Uma pequena revisão sobre estresse salínico em plantas

May 22, 2017 | Autor: Adolfo Júnior | Categoria: Plant Stress Physiology, Ecofisiologia Vegetal, Morfología Vegetal
Share Embed


Descrição do Produto

Uma pequena revisão sobre estresse salínico em plantas

MATTOS JR, A. P.*
e-mail para contato: [email protected]

Existem vários fatores limitantes para o crescimento vegetal e, dentre estes, o fator mais limitante é a salinidade (ALLAKHVERDIEV et al. apud PARIDA, A.K., DAS, A. B, 2005). Mais de 20% das terras cultivadas no mundo sofrem de estresse salínico, e o problema ainda se agrava pelo aumento da população, que faz essa porcentagem crescer ano após ano (GUPTA, B., HUANG, B. 2014). As plantas podem ser classificadas em dois grupos: as plantas halófitas, que persistem mesmo em estresse salínico, e glicófitas, que não resistem ao estresse. Grande parte das plantas cultivadas pertencem ao grupo das glicófitas, o que prejudica e concede importância ao entendimento do estresse salínico sofrido pelas plantas (GUPTA, B., HUANG, B. 2014). O estresse salínico causa distúrbio no metabolismo tanto enzimático quanto lipídico quanto na produção de energia e na fotossíntese. As causas destes efeitos são mudanças na osmolaridade e concentração destes sais dentro e fora das plantas (PARIDA, 2005).
Em pouco tempo após o estresse salino, já é perceptível as mudanças fisiológicas na planta, derivadas da diferença brusca na pressão osmótica. A perda de água repentina leva à expressão de ABA e consequente fechamento dos estômatos, como meio de diminuir a perda de água (PARK, 2016).
Outro efeito do estresse salínico acontece na raiz. Quando há estresse salínico, há a inibição do crescimento radicular por menor divisão de células e menor alongamento destas células (GALVIN-AMPUDIA, 2011). Já nas folhas, o estresse salínico causa maior acúmulo de proteínas (PARIDA, 2005).
O estresse salínico, que vem crescendo nas regiões tropicais, também pode ser prejusicial economicamente, pois este estresse diminui a capacidade fotossintética das plantas (ABDUL QADOS, 2011) diminuindo assim o crescimento da planta, produzindo menos e em menor quantidade.
No estresse salínico, a planta costuma responder de forma protetiva, como por exemplo, como já falamos anteriormente, fechar os estômatos para evitar a perda de água. Dos hormônios que são expressados em maior quantidade, ABA é o mais famoso por fechar os estômatos, mas também há a interferência vital de jasmonatos, hormônios que provocam medidas protetivs drásticas como senescência e florescência (PARIDA, 2005).
Nas mudanças anatômicas, observamos o dobramento das folhas principalmente, que perdem um pouco de seu turgor pela perca de água devido à pressão osmótica. Dentro de minutos, 150 mM reduz a fotossíntese em 10% (PARIDA, 2005)
Juntamente com a queda na produção fotossintética, (ABDUL QADOS, 2011) demonstrou que o número de folhas em plantas expostas à estresse salínico estão em menores quantidades. Em resposta à salinidades e a perda de água e capacidade fotossintética, plantas de tabaco aumentam a expressão de fosfatodilinositol sintase (PARK, 2016), que auxilia na resistência à seca e perda de água, como acontece quando há estresse salínico.
Somente cerca de 0,2% das espécies de plantas são resistentes à contínua exposição de água salgada (FLOWERS, 2015), e como água salgada cobre aproximadamente 70% da superfície terrestre, a salinidade de um ambiente é um fator limitante muito forte na sobrevivência das espécies. Uma das estratégias de plantas halófitas é o engrossamento da cutícula foliar, que impede perda excessiva de água por pressão osmótica (LIANG, 2008). Em ambientes como manguezais, as plantas necessitam ser halófitas pela salinidade que este tipo de ambiente apresenta, e tais plantas desenvolveram mudanças morfológicas, como o espessamento da cutícula foliar, mudanças anatômicas como raízes aéreas e mudanças biomoleculares, como o estudo (EZAWA, 2009) demonstrou que o gene cyc02 na espécie Catharanthus roseus conferiu grande resistência à salinidade.
Assim, com cerca de 20% das áreas cultivadas afetadas pela salinidade e a ínfima quantidade de plantas que são resistentes ao estresse salínico (GUPTA, B., HUANG, B. 2014), é necessário o entendimento dos efeitos que podem acontecer nas plantas que são submetidas à tal estresse, a fim de combater perdas significantes e menor produção.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ABDUL QADOS, A. M. S. Effect of salt stress on plant growth and metabolism of bean plant Vicia faba (L.). Journal of the Saudi Society of Agricultural Sciences. vol. 10. p. 7–15. 2011.
GALVAN-AMPUDIA, C. S., TESTERINK, C. Salt stress signals shape the plant root. Current Opinion in Plant Biology. vol. 14. p. 296–302. 2011.
GUPTA, B., HUANG, B.. Mechanism of Salinity Tolerance in Plants: Physiological, Biochemical, and Molecular Characterization. International Journal of Genomics. 2014.
PARIDA, A. K., DAS, A. B. Salt tolerance and salinity effects on plants: a review. Ecotoxicology and Environmental Safety. v. 60. p. 324–349. 2005.
PARK, H. J, KIM, W., YUN, D. A New Insight of Salt Stress Signaling in Plant. Molecules and Cells. v. 39. ed. 6, p. 447-459. 2016.
CARILLO, P. et al. (2011). Salinity Stress and Salt Tolerance, Abiotic Stress in Plants - Mechanisms and Adaptations, Prof. Arun Shanker (ed.). ISBN: 978-953-307-394-1. InTech. Disponível em: . Acesso em fevereiro de 2016.
FLOWERS, T. J., COLMER, T. D. Plant salt tolerance: adaptations in halophytes. Annals of Botany. vol. 115. p. 327–331. 2015.
LIANG S. et al. Adaptation to salinity in mangroves: Implication on the evolution of salt-tolerance. Chinese Science Bulletin. vol. 53. n. 11. p. 1708-1715. 2008.
EZAWA, S., TADA, Y. Identification of salt tolerance genes from the mangrove plant Bruguiera gymnorhiza using Agrobacterium functional screening. Plant Science. vol. 176. p. 272–278. 2009

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.