Uma Teoria Fundamentada do Turismo de Habitação: esquisso de um percurso metodológico

June 26, 2017 | Autor: José Luís Braga | Categoria: Cultural History, Cultural Heritage, Cultural Tourism, Grounded Theory
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Uma Teoria Fundamentada do Turismo de Habitação: esquisso de um percurso metodológico.

José Luís Braga
Instituto Politécnico do Cávado e do Ave
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Resumo: A Teoria Fundamentada Clássica (TFC) é uma abordagem metodológica que permite a geração de teorias induzidas dos dados extraídos da realidade estudada. O fito deste trabalho é demonstrar a utilidade dos métodos da TFC para perceber o que está a acontecer na área substantiva do Turismo de Habitação, atividade que tem contribuído para a valorização do património local e regional e para a coesão do território nacional.

Palavras-chave: Turismo de Habitação, Teoria Fundamentada Clássica, Metodologia, Património.


Abstract: Classic Grounded Theory Classic is a methodological approach that allows the generation of theories based on data induced from the studied reality. The aim of this work is to demonstrate the usefulness of the TFC methods to account for what is happening in the substantive area of Tourism in Manor Houses, an activity that has contributed to the appreciation of the local and regional heritage and cohesion of the country.

Keywords: Tourism in Manor Houses, Classical Grounded Theory, Methodology, Heritage.

Introdução

O presente texto visa dar conta do percurso metodológico por nós trilhado na prossecução do nosso estudo empírico sobre o Turismo de Habitação – que é parte integrante da etapa de tese do doutoramento em Direção e Planificação de Turismo, ministrado pela Universidade de Santiago de Compostela.
Assim, iniciámos o nosso trabalho de campo procurando entrar em contacto com um guardião local que nos pudesse facultar o acesso à população substantiva do nosso estudo. Estando nós conscientes da atividade de relevo desempenhada pela Associação de Turismo de Habitação (TURIHAB) – entidade que desde há mais de três décadas se bate pela recuperação do património, bem como pela promoção e qualificação da oferta turística em casas senhoriais – a escolha revelou-se pacífica. Pareceu-nos, portanto, que a pessoa indicada para franquear a nossa entrada no campo seria a Senhora Diretora de Marketing da TURIHAB, a Dra. Maria do Céu Sá Lima.
Na realidade trata-se de uma profissional com vasto conhecimento da problemática do Turismo de Habitação e que achámos que poderia ser uma excelente parceira de investigação. Estávamos corretos. A Dra. Maria do Céu Sá Lima intermediou os nossos primeiros contactos com proprietários de casas senhoriais; ofereceu-nos documentação relevante para o nosso estudo e a sua ampla experiência ajudou-nos, de sobremaneira, a entrevistarmos os proprietários pertinentes para a nossa amostragem teórica.
Deste modo, realizámos uma entrevista preliminar à sobredita colaboradora da TURIHAB para nos entrosarmos na problemática sob investigação. Na verdade, de início pretendíamos realizar um estudo de caso múltiplo que teria como unidades de análise as casas de Turismo de Habitação associadas daquela entidade (ver Stake, 2006; Stake, 2007 e Yin, 2010). Visávamos, deste modo, compreender a interação entre anfitriões de casas de Turismo de Habitação, pessoal e hóspedes.
Assim, a primeira técnica de que nos servimos para obtermos dados relevantes para a investigação em curso foi a Observação Participante. Não obstante, cedo nos apercebemos que um método de cariz etnográfico iria produzir um vasto conjunto de dados que apenas consentiriam um estudo descritivo da área investigativa, sem possibilidade de generalizar, nem tampouco de estabelecer uma teoria.
Daí que, ao empreendermos uma revisão literária de manuais de metodologia de investigação em turismo, apercebemo-nos que seria a Teoria Fundamentada Clássica (i.e. "Classic Grounded Theory") aquela que melhor se adequaria ao nosso projeto. Neste sentido, iniciámos a codificação aberta das notas de campo relativas à Observação Participante socorrendo-nos do programa de computador para análise de dados qualitativos Atlas.ti. Sem embargo, a breve trecho abandonámos este sistema de armazenagem, codificação e análise de dados, em proveito da análise manual dos mesmos. Com efeito, esta decisão foi tomada em conformidade com o que prescreve Barney Glaser, o co-criador da metodologia. O norte-americano desaconselha a utilização de computadores para proceder à gestão de dados na Teoria Fundamentada Clássica (doravante TFC): «as yet, computers block the abstract meaning making of good GT. The wonders of computers are great but not yet for GT». (Glaser, 2003 : 17)
Por outro lado, ao lermos o manual de Teoria Fundamentada de Birks e Mills (2011) compreendemos que o nosso trabalho investigativo beneficiaria se tivéssemos tutoria metodológica em linha. Ao navegarmos na internet soubemos da existência de um portal (ver fig. 1) que se dedicava ao aconselhamento metodológico de investigadores "noviços" na utilização da metodologia, aquilo que Glaser designa de "minus mentorees" (Glaser, 2014a).

Figura 1 – Imagem do portal da plataforma grounded theory online (Elaboração própria, disponível em http://www.groundedtheoryonline.com/who-we-are/helen-scott, consult. 21-05-2015)



De modo que começámos a adequar a nossa recolha de dados subsequente aos preceitos da Teoria Fundamentada Clássica, sem prejuízo de já termos granjeado um significativo corpus derivado das sessões de Observação Participante que havíamos empreendido previamente. Contudo, estes dados só vieram a ser objeto de análise fundamentada quando terminámos o processo iterativo de recolha e análise de dados relativos às entrevistas que efetuámos junto dos proprietários, relevantes para a amostragem teórica. Em síntese, ao contrário dos dados provenientes da Observação Participante, a informação extraída das entrevistas foi-o em consonância com a metodologia da TFC.
Ao longo de um período de cerca de dois anos mantivemos encontros periódicos em linha (cuja frequência mínima era quinzenal e, à medida que nos começámos ambientar ao método, passou a ser tendencialmente mais esparsa). Estes seminários em linha tinham como objetivo dirimir dúvidas ou procurar formas de ultrapassar desafios que se colocassem à medida que nos embrenhávamos no processo da TFC.


Recolha de dados

No presente estudo recolhemos um considerável acervo de dados que foram reunidos atendendo sobretudo a duas técnicas de investigação social: a Observação Participante e a entrevista não-estruturada. Os pormenores relativos ao modo como coligimos os dados são enunciados em seguida.


Observação Participante
O breve período em que nos dedicamos à Observação Participante contemplou cinco sessões que se desenrolaram nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro de 2011 (logo época baixa), ao Sábado e num dia feriado (dias de maior ocupação). Estas sessões realizaram-se da parte da manhã (aproximadamente das 9:00 às 13:00). As casas que constituíram cenários de pesquisa foram quatro, todas situadas no Minho, a saber: o Paço de Calheiros, em Ponte de Lima; a Quinta de Santa Comba, em Barcelos (que observei em duas ocasiões); a Casa de Sezim, em Guimarães e a Casa do Campo, em Cabeceiras de Basto.
Nestas casas assumimos uma postura de observador como participante (Cole, 2008). De facto, na meia dezena de situações sociais que observámos, procurámos realizar observações descritivas que, como refere Spradley (1980 : 78), visam orientar o cientista social quando ele ainda é ignorante da cultura que está a ser indagada. Em obediência ao que prescreve o antropólogo norte-americano, fizemos diligências para identificar as nove mais importantes dimensões de uma dada situação social:

Espaço: o lugar ou lugares físicos;
Ator: as pessoas envolvidas;
Atividade: um conjunto de atos relacionados que as pessoas desempenham;
Objeto: as coisas físicas que estão presentes;
Ato: as ações individuais que as pessoas executam;
Acontecimento: um conjunto de atividades relacionadas que as pessoas realizam;
Tempo: a sequenciação que ocorre ao longo do tempo;
Objetivo: as coisas que as pessoas estão a tentar alcançar;
Sensação: as emoções sentidas e expressas.

Por conseguinte, nas quatro casas que observámos centrámo-nos em diferentes cenários e situações sociais. No Paço de Calheiros, cenário da nossa primeira sessão, iniciamos a observação na sala de pequenos-almoços, passámos à cozinha, circulámos pelas imediações da casa. Assim observámos a interação entre anfitrião e hóspedes no pequeno-almoço; falámos com colaboradoras na cozinha, notámos a interação entre anfitrião e hóspedes no exterior da propriedade e testemunhámos um checkout que teve lugar na varanda. Observámos ainda os apartamentos contíguos à casa. Em seguida, subimos à sala-de-estar onde conversámos com o proprietário/anfitrião e assistimos de novo ao contacto que este manteve com os hóspedes.
Já na Quinta de Santa Comba, na primeira sessão que aí realizámos, observámos as imediações da casa, fizemos uma visita aos aposentos da mesma e mantivemos uma conversa informal com a mulher do proprietário da casa que estava ausente. A senhora conduziu-nos numa visita guiada também pela capela, pela exploração agrícola e pelo canil. Na segunda visita ao mesmo cenário já fomos recebidos pelo proprietário que se achava na sala de pequenos-almoços a trocar impressões com os hóspedes. Observámos esta situação social. Subimos ao piso superior da casa. O proprietário mostrou-nos a sala de uso exclusivo da família.
Dias mais tarde visitámos a Casa de Sezim. Observámos o escritório. O anfitrião mostrou-nos o interior da casa, a varanda e os cómodos reservados aos hóspedes. Também nesta casa assistimos à prestação do serviço de pequeno-almoço e à interação entre pessoal, anfitrião e hóspedes. Depois dirigimo-nos com o proprietário para a cozinha, conversámos com ele e com as suas colaboradoras. Por fim percorremos o espaço circundante à casa e regressámos ao escritório.
A última sessão de Observação Participante teve lugar na sala da Casa do Campo onde presenciámos o momento do pequeno-almoço e a interação que se gerou entre um grupo de hóspedes e a filha da proprietária. Seguidamente conversamos informalmente com ambas as anfitriãs da casa, mãe e filha.
Caracterização da amostra entrevistada
Ao longo do nosso estudo realizámos cinquenta e três entrevistas a anfitriões/proprietários de casas senhoriais. Desta mais de meia centena de casas, apenas dez não estão correntemente classificadas como Turismo de Habitação. Das casas que não se enquadram legalmente neste escalão, uma é Casa de Campo, duas estão classificadas como Empreendimentos de Turismo no Espaço Rural, uma como Agroturismo e seis outrora haviam pertencido à categoria de Turismo de Habitação, mas no momento já não se dedicam à atividade. Sem embargo, todas são casas senhoriais.
As casas de Turismo de Habitação são empreendimentos de dimensão reduzida. Da amostra que recolhemos a casa com menor número de quartos dispunha de dois e a que apresentava maior capacidade de alojamento continha quinze aposentos.
Quanto ao tipo de entrevistas que realizámos, foram sobretudo presenciais (48), mas também por telefone (3) e correio eletrónico (2). No que diz respeito à proveniência geográfica das casas, a grande maioria situa-se na antiga província do Minho (34). Um número residual encontra-se no Douro Litoral (4), em Trás-os-Montes e Alto Douro (3), Beira Litoral (4), Beira Alta (1), Ribatejo (1), Alto Alentejo (2), Baixo Alentejo (3), Algarve (1) e Açores (2) – note-se que o total das casas contabilizadas é de cinquenta e cinco uma vez que um dos entrevistados é proprietário de três casas de Turismo de Habitação, duas nas ilhas dos Açores e uma na região do Algarve.
Se considerarmos a amostragem por distrito, temos que Viana do Castelo é onde se concentra o maior número de casas (21), seguida por Braga (12), Porto (5), Aveiro (4), Beja (3), Vila Real (2), Évora (2), Ponta Delgada (1), Horta (1), Faro (1), Viseu (1), Santarém (1) e Bragança (1) – o mesmo fator de distorção supramencionado mantém a sua eficácia neste caso.
No que toca aos concelhos onde as casas se acham integradas, temos uma forte prevalência de Ponte de Lima (15) – que se justifica por aí estar sediada a TURIHAB e pelo facto de ter sido neste concelho que o Turismo de Habitação teve o seu começo – e com mais intensidade nas freguesias de Arca e Ponte de Lima (3) e Arcozelo (3).


Entrevistas para gerar teoria e amostragem teórica
De início, para a primeira entrevista, preparámos quatro perguntas tão neutrais quanto nos foi possível, de tipo "grand tour" (Spradley, 1979 : 86):

Pode-me, por favor, falar das suas experiências como proprietário e anfitrião da casa X?
Quais foram as principais coisas que aconteceram na casa X desde que assumiu a gestão do turismo até ao presente?
Como se sente enquanto anfitrião?
Será que me pode dizer de que forma é que esta atividade mudou com o tempo?

Em entrevistas ulteriores procurámos manter uma conversa com o entrevistado empregando para tal, apenas as perguntas 1 e 3. O nosso objetivo primeiro era colocar perguntas que conduzissem a um "regurgitamento" verbal ("instill the spill") por parte do interlocutor (Glaser, 2001 : 175).
Por outro lado, procurámos exercitarmo-nos na prática de entrevistas não-estruturadas escutando transmissões noticiosas no "youtube" e registando as palavras-chave numa folha de papel. Assim, evitávamos escrever tudo o que ouvíamos para impedirmos o descritivismo e promovermos a concetualização. De igual modo, no final das entrevistas investigativas, ampliávamos as notas de campo a partir do que havíamos conservado na nossa memória e do que tínhamos escrito no papel.
Por vezes, éramos confrontados com proprietários que nos forneciam "dados de orientação apropriada" – tradução nossa de "properline data" (Glaser, 1998 : 9). Mas cedo chegámos à conclusão que todo o tipo de dados era valioso e devia ser judiciosamente analisado, prevenindo deste modo a especulação. Com efeito, considerámos que estes dados poder-se-iam revelar úteis numa fase posterior da análise.
Noutras circunstâncias éramos tão bem sucedidos nas nossas entrevistas que as conseguíamos conduzir na íntegra, recorrendo somente a duas perguntas abertas ou mesmo a apenas uma. O modo como dirigíamos as entrevistas assemelhava-se à entrevista "freudiana", uma vez que colocávamos perguntas e sondávamos a informação que achávamos mais relevante – tal como sucede na entrevista terapêutica onde o terapeuta reflete e reformula as afirmações dos pacientes, enfatizando os seus aspetos emocionais, deixando o paciente dizer o que lhe aprouver sem o interromper exceto quando o clímax se exaure (Kvale, 2011 : 18).
Todavia nem todas as entrevistas se revelaram isentas de dificuldades. Houve momentos em que o entrevistador vacilou ao formular as questões ou em que, a despeito da empatia do interlocutor, o investigador não conseguiu sondar convenientemente, nem tampouco divisou padrões de comportamento no discurso e debalde, buscou pontos salientes no que era expresso. Igualmente houve casos em que os depoimentos dos entrevistados se revelavam erráticos. Um nosso memorando metodológico ilustra bem estas vicissitudes:

A entrevista com este proprietário não começou da melhor forma. Entaramelei-me na primeira pergunta. O proprietário, contudo, revelou à vontade a falar. Inicialmente – e na fase final da entrevista – a mulher esteve presente e, certas vezes, interveio para introduzir alguns temas que achava relevantes. Ambos eram cordiais. A certa altura o proprietário perguntou se eu não tinha mais perguntas para lhe fazer. Eu procurava que ele me desse informações adicionais relativamente a determinados pontos que achava relevantes e que ele já tinha aventado. Mas, desta vez, tive dificuldades em encontrar informação saliente para sondar. Parecia que não eu conseguia descortinar quaisquer padrões relevantes naquilo que ele me dizia que fossem passíveis de ser seguidos.
A acrescentar a esta dificuldade, o proprietário pedia reiteradamente que eu não escrevesse informação que ele queria sigilosa. Desta forma, largas partes da entrevista não foram registadas no papel e a minha memória consciente desbaratou alguma da informação confidencial que ele concedeu.

O nosso objetivo nesta fase era entrevistarmos o maior número de anfitriões possível, sendo que chegámos à conclusão de que, nesta primeira etapa de análise, necessitávamos de vinte e cinco entrevistas. De facto, precisávamos de recolher mais dados para nos abstermos de ser descritivísticos e começarmos efetivamente a conceptualizar. Acresce que procurámos entrevistar utilizando outros meios como o correio eletrónico e o telefone. Não obstante, o escasso rédito conceptual conseguido, levou-nos a concentrar somente no modo de entrevista presencial uma vez que a não despicienda vertente observacional, estava ausente dos dois outros recursos.
Entretanto a nossa análise das entrevistas e das ideias que vertíamos nos memorandos, relativas aos conceitos que assomavam e suas inter-relações, levaram-nos a deduzir quem iríamos entrevistar em seguida. Com efeito, Glaser (2014b) sustenta que a escrita de memorandos é um procedimento de pesquisa vital para a TFC, pelo que recomenda que se redija continuamente memorandos visto que eles asseguram a qualidade da teoria emergente.
Por outro lado, cada vez mais as nossas questões, que antes eram descritivas, se tornavam mais específicas para recolher dados que pudessem saturar as categorias em falta. Uma das estratégias que utilizávamos para confrontar os entrevistados com informação delicada foi retirar ilustrações de testemunhos proferidos por outros anfitriões, e interpelá-los. Abaixo evidenciamos o modo como enunciámos essas perguntas:

Algumas pessoas disseram-me que…;
O que acha de…?
Pode-me falar acerca de…?

Ainda que a determinada altura da investigação tivéssemos entrevistado também anfitriões de casas senhoriais não pertencentes à categoria de Turismo de Habitação, a nossa metodóloga aconselhou-nos a continuarmos a entrevistar em primeiro lugar anfitriões deste tipo de empreendimentos turísticos.
À medida que fomos aprimorando a nossa amostragem teórica, entrevistamos anfitriões com ligações de parentesco aos fundadores da casa, anfitriões que tinham adquirido a casa mas não tinham qualquer ligação à família original, bem como anfitriões que não tinham outra ligação à casa diversa de assalariados. O nosso esforço por saturarmos teoricamente as categorias prosseguiu quando entrevistámos proprietários de casas recém-abertas ao Turismo de Habitação; proprietários de casas que haviam encerrado portas a esta atividade há não muito tempo; donos de casas que haviam sido objeto de partilhas, bem como proprietários de empreendimentos deste género com elevada reputação no mercado.


Análise de dados

A análise de dados em TFC é um trabalho meticuloso que envolve várias etapas que se entretecem iterativamente: a codificação aberta; a análise comparativa constante; a amostragem teórica; a identificação da categoria central; a codificação seletiva; a classificação de memorandos; a codificação teórica e a redação dos memorandos sob a forma de teoria. Abaixo procuramos dilucidar os vários métodos e a práxis da análise em TFC.


Codificação aberta e análise comparativa constante
As notas de campo que tomámos durante a entrevista foram expandidas no processador de texto word. E a codificação linha-a-linha foi concretizada, numa primeira fase, colocando as seguintes perguntas aos incidentes:

Que categoria indica este incidente?
Que propriedade de que categoria indica este incidente?
Qual é a principal preocupação do participante? (Glaser, 1998 : 140)

Os códigos foram atribuídos recorrendo à funcionalidade "comentário" do processador de texto. O procedimento é ilustrado na figura 2.

Figura 2 – Imagem do processo de codificação aberta no processador de texto (elaboração própria, 2015)


Findo o processo de codificação aberta, os incidentes identificados foram em seguida "copiados" e "colados" num novo outro documento word sob o título de código apropriado, como consta no exemplo abaixo indicado:

Código 1

Incidente a
Incidente b
Etc.

Código 2

Incidente c
Incidente d
Etc.

Em seguida utilizámos a funcionalidade "destaque" do mesmo processador de texto para lograrmos suprimir os incidentes com o fito de apenas deixar visíveis os códigos para, assim, podermos comparar códigos com códigos. Posteriormente, expandimos os códigos para podermos ver os incidentes e facilitarmos a comparação de incidente com incidente no interior de um código e logo após cotejámos incidentes através de códigos. O processo é evidenciado na figura 3.

Figura 3 - Imagem do método de comparação constante no processador de texto (elaboração própria, 2015)


Na sequência escrevemos memorandos acerca dos códigos e das suas relações com outros códigos criando para tal um documento à parte como é visível na figura 4.

Figura 4 – Imagem da escrita de memorandos no processador de texto (elaboração própria, 2015)


Por outras palavras, íamos agrupando os incidentes sob as respetivas propriedades ou categorias e concomitantemente redigindo memorandos, respeitantes, por exemplo, à categoria "anfitrião". À medida que nos tornávamos mais experientes no processo de codificação verificávamos que os nomes que conferíamos aos incidentes os concetualizavam (ao invés de os descreverem). Ao passo que nos memorandos começávamos a destrinçar se os conceitos que estávamos a descobrir eram propriedades de um outro conceito ou se vigoravam autonomamente como conceitos.
Como temos vindo a referir, a TFC é um processo iterativo, pelo que tínhamos de analisar (i.e. codificar e escrever memorandos) cada entrevista antes de iniciarmos a próxima. Assim fomos desenvolvendo um banco de memorandos, cuja importância é abaixo destacada:

Students sometimes worry about the value of memoing and worry about not seeing the value of memoing and in the beginning of their researcher. They say it is not necessary when starting their research, but soon they understand its value and learn how important it is, and that they cannot do a GT without memos. With a rich memo bank it is easy to write up a working paper on a theory and also to see which concepts are saturated or not. Also when sorting the memos it becomes easy enough to see gaps in the emerging theory. (Sandgren citada por Glaser, 2014b)

Ademais este instrumento de pesquisa deve ser escrito no presente, abstraindo-nos na sua redação de pessoas, tempo e lugares.
Assim começamos a focalizar a nossa atenção analítica em comportamentos, designadamente na conduta do anfitrião em resposta às ações dos hóspedes, de modo a discernir as propriedades do hóspede e do anfitrião. Lobrigamos igualmente uma tipologia de anfitriões. No momento seguinte procuramos elevar o nosso nível de concetualização, saindo do detalhe para descortinar padrões. Ademais fomos perscrutar novamente as nossas entrevistas para delas extrairmos todos os incidentes que estivessem relacionados com o conceito "anfitrião". Com efeito, detetámos que alguns incidentes definiam "anfitrião"; alguns outros eram relativos aos seus comportamentos, outros tantos respeitavam o modo como o anfitrião se comportava em resposta aos hóspedes. Em breve emergiu também da nossa análise uma distinção entre "estilos de refuncionalização" (i.e. Clássico; Híbrido; Moderno). Acresce que para cada entrevista procurámos saber o que estava a acontecer aos participantes e quais eram as soluções que estes estavam a adotar para os problemas com que se confrontavam.
No tocante à escrita de memorandos, passámos a procurar áreas "cinzentas" de análise, e a registar escolhos que encontrávamos no percurso investigativo e tomadas de consciência. Todavia não abandonámos o método de comparação constante, uma vez que o empregámos para prosseguir o cotejo para o caso dos códigos mais relevantes, posto que ainda precisávamos de assegurar que os conceitos que ressumavam da análise eram fundamentados. De facto, Glaser e Strauss (1967 : 105) dividem o método da comparação constante em quatro fases:

(1) Comparing incidents applicable to each category, (2) integrating categories and their properties, (3) delimiting the theory, and (4) writing the theory. Although this method of generating theory is a continuously growing process – each stage after a time is transformed into the next – earlier stages do remain in operation simultaneously throughout the analysis and each provides continuous development to its successive stage until analysis is terminated.

Nesta fase elevámos o nível conceptual distinguindo propriedades que especificassem ou definissem os conceitos, dimensões que moldassem um conceito e graus que nos dessem a extensão de um conceito num continuum – e.g. categoria: "anfitrião"; propriedade: "apego"; dimensão: graus de "apego" (muito; pouco, etc.) (ver Glaser, 1978). Assim, procurando as propriedades do conceito "anfitrião" e determinando a sua variação pudemos definir as suas tipologias. Por outro lado, conseguimos evidenciar as condições estruturais em que os anfitriões operam (e.g. categoria "estrutura política").

A principal preocupação
O objetivo primeiro da TFC é identificar a principal preocupação dos participantes e o modo como estes a resolvem. Com efeito, nesta abordagem metodológica o problema de pesquisa emerge a partir dos testemunhos dos participantes, ao invés de ser preconcebido pelo analista. Portanto, para identificarmos a principal preocupação dos participantes e o processo pelo qual eles a solucionam, colocámos as questões supracitadas aos incidentes, comparámos incidente a incidente, código com código e, posteriormente, categoria com categoria. Este processo conduziu à emergência da principal preocupação e ao desenvolvimento de conceitos e categorias preliminares (cf. Andrews et al., 2012).
Não obstante, o procedimento foi paulatino. Inicialmente cuidámos que a principal preocupação dos anfitriões por aquisição poderia ser diferente da dos de linhagem. Ao pretendermos conhecer as motivações deste último tipo de anfitriões, a passagem da propriedade avultou como explicação provável para o seu comportamento. Fomo-nos apercebendo que os anfitriões de linhagem, em alguns casos, criavam uma Modalidade de Exploração da Hospedagem que incluía um contrato familiar onde se detalhava o modo como seria feita a transmissão e que estas diretrizes orientavam os seus comportamentos futuros. De facto, havia um imperativo de preservar os laços de família representados pela casa. Senão vejamos o seguinte depoimento de um proprietário:

Contudo, primeiro estão as pessoas. Tenho filhos. Se tivesse de lhes dar de comer e não tivesse dinheiro, venderia a casa. Porém, é um valor sentimental que não tem preço. Sou uma pessoa remediada, mas se me dessem 50 milhões de euros por esta casa ainda assim não a venderia, porque sei que não voltaria mais aqui para a rever. Mas, se me dissessem ficas com esta casa, mas os teus filhos não serão saudáveis, aí vendê-la-ia. Agora, por dinheiro, não a venderia nem por 50 milhões de euros, eu não quereria esse dinheiro. O bichinho que sinto está primeiro; os afetos; as pessoas. Sinto uma relação afetiva por em cada canto estar a fotografia do meu trisavô, que não conheci, mas que tem semelhanças com o meu pai. (Entrevista nº 8)

Assim, o que assegura a continuidade do património familiar é a transmissão da casa nas melhores condições possíveis à geração seguinte. Todavia, faltava saber se esta preocupação era comum também aos anfitriões por aquisição (i.e. aqueles que não têm uma ligação de parentesco ao fundador da casa). Ou será que estes participantes pretendem antes do que tudo engrandecer a reputação da casa? Para obtermos uma resposta à nossa demanda, entrevistámos ambos os tipos de proprietários iniciando a entrevista com a seguinte pergunta:

O que representa esta casa para si?

Depois de auscultarmos os participantes pertinentes para a amostragem teórica, chegámos à conclusão que ambos os tipos de anfitriões (de linhagem e por aquisição) comungavam da mesma preocupação principal, como ressuma no trecho de uma entrevista realizada a um anfitrião por aquisição:

Aqui passará garantidamente para a geração seguinte. A casa foi comprada em 1974. Há 21 anos que iniciamos a atividade e, portanto, a geração seguinte já está no terreno. É garantidamente para dar seguimento. Quando há conflitos de gerações – e há sempre – o conflito será sempre maior quando não há aceitação da geração anterior em relação às inovações da geração mais nova. (Entrevista nº 30)

De modo que, em seguida escrevemos um documento de trabalho. De facto, procedemos à redação deste instrumento quando concluímos a primeira classificação teórica dos memorandos e, por conseguinte, estes estavam aptos a ser redigidos. O objetivo do documento de trabalho (no inglês "working paper") é o de verter a teoria no papel por meio de um rascunho. Neste suporte descrevemos do seguinte modo a principal preocupação dos participantes «após mais de quatro dezenas de entrevistas, cheguei à conclusão que a principal preocupação dos participantes é a preservação da história (e da vinculação familiar) da casa. A forma de resolver esta preocupação é refuncionalizar!».

Identificação da categoria central e codificação seletiva
Há um momento em que o investigador passa a codificar seletivamente para uma variável central e em que a codificação aberta cessa. Glaser (1978) sugere que se delimite a teoria a uma única variável central (que frequentemente é um processo social básico). Tal não significa que as outras variáveis se extingam, mas a concentração da análise numa única variável central apenas rebaixa outras variáveis centrais potenciais para uma função de subordinação à variável principal.
Na realidade, nesta fase da análise, estávamos sobre pressão já que, volvidas vinte entrevistas, o banco de memorandos e a análise comparativa constante ainda não nos haviam conduzido a uma categoria central definitiva. Ou seja, faltava-nos elevar o nível de conceptualização de modo a desvendarmos uma categoria central e possivelmente quatro subcategorias e delimitarmos o nosso estudo ao modo como os nossos participantes abordam o seu problema capital. Glaser (1998 : 150) refere-se à decisão de encetar a codificação seletiva para uma categoria central nos seguintes termos:

Some people find this a brave move, since they are not sure that they have found the core category or that it correct to pursue. They must make this selection as it is one of the prime delimiters of grounded theory. By selective coding the theory is boiled down and codified, by saturation, more focused memos, selective theoretical sampling and the shift to a more focused theoretical perspective.

Finalmente, transcorridos cerca de dois anos de investigação, chegámos à categoria central: "refuncionalizando". Trata-se de uma variável que nos parecia interligar todas as preocupações primordiais dos participantes. A partir deste momento deixamos de codificar neutralmente e começamos a fazê-lo apenas para o código "refuncionalizando". Por outro lado, passámos a definir esta categoria relativamente às suas propriedades. Apercebemo-nos ainda que esta refuncionalização é enformada por uma estrutura. Neste sentido, alguns comportamentos dos anfitriões que não se enquadravam na categoria central foram postergados. Tal sucedeu com as atitudes que remontavam ao estabelecimento da casa. Logo, nesta fase privilegiámos a análise dos comportamentos no presente.

Classificação de memorandos e codificação teórica
Antes de iniciar a classificação de memorandos, o investigador já verteu para o papel as generalizações conceptuais – arduamente obtidas – relativas ao modo como uma categoria central resolve continuamente a preocupação principal traduzida nos memorandos. Logo, o analista dispõem agora de um banco de memorandos amadurecidos que clamam por serem classificados numa teoria (Glaser, 2012).
Assim antes de entabularmos a classificação dos memorandos lemos o compêndio de Glaser (2005) relativo aos códigos teóricos o que nos permitiu integrá-los conceptualmente melhor. O mesmo autor distingue códigos teóricos de códigos substantivos: «there are basically two types of codes to generate: substantive and theoretical. Substantive codes conceptualize the empirical substance of the area of research. Theoretical codes conceptualize how substantive codes may relate to each other as hypotheses to be integrated into the theory» (Glaser, 1978 : 55).
Pelo que do nosso esforço de classificação sobreveio uma combinação de códigos teóricos: um processo social básico (para uma definição deste termo ver Glaser e Holton, 2005; Carrero Planes et al., 2006) "refuncionalizar" composto por duas etapas ("improvisando" e "profissionalizando"); uma tipologia de anfitriões ("anfitrião vocacionado"; "anfitrião não vocacionado"; "anfitrião de linhagem"; "anfitrião por aquisição"; "anfitrião iniciador"; "anfitrião continuador"; "anfitrião profissional"; "anfitrião manipulador") e três estilos de refuncionalização ("clássico", "híbrido" e "moderno"). Por outro lado, desenvolvemos um modelo de causalidade em ciclo vicioso ("menor dedicação" "menor pessoalização" "obtendo avaliações negativas da hospedagem" "reputação negativa da casa" "redução da sustentabilidade" "menor capital próprio" "menor ritmo/intensidade de recuperação da casa" "menor certeza de continuidade da casa") e, inversamente, um ciclo virtuoso ("maior dedicação" "maior pessoalização" "obtendo avaliações positivas da hospedagem" "reputação positiva da casa" "incremento da sustentabilidade" "maior capital próprio" "maior ritmo/intensidade de recuperação da casa" "maior certeza de continuidade da casa").
De início fizemos uma classificação preliminar dos memorandos por nomes de códigos para ver o que "vinha à tona". Depois classificamos também as relações entre conceitos. A título ilustrativo, fomos determinando as variações de comportamento por parte dos anfitriões perante enquadramentos legais mais severos, mais suaves ou mesmo ausentes. A classificação de memorandos era feita por ideias concetuais. Por conseguinte, classificámos as ideias constantes nos nossos memorandos que se referiam aos conceitos e às relações dos conceitos entre si. A mecânica de preparação de memorandos compreendia a impressão das folhas A4 onde estes figuravam e o corte das mesmas utilizando um xis-ato para destacar as ideias mais relevantes para a teoria emergente. Em seguida recolhíamos o primeiro pedaço de papel da pilha de memorandos e, se vislumbrássemos mais do que uma ideia nele, cortávamo-lo em seções. Por outro lado, deixávamos emergir a relação cinética entre os vários papéis que retirávamos da pilha. Em seguida amontoávamos os papelinhos que se relacionavam, com a designação da ideia no topo ou deixávamo-los isolados à espera que emergisse uma ideia. A relação entre os pedaços de papel conduzia à concetualização (um exemplo de relação deste tipo pode ser a dimensão "realizando-se mais"/"realizando-se menos"). Posteriormente escrevemos o já mencionado documento de trabalho de mais de meia centena de páginas onde figuravam os frutos do nosso trabalho de classificação, sem florilégios de gramática, ortografia, pontuação, sintaxe ou formatação. Este exercício ajudou-nos a elevar o nosso nível de concetualização.
Depois disso, fizemos mais uma classificação de memorandos procurando evidenciar padrões de comportamento e estruturas. Com efeito, reiteramos a análise de memorandos referentes à categoria "anfitrião", para entendermos se estes eram definidos pelas suas propriedades.
Além disso classificámos os memorandos remanescentes procurando, por exemplo, compreender o que a Modalidade de Exploração da Hospedagem oferecia aos hóspedes. Neste momento tentámos intensificar o ritmo de classificação procurando captar memorandos que denotassem padrões. Contudo, quedamo-nos com um elevado número de memorandos (150 páginas A4), pelo que excluímos alguns demasiado vinculados aos dados. Quando terminámos a segunda sessão de classificação de memorandos escrevemos o seguinte memorando:

Termino agora o segundo sorting com vários conceitos que remetem para comportamento: hospedando; criando uma reputação; dedicando; recuperando; sustentando; valorizando; contactando; Modelo Económico da Casa; Pessoalizando; Integrando; Profissionalizando; Transmitindo; Envolvente; Fruindo; Casa; Estrutura Política; Financiando; Modelo Económico da Casa. Seguidamente irei classificar cada um destes conceitos procurando evidenciar propriedades, dimensões e graus das categorias.

Na sessão subsequente, a terceira, entabulei a classificação relacionando os memorandos com a categoria central "refuncionalizando". Neste momento também cessámos a nossa relação de supervisão metodológica uma vez que estávamos convencidos de que já dispúnhamos de uma teoria sólida, a despeito da nossa metodóloga ser da opinião que ainda podíamos elevar mais o nosso nível de conceptualização e delimitar o nosso estudo ao modo como os nossos participantes solucionam a sua principal preocupação.
De facto esta fase do processo revelou-se problemática para nós, pelo facto de termos acumulado uma multiplicidade de memorandos. Por esta razão a nossa classificação de memorandos era demorada e entediante (poderia demorar vários dias e até semanas). Debalde tentámos classificar de um modo fluído e espontâneo os memorandos. Para solucionar o problema ensaiámos restringir-nos apenas aos novos memorandos e aos "melhores" memorandos da fase mais recuada do estudo para granjear ideias conceptuais. Não obstante, revelou-se impossível para nós resumir o afã classificativo a 2 ou 3 horas para ver o que emergia, tal como nos havia sido solicitado pela nossa metodóloga.
Ainda que não tenhamos delimitado a nossa teoria substantiva ao máximo, o que conduziria, eventualmente, a uma maior redução do número de categorias e uma teoria com um menor conjunto de conceitos de alto nível, estamos em crer que o resultado final é sólido e que se adequa aos critérios de aderência aos dados, relevância, de funcionamento e de modificabilidade que são indispensáveis a uma TFC (ver Tarozzi, 2008).


Considerações finais

Nestas linhas procurámos apresentar os aspetos metodológicos essenciais da investigação empírica que temos vindo a desenvolver e que procura dar a conhecer o modo como os proprietários de casas senhoriais resolvem a principal preocupação com que se confrontam na prossecução da sua tarefa de anfitriões de empreendimentos de Turismo de Habitação. Desta forma, pretendemos demonstrar a potencialidade da TFC para extrapolar a partir de uma unidade social de análise (a casa senhorial de Turismo de Habitação) de modo a que a teoria resultante seja aplicável a um sem-número de situações quotidianas no seio daquela área substantiva e não apenas a um tipo único de cenário.
Do mesmo modo, ao longo desta exposição foi evidenciada a forma como foram recolhidos os dados através da Observação Participante e de entrevistas não-estruturadas e os métodos de análise de dados utilizados para gerar uma Teoria Fundamentada do Turismo de Habitação, designadamente: codificação aberta; método comparativo constante; amostragem teórica; escrita de memorandos; codificação seletiva; classificação de memorandos; codificação teórica e escrita teórica.


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