Uma visão tradicionalista

July 22, 2017 | Autor: Edouard Rix | Categoria: Integral Traditionalism, Julius Evola
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Uma visão tradicionalista

Por que combatemos? Esta é a questão fundamental que todo o soldado
político deve colocar. Por contraditório que possa parecer somos tentados a
responder que lutamos pela Tradição e pela Revolução.

A Tradição

Antes de mais não se deve confundir a Tradição com as tradições, isto é, os
usos e costumes.

A Tradição designa o conjunto dos conhecimentos de ordem superior
referentes ao Ser e suas manifestações no mundo, tal como nos foram legados
pelas gerações anteriores. Ela assenta não no que foi uma vez, num tempo e
espaço determinados, mas no que é de sempre. Admite uma variedade de formas
– as tradições –, ao mesmo tempo que permanece una na sua essência. Não
poderíamos confundi-la com a tradição religiosa única porque ela cobre a
totalidade das actividades humanas, políticas, económicas, sociais, etc.

No seguimento de Joseph de Maistre, de Fabre d'Olivet e, sobretudo, de René
Guénon, Julius Evola fala de uma «Tradição primordial» que, historicamente,
permitiria contemplar a origem concreta de um conjunto de tradições. Tratar-
se-ia de uma tradição hiperbórea, vinda do Extremo Norte, situada no começo
do presente ciclo de civilização, em particular das culturas indo-
europeias.

Do ponto de vista de Evola «uma civilização ou uma sociedade é tradicional
quando é regida por princípios que transcendem o que é meramente humano e
individual, quando todas as suas formas vêm do cimo e quando ela está toda
orientada para o alto». A civilização tradicional assenta então em
fundamentos metafísicos. É caracterizada pelo reconhecimento de uma ordem
superior a tudo o que é humano e contingente, pela presença e autoridade de
elites que retiram desse plano transcendente os princípios necessários para
assegurar uma organização social hierarquicamente articulada, abrindo as
vias para um conhecimento superior e conferindo por fim à vida um sentido
vertical.

O mundo moderno é quanto a ele o oposto do mundo da Tradição que se
personificou em todas as grandes civilizações do Ocidente e Oriente. É-lhe
próprio o desconhecimento de tudo o que é superior ao homem, uma
dessacralização generalizada, o materialismo, a confusão de castas e raças.

A Revolução

Quanto ao termo Revolução deve ser entendido na sua dupla acepção. No seu
sentido actual, o mais correntemente utilizado, Revolução significa mudança
brusca e radical no governo de um Estado, a Revolução francesa e a
Revolução soviética de 1917 são uma ilustração perfeita.

Não obstante, no seu sentido primeiro, Revolução não significa subversão e
revolta mas o contrário, a saber, regresso a um ponto de partida e
movimento ordenado em torno de um eixo. É assim que, na linguagem
astronómica, a revolução de um astro designa precisamente o movimento que
ele realiza gravitando em torno de um centro, o qual contém a força
centrífuga, impedindo o astro de se perder no espaço infinito.
Ora nós estamos hoje no fim de um ciclo. Com a regressão das estirpes, a
descida progressiva da autoridade de uma a outra das quatro funções
tradicionais, o poder passou dos reis sagrados a uma aristocracia
guerreira, depois aos comerciantes, por fim às massas. É a idade de ferro,
o Kalî-Yuga ariano, idade sombra da decadência, caracterizada pelo reino da
quantidade, do número, das massas, e a correria desenfreada à produção, ao
lucro, à riqueza material.

Ser pela Revolução hoje, é pretender o regresso da nossa civilização
europeia a um ponto de partida original, conforme aos valores e aos
princípios da Tradição, o que passa, reivindicando a expressão de Giorgio
Freda, pela «desintegração do sistema» actual, antítese do mundo
tradicional ao qual aspiramos.

Edouard Rix
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