Uma história da mineiridade: o sentido \" essencialista \" de uma representação

May 22, 2017 | Autor: Walderez Ramalho | Categoria: Historia, Minas Gerais, Identidades, Mineiridade
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Uma história da mineiridade: o sentido “essencialista” de uma representação. Walderez Simões Costa Ramalho1 1 – Introdução. Um dos temas mais recorrentes da vasta bibliografia acerca da região de Minas Gerais consiste na tentativa de definir quais seriam as características psicossociais mais típicas e genuínas de sua população que formariam uma suposta “identidade mineira”. A esse conjunto de valores, costumes e tradições que seriam comuns aos mineiros convencionou-se denominar de “mineiridade”, e um grande número de autores dedicaram-se a precisar qual seria os seus principais significados. Embora jamais se tenha chegado a posições conclusivas, essas obras de interpretação e síntese de Minas são de grande relevância para a historiografia, na medida em que apresentam, em seu conjunto, formas diferentes de se pensá-la e, sobretudo, por terem influenciado decisivamente no imaginário local e nacional, o que norteou em grande medida o planejamento e execução de práticas políticas e culturais na região. O objetivo central deste trabalho é apresentar, por meio de um exercício de crítica historiográfica, como tal noção de mineiridade foi construída e reapropriada pelos textos de interpretação histórica, sociológica e ensaística de Minas Gerais durante a primeira metade do século XX. Entende-se por mineiridade o discurso que visa representar uma ideia de união e fraternidade ao conjunto da população mineira, destacando-a do conjunto nacional, por meio da atribuição narrativa de certos valores, costumes e tradições que lhe seriam específicos, embora tal especificidade revele mais sobre o ponto de vista de quem interpreta do que propriamente da população. Trata-se, na verdade, de compor uma breve história do discurso da mineiridade, avaliando os seus principais significados e relacionando-os com o contexto em que foram produzidos e o lugar de onde fala cada autor aqui citado. Entre os textos selecionados para a confecção deste trabalho, afirmamos que todos eles se enquadram dentro de uma perspectiva essencialista do conceito de identidade sociocultural. Em outras palavras, esses textos afirmavam implícita ou explicitamente a existência de uma “essência” de Minas, um núcleo comum que fundamentaria a personalidade 1

Mestrando em História pela Universidade Federal de Minas Gerais. Agência financiadora: FAPEMIG.

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e a conduta de toda a população, que seria formado desde as origens do Estado e que permaneceria essencialmente o mesmo ao longo de toda a história, exceto por algumas modificações substanciais. Nesse sentido, a mineiridade seria algo já acabado, finalizado, não passível ao movimento e, portanto, possível de ser descrita desde um ponto de vista externo e objetivo, cabendo ao cientista fixar, por meio da observação direta e pela análise das fontes históricas mais representativas, quais elementos psicossociais constituem a sua essência primordial. O essencialismo identitário postula uma unidade profunda entre os membros de um grupo cultural, e prescreve para o mesmo a continuidade do fluxo histórico-temporal, a defesa da manutenção das tradições mais genuínas, e a recusa das mudanças e das diferenças que poderiam ameaçar a sua integridade. Trata-se, portanto, de um discurso eminentemente conservador e tradicionalista2. O que se pretende aqui é esboçar uma leitura crítica acerca desses textos. Não se trata de referendar ou corrigir as características atribuídas ao estado, mas em decifrar qual o sentido histórico e político que esse tipo de interpretação representou e representa para o universo sociocultural mineiro. A intenção é fazer uma leitura não-essencialista desses textos, isto é, considerar a mineiridade como representação, construída historicamente pelo discurso, a qual obteve significativa eficácia histórica real3. Esses textos, embora trabalhem com um ponto de vista identitário considerado ultrapassado pelas ciências sociais, fazem parte do patrimônio cultural mineiro, e não podem ser desconsiderados para a compreensão histórica dessa região do Brasil. E, sobretudo, eles revelam de modo especial como se construiu uma imagem de Minas que, sob vários aspectos, ainda permanece influentes no imaginário, o que demanda um trabalho de crítica historiográfica não em termos de saudosismo tradicionalista, mas sim como uma “história útil à vida” como defendia Nietzsche.

2 – Os essencialistas da mineiridade. Durante a primeira metade do século XX, Minas Gerais passou por importantes acontecimentos de ordem política, econômica e social que se refletem nos trabalhos aqui estudados. Vale lembrar que, na fase da República Velha, o Estado se destacou no contexto político brasileiro, marcado pela descentralização e pela implantação do modelo federativo, ainda que sob a fórmula problemática da chamada “política dos governadores”. Esse foi o 2 3

Cf., SILVA, 2005; WOODWARD, 2006. Cf. WOODWARD, 2006; HALL, 2011.

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momento em que as peculiaridades regionais foram bastante ressaltadas, uma vez que era imprescindível para a elite política estadual alcançar uma unidade política que pudesse fortalecê-los no âmbito nacional. Além da consolidação do PRM, assiste-se em Minas Gerais importantes renovações, como a mudança da capital para Belo Horizonte e, marco especial para este trabalho, o processo de institucionalização do saber histórico local – data-se desta época a criação do Arquivo Público Mineiro (APM, 1895) e do Instituto Histórico-Geográfico de Minas Gerais (IHGMG, 1907). Ambos tinham entre seus objetivos fomentar a pesquisa e a produção historiográfica sobre Minas, e desse modo, fortificar entre os mineiros a “consciência” das suas tradições e de pertencerem a um mundo histórico-cultural singular. Em outras palavras, de assumirem a sua identidade mineira tal como fixada pelos discursos e obras do período, embora jamais separada ou em contraposição com a identidade nacional4. Esse tipo de concepção de História pode ser encontrado no discurso de inauguração do IHGMG, pronunciado pelo historiador e político Diogo de Vasconcelos (1843-1927) em 16 de julho de 1907. Trata-se de uma peça de justificação da criação do instituto, bem como a afirmação da necessidade de uma história regional mineira. Àquela altura, Diogo de Vasconcelos, conhecido pela sua postura política marcada pelo conservadorismo monárquico, se consolidava como um dos principais nomes da historiografia mineira. Já havia publicado a primeira versão da sua principal obra historiográfica, História Antiga de Minas Gerais, de 1904, e que teria uma segunda versão ampliada em 1908, e uma continuação em História Média de Minas Gerais, esta publicada em 1918. Logo após o exórdio, o autor ressalta a necessidade da criação do IHGMG, pois sendo Minas “a maior casa de toda a América, sentia a falta de se lhe erigir a oficina central do pensamento, na qual se cuidam com esmero de fortificar a sua homogeneidade, e de unificar os seus elementos étnicos tradicionais” (VASCONCELOS, 1909: 213-214). A função que o autor atribui ao conhecimento histórico é de preservar e fortalecer a unidade mineira, a sua identidade histórica e cultural, estudando as suas origens e garantir a sua continuidade para o futuro. Tal identidade já estaria vincada desde as origens mineiras: “a colônia produziu este povo unido e igualitário, e constituiu a família mais congraçada e harmoniosa, que se viu nascer ainda aos acessos da expansão europeia” (idem: 214). E ressalta a finalidade do instituto: 4

Aliás, é importante ressaltar que uma das marcas do regionalismo mineiro é justamente a afirmação da integração do Estado ao país, ao contrário de outras regiões que dão maior destaque ao separatismo e autonomismo local, como em Pernambuco e Rio Grande do Sul. Ver ARRUDA, 1991.

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Condensar essas qualidades ingênitas, aperfeiçoar a mentalidade, que nos foi transmitida, pelas circunstâncias especiosas da nossa origem, serão creio eu, o melhor e mais constante objeto de nossos estudos e escopo essencial deste Instituto, ereto em honra da história para farol inequívoco de nossos progressos (idem: 214).

Implícita a essa afirmativa está a ideia de que o estudo científico e racional da história é condição sine qua non para o desenvolvimento de uma sociedade, a qual estaria baseada na continuidade das suas tradições. A própria divisão do mundo atual nos demonstra como a civilização preferiu as raças, que tiveram história, deixando abatidas nos estádios mais rudes aquelas, que não a criaram. É, senhores, que os anais, as memórias, as biografias dos homens ilustres, encerram em síntese, alguma coisa mais preciosa. (...) São dos arquivos empoeirados, dos monumentos carcomidos e atas do passado, que se irradia a continuidade anímica de nossa existência coletiva, iluminada pelos votos e testemunhos tantas vezes dolorosos da velha experiência (idem: 214).

A experiência do passado, devidamente depurada pela narrativa histórica, serve de instrumento para otimizar as ações do presente e do futuro. Em outras palavras, a história ensina os homens a viverem em civilização e cultivarem a pátria, através do testemunho dos grandes fatos e heróis do passado. E é o seu conhecimento que permite a continuidade pela tradição e pela experiência. A afirmação dessa continuidade temporal é uma das bases do essencialismo identitário, conforme afirmamos acima. Com efeito, Vasconcelos concebe a identidade mineira como uma essência, que se mantém fixa e estável ao longo dos dois séculos de sua história5. A sua obra como um todo é uma busca contínua pelas origens dos traços constitutivos da mineiridade (embora o autor não tenha empregado o termo), tudo a partir de sua visão conservadora da história, isto é, a defesa da permanência das tradições coloniais e da herança lusitana como garantia do “progresso” e a recusa das mudanças modernizadoras. O povo mineiro, à luz destes princípios, tem de considerar antes de tudo a sua origem privilegiada. (...) Descendente de generoso sangue paulista, congraçado com o da mais heroica e laboriosa de todas as Mães-Pátrias, conservou e conserva na língua da mais bela epopeia moderna, nos hábitos inalteráveis da economia, do trabalho e da honra, tão bem como na fé católica, a cujos surtos se devem o descortino dos continentes e dos mares, as condições seguras, os elementos conservadores e as energias políticas de sua perfectibilidade no caminho indefinido aberto a vida das gerações, que vão nos suceder (idem: 214).

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Como deve ter ficado claro na última citação do discurso, Vasconcelos compreende a história como um conhecimento exclusivo dos povos ditos “civilizados”. A presença indígena no território não se inscreve na história mineira, o que demonstra a perspectiva etnocêntrica do autor.

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O progresso de Minas fica condicionado à permanência e conservação de seus traços originais fixados pela tradição. Mas, num contexto de (relativa) modernização pelo qual passava o Estado, como garantir essa permanência? Este é uma das questões que outro intelectual e político mineiro desse período, Nelson Coelho de Sena (1876-1952), procurou responder no discurso de inauguração de outro instituto importante e criado naquele período, a Academia Mineira de Letras (AML, 1909). Embora seja hoje uma figura um tanto “esquecida”, Nelson de Sena desempenhou um papel de destaque na vida social, política e cultural de Minas Gerais, como professor-pesquisador e como deputado. Atuou em vários campos do saber, a maioria deles concentrada na área de Ciências Sociais, e sua referência foi sempre Minas Gerais, que analisava como região e como formação histórica. A amplitude de sua produção intelectual, aliada à grande variedade de objetos e temas pesquisados – índios brasileiros, africanos, religiosidade, recursos naturais mineiros, geografia e história de Minas – conferiu a Nelson de Sena um grande reconhecimento da comunidade política e acadêmica da época6. No discurso de inauguração da AML, pronunciado em 13 de maio de 1909, Nelson de Sena faz um exercício futurista para Minas Gerais, isto é, elabora previsões sobre o que seria o futuro do Estado no campo da economia, sociedade e política. E embora este futuro seja naturalmente imprevisível, “pode-se, de antemão, augurar para esta terra de Minas Gerais espantoso e irreprimível surto ascendente na escala industrial da civilização” (p.70). O autor trabalha com um horizonte de expectativas constituído pela crença na ciência e técnica como motores do desenvolvimento, este último entendido como industrialização, urbanização e crescimento econômico e demográfico, tudo isso em nome do fortalecimento da própria unidade mineira comandada por Belo Horizonte. Mas esse progresso certo, inexorável, faz surgir uma questão perturbadora para o autor, ligada ao campo da cultura. O excesso da atividade material entorpecerá as produções da inteligência nessa Pátria do futuro que viemos descortinando? O requinte do conforto, a intensa luta industrial, o progresso econômico, o trunfo definitivo da era mercantil, no Brasil de amanhã, entibiarão as energias do cérebro nacional e farão apoucada a nossa cultura artística e literária? (SENA, 2006: 73).

Embora não possa dar uma solução concreta e definitiva para esse problema, Nelson de Sena propõe uma resposta calcada na fé. Fé em Deus, certamente, mas principalmente a esperança de que os homens do futuro ainda se disponham a lutar pelas letras e pela tradição cultural de Minas Gerais. 6

Cf. SILVA, 2006

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Esperança de que, ainda em meio à áspera luta de uma era industrial, hão de sobrar corações que amem a beleza e a bondade (...) e timbrem no propósito alevantado de não deixar perecer os ideais de uma raça meiga e sonhadora. Fé, Senhores, nesse poderoso instinto que leva os povos a conservarem as suas crenças mais sentidas e suas mais caras tradições (idem, p.74).

O futuro de progresso não está descolado completamente do passado de Minas, marcado, entre outros elementos, pelo amor à cultura, às letras e às artes. Assim, o futuro se liga ao passado pela continuidade da tradição, formando a articulação temporal contínua da identidade mineira. O autor faz referência a Cláudio Manoel, Tomaz Gonzaga, Santa Rita Durão, Bernardo Vasconcelos, Teófilo Otoni, Joaquim Felício dos Santos, Artur Lobo, e muitos outros nomes dos séculos XVIII, XIX e XX, que seriam representantes de uma longa e rica tradição literária mineira. Nelson de Sena recorre a um topos muito utilizado para se referir à identidade mineira, isto é, o gosto pela cultura superior e sua tradição erudita herdada desde o período colonial, sobretudo com os poetas inconfidentes (ARRUDA, 1991). Por isso, nada havia com que se preocupar: caso os mineiros conservem as suas próprias tradições, o futuro de progresso material também será acompanhado pelo progresso intelectual. A continuidade da tradição é a garantia do futuro de progresso e evolução. A proximidade entre Diogo de Vasconcelos e Nelson de Sena no tocante ao modo de representação da experiência do tempo e da identidade mineira é bastante evidente. Aliás, esta é uma das marcas do discurso essencialista da mineiridade: a defesa da continuidade da tradição e da história como modo de manter a unidade identitária de Minas. Esta é também a perspectiva de Oliveira Viana, em seu texto Minas do lume e do pão, publicado pela primeira vez em 1919 e reunido no seu livro Pequenos estudos de psicologia social7. Trata-se de um relato de viagem a Minas Gerais entre 1917 e 1918, no qual o autor observou os costumes e valores locais e, a partir dessas observações, buscou fixar o que caracteriza o povo mineiro no seu conjunto. O objetivo de Oliveira Viana é definir o que consiste o “caráter mineiro”, o qual estaria assentado na centralidade das relações familiares. Este ensaio contribuiu decisivamente para instituir no imaginário mineiro e nacional a figura da tão propalada “tradicional família mineira”, a qual o autor faz uma ampla defesa. Viana se propõe a “descrever unicamente a Minas íntima e doméstica, a Minas que se reúne em torno da mesa familiar para compartir o pão da amizade e junto ao lume larário para os ritos do culto à 7

OLIVEIRA VIANNA, Francisco José de. Minas do lume e do pão. In: Pequenos estudos de psicologia social. 3ª edição. Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, 1942, p.30-53.

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hospitalidade” (OLIVEIRA VIANA, 1942: 33). Pode-se situar este texto também dentro da perspectiva essencialista, porque faz referência direta à população mineira, e dessa observação aparece afirmações generalizantes, o estabelecimento de seus atributos comuns, explicados pela origem das suas tradições. O aspecto da domesticalidade, do apego à vida em família, é o eixo central não só da sua interpretação, mas do caráter mineiro em geral. “Todas as particularidades que pude observar, como características da gente de Minas, tem a sua explicação primária neste irredutível exclusivismo familiar do mineiro” (idem: 34). Esse exclusivismo familiar, apesar de ser traço constitutivo da nacionalidade, seria mais forte em Minas do que em qualquer outra região do Brasil. A família patriarcal “é o centro solar da vida em Minas” (idem: 35), tudo gira ao seu redor, levando à formação de características peculiares: cortesia, hospitalidade, reserva, desconfiança com o estranho e o estrangeiro, e uma forte restrição dos círculos de sociabilidade. Sobre este último aspecto, Oliveira Viana dedica a maior parte do seu texto. O caráter mineiro se expressaria pela preponderância quase absoluta do âmbito privado (família) em detrimento da esfera de sociabilidade pública. A dimensão do privado absorve quase totalmente o público em Minas, algo que o autor não faz juízo negativo – como anos mais tarde faria Sérgio Buarque de Holanda – mas sim amplamente elogioso, pois marcaria a força da tradição em Minas. E isso seria comum tanto na zona rural, quanto nas pequenas cidades e até na “moderníssima” Belo Horizonte, a qual, apesar de estar inteiramente habitada, nota-se a ausência do habitante nas ruas, jardins e praças. “No meio dessas soberbas edificações, desses belos palácios, dessas avenidas tão amplas, não se vê, porém, o homem. É uma cidade deserta: está reclamando transeuntes” (idem: 42). O autor também destaca as características peculiares das multidões em Minas (nos cinemas, teatros, carnaval, etc.). Quando (raramente) se aglomeram, elas se portam de modo incrivelmente calmo, pacato, pouco ruidoso, com gestos moderados e pessoas falando baixo, “como se se movessem dentro da nave de uma igreja” (idem: 43). Para o autor, o mineiro não respira bem na multidão, pois o seu habitat natural é a vida em família, e tudo o mais lhe é estranho. A origem desse caráter mineiro estaria, de acordo com Oliveira Viana, está na sua raiz rural. “Essas feituras da alma mineira, essa singeleza, essa sobriedade, essa reserva, esse espírito patriarcal, donde lhe vem? Não é difícil responder. Vem do campo; é na formação rural do próprio povo que elas buscam as suas origens e o cunho que as distinguem” (idem: 7

47). Como todos os brasileiros, o homem mineiro é um homem de formação rural, e a sua origem está associada, portanto, à tradição e ao provincianismo típico desse modo de vida. Mesmo em Belo Horizonte, o mineiro não perde o seu vínculo estrutural com a ruralidade. Os que construíram essa esplêndida cidade quiseram talvez urbanizar a alma mineira. (...) Mas a alma mineira, feito do metal antigo, o metal da nossa antiga simplicidade patriarcal, entra essa cidade e, ao invés de se deixar absorver (...), derrama, ao contrário, sobre essas praças, (...) a sua tranquilidade, a sua frugalidade, o seu isolamento, o seu doce espírito familiar, elaborado nas suas herdades rurais, onde só habitam o sossego, a modéstia e a paz (idem: 48-9).

Existem os mineiros que pretendem romper as suas tradições e forçá-los a uma modernização que os descaracterizassem. Não adianta: de acordo com essa interpretação, a força da tradição é mais forte entre os montanheses, impedindo-os de serem seduzidos pelo cosmopolitismo desintegrador, como em outras regiões. Eles não se curvam facilmente às pressões modernizadoras, e isso é algo que deve ser preservado para manter a sua identidade regional e, correlativamente, salvaguardar a identidade nacional das possíveis degenerações e corrupções que o futuro, uma vez desligado do passado, poderia trazer. Esta é uma lição que os mineiros devem ensinar a todos os brasileiros. Os mineiros, bem o sei, não se sentem muito lisonjeados quando enaltecemos o seu tradicionalismo: é como se o julgássemos atrasados ou rotineiros. Esquecem que – a grandeza de um povo está na força de persistência dessas tradições familiares e domésticas, que são a expressão mais típica do seu caráter nacional. Mantê-las tanto quanto possível dentro da fatalidade evolutiva da civilização – eis o ideal de um povo consciente da sua personalidade e orgulhoso do seu espírito. (idem: 52).

Nessa perspectiva, o estado de Minas é representado como o guardião do “caráter nacional”, pois conserva de forma mais pura e íntegra as “verdadeiras” tradições e não se deixa seduzir pelos ventos corruptores da modernidade. Desse modo, o conservadorismo que seria natural dos mineiros é fortemente exaltado, e esses autores essencialistas correm a fixar e defender essa essência mineira e exaltar a sua missão para o Brasil – a de justamente temperar a “fatal” modernização do Brasil com a preservação da tradição e da identidade genuína e original, local e nacional. Esses textos possuem um sentido eminentemente político, qual

seja

a

de

reagir

contra

as

transformações

modernizadoras

que

estariam

“descaracterizando” o Brasil tradicional, rural e patriarcal. É fundamental ressaltar, entretanto, que Minas Gerais não estava alheia ao processo de modernização que ganhara força no país a partir da década de 1930, com a industrialização e urbanização mais acentuadas e tomadas como política de Estado. Ao contrário. Pode-se citar, 8

entre outros pontos, a fundação da Companhia Vale do Rio Doce, em 1942 na cidade de Itabira. A expansão da rede urbana mineira é também um elemento a se destacar, especialmente o processo desordenado de expansão suburbana da capital. No campo da literatura, note-se o surgimento do movimento modernista mineiro já nos anos 1920, que renovaria as letras no Brasil, com nomes do porte de Carlos Drummond de Andrade, Emílio Moura, Ciro dos Anjos, entre outros8. Em relação à Belo Horizonte, vale também assinalar que entre 1940 e 1945, o prefeito Juscelino Kubitscheck – o “prefeito furacão”, como era conhecido na época – propunha reformas de cunho modernizador para a cidade, entre as quais se destaca a construção da Pampulha, com finalidades turísticas e de lazer. Nesse contexto, e numa posição claramente reativa, surge a obra que, certamente, mais influenciou a formação do discurso da mineiridade: Voz de Minas: ensaio de sociologia regional brasileira, do intelectual carioca Alceu Amoroso Lima (1893-1983)9. Publicado pela primeira vez em 1944, foi largamente reapropriado por muitos autores e políticos que buscaram caracterizar a imagem de Minas. Lima enquadra a sua obra no contexto de um projeto mais amplo, como já indica o subtítulo do livro: compor um ensaio geral de sociologia brasileira, que incluiria cinco vozes (Norte, Sul, Litoral, Sertão e Centro). Embora jamais tenha concluído tal projeto, é preciso considerar Voz de Minas a partir de seu ponto de vista inicial: o Brasil como uma nação plural, diferenciado regionalmente. De todo modo, Minas Gerais é interpretada pelo autor como portadora de uma só voz, sem comportar variações internas. É a voz da montanha, uníssona, que possui tonalidades e ritmos específicos. A intenção declarada de sua narrativa é descrever as qualidades “primordiais” do povo mineiro, “em sua psicologia, em sua sociabilidade, em sua cultura e em sua espiritualidade, que tento reduzir a um retrato coletivo. Quanto possível fiel e expressionista” (LIMA, 1983: 13). Interessante notar que a primeira característica que o autor aponta é o centrismo, o qual será continuamente reforçado ao longo do livro sob diferentes denominações. Tal conceito faz referência à ideia de equilíbrio, bom senso, ponderação, sobriedade, síntese nacional, que conformariam a vida psicológica, sociológica, cultural e espiritual dos mineiros, bem como a sua missão de ser o “fiel da balança” do país e, num plano mais amplo, o de situar o próprio Brasil como centro de integração e equilíbrio no mundo.

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Sobre essa geração de escritores modernistas e sua ligação com a modernidade, cf. BOMENY, 1994. LIMA, Alceu Amoroso. Voz de Minas: ensaio de sociologia regional brasileira. São Paulo: Editora Abril Cultural, 1983.

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Um dos aspectos centrais de Voz de Minas está ligado a um modo especifico dos mineiros vivenciarem o tempo. Este é o aspecto que mais evidencia a sua visão essencialista da mineiridade. Segundo Amoroso Lima, a vida mineira se direciona à “intemporalidade”, isto é, os mineiros conceberiam a si próprios muito mais no plano da eternidade do que no tempo propriamente dito – este último compreendido como mudança ininterrupta, variabilidade, devir, descontinuidade, transformação, inconstância. O texto faz referência ao ritmo lento da vida em Minas Gerais, a supremacia da permanência, da continuidade e da duração sobre a mudança, a descontinuidade, o devir. O autor qualifica a tese da intemporalidade mineira na oposição entre o “espírito eterno” e o “espírito moderno”. Enquanto este repudia e combate o passado e a tradição, e aceita o presente/futuro como valores em si mesmos – uma mentalidade eminentemente temporal que prioriza o relativo sobre o absoluto, o efêmero sobre o duradouro – o primeiro, por sua vez, revela a tendência às verdades essenciais, imutáveis, os valores duradouros, e a recusa da mudança em nome da sua “verdadeira natureza”. O homem mineiro, segundo Lima, “é o homem do passado. O passado não larga o mineiro, em toda a sua vida. É a sua força. É a sua estabilidade. É a sua dignidade” (idem: 29). Essa prevalência do passado sobre o presente faz com que o mineiro seja acusado de rotineiro, anacrônico, contrário ao progresso e às mudanças sociais renovadoras. Esse risco é mesmo lembrado pelo autor, mas ele faz dessa característica um juízo bastante favorável: A força que há na permanência, entretanto, é que sustenta o mundo. É a maior de todas as energias, pois não fosse a inclinação das essências voltarem a si mesmas (...) e tudo cairia no vácuo, tudo desapareceria no próprio momento de aparecer. E a vida seria impossível. Só é possível viver porque as coisas essenciais não mudam. A vida não é a mudança. A mudança é a morte. A vida é a imutabilidade. A vida é a conservação (idem: 30).

Fica muito claro nesta passagem a concepção essencialista das identidades que o autor assume na sua interpretação de Minas Gerais. O mineiro, muito mais “eterno” do que “moderno”, deve manter as suas tradições como um antídoto às vicissitudes da modernidade, a qual não encontra nas montanhas mineiras ambiente favorável. Para Lima, não se trata de recusar totalmente a modernidade, ou fazer de Minas Gerais um centro anacrônico de memória do passado, mas de afirmar a continuidade legítima e necessária da tradição para o fortalecimento da sua própria “natureza”. Não se trata de manter Minas num bocal, conservada no seu atraso como um [sic] cobra em álcool ou como uma borboleta em naftalina. (...) Trata-se de conservar as

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condições essenciais do verdadeiro progresso humano, que é manter a vida próxima das fontes naturais da sua origem. (...) A guerra mundial de hoje, se tem algum sentido, só pode ser o de um fenômeno de volta a condições mais naturais de existência, no mundo de amanhã. E a missão dos povos como o mineiro é preservar em si e no seu modo de viver essas condições mais naturais de viver, embora aparentemente rotineiras e atrasadas. (idem: 53, grifo do autor).

Amoroso Lima postula uma essência fixa de Minas Gerais, fundada desde a origem, uma identidade já finalizada e que deve ser conservada para a consecução da “missão de Minas” para o Brasil. Tal missão é resumida em três pontos: preservação, reforma e compensação, todos eles ligados ao tradicionalismo inerente à população. Com efeito, uma das características recorrentes do discurso essencialista da mineiridade é a postulação de uma missão a ser desempenhada pelos mineiros. Invariavelmente, essa missão está ligada à permanência das características originais e tradicionais dos mineiros, no sentido de combater as ameaças da modernização sem freios que os centros mais cosmopolitas do Brasil (geralmente indicado por esses autores nas grandes cidades do litoral brasileiro) aderem sem se posicionarem criticamente. Neste sentido, vale a pena relembrar aqui a conferência de Gilberto Freyre, intitulada Ordem, liberdade, mineiridade, proferida em 1946 na Faculdade de Direito de Belo Horizonte. O sentido principal dessa conferência é incitar os mineiros a desempenharam a sua missão política para o país, que vivenciava o processo de abertura democrática, e trabalhava na elaboração de uma nova Constituição – Freyre era, aliás, um dos deputados constituintes pela UDN. É interessante notar que este é o primeiro registro escrito do termo “mineiridade”. E o seu significado está fundado na suposta harmonia entre os princípios da ordem social e da liberdade individual. O “espírito mineiro”, nas palavras de Freyre, se expressa por dois tipos de afirmações: “ao lado do desejo de estabilidade, o de liberdade; ao lado do desejo de ordenação da sociedade, a de libertação da pessoa de todas as formas de opressão da sua dignidade e de sua criatividade” (FREYRE, 1964: 16). É a conciliação e equilíbrio entre os dois princípios, conflitantes entre si à primeira vista, que constitui o sentido de Minas Gerais, forjado desde as suas origens setecentistas e permanente ao longo de toda a sua história. Avessa aos extremismos, a mineiridade propõe a conciliação, a moderação, o equilíbrio entre ordem e liberdade, unidade e diversidade, pessoal e impessoal, local e universal. É essa nota conciliatória que os mineiros devem propor ao Brasil como modelo de sua reconstrução democrática e, num plano mais amplo, situar o próprio país como alternativa à

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cisão extremista que o mundo ingressava com a Guerra Fria. No caso nacional, o autor assinala dois radicalismos que avassalaram a história recente: o comunismo-prestista, o qual propunha romper todas as amarras da ordem em nome da liberdade, e a ditadura policial, que na defesa da ordem social sacrificava as liberdades individuais. Minas Gerais apareceria, nesse contexto, como a alternativa mais interessante para solucionar os problemas nacionais: a conciliação entre o “grave senso da ordem” e a “liberdade ainda que tardia”. Não vejo gente brasileira mais capaz que a de Minas de resolver antes politicamente que policialmente (aplausos) para o Brasil, problemas hoje tão nosso e já há anos de países tão política e tecnicamente mais adiantados que os da América do Sul, como o da conciliação da liberdade da pessoa com a ordem da sociedade. (idem :17).

Minas ocuparia um papel central nessa reconstrução nacional, a partir da proposta moderada e conciliatória. O que no plano internacional deveria corresponder ao papel a ser desempenhado pela Grã-Bretanha: entre os extremismos impuros do comunismo-stalinista e do capitalismo-individualista, os britânicos seriam o povo mais capaz de nos livrar do domínio de qualquer um deles, já que para eles “a ordem – capitalista ou coletivista – não é deusa a que se sacrifique totalmente a pessoa” (p.1). Por isso, de acordo com Freyre, Minas deve ser hoje a nossa Grã-Bretanha. (...) Mas para ser nossa Grã-Bretanha a gente de Minas precisa de antecipar-se às outras, do Brasil, na solução do problema da conciliação da liberdade com a ordem. (idem: 18).

Fica claro que o objetivo do autor é incitar os mineiros para a ação política, confiante na sua tradição de equilíbrio entre liberdade e ordem. Trata-se, portanto, de um horizonte de expectativas que não rompe com o espaço de experiência: a realização do futuro está condicionada à permanência e continuidade da tradição. Tradição de conciliação, de moderação, de relatividade política, contrário aos extremismos revolucionários. O autor afirma que o tempo é de reconstrução política, social, econômica e cultural de todo o planeta. Para tanto, o liberalismo, modelo que já levou o progresso para diversas partes do mundo, não serviria mais, pois atualmente já levava a prejuízos enormes, como a competição anárquica entre os cidadãos. Tampouco a solução poderia ser o modelo marxistarevolucionário, uma vez que o seu radicalismo levava a perversões igualmente problemáticas, como a anulação das liberdades individuais. Além disso, apesar de já estar ultrapassado, o modelo democrático-liberal ainda apresenta algumas contribuições para o bem estar social e pessoal dos homens, e que merecem ser preservados da fogueira revolucionária, que a tudo incinera sem distinguir o joio do trigo. Por outro lado, o marxismo também trouxe suas 12

contribuições, que devem ser consideradas na construção do novo modelo. Por isso, o autor defende que não se trata de ser pró-liberal ou pró-marxista, ou anti-liberal ou anti-marxista. “Simplesmente post-marxista. Simplesmente pós-liberalista” (idem: 20). A maneira revolucionária de proceder politicamente está de todo afastada da tradição da mineiridade. “No assunto, todo mineiro verdadeiramente típico é vigário: vigário a quem brasileiro nenhum de outra área deve ter a pretensão de ensinar o padre-nosso da relatividade. Relatividade política. relatividade social. Relativismo sociológico. Mineiridade” (idem: 20). E por que nenhum outro brasileiro poderia querer ensinar o relativismo para Minas? Porque ao longo de toda a história nacional as soluções moderadas e conciliatórias vieram das montanhas mineiras: a Inconfidência mineira (revolução sem radicalismos); o “gabinete da conciliação” do Império, elaborada por Honório Hermeto Carneiro Leão; o cientificismo aliado ao humanismo, representados por Carlos Chagas e Couto de Magalhães; etc. É à sua própria tradição que os mineiros devem se manter fiéis para executarem a tarefa de que o Brasil tanto precisa: a da reconstrução nacional segundo um modelo já pós-liberal e pósmarxista. Certo, como parece, que o caminho a ser tomado imediatamente pelo Brasil é, contra a opinião de três ou quatro liberalões mais retardatários, o caminho da planificação não apenas da economia mas da reconstrução social, nessa obra de reconstrução planificada será necessário que o mineiro esteja presente com toda sua velha sabedoria de contemporização: com seu velho senso de ordem mas, ao mesmo tempo, com o gosto de liberdade que nele completa e fecunda o de ordem. (idem: 24).

3 – Conclusão. Equilíbrio, conservadorismo, eruditismo, centralidade da família, síntese nacional, apego às tradições, conciliação política. Estes são epítetos constantes que aparecem ao longo da história do discurso da mineiridade. Os textos essencialistas os consideram como traços objetivos, formadores do caráter genuíno dessa região do país desde as suas origens setecentistas. Essa forma de caracterização de Minas Gerais revela-se altamente problemática, na medida em que, de um lado, impede a compreensão da identidade enquanto processo em constante construção, pois estaria fechado às mudanças de projeto de futuro; por outro, considera apenas a categoria da unidade, enquanto as diferenças são “esquecidas”, colocadas à margem da história, vistas como ameaça à integridade essencial da região. A mineiridade não é um caso de significante totalmente vazio, porque essas temáticas destacadas acima são recorrentes ao longo da sua história. Isto não significa, entretanto, que 13

tais significados são fixos e inalteráveis para todo o sempre, como pretende o discurso essencialista. A identidade é também um projeto, o que se quer ser, uma abertura ao futuro, e não uma prisão opressora que impede a manifestação das diferenças. Refletir sobre a mineiridade enquanto representação discursiva é relevante para traçar projetos possíveis de futuro, mas isso demanda uma análise crítica dos pontos de vista anteriores sobre o Estado, rejeitando alguns pontos, assimilando outros, propondo novos caminhos. Afirmar “o que se quer ser” demanda uma reflexão crítica sobre “o que tem sido” as Minas Gerais. A mineiridade é, e pode ser, muito mais do que essas interpretações afirmaram sobre a nossa “essência”. Ao lado da ordem e da liberdade, demanda-se por maior inclusão social. Contra o conservadorismo, exige-se maior grau de modernização das relações sociais, como a aceitação de grupos excluídos da representação tradicional (os homossexuais, negros, e outras “minorias”). Ao equilíbrio político e moral, coloca-se a necessidade de maior iniciativa, rejeição ao comodismo. A conciliação política baseada no conchavo perde lugar para a exigência de participação popular das decisões. Estes e outros aspectos devem ser considerados para se repensar a mineiridade enquanto representação, e não como uma cela em que estaríamos presos para todo o sempre.

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