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May 24, 2017 | Autor: Rosa Vieira Guedes | Categoria: Dramaturgy, Drama In Education, Applied Drama/Theatre
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Uma Mãe (adaptação e tradução do monólogo de Dario Fo e Franca Rame Una Madre ) Ano lectivo 2016/2017 Estreia 10 de Fevereiro de 2017 no Auditório da Escola Secundária Tomás Cabreira – Faro. Turma do 1º Ano do Curso Profissional de Artes do Espectáculo - Interpretação Intérpretes: Bruno: Bruno Gonçalo Beatriz: Beatriz Rodrigues David: David Gonçalves Edgar: Edgar Galamba

Bruno – Senhoras e Senhores! Preciso não só da vossa atenção como também e sobretudo, da vossa imaginação!!! Imaginem que estão sentados à mesa, a comer, e a ver e ouvir o Telejornal! David – Um telejornal qualquer! Edgar – E, subitamente…aparece no ecrán uma fotografia, e o apresentador diz: Beatriz – “Foi capturado, após o assassinato”…. David – nome e apelido Beatriz – “o insensível assassino, que perpetrou os horríveis crimes” Bruno – e lá está a fotografia na televisão David – Meu Deus!! É alguém que conheces!!! E antes de teres tempo para pensar…zás! Estala-vos o cérebro Edgar – É ele!!! O coração pára de bater! Não, não, não pode ser Beatriz – Não é alguém que conheçam por acaso…como o filho de uma vizinha, por exemplo… Bruno – Não…é o vosso próprio filho. Sim, estou a falar convosco, o vosso filho! Edgar – É absurdo?! Não pode ser? Beatriz – Porquê? Não têm um filho?? David – Ok. Então um irmão. Uma irmã.. Beatriz – Ele ou ela… Terrorista! 1

Edgar – Não vos passava pela cabeça. Nem uma suspeita. David – E não há esperança Bruno – possibilidade de erro Beatriz – o menor equívoco David – Foi capturado com as mãos na massa Bruno – Há provas Beatriz – Foi apanhado num confronto armado Edgar – com uma pistola na mão Bruno – e disparou David – ferindo um agente com gravidade Beatriz – Imaginem, sim….Imaginem…Não conseguem? Não pode ser? É absurdo? Claro, o vosso filho, o vosso irmão…Impossível! Vêm-se todos os dias, falam com ele…conhecem as suas ideias. Bruno – Além disso, com o carácter que tem nem faria mal a uma mosca. É contra toda a forma de violência! Edgar – Aposto que era isto o que costumavam dizer sempre que viam um desses jovens detidos: filho meu nunca será um deles! David – Afinal, agora é o vosso filho que está na televisão, aquele rapaz com cara de boa pessoa. Sim o seu filho. Aquele que pariu e alimentou Beatriz - aquele que alimentou ao peito e não com biberão, mesmo contra os conselhos das suas amigas que lhe diziam que assim ia estragar o peito e teria que pôr silicone. David – se calhar porque pensava que quando crescesse podia ser frágil, apanhar todas as doenças… e as carências afectivas dos jovens não são causadas pela ausência de amamentação? Bruno – Sabe-se que não se deve negar a uma criança que roce a sua pele na da mãe…os mimos, a voz…a presença constante, mas não opressiva… Edgar – deve deixar-se a criança experimentar…partir pratos e copos, estragar brinquedos, para descarregar a sua violência e não ser violento. David – Podia ter-se conformado e ter entrado só num grupo de delinquentes… Edgar – e queimar um autocarro… Beatriz – ou dar uma sova a um turista.. Bruno – ou violar uma rapariga…só para desabafar 2

Beatriz – pois…mas não, converteu-se num terrorista! Como é que isso aconteceu? O que se passou? Bruno – Talvez tenha medo da escuridão do anonimato. Todos desejam15 minutos de fama. Resolveu a angústia de não ser ninguém lançando-se na acção violenta, impactante, espetacular! Edgar – Talvez sejamos todos um bocadinho responsáveis, estão vocês a pensar… David – ora essa, a culpa é das más leituras Edgar – e da Internet Bruno – dos comunistas Beatriz – dos processos farsa que demoram dezenas de anos Edgar – e do Facebook David – da corrupção em cadeia Bruno – da Injustiça generalizada Beatriz – dos despedimentos em massa Edgar – e do Instagram Bruno – da Casa dos segredos David – Pelo menos o seu filho não se droga…

Tradução e adaptação de Rosa Vieira Guedes

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