UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS ARQUITETURA E URBANISMO EDUARDO MEDEIROS NEVES ENSAIO TEÓRICO A JUVENTUDE MUITO ALÉM DO DISCURSO ANÁPOLIS 2013

June 8, 2017 | Autor: Nariel Araujo | Categoria: Arquitetura, Juventude
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS ARQUITETURA E URBANISMO

EDUARDO MEDEIROS NEVES

ENSAIO TEÓRICO A JUVENTUDE MUITO ALÉM DO DISCURSO

ANÁPOLIS 2013

A JUVENTUDE MUITO ALÉM DO DISCURSO Eduardo Medeiros Neves¹

Resumo Este trabalho procura demonstrar que os jovens têm um papel muito maior na sociedade do que se imagina, sendo que apenas o discurso de que um país é movido pela sua juventude não é suficiente para que a mesma possa, em um futuro próximo, retribuir positivamente. Os jovens de todas as faixas sociais devem ser instruídos igualitariamente para se tornarem éticos, bons profissionais e, acima de tudo, pessoas de caráter, e tudo isso deve ter sua gênese através de iniciativas governamentais, ou não, desde que políticas sociais sejam implantadas de forma responsável. Palavras-chave: Juventude. Políticas Sociais. Discurso. Ações. Trabalho. Profissionalização. Educação.

YOUTH BEYOND SPEECH Abstract This paper demonstrates that young people have a much greater role in society than you think, and only the speech that a country is driven by its youth is not enough that it can, in the near future, reciprocate positively. Young people of all social stripes should be equally educated to become ethical, good people and, above all, people of character, and all this must have its genesis through government incentives, or not, since social policies are deployed responsibly. Keywords: Youth. Social Policies. Speech. Actions. Work. Professionalization. Education.

I. REFLEXÕES PARA AS POLÍTICAS SOCIAIS DA JUVENTUDE “A juventude é o futuro de qualquer nação…”, frase que se tornou clichê em discursos políticos por todo o território nacional. Existe uma diferença bem grande entre discurso político e discurso teórico, o discurso político já se tornou superficial e muitas vezes ineficaz, já o discurso teórico, que é aplicado nas Faculdades, esse sim deveria ser utilizado como ferramenta base para uma futura inserção prática. Dessa maneira, fica claro que a juventude necessita de uma maior atenção, deixando de lado o discurso e focando em ações planejadas e responsáveis, que devem partir de estudos teóricos e com respaldo social. Os jovens sempre foram vistos por muitos como uma espécie de motor, que tem o papel de guiar para o futuro. Nesse sentido, juventude é um valor inerente da modernidade (SEVCENKO, 1989). Contudo, essa faixa etária, pelo menos em tese tão importante, necessita de cuidados como qualquer outra. Segundo a ONU, 50% da população mundial é composta por pessoas de até 25 anos (cerca de 1,2 bilhões de pessoas), sendo que dessa fatia, 209 milhões são jovens vivendo com menos de U$1,00 por dia (Banco Mundial), 130 milhões são analfabetos e 88 milhões estão desempregados. Ou seja, existe uma grande necessidade de investimento social na população jovem, para que tais benefícios sejam refletidos posteriormente. Dessa maneira, propõe-se um estudo preliminar relatando tal questão para que se chegue em um resultado de nível projetual de um edifício que possa servir como uma das soluções à essa problemática. A epistemologia dos termos ‘juventude’ e ‘adolescência’ permeia em vários âmbitos, passando por organizações mundiais até por estudos pedagógicos, essa falta de um consenso para que se haja uma definição clara desses termos gera certos problemas, principalmente para ações sociais direcionadas. A Organização Mundial da Saúde define o termo juventude na faixa etária de 15 a 24 anos, sendo que se enquadra em uma categoria sociológica em que o indivíduo é preparado para assumir o papel de adulto na sociedade, tanto no quesito familiar, quanto no profissional. O termo ‘adolescência’ é tratado mais como um discurso pedagógico, do que como uma faixa etária. Tal período é definido por muitos pedagogos e estudiosos

como um período problemático, no qual o adolescente está mais suscetível à transformações, e consequentemente à problemas. Questões como delinquência juvenil, sexualidade adolescente, entre outras, são relacionadas a essa etapa de forma quase imprudente, levando o termo a um conceito de periculosidade (DONZELOT, 1986). Percebemos então que, para que os programas governamentais ou de outras origens obtenham êxito, existe a necessidade de se focar em objetivos mais concretos, como por exemplo jovens de baixa renda que estão no ensino médio e passam grande parte de sua rotina com janelas ociosas. Complementando tal ação, também faz-se necessário um acompanhamento com tais estudantes na própria escola, para que os programas externos não os prejudiquem na vida escolar, e sim os complementem. Provavelmente, esse conjunto de ações refletirá já no presente, mas seus maiores frutos serão colhidos no futuro, onde teremos cidadãos éticos, sem antecedentes problemáticos, e capacitados para manter um bom nível no mercado de trabalho. Como em qualquer outro problema, existem vários meios para se chegar em soluções, sendo paliativas ou definitivas, neste caso específico, tratando-se de uma problemática muito abrangente e de enorme importância, faz-se necessário procurar por ações responsáveis e bem planejadas. Desta maneira tem-se como principal foco as políticas públicas, que são respostas do Estado à demanda de enfrentamento das questões sociais, sendo que tais políticas nem sempre necessitam partir de órgãos públicos, existem muitos exemplos de ações que advêm de ONG’s (Organizações Não-Governamentais), e que conseguem atingir bons números. Tal questão de se trabalhar com políticas públicas voltadas à juventude tem um caráter profundamente social. O maior foco dessas ações é (ou deveria ser) a população jovem de baixa renda, pois essa parcela é a mais vulnerável por não ter experiência suficiente e pouca qualificação. O conjunto desses fatores torna esse problema social um ciclo contínuo de inserção precária no mundo do trabalho, formando profissionais de má qualidade e sem grandes perspectivas de crescimento profissional. É de praxe que um problema seja a origem ou uma grande influência de outros problemas. Podemos evidenciar a vulnerabilidade de jovens, principalmente de

classe baixa, sem oportunidades de ensino ou emprego, de serem parte das estatísticas de violência do país, sendo a principal causa de mortes de adolescentes (MINAYO e RAMOS, 2003; WAISELFISZ, 2007). Além de toda essa conjuntura, fixase uma imagem preconceituosa da juventude pobre, formando quase um estigma de jovens desocupados, perigosos e violentos. Na sociedade atual, o indivíduo que está desempregado, sendo jovem ou não, sofre de diversas formas, passando pelo âmbito econômico até o âmbito psicológico. Pois o trabalho é mais do que o trabalho, portanto, a não existência do trabalho é mais do que o desemprego (CASTEL, 1998).

Nega-se a perda da centralidade do trabalho, salientando a sua metamorfose, uma vez que o trabalho continua sendo uma referência

não



economicamente,

mas

também

psicologicamente, culturalmente e simbolicamente dominante, como provam as reações dos que não o têm. (CASTEL, 1998, p.578).

Tem-se então, uma ligação psicológica do termo ‘trabalho’, que permeia principalmente naqueles jovens que são de baixa renda. Estes, além de terem sua atenção aos estudos, possuem uma responsabilidade intrínseca quase que familiar de adentrar no mercado de trabalho, independente de seus gostos ou habilidades, se tornando apenas uma atividade ‘obrigatória’ para suprir lacunas sociais que não são de sua responsabilidade. Conforme dito anteriormente, as políticas sociais da juventude provavelmente proporcionarão maior êxito, complementando à vida escolar, nesse sentido, é possível entender a juventude como período preparatório, ou seja, período entre a infância e a fase adulta visto como ideal para a formação de uma pessoa. Nesse caso, a principal política, principalmente para o Brasil, é a educação como um complemento das lacunas que o ensino de má qualidade deixa. Existem também outras formas de complemento nesta perspectiva, como o próprio serviço militar, que oferece meios específicos para o cumprimento de deveres e responsabilidades, além de prevenir que jovens adentrem no meio da violência e das drogas. Uma vertente da política de educação para jovens é a educação profissionalizante. Existem fundações que acolhem jovens que desejam se profissionalizar em seu

tempo livre, e além de aprenderem uma profissão, em alguns casos recebem um salário. Podemos citar alguns órgãos e programas que tratam desse assunto, como: Fundação Pró-Jovem, Fundação Pró-Cerrado e o programa Jovem Cidadão. Tais exemplos habilitam jovens a entrar no mercado de trabalho de forma mais preparada, obtendo mais responsabilidades e auxiliando na formação do caráter. Além da questão profissionalizante, tais fundações permitem que, com as atividades propostas, os jovens se utilizem de seu tempo ocioso de uma forma mais pró-ativa e que poderá gerar bons frutos em um futuro próximo. Existe um grande leque de atividades que podem ser inseridas nesses programas, sendo um complemento do ensino profissionalizante, como por exemplo atividades ligadas a arte e a cultura, como: cinema, dança, aulas de artes em geral, etc. Portanto, é possível aliar atividades que são vistas como ‘maçantes’ com exercícios culturais, tornando-se um pólo atrativo não só para o público jovem, mas também para toda a sociedade. Todas essas ações precisam ser planejadas de forma interdisciplinar, ou seja, nada pode ser aplicado sem uma conjuntura. Por exemplo, nos programas sociais de

aprendizagem

para

jovens,

deve-se

oferecer

além

da

educação

profissionalizante, atividades esportivas, atividades culturais, etc, para que dessa forma os beneficiários tenham uma formação mais completa e justa, como é de direito, segundo a Constituição. Por fim, faz-se necessário que haja um diálogo entre arquitetura e sociedade, de uma maneira que o edifício se integre tanto à malha urbana, quanto ao público, que é seu maior objetivo. Com essa interação, os resultados podem extrapolar o micro e se espalharem por um âmbito maior, afetando o modo de viver na cidade, sendo esse o maior objetivo e êxito de um projeto bem implantado

II. CONSIDERAÇÕES SOBRE UM POSSÍVEL PROJETO PARA UM PROGRAMA DE FORMAÇÃO DA JUVENTUDE Como objetivo final deste trabalho, iremos propor uma análise inicial através de esquemas para um edifício que possa abrigar um programa de formação da juventude.

Inicialmente, é viável que se norteie o projeto através de eixos, que seriam: eixo profissionalizante e eixo cultural, que devem se complementar e abrigar espaços de circulação, serviços, administração, etc.

EIXO PROFISSIONALIZANTE

EIXO CULTURAL

RECEPÇÃO GERAL ADMINISTRAÇÃO

Dessa maneira, os espaços devem se interligar de alguma maneira, não precisando ser física, mas que tenha integração, sendo que na interseção dos mesmos se forme um lugar comum que abrigue o público alvo. Essa sistematização básica deve se desdobrar em inúmeros gráficos, programa de necessidades, estudos de caso, etc, mas é um partido inicial que mostra um esquema ideal para que o edifício se torne democrático e útil tanto para os jovens, quanto para os outros transeuntes.

REFERÊNCIAS CASTEL, R. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Petrópolis: Vozes, 1998. MINAYO, M.C.S.; Ramos, E (Org.). Violência sob o olhar da saúde: a infrapolítica da contemporaneidade brasileira. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. DONZELOT, J. A polícia das famílias. 2ª ed. Rio de Janeiro : Graal, 1986.

SEVCENKO, Nicolau. Orfeu extático na metrópole. São Paulo, sociedade e cultura nos frementes anos 20. São Paulo: Cia. das Letras, 1989.

SILVA, Carla; LOPES, Roseli. Adolescência e juventude: Entre conceitos e políticas públicas. São Carlos, Cadernos de Terapia Ocupacional, 2009. WAISELFISZ, J. J. Relatório de desenvolvimento juvenil. Brasília, DF: Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (RITLA), 2007.

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