Uma Identidade Transcultural: As Armas de Fernão de Loronha

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UMA IDENTIDADE TRANSCULTURAL: AS ARMAS DE FERNÃO DE LORONHA Judeus e Cristãos-Novos no Mundo Lusófono ISCSP da Universidade de Lisboa, 2 a 4 de Dezembro de 2015 (Carlos Carvalho da Fonte) Resumo A naturalidade dos ascendentes de Fernão de Loronha, mercador judeu que se fez cristão ao tempo da Lisboa manuelina, permanece ainda envolta em algum mistério. Chamado de Lloronha, Noronha ou mesmo della Rogna, com origem ora inglesa, ora asturiana, sendo ele, sem dúvida, mercador, armador de navios, capitão-donatário e, finalmente, nobre. Mas a própria interpretação da sua cartade-armas não teve consenso. Será possível abordar o problema por outro ângulo, uma vez que os métodos disponíveis parecem incapazes de nos dar mais elementos? A ideia de metonimização metaplasmática emerge em consequência duma investigação de mais de oito anos sobre as representações heráldicas. Estudaramse até hoje cerca de sete mil amostras, a partir de uma tese de mestrado sobre o escudo primitivo de D. Afonso Henriques, defendida na Universidade do Porto. No caso das armas pessoais o conceito estrutura-se em metonímias biográficas do referente humano, transformadas em desenhos e cores por meio de similaridades fonéticas e metaplasmos. Abriu-se assim uma perspectiva metodológica inovadora para a descodificação da armaria como linguagem visual. Divergindo do conceito tradicional e algo fortuito de armas falantes, desdobra-se sistematicamente em vários níveis semânticos, integrados no enredo heráldico que associa os elementos da representação armorial. Estes elementos articulamse então, como um todo, numa narrativa visual coerente, podendo, por vezes, alargar o seu significado através de uma oportuna citação literária. Compartilham categorias metonímicas semelhantes, recorrendo, no essencial, à antroponímia, à condição social ou ofício, ao lugar de residência e à propriedade. Propõe-se, pois, neste Congresso, a análise das armas concedidas a Fernão de Loronha, verbalizadas em três línguas distintas: inglês, catalão e português. A primeira decorre das armas que se diz lhe foram dadas em Inglaterra: uma meiarosa. A segunda origina-se no que julgamos ser a sua procedência do reino aragonês, inferida de uma releitura do locativo aportuguesado e dos resultados da discussão analítica em si. Por fim, é referido visualmente, em português, como capitão-donatário da Ilha de São João, hoje Fernando de Noronha. Trata-se, portanto, de um dos primeiros, senão o primeiro brasão a mencionar território brasileiro.

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