram instruídos a desenhar todas as características inerentes a cada gênero e foi feita  uma discussão sobre quais características nos desenhos tinham cunho biológico, e quais eram  de cunho cultural.  Após a dinâmica houve a exposição do vídeo, distribuído pela rede estadual de ensino  paulista  na  escolas,  “Pra  que  time  ele  joga”,  seguido  de  uma  discussão  sobre  homossexualidade.  Os  professores  contaram  casos  vivenciados  por  eles  em  suas  escolas  e  discutiram como trabalhar a questão.  A  terceira  dinâmica  realizada  teve  como  objetivo  demonstrar  a  propagação  das  Doenças  Sexualmente  Transmissíveis  (DSTs).  Consistiu  em  cada  participante  coletar  “autógrafos”  de  outras  três  pessoas  em  pedaço  de  papel  distribuído  pelas  organizadoras  da  oficina.  Um  dos  papéis  distribuídos  possuía  um  sinal  “+”,  indicando  ser  soropositivo,  conseqüentemente  todos  que  pegaram  seu  nome  ou  deram  o  nome  a  tal  pessoal  seriam  considerados  infectados  com  uma  DST.  Apenas  uma  pessoa  continha  uma  marca  “c”  no  papel,  indicando que  teria  sido  a única  a  não  ser  contaminada  por utilizar  preservativo.  Tal  dinâmica teve grande aceitação por parte dos professores.  Na  quarta  dinâmica  os  participantes  fizeram  o  manuseio  do  preservativo  masculino,  abordando  as  formas  corretas  de  utilização  e  procedimentos.  Em  seguida  houve  a  segunda  exposição  de  vídeo,  desta  vez  o  tema  exposto  foi  sobre  formas  de  abordar/tratar  do  tema  sexualidade em sala de aula, de uma forma desmistificada, simples e objetiva.  Destacamos  a  participação  efetiva  dos  professores  em  todas  as  atividades  e  a  afirmação de que pretendem desenvolver a temática e algumas das dinâmicas em suas escolas.

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Terceira  Oficina  –  “ Microorganismos  e  sua  importância  na  produção  e  conservação  de  alimentos”   As atividades iniciaram­se com uma discussão sobre como o tema é abordado em sala  de  aula  pelas  professoras  participantes.  Elas  relataram  dificuldades  no  desenvolvimento  de  atividades práticas devido à falta de aparelhos adequados (microscópios, lupas) nas escolas.  Após esta discussão, iniciou­se a exibição do filme “A vida de Louis Pasteur”, com o  objetivo  de  explicitar  as  bases  da  microbiologia  através  da  História  da  Ciência.  O  filme  possibilitou  a  discussão  das  relações  da  Ciência  com  a  Sociedade,  o  fato  das  novas  idéias  científicas  não  serem  facilmente  aceitas  quando  há  paradigmas  contrários  vigentes,  os  interesses  e  influências  sofridos  pela  Ciência,  os  dilemas  éticos  e  o  contexto  histórico  das  descobertas científicas.  Na  sequência  foi  desenvolvida  uma  atividade  de  experimentação,  o  objetivo  do  experimento  foi  demonstrar  a  ação de  microorganismos  presentes  no  fermento  biológico  na  degradação  do  açúcar  presente  na  farinha  e  no  açúcar  comum,  liberando,  entre  outros  produtos, o gás carbônico. Os resultados do experimento foram discutidos com as professoras.  A  terceira  atividade  consistiu  em  uma  aula­expositiva  dialogada  sobre  diferentes  formas  de  conservação  de  alimentos,  muitos  desses  métodos  comuns  na  vida  cotidiana  dos  alunos.  Foi apresentada ainda às professoras, uma sequência didática elaborada duas alunas da  Licenciatura em Ciências Biológicas sobre “Microbiologia e a produção de alimentos”. Além  dos  referenciais  teóricos  que  embasam  a  sequência,  as  alunas  apresentaram  vídeos  que  explicam o processo de produção do pão e do leite de forma lúdica, culturas de bactérias que  podem  ser  facilmente  produzidas,  dentre  outras  sugestões  de  atividades  que  os  professores  podem  desenvolver  em  suas  aulas  em  substituição  as  sugeridas  pela  Proposta  Curricular  Estadual  vigente.  Os  professores  se  mostraram  bastantes  interessados,  fizeram  perguntas  e  manusearam as placas de cultura de bactérias. 

Quarta Oficina – “Astronomia”

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Iniciamos  a  oficina  levantando  questionamentos  sobre  as  dificuldades  que  estas  encontram para o ensino do tema. Estas apontaram a falta do desenvolvimento deste tema nos  cursos de graduação em Ciências Biológicas.  Em  seguida  trabalhamos  com  a  leitura  dos  textos  “A  história  de  Laura,  uma  professora” e “Genivaldo e Luciana, os alunos” 1 . Houve, então, uma discussão coletiva sobre  os textos, ressaltando os pontos positivos e negativos da metodologia de ensino utilizada pela  professora.  Durante  a  discussão  sobre  o  segundo  texto  foi  possível  relacionar  os  diferentes  pontos  de  vista  que  a  professora  e  os  alunos  apresentavam  sobre  a  mesma  aula.  E  os  professores  puderam perceber o quanto  é  necessário  conhecer  as  concepções  e  experiências  prévias  dos  alunos,  ouvi­los,  aproximar  seu  cotidiano  das  questões  trabalhadas  em  sala  de  aula e respeitar seu nível desenvolvimento sócio­cognitivo.  Finalizando  a  discussão  dos  textos,  foi  exposto  como  os  Parâmetros  Curriculares  Nacionais  e  outras  referências  abordam  a  temática  discutida,  bem  como  visualização  e  utilização dos sites para auxiliar os professores durante suas aulas.  Com o intuito de sugerir atividades práticas, que facilitem a visualização do fenômeno  fases da Lua pelos alunos, realizamos uma dinâmica com bolas de isopor que representavam a  Terra e a Lua e uma lanterna que representava o sol. E em seguida, as professoras em grupos  fizeram  desenhos  em  cartolinas  representando  os  sistemas  Terra­Sol  e  localizando  o  equinócio e o solstício e marcando também no desenho a posição da Terra em relação ao Sol  na  data  dos  aniversários  das  docentes  do  grupo.  Ao  final  da  oficina  duas  alunas  da  Licenciatura  em  Ciências  Biológicas  apresentaram  os  resultados  de  uma  sequência  sobre  Astronomia  desenvolvida  por  elas  em  uma  escola  estadual.  Foram  discutidas  com  as  professoras as concepções alternativas dos alunos coletadas por elas e as mudanças detectadas  nestas  concepções  ao  final  das  aulas.  Esta  foi  mais  uma  oportunidade  dos  professores  conhecerem  mais  a  fundo  o  trabalho  desenvolvido  pelos  estagiários  da  Licenciatura  em  Ciências  Biológicas  da  FCAV/  UNESP  nas  escolas  públicas  e  de  darmos  um  retorno  ao  acolhimento  com  que  alguns  desses  docentes  recebem  os  alunos  da  graduação  para  os  estágios na escola.  1 

Ambos os textos são parte do livro “O Ensino de Ciências no primeiro grau” (FRACALANZA, AMARAL e  GOUVEIA, 1986).

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Quinta Oficina – “ Visão”   As atividades iniciaram­se com um levantamento por meio de discussão das principais  dificuldades  que  os  docentes  apresentavam  sobre  o  tema,  dentre  as  quais  destacaram­se:  complexidade do conteúdo, por apresentar conceitos relacionados à física, abstração do tema  tratado  na  sala  de  aula,  pois  não  dispõem  de  material  adequado  para  desenvolverem  aulas  práticas.  Após  a  discussão,  duas  alunas  da  Licenciatura  em  Ciências  Biológicas  da  FCAV  apresentaram  uma  sequência  didática  sobre  o  tema  desenvolvido  por  elas  em  uma  escola  pública  de  Jaboticabal,  apresentando  os  resultados  obtidos  com  os  alunos  do  estágio  obrigatório de Licenciatura.  Em  seguida,  os  participantes  confeccionaram  uma  câmara  escura,  com  objetivo  de  demonstrar  o  processo  de  formação  de  imagens  invertidas.  Com  utilização  de  materiais  de  fácil  acesso,  como latas  de  achocolatados, papel  manteiga  e  tinta  guache, tornando  viável  a  reprodução  em  sala  de  aula.  Após  observação  da  imagem  formada  na  câmera  escura  e  discussão  de  seu  funcionamento  em  analogia  ao  funcionamento  do olho  humano,  iniciamos  uma  apresentação  desenvolvida  pelas  duas  alunas  bolsistas  com  enfoque  nos  principais  defeitos da visão. Por fim, discutimos um texto sobre os cinco sentidos na terceira idade. O  texto também apresentou formas de prevenir ou reduzir a degeneração das funções sensitivas  do organismo. 

Sexta Oficina – “Biodiversidade”   Iniciamos  a  oficina  com  um  vídeo  que  ilustrava  a  música  “Passaredo”,  de  Chico  Buarque. Esta estratégia teve como objetivo motivar os participantes para a discussão do tema  da oficina: Biodiversidade. O vídeo exibia imagens das aves citadas na música.  Em  seguida,  foi  feita  uma  problematização  utilizando  a  seguinte  pergunta  deflagradora: O que caracteriza os seres vivos? Após a discussão, apresentamos a história da  classificação  dos  seres  vivos  seguida  do  “jogo  da  cadeia  alimentar”.  Este  jogo  teve  a  participação  de  todos  os  presentes,  foi  um  momento  de  descontração  e  possibilitou  aos  professores uma maior compreensão  desta atividade que estava entre as sugeridas pela nova  Proposta Curricular Estadual. As alunas­bolsistas elaboraram ainda dois materiais multimídia

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sobre Ecossistemas brasileiros e sobre Ameaças à biodiversidade, que foram apresentados e  discutidos com os professores presentes e após o encontro disponibilizados a eles juntamente  com  um  texto  sobre  as  causas  e  consequências  da  extinção  das  espécies.  A  Assistente  Pedagógica da Diretoria de Ensino de Jaboticabal apresentou aos professores ainda um vídeo  novo sobre o assunto que eles haviam recebido e podiam disponibilizar aos professores que se  interessassem pelo material. 

DISCUSSÃO  O  planejamento  inicial  das  oficinas  de  formação  continuada  para  professores  de  Ciências, feito em 2007, foi alterado em função da implantação da nova Proposta Curricular  do Estado de São Paulo, em 2008. A pedido da Diretoria de Ensino tivemos que adequar as  oficinas  a implantação do  novo currículo, o que impossibilitou que, conforme nosso projeto  original,  os  professores  produzissem  planos  de  aula  próprios  a  partir  das  discussões  e  reflexões  promovidas  em  cada  encontro.  Contudo,  estas  mudanças  não  impediram  que  fizéssemos  das  oficinas  um  espaço  de  reflexão  crítica  sobre  o  novo  currículo,  de  trocas  fecundas  e  de  diálogos  sobre  como  adaptar  um  currículo  fechado  às  possibilidades  e  a  realidade de cada escola.  Ao final de cada encontro, os professores participantes avaliavam a oficina e sugeriam  o tema para a próxima. Assim, todas as temáticas desenvolvidas foram escolhidas por eles. Os  encontros  foram  bastante  agradáveis  e  enriquecedores,  segundo  depoimentos  dos  próprios  participantes. Consideraram importante a oportunidade de discutir a nova Proposta Curricular  do  Estado  de  São  Paulo,  a  troca  de  experiências  e  conhecimentos  entre  os  participantes,  ressaltaram a utilização de uma linguagem simples pelas docentes e a participação dos alunos  da Licenciatura em Ciências Biológicas da FCAV/UNESP.  As  oficinas  se  constituíram  num  importante  espaço  de  aprendizado  para  todos  os  envolvidos  e  de  intercâmbios  entre  o  curso  de  Licenciatura  em  Ciências  Biológicas  da  FCAV/UNESP  e  a  rede  estadual  de  ensino.  Segundo  Nóvoa  (1995),  essa  integração  entre  formação inicial e continuada, universidade e escola, faz­se necessária para uma formação de  professores plena, visto que é na interação e na reflexão que os professores estabelecem com  seus  pares  sobre  a  complexidade  do  seu  trabalho  que  os  saberes  são  elaborados,

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compartilhados e ganham significados. Cavaco (1995) concorda que os espaços coletivos são  de  fundamental  importância,  principalmente  para  a  socialização  e  formação dos professores  principiantes. A autora ressalta:  [...]  a importância da  existência de  espaços de reflexão  partilhada, que permitam  o  permanente  questionamento  das  dificuldades  e  problemas  da  função  docente  e  dos  seus aspectos mais inovadores, como  condição para o desenvolvimento profissional  e pessoal do  professor. [...] Aprende­se através da prática  profissional, na interação  com  os  outros  (diversos  outros:  alunos,  colegas,  especialistas  etc),  enfrentando  e  resolvendo  problemas,  apreciando  criticamente  o  que  se  faz  e  como  se  faz,  reajustando as formas de ver e de agir. (p.166­167) 

Para  Nóvoa  (1995)  a  formação  de  professores  passa  pelos  espaços  coletivos  e  pela  autonomia do professor para pensar e refletir sobre a própria prática. É necessário superar a  separação entre os especialistas que pensam o currículo e os professores que o executam, ou  seja, que agem como meros técnicos.  As oficinas propiciaram a nós, docentes da UNESP, um conhecimento mais profundo  do  cotidiano  dos  professores  de  Ciências,  suas  concepções  e  dificuldades,  o  que  é  de  fundamental importância para orientarmos nossos alunos da licenciatura que estão nas escolas  públicas estaduais realizando estágio. Destaca­se ainda, a participação ativa dos licenciandos  em  Ciências  Biológicas  nas  oficinas.  A  troca  de  conhecimentos  entre  os  estudantes  da  UNESP/  Jaboticabal  e  os  professores da  rede pública,  se  mostrou  muito  frutífera,  tendo  em  vista que os professores detêm o saber da experiência, como saber fundamental para formação  dos licenciandos, ao passo em que estes trouxeram referenciais teóricos para serem discutidos  com os professores. Como afirma Tardif (2002), “o saber docente é um saber plural, formado  pelo amálgama, mais ou menos coerente, de saberes oriundos da formação profissional e de  saberes disciplinares, curriculares e experienciais”.  Apesar  de  os  professores  da  rede  pública  estadual  participantes  enfatizarem  a  necessidade e o interesse de que as oficinas tivessem continuidade no próximo ano, isto não  foi  possível,  pois  a  Diretoria  de  Ensino  não  pode  mais  convocar  os  professores,  por  determinação da Secretaria Estadual de Educação (SEE/SP). A formação desse professores foi  restrita a cursos oferecidos pela própria SEE/SP, sendo a maioria, à distância. 

REFERÊNCIAS

Re  v is  ta  a d  da  a S  SB  BE  En  nB  Bi  io  o –  – N  Nú  úm  me  er  ro  o 0  03  3.  . O  Ou  ut  tu  ub  br  ro  o d  de  e 2  20  01  10  0.  .  R ev  i st 

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