Uma Revisão Sistemática da Literatura sobre o Impacto dos Fatores Humanos em Projetos Ágeis

June 9, 2017 | Autor: A. Vasconcelos | Categoria: Agile software development
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Uma Revisão Sistemática da Literatura sobre o Impacto dos Fatores Humanos em Projetos Ágeis Aline Chagas Rodrigues Marques¹, Alexandre Marcos Lins de Vasconcelos1, Célio Andrade de Santana Júnior¹, Melquizedequi Cabral dos Santos1, Joelson Isidro da Silva Araújo1 ¹Centro de Informática (CIn) - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) CEP: 50670-901- Pernambuco - PE – Brasil. {acrm2, amlv, casj, mcs6, jisa}@cin.ufpe.br

Abstract. Because of the software development nature is a process centered on people and their interactions, it is considered that human factors have a great importance in software development is the traditional or agile development line. Researches considering these factors on its developing are still rare. Therefore this research intends to conduct a study to perform a secondary study on the impact of human factors in software projects supported by some agile approach. For that, it was conducted a systematic literature review (SLR) which has as main objective to investigate how human factors impact these projects. Resumo. Devido à natureza do desenvolvimento de software ser um processo centrado nas pessoas e suas interações, considera-se que os fatores humanos possuem uma grande relevância no desenvolvimento de software seja na linha tradicional ou ágil de desenvolvimento. Pesquisas considerando estes fatores no desenvolvimento de software ainda são escassas. Sendo assim, esta pesquisa visa realizar um estudo realizar um estudo secundário sobre o impacto dos fatores humanos em projetos de software apoiados por alguma abordagem ágil. Para tanto, foi conduzida uma revisão sistemática da literatura (RSL) que tem como objetivo geral investigar de que forma os fatores humanos impactam nestes projetos. Palavras - Chaves: Fatores Humanos, Métodos Ágeis.

1. Introdução Devido à natureza do desenvolvimento de software ser um processo centrado nas pessoas e em suas interações, considera-se que os fatores humanos possuem uma grande relevância no desenvolvimento de software. Isso significa que as atividades desempenhadas pelos interessados, dependendo da forma que forem executadas, podem afetar de formas variadas o produto final (PIRZADEH, 2010). Pirzadeh (2010) define que um fator humano indica diferentes aspectos do ser humano, os quais estão envolvidos e impactam no desenvolvimento de software. Tais fatores podem ser abordados dentro de três categorias: 1) Individual: Abrange questões humanas individuais relacionadas à engenharia ou desenvolvimento de software, como características individuais, personalidade, cultura entre outros. 2) Interpessoal: É relacionada a fatores humanos entre os indivíduos que afetam ou são afetados pela

Engenharia ou processo de desenvolvimento de software, como cooperação, aprendizado em grupo, trabalho dos times, dentre outros. 3) Organizacional: Inclui fatores humanos relacionados às organizações e ambientes de trabalho, como tomada de decisão nas organizações, consultores, ambiente organizacional e outros. Quando consideramos o desenvolvimento ágil de software, podemos perceber uma grande valorização da interação entre as pessoas no processo de desenvolvimento. O próprio manifesto ágil sugere como um de seus valores a afirmação "Indivíduos e interação mais do que Processos e Ferramentas" e "Colaboração com o Cliente mais do que Negociação de Contratos". O destaque concedido aos fatores humanos também pode ser observado nos princípios citados no mesmo manifesto, ao descrever que o método mais eficiente para transmissão de informações entre o time, é a conversa “faceto-face”, valorizando assim a comunicação entre a equipe de desenvolvimento (MANIFESTO ÁGIL, 2014). Considerando a visão ágil, Cockburn (2002) aponta que fatores humanos podem ser descritos como alguma questão humana causada por um time de pessoas trabalhando juntas. Desta forma, este conceito pode ser repassado para o desenvolvimento ágil de software quando considera qualquer aspecto humano que esteja envolvido na formação de times para a construção de software, uma vez que este tipo de desenvolvimento tem o foco na interação das pessoas e nos indivíduos. Em Cockburn e Highsmith (2001) são enfatizados alguns fatores humanos para métodos ágeis de desenvolvimento tais como: cordialidade, talento, habilidades e comunicação. Esses fatores podem emergir quando um grupo de indivíduos está trabalhando junto como um time. Pirzadeh (2010) afirma que pesquisas considerando os fatores humanos no processo de desenvolvimento de software ainda são escassas. Assim, se faz necessário avaliar o impacto dos fatores humanos no processo de desenvolvimento de software em geral, e consequentemente em ambientes ágeis, uma vez que os trabalhos encontrados em Pirzadeh (2010), Sharp (2005) e Dyba (2008) relatam que fatores humanos e/ou sociais, sobre diferentes perspectivas na engenharia de software, são observados no desenvolvimento tradicional de software e na programação extrema (XP). Desta forma, este trabalho tem como objetivo sobre o impacto dos fatores humanos em projetos de abordagem ágil. Para tanto, foi conduzida uma revisão que tem como objetivo geral investigar de que forma nestes projetos.

realizar um estudo secundário software apoiados por alguma sistemática da literatura (RSL) os fatores humanos impactam

Além desta Seção introdutória, este artigo é composto por mais quatro outras Seções: Na seção 2 têm-se os trabalhos relacionados com esta pesquisa. Na Seção 3 é apresentado o método utilizado para busca dos trabalhos, extração dos resultados e questões de pesquisa. Na Seção 4 descreve-se a análise e discussão dos resultados. E por fim, na Seção 5 são descritas as conclusões deste trabalho.

2. Trabalhos relacionados Pirzadeh (2010) conduziu uma revisão sistemática para identificar e caracterizar fatores humanos que influenciam o processo de desenvolvimento de software. Este estudo

considerou projetos de software em geral e observou o ciclo de desenvolvimento e a gestão de projetos de software. Foram criadas categorias para os fatores humanos em níveis organizacionais, interpessoais e individuais, onde a última, segundo a autora, se destacou como a mais importante. Neste trabalho também foram investigadas quais etapas do desenvolvimento de software eram as mais investigadas quando se consideravam os fatores humanos e foi apontado que a fase de Engenharia de requisitos era a de maior frequência dentre os estudos selecionados. Livermore (2007) aplicou uma entrevista de opinião (survey) online que procurava investigar quais fatores, em geral, estavam relacionados à implementação bem sucedida de métodos ágeis em organizações. O autor listou fatores como: (i) treinamento, (ii) envolvimento da gerência, (iii) acesso a recursos externos e (iv) tamanho da corporação. Tais resultados somente consideraram o aspecto técnico e organizacional e não abordaram a relevância de fatores humanos nesse contexto. Em um relato de experiência, Law e Charron (2005) estavam interessados em pesquisar os efeitos das práticas ágeis em fatores sociais. Os autores não descreveram de que forma selecionaram os seguintes fatores: (i) compartilhamento do conhecimento, (ii) motivação e (iii) colaboração do cliente. Foram utilizados dois projetos industriais de software, que segundo os autores, obtiveram sucesso ao se identificar os fatores sociais elencados. Gandomani e colegas (2014) realizaram uma pesquisa qualitativa com o objetivo de investigar como fatores humanos impactam na adoção e transição para desenvolvimento ágil de software. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e para análise dos dados utilizou-se a Teoria Fundamentada em Dados (TFD). Como resultado, construiu-se uma teoria em que há fatores que facilitam e outros que impedem uma mudança de abordagens tradicionais para as ágeis. Os fatores facilitadores são: Envolvimento do Time, Comprometimento da Gestão, Líderes Técnicos Competentes e Trabalho em Equipe. Os fatores que dificultam são: Resistência a Mudança, Diferenças Culturais, Falta de Colaboração e Comportamento não Ágil. Além disso, os autores encontraram algumas percepções sobre como as mudanças afetam as pessoas envolvidas em projetos ágeis: Entusiasmo pela Mudança, Preocupação com a Mudança, Indiferente a Mudança, Sentimento de Necessidade de Mudança e Expectativas Irreais sobre a Adoção de Métodos Ágeis. E por fim, acrescentaram que fornecer incentivos e motivação, foram listados como facilitadores para esta transição. Outro trabalho relacionado foi proposto por Melo, Santana e Kon (2012) em que apresentam um estudo parte primário, parte secundário que expõe fatores que motivam ou desmotivam os integrantes de um time ágil em projetos de software. Os autores concluem que os principais motivadores são: (i) Autonomia, (ii) Aprendizado, (iii) Feedback, (iv) o Trabalho e Equipe. Os principais desmotivadores foram: (i) Mudanças, (ii) Excesso de Horas Extras, (iii) Não identificação com o trabalho. Os trabalhos relacionados encontrados podem ser separados em quatro tipos: (i) investigam a influência dos fatores humanos no desenvolvimento de software, seja em ambientes tradicionais, seja em ágeis; (ii) fatores em geral que contribuem com o

sucesso de adoção de métodos ágeis, (iii) estudos primários que sugerem fatores humanos que estão relacionados ao desenvolvimento ágil e por fim (iv) um estudo primário e secundário que apontam aspectos motivadores e desmotivadores de membros de times ágeis, entretanto, a pesquisa (MELO, SANTANA e KON, 2012) não se propõe a identificar o impacto destes motivadores nos projetos. Sendo assim, a pesquisa proposta neste artigo difere-se das demais por realizar um estudo secundário buscando artigos que apresentem pesquisas que foram realizadas considerando alguma abordagem ágil, com a finalidade de entender o estado da arte durante 11 anos de pesquisas em métodos ágeis.

3. Método de pesquisa Esta pesquisa é baseada em trabalhos previamente publicados e para formalizar o processo da pesquisa bibliográfica foi conduzida uma revisão sistemática da literatura. Uma RSL é uma abordagem para identificar, avaliar e interpretar toda a informação relevante de uma pergunta de pesquisa em particular ou área de interesse, ou seja, a RSL permite elencar quais estudos estão sendo abordados pelos pesquisadores relativos àquele problema de pesquisa (KITCHENHAM et al., 2007). Nesse contexto, uma RSL pode ser uma alternativa para ajudar a resolver problemas relativos à busca de evidências e, neste caso, concentrar uma grande quantidade de informação sobre o que se conhece acerca do impacto dos fatores humanos em projetos de software apoiados por métodos ágeis. Este estudo adotou o protocolo estabelecido por Kitchenham et al. (2007), por ser uma das referências mais adotadas em RSL. A pesquisa utilizou para a busca automática os principais engenhos estabelecidos pela autora e para a busca manual concentrou-se nas duas principais conferências em métodos ágeis que são a XP Conference e a Agile Development Conference considerando as seguintes palavraschaves: Desenvolvimento de Software, Métodos Ágeis e Fatores Humanos. A partir destas palavras chaves foram identificados os termos de busca que são apresentados na Tabela 1. O período delimitado para esta pesquisa foram 11 anos, desde o surgimento do manifesto ágil, compreendendo os anos entre 2001 e 2012. Tabela 1. Termos de busca e equivalência para o inglês

Palavras Chave

Termos de busca

Desenvolvimento de Software, development, project, software development, software Software project, system development, development application, software engineering, information system development, information system engineering, software production Métodos Ágeis

Agile, Scrum, XP, Extreme Programming

Fatores Humanos

Human Factor, Personal Factor, People Factor

3.1 Questões de pesquisa Com o objetivo de entender o estado da arte atual sobre o que se sabe em relação ao impacto dos fatores humanos em métodos ágeis, este estudo busca responder as seguintes questões de pesquisa: RQ1: Quais fatores humanos interferem na utilização de métodos ágeis? RQ2: Qual o impacto dos fatores humanos em projetos apoiados por métodos ágeis? 3.2 Estratégia de busca Uma vez definidas as questões de pesquisa, se faz necessário, antes de iniciar a RSL, verificar se já existe algum estudo secundário que respondam as questões de pesquisa elaboradas. Então, foi realizada uma pesquisa ad-hoc nas seguintes bases de dados: Compendex1, Science Direct2, Scopus3, IEEE Xplore4 e os anais das conferências XP (2001 até 2012) e Agile (2006 até 2012). Não foram encontrados estudos secundários que respondam as questões de pesquisas desta RSL. Em seguida, foram realizadas as buscas automáticas e em cada um dos engenhos de busca descritos acima, foi executada a String de busca genérica: ("software" OR "development" OR "project" OR "software development" OR "software project" OR "system development" OR "development application" OR "software engineering" OR "information system development" OR "information system engineering" OR "software production") AND ("agile" OR "scrum" OR "extreme programming" OR "XP") AND ("Human Factor" OR "Personal Factor" OR "People Factor"). Esta string é chamada de genérica porque cada engenho de busca possui a sua sintaxe específica, e esta String Genérica deve ser adaptada em cada um deles. 3.3 Critérios de inclusão e exclusão Os critérios de Inclusão e Exclusão estabelecidos nesta pesquisa foram baseados no trabalho de Kitchenham (2007) e ajustadas de acordo com as questões de pesquisa desta RSL. A Tabela 2 a seguir apresenta os critérios adotados: Tabela 2. Critérios de Inclusão e Exclusão ID

Critérios de Inclusão

ID

Critérios de Exclusão

CI-01

O Estudo se trata de um estudo primário

CE-01

Trabalhos não relacionados aos métodos ágeis

CI-02

Estudos apresentam dados empíricos

CE-02

Não apresentam dados empíricos

CI-03

Relacionado a Métodos Ágeis

CE-03

Artigos Focados em Técnicas e/ou práticas

1

http://www.engineeringvillage.com/ http://www.sciencedirect.com/ 3 http://www.scopus.com/ 4 http://ieeexplore.ieee.org/ 2

CI-04

Relacionado a Fatores Humanos

CE-04

Artigos contendo apenas lições aprendidas e relatos de experiência

CI-05

Dados publicados em formatos científicos

CE-05

Artigos baseados em opiniões de especialistas

CI-06

Estudos publicados em Inglês

CE-06

Estudos que se apresentem no formato de editoriais, prefácios, resumos de artigos, livros, capítulo de livro, entrevistas, notícias, opiniões, correspondência, debates, comentários, cartas do leitor e resumos de cursos, oficinas, resumo de aula, painéis e sessões de pôsteres, incompletos, workshop, tutoriais, guias, apresentação de ferramentas, estudos não revisados por pares, estudos não acessíveis, estudo que não apresentam dados em formato científico, artigo não disponível, artigo não escrito em inglês, estudos secundários e terciários;

CI-07

Publicados entre 2001 e 2012

CE-07

Estudos cujo objetivo é apenas ensinar métodos ágeis

CI-08

Trabalhos Revisados por Pares

CE-08

Estudos que não respondem as questões de pesquisa

CE-09

Estudos Duplicados

3.4 Processo de seleção dos estudos primários Nesta fase o processo foi dividido em três etapas: Na primeira etapa selecionaram-se os estudos após a realização das buscas automáticas e manuais. Participaram dessa, assim como das demais fases, três pesquisadores. Ao todo foram encontrados 2501 artigos não duplicados nesta etapa. Na segunda etapa, foram observados título e resumo dos artigos resultantes da primeira etapa considerando os critérios de inclusão e exclusão. Aqui os autores se dividiram em três duplas que decidiam sobre a exclusão ou inclusão de um artigo. Nos casos de conflitos (quando um autor inclui ou outro exclui) o outro membro servia como árbitro para realizar o desempate. Ao término dessa etapa foram selecionados 518 trabalhos que foram para a próxima fase. Na terceira etapa, os 518 artigos foram avaliados de acordo com o mesmo processo da etapa anterior sendo que agora eram lidos além do título e resumo, a introdução, metodologia e conclusão. Ao término dessa atividade foram selecionados 48 artigos que podem ser vistos no Apêndice I deste artigo.

4. Análise dos resultados Esta seção apresenta a síntese dos resultados obtidos ao final da revisão sistemática da literatura, objetivando responder as perguntas de pesquisa a que se propõe esta RSL. 4.1. Questão de pesquisa 1 RQ1: Quais fatores humanos interferem na utilização de métodos ágeis?

Para responder a esta pergunta, foi necessário definir o constructo Fator humano. Sharp (2005) afirma que fator humano são alguns tipos de fatores sociais que surgem a partir de diversas interações e que precisam ocorrer para que o processo de desenvolvimento de software possa fluir. Para Cockburn (2002) pode ser descrito como alguma questão humana causada por um time de pessoas trabalhando juntas. Sendo assim, nesta RSL, abordou-se toda interação ou capacidade humana ocorrida durante o processo de desenvolvimento ágil de software e englobou aspectos sociais, cognitivos, humanos, pessoais e sociológicos. Dentre os 48 estudos selecionados ao final desta revisão, concluiu-se que existem 12 fatores humanos (ver Tabela 3) considerados relevantes em métodos ágeis segundo as evidências retiradas destes artigos. Tais fatores são: Tabela 3. Fatores humanos Fator humano

Estudos

Comunicação

[S0027];[S0042];[S0203];[S0205];[S0207];[S0229];[S0231];[S0263];[S0290];[S0307]; [S0318];[S0392]; [S0401];[S0416];[S0520];[S0596];[S0608];[S0738];[S0906];[S3191];[S4147];[S4477]; [S5726]

Confiança

[S0203];[S0205];[S0229];[S1052];[S1107];[S4845];[S5207];[S7732]

Colaboração

[S0203];[S0263];[S0401];[S0521];[S1549];[S2224]

Conhecimento

[S0520];[S0521];[S3192];[S4845];[S5124]

Motivação

[S0042];[S0229];[S5726]

Liderança

[S0042];[S0203];[S4342]

Aspectos Culturais

[S0027];[S1548]

Autonomia

[S0203];[S1462]

Aprendizado

[S1107];[S1548]

Envolvimento do cliente

[S3521];[S4011]

Bem estar

[S0065]

Experiência

[S0521]

Dentre os fatores encontrados, vale ressaltar que somente dois fatores tiveram um estudo para análise de evidências. Destacando que o fator humano Bem-estar é formado por quatro constructos: ansiedade, contentamento, depressão e entusiasmo, conforme pode ser observado neste trecho do artigo S0065: “Since the work-related wellbeing was measured using a scale, which consisted of four constructs, that are anxiety-contentment and depression-enthusiasm...”. E o fator Experiência relacionado aos conhecimentos que o time possui, em seu mais alto nível agregado a outros fatores contribui para o sucesso das práticas ágeis conforme evidência retirada do artigo S0521: “The team’s high levels of experience, technical knowledge and competence, and working in a collaborative, autonomous and self-organizing team style affected the successful usage of agile practices”. Adicionalmente, neste fragmento do artigo S4022: “It is shown that autonomy together with communication and collaboration are the major components for building self-organizing software development teams. “, são ressaltados três fatores humanos

encontrados nesta RSL como Autonomia, Comunicação e Colaboração para construção de uma característica marcante em métodos ágeis como a auto-organização dos times, preconizado pelos princípios ágeis em Agile Alliance (2014). Por fim, pode-se perceber na Tabela 3 que os fatores mais evidentes são Comunicação, Colaboração e Confiança, corroborando para um dos princípios do manifesto ágil em que valoriza a comunicação “face-to-face” e as interações entre os indivíduos durante o desenvolvimento ágil de software. 4.2. Questão de pesquisa 2 RQ2: Qual o impacto dos fatores humanos em projetos apoiados por métodos ágeis? De posse dos resultados da RQ1, procurou-se analisar qual o impacto destes fatores humanos em projetos ágeis. Retirou-se dos artigos evidências que retratassem de que forma eles influenciavam. A ausência ou presença do fator humano foi inserida em uma categoria chamada Status e o Impacto podia ser positivo (+) ou negativo (-). Todas as categorias foram criadas com base na interpretação das evidências dos estudos e com a finalidade de agrupar o impacto destes fatores humanos, podendo ser melhor visualizado na Tabela 4 abaixo: Categoria

Time

Sucesso dos projetos

Desenvolvimento

Tabela 4. Impacto dos fatores humanos. Fator humano Status Impacto Estudos Colaboração Presente + [s0263]; [s0401]; [s5124] Aspectos Ausente [s5207] culturais Envolvimento Ausente [s0195] do cliente Presente + [s7537] Liderança Presente + [s4022]; [s0392]; [s4342] Ausente [s0392]; [s5207]; [s0596] Confiança Presente + [s5207];[s7732];[s0392];[s1052] Motivação Ausente [s1462] Ausente [s0520] Conhecimento Presente + [s3192]; [s4845]; [s5124] Presente [s1462]; [s0203] Autonomia Ausente [s0520];[s0203] Presente + [s4022]; [s0203] Ausente [s0027]; [s0196]; [s0231]; [s0290]; [s1462]; [s4772]; [s5207] Presente + [s0027]; [s0065]; [s0205]; [s0229]; Comunicação [s0231]; [s0401]; [s0512]; [s0596]; [s0738]; [s1052]; [s1462]; [s2224]; [s2271]; [s4277] Presente + [s5207] Aspectos culturais Ausente + [s5207] Envolvimento Ausente [s0195] do cliente Presente + [s7537] Comunicação Presente + [s0738]; [s1548]; [s2224] Envolvimento Presente + [s3191] do cliente Liderança Ausente [s0042] Conhecimento Presente + [s0196] Comunicação Presente + [s0318];[s0401];[s0906];[s2224];

Requisitos

Práticas ágeis

Envolvimento do cliente Conhecimento Comunicação Envolvimento do cliente Conhecimento Comunicação Liderança

Tomada de decisão

Cliente

Aprendizado Autonomia Comunicação Colaboração Comunicação

Ausente Presente Presente Ausente Presente Ausente Presente Presente

+ + +

[s4277];[s4581] [s0520];[s4022];[s5726] [s0906] [s4011] [s4011] [s7732] [s0205] [s4277] [s0608]

Presente Presente Ausente Presente Ausente Presente Presente Presente Presente Presente

+ + + + + + +

[s5124] [s0196];[s0229];[s0290];[s0318] [s0229];[s0290] [s0042] [s1107] [s4022] [s1462] [s0596];[s1548] [s4342] [s0608];[s3521];[s4277]

Diante dos dados expostos na Tabela 4, pode-se inferir que quando um fator estava presente, o impacto seria positivo e quando ausente o impacto seria negativo. Entretanto, em alguns fatores isto não acontece como: quando há presença exacerbada da autonomia do time ou a autonomia individual é alta (status presente), isso faz com que a equipe forme silos, prejudicando a interação entre os times (impacto negativo); se a equipe utilizar canais informais para promover a comunicação (status presente) entre eles, pode resultar em altas taxas de defeito no desenvolvimento (impacto negativo) e por fim, se há o envolvimento do cliente (status presente) junto à equipe para esclarecimento dos requisitos, isso pode ser prejudicial devido a sua indisponibilidade (impacto negativo). Além desses impactos, outro aspecto interessante foi um fator humano impactar em outro como: Presença da Confiança impacta de forma positiva em Conhecimento [s4845]; Comunicação influencia positivamente Motivação [s0229] e Conhecimento [s0231] e finalmente, Conhecimento tem impacto positivo em Comunicação [s3192].

5. Conclusão Este artigo apresentou uma revisão sistemática da literatura com o objetivo de responder as seguintes perguntas de pesquisa: RQ1: Quais fatores humanos interferem na utilização de métodos ágeis? e RQ2: Qual o impacto dos fatores humanos em projetos apoiados por métodos ágeis?. Para a execução desta RSL, utilizou-se o protocolo estabelecido por Kitchenham et al. (2007) e delimitou-se o ano desta RSL de 2001 a 2012, aglomerando 11 anos de desenvolvimento ágil. Ao final, 48 artigos foram selecionados como estudos primários gerando os resultados apresentados neste estudo. Pretende-se com este estudo, contribuir para fornecer uma visão geral sobre fatores humanos em projetos ágeis. É possível visualizar na Tabela 4 a importância desses fatores humanos impactando em áreas importantes como desenvolvimento, sucesso dos projetos, time, entre outros. Como trabalhos futuros, pretende-se realizar uma pesquisa

qualitativa apoiada pela aplicação de entrevistas, de forma a complementar este trabalho com resultados visualizados na indústria. Sendo assim, com os resultados desta RSL e o da pesquisa qualitativa, pretende-se desenvolver um profundo conhecimento sobre a influência dos fatores humanos em métodos ágeis.

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APÊNDICE I Tabela 3. Estudos primários da revisão sistemática da literatura. ID Título

S0195

Usage and Perceptions of Agile Software Development in an Industrial Context: An Explora-tory Study Understanding shared leadership in Agile development: A case study. The impact of an agile methodology on the well being of development teams. Agile undercover: when customers don’t collaborate.

S0196

A distributed cognition account of mature XP teams.

S0203

Understanding self-organizing teams in agile software development. Why Scrum works: A case study from an agile distributed project in Denmark and India. Communication in context: A stimulus-response account of agile team interactions. Using scrum in a globally distributed project: a case study.

S0027 S0042 S0065

S0205 S0207 S0229

S0392

Effective communication in distributed Agile software development teams. Facilitating an Off-Site Customer in Product-Based Agile Software Development: An Industrial Case Study. The impact of agile practices on communication in software development. A case study: Introducing extreme programming in a US government system development project. The impact of media selection on stakeholder communication in agile global software development: a preliminary industrial case study. Scrum and team effectiveness: Theory and practice.

S0401

Distributed agile development: Using Scrum in a large project.

S0416

Effective communication, collaboration, and coordination in eXtreme Programming: Human‐centric perspective in a small organization. Challenges to Teamwork: A Multiple Case Study of Two Agile Teams. A comparison of issues and advantages in agile and incremental development between state of the art and an industrial case. Empirical investigation on agile methods usage: issues identified from early adopters in Malaysia.

S0231 S0263 S0290 S0307 S0318

S0472 S0512 S0520

S0521

Factors Affecting Effectiveness of Agile Usage–Insights from the BBC Worldwide Case Study.

S0596

Understanding team dynamics in distributed Agile software development.

Autores Begel, A. Nagappan, N. Moe, N. B.; Dingsoyr, T. e Kvangardsnes, O. Sharifah, S.; Holcombe, M. e Gheorge, M. Hoda, R.; Noble, J. e Marshall S. Sharp, H. e Robinson, H. Moe, N. B.; Dingsoyr, T. e Dyba, T. Pries-Heje, L. e PriesHeje, J. Abdullah, N. N. B.; Sharp, H. e Honiden, S. Paasivaara, M.; Durasiewicz, S. e Lassenius, C. Dorairaj, S.; Noble,J. e Malik, P. Inayat, I.; Muhammad A. N. e Zubaria I. Pikkarainen, M. et al. Fruhling, A.; McDonald, P. e Dunbar, C. Biyagamage, F; Junius, A.; Hall,T e Fitzpatrick, A. Moe, N. B. e Dingsøyr, T. Paasivaara, M.; Durasiewicz,S. e Lassenius, C. Mishra, D. e Mishra, A.

Stray, V. G.; Moe,N.B. e Dingsøyr, T. Petersen, K. e Wohlin, C. Asnawi, A. L.; Gravell,A.M. e Wills, G.B. Senapathi, M.; Middleton, P. e Evans, G. Dorairaj, S.; Noble, J. e Malik, P.

S0608

Distributed agile development: A case study of customer communication challenges.

S0738

Investigating the extreme programming system–An empirical study. A case study on the impact of customer communication on defects in agile software development.

S0906

S1052

From RUP to Scrum in global software development: A case study.

S1107

The impact of the Abilene Paradox on double-loop learning in an agile team. Making the leap to a software platform strategy: Issues and challenges. Identifying some important success factors in adopting agile software development practices. The relationship between customer collaboration and software project overruns. The social nature of agile teams.

S1462 S1548 S2224 S2271

S4031

On-site customer in an XP project: empirical results from a case study. Direct verbal communication as a catalyst of agile knowledge sharing. Examining Customer Focus in IT Project Management Findings from Irish and Norwegian case studies Agility in context. Building blocks for self-organizing software development teams a framework model and empirical pilot study. Status communication in agile software teams: A case study.

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Analyzing the modes of communication in agile practices. Ad-hoc leadership in agile software development environments.

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Communication and Quality in Distributed Agile Development: An Empirical Case Study Agile experiences in a software service company.

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Software development governance challenges of a middle-sized company in agile transition. Antecedents of coordination effectiveness of software developer dyads from interacting teams: an empirical investigation. Knowledge management in distributed agile software development. Understanding lack of trust in distributed agile teams: A grounded theory study. Software development in Austria: results of an empirical study among small and very small enterprises. Extreme programming: First results from a controlled case study. Recommended Cultural and Business Practices for Project Based Software Organization of Pakistan for Supporting Restructuring of Functional Organization for Implementing Agile Based Development Framework in Software Projects

Korkala, M.; Pikkarainen, M. e Conboy, K. Sfetsos, P.; Lefteris A. e Stamelos, I. Korkala, M.; Abrahamsson, P. e Kyllonen, P. Noordeloos, R.; Manteli, C. e Hans V. V. McAvoy, J. e Butler, T. Ghanam, Y.; Maurer, F. e Abrahamsson, P. Misra, S. C.; Kumar,V. e Kumar, U. Molokken-Ostvold, K. e Furulund, K.M. erruns. Whitworth, E. e Biddle, R. Koskela, J. e Abrahamsson, P. Melnik, G. e Maurer, F. Garry,L.; Conboy, K. e Lang, M. Hoda, R. et al. Karhatsu, H. et al. Downs, J.; Hosking,J. e Plimmer, B. Bhalerao, S. e Ingle, M. Dubinsky, Y. e Hazzan, O. Green, R.; Mazzuchi,T. e Sarkani, S. Rudzki, J.; Hammouda,I. e Mikkola, T. Lehto, I., e Rautiainen, K. Yuan, M. et al. Dorairaj, S.; Noble,J. e Malik, P. Dorairaj, S.; Noble,J. e Malik, P. Hofer, C. Abrahamsson, P. Zaineb,G.; Shaikh, B. e Ahsan, A.

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