Universidade do Estado do Pará - Projeto de Joias conceituais

June 2, 2017 | Autor: E. De Alexandria ... | Categoria: Design, Design Research, Design De Joias, Crise Hídrica, Arte-joalheria
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Descrição do Produto




Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/hino.htm> acesso em: 28/03/2016.



Universidade do Estado do Pará
Centro de ciências naturais e tecnologia
Curso de bacharelado em design
Núcleo de Paragominas - campus VI


ELIZANDRA DE ALEXANDRIA MOREIRA




CRISE HÍDRICA E DESIGN DE JOIAS: Desenvolvimento de Joias conceituais que retratam a visceral dependência do homem por água.





PARAGOMINAS/PA
2016





ELIZANDRA DE ALEXANDRIA MOREIRA







CRISE HÍDRICA E DESIGN DE JOIAS: DESENVOLVIMENTO DE JOIAS CONCEITUAIS QUE RETRATAM A VISCERAL DEPENDÊNCIA DO HOMEM DE ÁGUA.




Projeto de Pesquisa apresentado como requisito parcial para avaliação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso I, pelo Curso de Bacharelado em Design na Universidade do Estado do Pará – UEPA, Campus VI. Área de concentração: Joias
Orientador (a): Profº João Roberto Soares




PARAGOMINAS/PA
2016
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO......................................................................................03
TEMA: TITULO.....................................................................................03
PROBLEMA..........................................................................................03
JUSTIFICATIVA....................................................................................04
HIPOTESES..........................................................................................05
OBJETIVOS..........................................................................................06
Objetivo geral......................................................................................06
Objetivos específicos.........................................................................06
METODOLOGIA...................................................................................06
REFERENCIAL TEORICO...................................................................08 8.1 Arte contemporânea ...........................................................................08
8.2 Joia conceitual.....................................................................................10
8.3 Crise hidrica.........................................................................................11
8.4 Bibliografia especializada...................................................................13
8.4.1 Conversa entre Design, Joia e Arte.......................................................13
8.4.2 Da fantasia a realidade..........................................................................15
SUMÁRIO COMENTADO......................................................................17
CRONOGRAMA.....................................................................................19
RECURSO..............................................................................................20
REFERÊNCIA...........................................................................................21








1. INTRODUÇÃO
O seguinte projeto discutirá três grandes temas que serão a crise hídrica, o design de joias, e a contemporaneidade. No primeiro será abordado a água, a sua falta e o reflexo disso, o segundo falará da questão simbólica da joia até chegar na sua atual reflexão e o último discutirá como serviu de base para a mudança da joia. Os três estudos são necessários para entender o preâmbulo necessário para resolver o problema proposto, e ao mesmo tempo realizando a discursão de até onde vai os limites da joia e reafirmando um dos maiores problemas da atualidade que é a falta d'água.


2. TEMA: TÍTULO
CRISE HÍDRICA E DESIGN DE JOIAS: Desenvolvimento de joias conceituais que retratam a visceral dependência do homem por água.


3. PROBLEMA
"Do que a terra mais garrida; teus risonhos lindos campos têm mais flores, 'nossos bosques têm mais vida', 'nossa vida' no teu seio, ' mais amores" . A ideia do Brasil como um país tropical e exuberante pela sua natureza é tão pregnante que imaginá-lo em uma situação contraria é quase irreal. E perceber a falta de água é mais fácil quando não se vê o verde provocado por ela, ele cega os olhos, não deixando perceber o perigo eminente da escassez.
Raquel Sodré em seu texto: Água: propriedade privada, no site Superinteressante, menciona muitos trechos de Maude Barlow, uma ativista canadense co-fundadora do projeto Cidade Azul que presa a água como um bem público e coletivo, no qual defende questões sobre a água e o direito humano a ela, entre essas menções há o seguinte discurso de Maude na qual faz um alerta ao Brasil:

Digo sempre que vocês precisam olhar para essas políticas [de acesso à água], porque vocês têm secas terríveis em seu país. Vocês estão secando a água de superfície rápido demais. O Brasil, como o Canadá, tem o mito da abundância e pensa que sua água nunca irá acabar. Mas isso não é verdade, e secas como as que estamos vendo em São Paulo, por exemplo, mostram isso. (SODRÉ, s/d, apoud BARLOW, s/d, não paginado)

Por isso é através de tragédias como a citada a cima que a necessidade se mostra. Onde o cidadão sentiu no seu dia a dia, no seu próprio corpo a falta d'água e a sua dependência dela. Então, como transmitir a necessidade do homem pela água em formas de joias conceituais, tornando-as uma alerta para o perigo silencioso da escassez de água?


4. JUSTIFICATIVA
Olhando pela visão de um astronauta em orbita, a água é o elemento mais visível, ocupando 75% do planeta, levantando a questão: por que não planeta Água? Sendo componente inorgânico mais abundante na matéria viva e fazendo parte de dois terços do corpo humano, sua presença aumenta mais ainda se incluir os animais aquáticos, que em alguns casos chega a ser 98%, legumes, frutas e verduras. Esse elemento aparece em todos os âmbitos que cercam a vida na terra. Mas a soma das atividades dos seres humanos, junto ao aumento demográfico, vem requerendo maior dedicação ás necessidades do uso d'água para os diferentes fins, Mancuso e Santos (2006)
Por isso a importância desse recurso é tão grande, pois é possível achar diversos campos de estudos que a utilizam como objeto. Ela é um índice e a própria vida de um planeta, em virtude disso questões como o que fazer com o problema d'agua vem sendo cada vez mais pesquisado e discutido no meio cientifico. Deste modo estudar sua composição, benefícios e seus problemas é um passo a mais para a própria salvação da humanidade.
Assim como aumentar o volume de pesquisar sobre esse elemento, que tanto a sociedade é dependente, se torna fundamental para que a crise hídrica não caia no esquecimento e as informações cheguem aos habitantes do planeta, fazendo que os trabalhos para proteger os preciosos recursos d'água comecem de forma maciça. Vê este problema pelo âmbito de design, mostra o potencial da profissão de ser um agente transformado em seu planeta, não meramente um desenvolvedor de produtos por produtos, mas por produtos pensados em preocupação com o meio.
Pois segundo Favaro (2013) a atividade projetual gira em torno de soluções de problema, e isso é interessante a comunidade acadêmica pelo fato do conhecimento gerado por meio desse problema poderá ser comunicável e transferível, sendo resultado da autorreflexão que o profissional tem em relação a sua profissão. A universidade é geradora e comunicadora desse conhecimento, e por causa disso deve estar atenta aos aspectos na sociedade que está inserida, formando seres atuantes e transformadores. Sendo a crise hídrica silenciosa, passando despercebida ao olhar da população, mas com "gritos" pontuais para que seja notada, é papel do pesquisador, que o designer também é, perceber esse grito e potencializa-lo.
Partindo desse âmbito a joia conceitual ou joia arte, tem um grande potencial para a geração de impactos visuais, causando reflexões sobre o objeto. Essa visão sobre a joia deixa para trás questões como meros adornos e ganha ares de questionamento de tabus, então estudar sobre esse assunto possibilitara uma discussão de como o designer de joias pode usar suas criações para levantar questões de sua própria realidade. E por ainda ter essa relação com o corpo, ela se torna uma manifestação mais abrangente, pois a discursão atinge aquele que faz, que veste e o que vê, Ana Paula (2012)
Desde modo as duas pesquisas se encontram, pois, a necessidade de água se mostra em primeira instancia com a sede, em seguida, sua falta no meio provoca fome e doenças, modificando o corpo e atrofiando a vida. Porque não usar a joia arte para trabalhar esse conceito de dependência? Pois, devido ao fato desse ramo, segundo Ana Paula de Campos (2012), "conversar" com o corpo, sobre e para o próprio corpo.


5. HIPÓTESES
O ser humano é submisso a agua devido ao fato desse elemento representar 40% a 80% do peso do seu corpo, sendo responsável pelo pleno funcionamento vitais dos órgãos; deste modo é alarmante a estatística que prevê que em 2025 dois terços da população do planeta pode ser comprometida pela escassez de água;
A joia é mais que um elemento de adorno, é comunicação, pois ela é documentos históricos que sobrevive ao tempo, representando através dos séculos o insigne, o magico, o poder, o esotérico, a riqueza entre outros valores;
A obra conceitual estar relacionada com a própria arte. Influência da pela última a joia conceitual rompeu com questões decorativas e mercadológicas, e renascendo como desafio a convenções e percepções, levantando questões e abrindo novos caminhos, com foco sempre no mundo das ideias.


6. OBJETIVOS
6.1 Objetivo Geral
Desenvolver uma coleção de joias conceituais que retratam a visceral dependência do homem d'agua

6.2 Objetivos Específicos
Estudar a joia como agente comunicador, carregadora de história, valor, sentimentos e levantadora de questões devido a sua aproximação com a arte contemporânea;
Descrever a importância do elemento água, a crise que a ronda e a relação entre a abundância de água e o descaso com a mesma;
Projetar joias com inspiração e aspectos retiradas da pesquisa;


7. METODOLOGIA
Para desenvolver o projeto de pesquisa a metodologia que será utilizada terá uma abordagem por meio do método Dialético que, segundo Marconi e Lakatos (2010), no livro, Fundamentos de Metodologia científica, analisa o objeto não como algo fixo, mas em movimento, sendo que nada está acabado mais em eterna transformação, onde o fim de uma etapa será o início de outra. De acordo com os autores são quatro as leis da Dialética: 1) A ação recíproca, unidade polar ou "tudo se relaciona"; 2) Mudança dialética, negação da negação ou "tudo se transforma"; 3) passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa; e 4) interpenetração dos contrários, contradição ou lutas dos contrários.
Sendo a água e joia os objetos da pesquisa será analisada primeiramente a ação reciproca: que levará em consideração do ponto de vista das qualidades que a determina e ao mesmo tempo explicam tanto a água, como a joia. Partindo para a segunda fase, "tudo se transforma", onde será analisado as negações – interrupções ou obstáculos – que a água encontra, que acabam provocando sua mudança, e as transformações que a joia obteve em relação ao tempo em que ela estava contida, pois o objeto é definido pelo meio e se esse meio se transforma o objeto também sofre a mesma ação. A mudança qualitativa da água, por sua vez, trará a discursão do elemento essencial para a vida se transformando improprio para ela, tornando até mesmo a causa da morte. No caso da joia será a sua transição de valores do decorativo a indagadora. Por último a interpretação dos contrários discorrerá qual o motor dessa mudança, que nos dois casos é a mudança da própria sociedade.
Partindo dessa abordagem, serão feitas pesquisas exploratórias, tanto sobre a crise hídrica como sobre a joia conceitual, pois segundo Gil (2008), o objetivo deste tipo de pesquisa é proporcionar maior intimidade com o problema, tornando-o mais explícito. Como é um levantamento de informações sobre o objeto estudado, essas informações serão de caráter qualitativos e quantitativos, adquiridas por meio de pesquisas bibliográficas. A vantagem desse tipo de pesquisa, comenta Gil (2008), consiste em permitir que o pesquisador tenha uma ampla cobertura de fenômenos do que pesquisas diretas, além de observar temas já pesquisados com uma nova abordagem, produzindo material novo.
Ao fim de toda a pesquisa seguirá a etapa projetual. Como na joia conceitual o conceito é a parte mais importante do projeto, a metodologia usada vai depender muito do seu criador. Para trabalhar essa area será tomada como base o método de Eliana Gola (2008) na qual define de uma forma simples: Briefing (proposta do trabalho, inspirações, levantamento de dados, imagens de inspiração), criação (elementos estudados, tendência) e produto.
A adaptação seguirá na seguinte forma: Briefing: a proposta do trabalho, será a definição do conceito que permeará todo o projeto de criação; ao passo que o levantamento de dados estará no corpo do projeto de pesquisa, a próxima etapa constituirá não somente em imagens de inspiração, mas de exploração de formas, palavras e sentimentos. Em virtude do fato que para a joalheria conceitual o material é mais do que suporte, e sim parte do conceito, será feito um estudo de materiais que atenderá essa característica. Na parte de criação: Seguirá os esboços das pesas, que serão definidas de acordo com os elementos estudados, não tendo estudo de tendência, pois o projeto não é de natureza comercial. Logo após a escolha das propostas, e em seguida prosseguirá a produção da coleção. E ao final se dará as considerações finais


8. REFERENCIAL TEÓRICO
Segue os principais teóricos que serão usadas para basearem a pesquisa deste projeto, que serão divididos em três grandes temas no qual permearão palavras chave como: Água, Escassez, Joias e Arte.

8.1 Arte Contemporânea
Fernando Cocchiarale no seu livro Quem tem medo da arte contemporânea, que foi desenvolvido a partir de quatro aulas que foram dadas na Fundação Joaquim Naabusco em julho de 2003 no Recife, tem como objetivo fazer uma introdução para que o caminho para compreender a contemporaneidade se torne mais fácil, tanto que nos primeiros parágrafos ele discute que o medo da arte contemporânea se dar por não a compreender ou por conservadorismo ou por preferirem a clássica.
Então o que seria essa arte contemporânea? Cocchiarale (2006) discute que ela não é como sua antecessora, a arte moderna, um campo especializado, que buscava uma arte com autonomia ao campo temático, especialmente do naturalismo acadêmico. Mas em primariedade protegiam a arte da infiltração de elementos literários e narrativos (temas). Depois a arte moderna, mas precisamente a partir do impressionismo, acabou-se voltando para o próprio meios de produção, dando importância a matéria, linhas, percepção, textura entre outras, caindo de certa forma no formalismo. Depois de dar essa explicação Cocchiarale comenta como a arte contemporânea se comporta na seguinte citação.

A arte contemporânea, de modo inverso e na contramão dessa tendência, esparramou-se para além do campo especializado construído pelo modernismo e passou a buscar uma interface com quase todas as outras artes e, mais, com a própria vida, tornando-se uma coisa espraiada e contaminada por temas que não são da própria arte. Se a arte contemporânea dá medo é por ser abrangente demais e muito próxima da vida. (COCCHIARALE, 2006, p. 16)

Baseado nesse viés da arte contemporânea que será definido o caminho da joia conceitual para o projeto, onde se bebe de várias fontes e tem uma ligação com a própria vida, como será visto melhor no próximo tópico.
Importante acrescentar também que essa mudança de paradigmas exposta na citação a cima se dá de forma equivalente as transformações que a sociedade sofre. O autor fala que no mundo moderno campos como disciplinas e profissões eram definidas por conhecimento de especialistas, já no mundo contemporâneo, no entanto, questões como individuo, sujeito, identidade e unidade estão passando por crise. Desse modo a arte contemporânea, segundo ele, não pode ser entendida pela ótica de críticos de arte, por exemplo, não porque eles desapareceram, mas sim pelo fato de suas opiniões não possuírem mais tanto peso e estão sujeitos a multidisciplinaridade exposta pela contemporaneidade, como explica o seguinte trecho:
As identidades no mundo contemporâneo não podem mais ser pensadas como uma plantação (onde cada planta tem a sua raiz) porque ele está em rede. E não estou falando só da internet. Uma rede em que a identidade migra de um canto para outro. Mas de todas as relações que antes supunham identidades estáveis em todos os níveis. Hoje termos "n" identidades, e não mais uma só. (Ibid, p. 18)

Essa sociedade contemporânea que Cocchiarale exemplifica também será usada para a pesquisa, pois como já discutido acima o produto de uma sociedade é um reflexo da mesma. Por isso a relevância em discutir a contemporaneidade, porque devido a essas "n" identidades, a arte faz uso de diferentes plataformas (meios) para atingir essa sociedade. O que acaba ocasionando perguntas como: o que é arte? Tudo é arte? Ou isso é arte? O autor responde essa questão com a seguinte afirmação.

No Egito não há expressão individual. A arte egípcia foi praticamente a mesma durante dois mil anos. Para Gombrich se não existe arte em todas as culturas – no sentido que nós conhecemos -, pelo menos, podemos dizer que todas as culturas possuem artistas. Porque mesmo em objetos cuja função não era simplesmente contemplativa, eles usaram a simetria, puseram questões simbólicas, então: ele concorda que podemos falar de artistas desde a origem do homem. O que não podemos é falar de arte porque sua função muda, de quando em quando, historicamente. Portanto, ao invés de recusarmos a produção contemporânea em nome das teorias artísticas modernas, devemos procurar entender quais razões que estão por trás de seu argumento. (Ibid, p. 45)

Cocchiarale neste trecho afirma que a necessidade do homem de se expressar e de se realizar quanto individuo não é tão antiga como pensamos, questionando o fato de tentamos definir o que é arte, se a concepção de arte vai mudando de acordo com as pessoas que vivem no mesmo período que ela. Para ele é preciso deixar preceitos outrora estabelecidos e abrir a mente para entender a arte contemporânea, como ela se apresenta agora: em com diferentes palcos e suporte. Essa leitura acaba sendo feita para a própria joia, deixando ideia já estabelecidas para trás e explorando de forma nova o corpo, materiais e conceito.

8.2 Joias Conceituais
A seguinte tese de Ana Paula de Campos: Arte-joalheria: uma cartografia pessoal, se propõe a discutir a joalheria arte como um objeto que permite o pensar e o produzir de modo poético, onde o conceito é o centro do projeto, desvinculando-se de materiais preciosos e da função decorativa, que é o caso da presente pesquisa.
Partindo de sua cartografia pessoal Ana Paula afirma que ao parar de pensar na joia com definições já estabelecidas e conhecidas, e se guiar por parâmetros mais sensíveis e intuitivos, a quebra de barreias na criação das pesas se torna mais fluida. Sendo essa reflexão base para a concepção das joias desta pesquisa.
A autora cita também uma opinião de Ruudt Peters, artista mexicano, que ministrou o workshop: Influsión de joyería contemporânea, no qual diz em relação ao pensamento clássico da joalheria o seguinte:

Ruudt Peters explicitou ao longo de todo o workshop sua opinião sobre como a mente dos joalheiros encolhe sempre que pensam seu trabalho a partir do conceito de joia. Defendeu que é preciso dessacralizá–la, retirá–la de um lugar imaginário onde ela torna–se quase uma religião. (CAMPOS, 2011, p.44)

Ou seja, saindo de campos conhecidos e explorando além da própria área é o caminho para inovações e novas discursões. De igual maneira Ana Paula afirma a simbologia que a joia passou por entre as eras, como exibição de status, passando por sedução, proteção, permanência, entre outros, mais sempre vinculado com o desejo. Entretendo "ainda que emblemática imagem de 'objeto de desejo', a joia não é um destino em si, mas meio que põe o sujeito em diálogo com o outro" (CAMPOS, 2011b, p. 45)
Esse diálogo que Ana Paula menciona está diretamente ligado com a relação de joia e corpo. Pois olhando pelo âmbito da joia como ornamento o corpo se torna um suporte e como vitrines, já olhando pelos aspectos da joalheria contemporânea o corpo suporta o peso da pesa, mas fazendo parte dela, sendo tão precioso quanto o material nela empregado e ao mesmo tempo o próprio local para exibição. Por causa disso a joia tem a possibilidade de ir ao encontro do público, demostrando o potencial da joalheria em ser um agente comunicador, explica a autora.
Ana Paula de Compos esclarece essa interação/relação, embasando a escolha da joia para ser objeto de discussão sobre a falta de água, no seguinte trecho:

Ao constituir uma experiência direta de interação, a joia exige do corpo–suporte uma reação imediata, seja um ajuste de posição, uma adaptação do gesto, uma contenção do movimento. Há que se adaptar e responder ao objeto enquanto este estiver no corpo, configurando assim uma relação de intimidade. (Ibid, p. 64)



8.3 Crise Hídrica
Vanessa Barbosa, jornalista especializada em meio ambiente e energia diz logo de início de seu livro: A última Gota.

O maior problema do homem é a água. E o maior problema da água é o Homem. A ironia é que só nos damos conta disso quando atingimos o fundo do poço: a fonte acaba e o homem padece. Quem tem culpa se vivemos uma ilusão? Até que a realidade se impõe. O drama provocado pela estiagem histórica em São Paulo nos impele a erguer as mãos bem alto — não para rezar para São Pedro, nada disso — e levantar o véu para enxergar a crise silenciosa que a água, em sua transparência e generosidade, não nos conta. (BARBOSA, 2014, p. 09)

Nessa obra Vanessa levanta questões com relação principalmente a esta crise hídrica que em São Paulo, e como ela mesma afirma acima, essa falta de água só é percebida quando causa resultados visíveis, secas por exemplo. Ela ainda ressalta a população está crescendo " em 2050, seremos quase dez bilhões pressionando um recurso que é finito" (BARBOSA, 2014b, p. 09). Mais pessoas em um planeta, menos água para o consumo, essa conta vai fechar e segundo Barbosa, essa falta vai causar mais que sede, vai causar guerras.
O uso do livro A última gota, traz discursões, estatísticas, causas e efeitos dessa falta d'água, sendo uma boa base para pesquisa nesse campo especifico. Um dos dados essencial, por exemplo, é divisão desse valoroso recurso pelo planeta:

Apenas uma pequena fração está disponível para consumo humano: 97,5% de toda água do planeta é salgada, enquanto a água doce, da qual muitos organismos vivos dependem, incluindo nós, representa nada mais do que 2,5% do total, sendo que cerca de 75% disso está preso em calotas polares e glaciares, e outra parte encontra-se em aquíferos. Na prática, menos de 1% da água do planeta está disponível em locais de fácil acesso, como rios e lagos, para abastecer e alimentar seus 7,2 bilhões de habitantes e outros animais. (Ibid, p. 11)

Segundo a autora essa estatística nos mostra o quanto nos deixamos enganar pelas águas dos oceanos que nos cercam e dos rios que nos abastecem. E por causa dessa percepção, ela continua, não atentamos para o cuidado com a água, que acaba ocasionando desperdícios, poluição e secas. Vencer esse problema se torna difícil, diz Barbosa, especialmente pelo fato de nossa propensão para a deterioração da água ter crescimento aritmético, enquanto as ações para selecionar essa crise crescem de forma geométrica. Vanessa exemplifica ainda mais no seguinte texto:

Diferentemente de outras populações animais, as sociedades modernas, com sua superprodução, superconsumo e megaprojetos, representam uma carga indigesta para os ecossistemas aquáticos, capaz de interferir sobremaneira no ciclo da água, afetando a sua oferta em qualidade e quantidade, até mais do que as variabilidades naturais e peculiaridades climáticas. (Ibid, p. 16)

A autora de A última gota contribui para a pesquisa de forma ampla, pois discute a escassez desde o desperdício na porta de casa, até a grande indústria. Levando em conta os deveres políticos e dos cidadãos, ressaltando que a luta pela água é um dever de todos.

8.4 Bibliografia Especializada
Os autores, livros, teses e artigos a seguir serão usados para complementarem o referencial teórico, para melhor exploração dos temas propostos.

8.4.1 Conversa entre design, joia e arte
Para relacionar esses três temas foi escolhido a discursão sobre o Design conceitual. E o autor proposto é o designer Carlo Franzato, que no artigo O processo de criação no design conceitual, explorando o potencial reflexivo e dialético do projeto, afirma que:

No design conceitual, os designers exploram as potencialidades reflexivas e dialéticas do processo de criação do design, abrindo espaço para pensar e discutir os assuntos mais diversos. Os designers que escolhem tal abordagem se expressam por meio de maquetes, artefatos únicos, pequenas produções ou auto-produções, ou seja, formas que ficam longe da produção em série e não cabem em lógicas comerciais. Trata-se de profissionais que usam suas competências para tratar de questões que transpõem os limites disciplinares, para formular teses a respeito e expô-las publicamente. (FRANZATO, 2011, p. 2)

Discursões dialéticas e reflexivas e mais especificamente autoproduções conversam diretamente com parâmetros da joalheria-arte, demostrando que essas duas áreas, Design e arte, possuem pontos que se conectam e conversão. Um exemplo é quando Carlo afirma acima, que o conceitual leva o profissional de design a transpor os limites disciplinares para gerar discursão, conceitos que joia conceitual também se propõe. E esse "sentido, não deve ser entendido como uma nova especialização disciplinar e colocado ao lado, por exemplo, do design de produto ou gráfico, mas sim como uma abordagem transversal às diversas especializações" (ibid, p. 4)
No entanto para se chegar a essa discussão é importante analisar como o caráter simbólico da joia se desenvolveu ao longo dos anos. Eliana Gola, em seu livro A joia, História e Design faz a divisão das épocas em que a joia estava presente e o seu respectivo valor simbólico, pois segundo ela "assim, em sua materialidade de adorno, a joia sempre está acompanhada de significados que a tornam um objeto simbólico. (2008, p. 16). Eliana também afirma que:

Na história da humanidade, pelas variadas funções que assume em deferentes épocas e culturas distintas, a joia sempre esteve presente. É moeda universal que não perde seu valor material, é documento que resiste ao tempo, é patrimônio impregnado de sentimentos e de história. (GOLA, 2008, p. 15)

Essa afirmação e o resto do conteúdo do livro permitirá a esta pesquisa explorar esse valor histórico da joia, preparando-se para a discussão de seu valor simbólico e conceitual da joia contemporânea.
Mirla Fernandes Ribeiro, que assim como Ana Paula de Campos estuda a joalheria-arte, define em sua dissertação Diálogos em Linha que arte-joalheria é "campo que se apresenta como resultado de intercâmbios e contaminações com outras linguagens e práticas em arte contemporânea" (RIBEIRO, 2013, p.7). E por causa dessa relação a nova joia ganhou um caráter que segundo Mirla podem ser percebem da seguinte forma:

No cenário, atual tem-se que os trabalhos de arte-joalheria não podem ser entendidos apenas por uma escolha estética, diferenciada da joalheria tradicional através da materialidade diferenciada, mas, também, pela integridade do uso de estratégias artísticas e processos, definidos a partir de um questionamento conceitual. (Ibid, p.43)

E para se definir melhor o questionamento conceitual que permeará o projeto, seguirá as obras que complementaram a discursão feita por Vanessa Barbosa.

8.4.2 Da Fantasia a realidade

A refrescante Casa dos Vidros de Água. Chego à sua porta, todos os dias, às dez e quarenta. Tenho meia hora para passear por dentro dela, sentindo a tranquilidade que existe ali. Há dois anos não consigo começar o meu dia sem entrar e visitar a Casa. Cada dia uma seção, vagarosamente. (BRANDÃO, 2012, p. 14)

O texto acima pertence ao livro Não Verás País Nenhum, do autor Ignácio de Loyola Brandão. Sendo um livro ficcional, que se passa em 2003 em um mundo sem água, com calor constante, miséria, um governo autoritário e Souza, personagem que na citação acima não consegue seguir para o trabalho sem passar pela Casa dos Vidros de Água.
O conteúdo do livro é tão realístico que críticas o consideravam profético. 2003 passou, mas se considerar que seu lançamento foi em 1981 seu enredo se torna mais impactante, tamanho a perfeição de seu relato. Que se comparados com livros que estudam a escassez de água cientificamente, sua ficção vira um relata quase que totalmente verídico, por isso sua escolha para complementar o estudo.
Em contraste a esse âmbito, Samuel Murggel Branco no seu livro Água - Origem, uso e preservação, com uma abordagem cientificas, discute a questão da água desde a sua chegada no planeta, as transformações que esse elemento fez ao chegar no planeta, sua contribuição para a vida e o início da crescente dependência desse elemento. Que segundo Branco iniciou com "a passagem dos seres vivos do mar para a terra firme" que "apresentou uma série de problemas em razão da necessidade de evitar a perda excessiva de água. (2010, p. 23)
Além disso Samuel também trata a relação de descaso atual com a água assim como Vanessa Barbosa:

Apesar disso, poucos de nós dão atenção, à origem, às propriedades peculiares e à distribuição cíclica desse interessante elemento da natureza. Talvez por ser muito abundante ele se tornou tão banal que sua presença – embora indispensável – não nos chama muito a atenção. Ao prepararmos um bolo ou a argamassa para uma construção ou mesmo uma composição química ou farmacêutica, preocupamo-nos com a natureza e as particularidades de cada um dos componentes da receita, mas a água... é a água, simplesmente! (BRANCO, 2010, p. 8)

Por sua vez o livro de Célia Jurema Aito Victorino: Planeta Água Morrendo De Sede: Uma Visão Analítica Na Metodologia Do Uso E Abuso Dos Recursos Hídricos, vem mostrar que a discursão sobre "o suprimento de água potável é considerado pelos especialistas um dos temas mais importantes do século XXI. " (2007, p. 43). Debatendo, principalmente as mudanças que precisam ser feitas, pois as gerações futuras é que sofreram com a falta de ação da sociedade atual, como Célia explica nesse trecho:

"A dificuldade de acesso à água potável, neste início de século, está nos forçando a repensar nossos conceitos de estabilidade, dependência e responsabilidade, bem como nossa percepção sobre sustentabilidade do planeta e das futuras gerações. (VICTORINO, 2010, p. 72)

Sendo mais um dos livros para embasar o quão alarmante é a situação da água no Brasil e no mundo, reforçando ainda mais a justificativa para a pesquisa desse projeto.


9. SUMÁRIO COMENTADO
1. INTRODUÇÃO
2. ARTE
2.1 – A Sociedade Contemporânea
Essa seção irá discorrer sobre o comportamento das pessoas que a compõe e as mudanças que elas tiveram, causando a mudanças importantíssimas nas áreas de conhecimentos existentes como tecnologias, arte e Design;
2.2 – A Arte Contemporânea
Depois da primeira quebra na era moderna, com as ideias e os ideais clássicos da arte, a contemporaneidade trouxe para a arte plataformas e caminhos diferentes para explorar uma nova visão. Não somente contida em museus, mas em um movimento, em um muro ao lado, fotografias, em exposição no próprio corpo;
2.3 – Design Contemporâneo
Deixando a ideia de a forma segue a função o design contemporâneo ganha ares sentimental, de percepção e de valorização da ideia, e quando áreas como design conceitual e design de galeria se aproximam da arte;
2.4 – Arte X Design
Nesta divisão se fará uma relação entre os caminhos que a arte e o Design contemporâneos se comunicam. Não sendo visto como áreas isoladas, mas que se influenciam entre se.
3. JOIA
3.1 – Joia E Sua Transição
Este ponto fará um resumo das eras em forque na carga simbólica da joia, até sua fase atual na qual ouve mudanças significativas em relação a ideia de joia, sendo o início dessa mudança na década de 60. Que depois causou a divisão dessa área em três grandes caminhos: comercial, artesanal e conceitual.
3.2 – Comercial X Conceitual
A discursão que será feita nessa seção levaram em comparação dois tipos de joias: Comercial e conceitual, que mesmo estando de certa forma em uma era "contemporânea" seguiram para cominhos distintos.
3.3 – A Joalheria Arte
Bebendo de uma forma muito mais direta a valorização da ideia por trás do objeto, a joalheria arte usa o suporte da joia com a ideia conceitual de impacto da arte para transmitir sua mensagem.
3.4 – A Manifestação No Copo
Nessa parte será descrita que pelo fato da joia está ligada ao corpo era ganha um impacto maior em sua mensagem.
4. ÁGUA
4.1 – Elemento Vida
Nessa seção será apontado a água em sua composição e o porquê ele é esse elemento vida que tanto os seres vivos são dependentes. Levando por um lado mais amplo, já que vai discutir questões que corresponde a todo o planeta
4.2 – Cuidado X Descaso
Essa parte estará contida a relação de lugares e ações que possuem um cuidado maior com a água, conseguem contornar a sua falta, mas o descaso com esse elemento leva aos poucos o não uso da água, seja pela falta, seja pelo fato de não ser mais própria para o uso e consumo humano. Além do fato de apresentar o seguinte questionamento: Estamos cegos pelo verde ao nosso redor e não percebemos a seca que silenciosamente nos cerca? Além disso a discursão será levada as grandes metrópoles onde essa comparação será mais aparente.
4.3 – Volume Morto
Dessa vez com foco no brasil descreverá secas como no Nordeste, a atual crise de São Paulo e a seca do maior rio do planeta: amazonas. Além da água inapropriada para o consumo, como os rios que passam por grandes metrópoles: Belém e São Paulo.
4.4 – E agora josé?
Previsões para o futuro da crise hídrica, mas com um enfoque maior na discussão da consequência de uma crise hídrica no norte do pais, a morte da floresta e rios que tanto a região se orgulha.
5. CRIAÇÃO
5.1 – Conceito
Feito a pesquisa, ocorrerá a análise dos aspectos dos objetos de estudo e será definido o conceito que percorrerá a parte projetual, buscando caminhos que responderam à pergunta do projeto de pesquisa.
5.2 – Inspiração
Será selecionado imagem, frases e sentimentos que expõe esse conceito para servi como material de inspiração para as pesas.
5.3 – Materiais
Nessa parte será feito um estudo sobre o material escolhido e como ele contribuirá para o conceito da coleção
5.4 – Esboços
Desenhos feitos a partir da inspiração
5.5 – Coleção
Imagens da coleção pronta.


10. CRONOGRAMA
Figura 1 - CronogramaFigura 1 - Cronograma
Figura 1 - Cronograma
Figura 1 - Cronograma
Fonte: própria (2016)Fonte: própria (2016)
Fonte: própria (2016)
Fonte: própria (2016)

Vele ressaltar que a entrega da segunda seção estar marcada especificamente para o dia 15 de junho, mas dependendo do seu andamento esse prazo pode ser adiantando. Outro adendo é que as datas de entrega e apresentação do TCC ainda não foi definida pelos responsáveis.





11. RECURSOS
Figura 2 – Tabela de recursos materiais Figura 2 – Tabela de recursos materiais
Figura 2 – Tabela de recursos materiais
Figura 2 – Tabela de recursos materiais
Fonte: própria (2016)Fonte: própria (2016)
Fonte: própria (2016)
Fonte: própria (2016)

















REFERÊNCIA


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BRANCO, Samuel Murgel. Água: origem, uso e preservação. 2ª ed. São Paulo: Editora Moderna, 2010;

BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Não verás país nenhum. 1ª ed. Digital. São Paulo: Global editora, 2012;

CAMPOS, Ana Paula de. Arte-joalheria: uma cartografia pessoal. Campinas, SP: Instituto de Artes da UNICAMP, 2011. p. 257. Tese, Doutorado em Artes, Universidade Estadual de Campinas. São Paulo, Campinas, 2011. Disponível em: Acesso em: 23/03/2016;

CAMPOS, Ana Paula de. Corpo-Joia: reflexão a partir da série loning for the body. Revista Estúdio. ISSN 1647-6158. Vol. 3, (5) 252-259, Jan. de 2012;

COCCHIARALE, Fernando. Quem tem medo da Arte Contemporânea? Fundação Joaquim Nabuco. Recife: Editora Massangana, 2006;

ESTRADA, Joaquim Osório Duque; SILVA, Francisco Manuel da. Hino nacional brasileiro. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/hino.htm> Acesso em: 28/02/2016;

FAVARO, Henny Aguiar Bizarro Rosa. Design de joias e pesquisa acadêmica: Limites e sobreposição. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2013. P. 288. Tese (Doutorado) curso de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2013. Disponível em: Acesso em: 11/11/2015;

FRANZATO, Carlo. O Processo de criação no design conceitual: Explorando o potencial reflexivo e dialético do projeto. Tessituras & Criação, revista processoas de criação em arte, comunicação e ciência. ISSN 2236-3912, 2011. Disponível em: Acesso em: 21/03/2016;

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. 11ª reimpr. São Paulo: Atlas, 2008;

GOLA, Eliana. A joia: História e design. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2008.

MANCUSO, Pedro Caetano Sanches; SANTOS, Hilton Felício dos. Reuso de água. Barueri, SP: Manole, 2003;

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia cientifica. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2010;

MEDEIROS, Tainah. Cinco bons motivos para não deixar de tomar água. Disponível em: Acesso em: 26/02/2016;

SODRÉ, Raquel. Água: Propriedade privada. Disponível em: Acesso em 17 de jan. de 2016;

VICTORINO, Célia Jurema Aito. Planeta água morrendo de sede: uma visão analítica na metodologia do uso e abuso dos recursos hídricos. Porto Alegre: Editora EDIPUCRS, 2007.


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