UNIVERSIDADE FEDDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE FARMÁCIA -DEFAR AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES ANTIARTRITE GOTOSA E URICOSÚRICA DE

May 24, 2017 | Autor: Marcus Antonio | Categoria: Knowledge
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UNIVERSIDADE FEDDERAL DE OURO PRETO
ESCOLA DE FARMÁCIA - DEFAR










AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES ANTIARTRITE GOTOSA E URICOSÚRICA DE Pimenta pseudocaryophyllus


Relatório Final de iniciação científica (graduação), apresentado a Universidade Federal de Ouro PretoBolsista: Marcus Antonio Ferreira Santos
Orientadora: Dênia Antunes Saúde Guimarães
Co-orientadora: Fernanda Cristina Ferrari
Programa: PROBIC
Vigência da bolsa: FAPEMIG
Referente ao período de 01/03/2015 à 29/02/2016.
Relatório Final de iniciação científica (graduação), apresentado a Universidade Federal de Ouro PretoBolsista: Marcus Antonio Ferreira Santos
Orientadora: Dênia Antunes Saúde Guimarães
Co-orientadora: Fernanda Cristina Ferrari
Programa: PROBIC
Vigência da bolsa: FAPEMIG
Referente ao período de 01/03/2015 à 29/02/2016.

Relatório Final de iniciação científica (graduação), apresentado a Universidade Federal de Ouro Preto
Bolsista: Marcus Antonio Ferreira Santos
Orientadora: Dênia Antunes Saúde Guimarães
Co-orientadora: Fernanda Cristina Ferrari
Programa: PROBIC
Vigência da bolsa: FAPEMIG
Referente ao período de 01/03/2015 à 29/02/2016.

Relatório Final de iniciação científica (graduação), apresentado a Universidade Federal de Ouro Preto
Bolsista: Marcus Antonio Ferreira Santos
Orientadora: Dênia Antunes Saúde Guimarães
Co-orientadora: Fernanda Cristina Ferrari
Programa: PROBIC
Vigência da bolsa: FAPEMIG
Referente ao período de 01/03/2015 à 29/02/2016.








Ouro Preto - Minas Gerais – Brasil
20/02/2016
Avaliação das Atividades Antiartrite Gotosa e Uricosúrica de Pimenta pseudocaryophyllus

Resumo:
Introdução: A gota é uma doença inflamatória aguda causada pela deposição de cristais de urato monossódico nas articulações. Pimenta pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum (Myrtaceae) é conhecida como cataia ou pau-cravo, sendo utilizada por algumas populações como sedativo, afrodisíaco, diurético e no tratamento da artrite. O projeto prevê avaliar as atividades antiartrite gotosa e uricosúrica pelos extratos acetato etílico, etanólico e aquoso de P. pseudocaryophyllus que apresentaram em estudos prévios, realizados em nosso laboratório, boa atividade anti-hiperuricêmica.
Métodos: Os extratos aquosos, acetato etílico e etanólico das folhas foram testados e avaliados em modelo experimental de hiperuricemia induzida por oxonato de potássio em ratos Wistar e em modelo de edema de pata induzido por MSU para avaliar as atividades anti-hiperuricêmica e anti-inflamatória e de inibição da xantina oxidase no fígado.
Resultados: Os ratos hiperuricêmicos que receberam o tratamento com os extratos apresentaram redução considerável de ácido úrico no soro em comparação com o grupo hiperuricêmico não tratado. O extrato EEF foi capazes de inibir a enzima xantina-oxidase hepática. Os camundongos testados com os extratos para avaliação da atividade anti-inflamatória também apresentaram boa atividade segunda a metodologia do edema de pata induzido por cristais de urato.


__________________________________________
Orientadora: Dênia Antunes Saúde Guimarães

__________________________________________
Co-orientadora: Fernanda Cristina Ferrari

__________________________________________
Aluno Bolsista: Marcus Antonio Ferreira Santos
LISTA DE ILUSTRAÇÕES


FIGURA 1 - Aspecto geral do arbusto de Pimenta pseudocaryophyllus...................................6

FIGURA 2 - Bebida Cataia produzida pela população...............................................................7



LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Codificação dos extratos obtidos de Pimenta pseudocaryophyllus....................10
TABELA 2 - Efeitos dos extratos de Pimenta pseudocaryophyllus, Benzbromarona e Probenecida na atividade uricosúrica em ratos hiperuricêmicos..............................................17
TABELA 3 - Efeitos dos extratos de Pimenta pseudocaryophyllus e alopurinol na atividade da xantina oxidase hepática de ratos hiperuricêmicos...................................................................16
TABELA 4 - Avaliação da atividade anti-inflamatória dos extratos de P. pseudocaryophyllus na metodologia do edema de pata induzido por cristais de urato – MSU.................................18



LISTA DE FLUXOGRAMAS
FLUXOGRAMA 1: extratos hexânico, acetato etílico e etanólico das folhas de Pimenta pseudocaryophyllus..................................................................................................................11
FLUXOGRAMA 2: Obtenção do extrato aquoso das folhas de P.pseudocaryophyllus.........12










SUMÁRIO

I. Introdução ...............................................................................................................................5
II. Objetivos................................................................................................................................8
III. Materiais e Métodos.............................................................................................................9
V. Resultados............................................................................................................................14
VI. Discussão............................................................................................................................17
VII. Conclusões.........................................................................................................................18
VIII. Referências bibliográficas................................................................................................19












Introdução:

A gota é uma artrite inflamatória aguda causada pela deposição de cristais de urato monossódico dentro das articulações (Pinheiro, 2008), é geralmente intermitente, considerada uma das mais dolorosas condições experimentadas pelas pessoas. Nas últimas décadas observou-se uma maior prevalência, devido ao aumento da longevidade, uso de diuréticos e aspirina em dose baixa, nefropatias, hipertensão arterial sistêmica, maior incidência de obesidade, diabetes e síndrome metabólica, principalmente em países emergentes. Além disso, há apenas um número limitado de medicamentos atualmente utilizados na prática clínica e eles pertencem a duas classes, os inibidores da xantina oxidase hepática e os agentes uricosúricos. (Brunton, Chabner, & Knollmann, 2012 - 12ª ed.)
O Alopurinol , é um inibidor da xantina oxidase (XO), ele serve de substrato para a enzima, seu produto Oxopurinol, também é um inibidor não competitivo da XO. A formação do oxipurinol e sua longa persistência nos tecidos, é responsável por grande parte da sua atividade farmacológica. Normalmente, a purina urinária predominante é o ácido úrico, cerca de 10% do filtrado. Durante o tratamento com alopurinol, a concentração de ácido úrico sérico diminui e a excreção de purinas aumenta. O fármaco é largamente prescrito para tratar a hiperuricemia em pacientes com a doença e preveni-la em doenças malignas hematológicas. Entretanto, tem sido frequentemente associado a efeitos adversos que se manifestam como erupções cutâneas, hipersensibilidade, hepatotoxicidade, desconforto gastrointestinal, mal-estar e febre.
Os outros fármacos disponíveis, os agentes uricosúricos, aumentam a taxa de secreção de urato por competição com o transportador, inibindo assim sua reabsorção através do sistema de troca de urato por ânion, favorecendo a eliminação renal. Todavia, além dos efeitos adversos consideráveis, a probenecida, é geralmente ineficaz em pacientes com insuficiência renal concomitante enquanto benzbromarona é eficaz em pacientes com insuficiência renal, mas possui um risco de hepatotoxicidade grave (Brunton, Chabner, & Knollmann, 2012 - 12ª ed.). Assim, novos agentes eficazes e bem tolerados que reduzam o ácido úrico são muito procurados como nova opção terapêutica.
As plantas medicinais contribuem imensamente para o desenvolvimento da terapêutica atual, pois uma fração considerável dos fármacos em uso clínico é de origem natural ou foi desenvolvida a partir de produtos naturais. Neste contexto, a biodiversidade do Brasil é considerada uma fonte preciosa de substâncias biologicamente ativas (Coradin, Siminski, & Reis, 2011). As espécies do gênero Pimenta, pertencentes à família Myrtaceae, possuem importância econômica e atividades terapêuticas relatadas (D'angelis & Negrelle, 2014). São utilizadas na medicina popular para tratar hipertensão arterial, reumatismo, diabetes, obesidade, transtornos digestivos, dismenorréia, dores abdominais, febre, pneumonia e gripe (Paula, 2011).
A espécie Pimenta pseudocaryophyllus (Gomes) L.R. Landrum, conhecida pela população da região sul e sudeste do Brasil, como pau-cravo, craveiro, cataia ou louro do mato, tem sido utilizada para a produção de uma bebida refrescante com propriedades calmante, diurética, afrodisíaca, no tratamento de resfriado, problemas digestivos, menstruais e gota.

AABBCC
A
A
B
B
C
C
Figura 1: a-c. Pimenta pseudocaryophyllus – A: aspecto geral do arbusto; B e C: folhas e flores. Fonte: Acervo pessoal (2013).


Figura 2: Bebida produzida pela Associação das Mulheres Produtoras de Cataia em Barra do Ararapira, Ilha de Superagui, PR
Fonte: (D'angelis, 2013)

Apesar da utilização da Pimenta na medicina popular, os estudos acerca de suas propriedades biológicas e de seus constituintes químicos são escassos. O presente trabalho propõe avaliar a atividade anti-artrite gotosa e uricosúrica dos extratos das folhas de Pimenta pseudocaryophyllus, na busca de uma alternativa terapêutica no tratamento de gota.

Fonte de dados: Para a realização desse trabalho buscou-se artigos originais e revisões indexados nas bases Scielo e Periódicos Capes e outros sites de referência. Para a busca foram usadas as palavras-chave Pimenta e Pimenta pseudocaryophyllus. Utilizaram-se, ainda, livros nacionais e internacionais de botânica e farmacologia.

Objetivos
Objetivo Geral:
Avaliar a atividade anti-artrite gotosa e anti-inflamatória dos extratos acetato etílico, etanólico e aquoso das folhas de Pimenta pseudocaryophyllus (Gomes) L.R. Landrum, que apresentaram em estudos prévios, realizados no nosso laboratório, bom efeito anti-hiperuricêmico.

Objetivos específicos:
Obter os extratos, acetato etílico, etanólico e aquoso das folhas de P. pseudocaryophyllus.
Avaliar a atividade sobre os níveis séricos de ácido úrico dos extratos das folhas utilizando ratos Wistar.
Avaliar a atividade uricosúrica dos extratos das folhas em ratos Wistar.
Avaliar a atividade anti-hiperuricêmica dos extratos das folhas em ratos Wistar.
Avaliar a atividade anti-inflamatória dos extratos em camundongos Swiss através do modelo do edema de pata induzido por cristais de urato.

















Materiais e Métodos
Produtos químicos:
A xantina-oxidase (CE 1.1.3.22) a partir de leite de vaca (1,3 unidades / ml), xantina, oxonato de potássio, alopurinol e indometacina foram adquiridos da Sigma-Aldrich. kit de ensaio de ácido úrico foi comprado de Bioclin (Minas Gerais - Brasil). Cristais de urato monossódico (MSU) foram preparados de acordo com o método previamente descrito (Rasoola & Varalakshmib, 2006). Metanol, acetato de etilo, hexano, dimetilsulfóxido (DMSO) e Tween 80 eram de grau analítico. (Lima et al, 2015)

Animais experimentais:
Para os experimentos deste trabalho foram utilizados animais provenientes do Biotério da Universidade Federal de Ouro Preto mediante aprovação de protocolo experimental submetido à Comissão de Ética no Uso Animal da UFOP (CEUA-UFOP). Protocolo 2014/31.
A avaliação das atividades anti-hiperurcêmica, uricosúrica e anti-inflamatória foi realizada em ratos Wistar e camundongos swiss machos. Os animais permaneceram nas instalações do Biotério durante a realização dos experimentos, mantidos em ciclo de 12/12h claro/escuro, com oferecimento de água e ração peletizada. Os ratos Wistar foram privados de água e alimento na noite anterior aos experimentos.
Obtenção e fracionamento do material vegetal para preparação de extratos:
As folhas de Pimenta pseudocaryophyllus foram coletados no município de Lagoa Santa, Minas Gerais, em setembro de 2012. Exsicatas foram identificadas pelo Prof. Dr. Marcos Eduardo Guerra Sobral (UFSJ) e depositadas no Herbário da Universidade Federal de Ouro Preto (OUPR 25900). Foram secas em estufa com circulação de ar à 40ºC e em seguida pulverizado por um macromoinho de facas para preparação dos extratos brutos acetato de etila, etanólico e aquoso por percolação.
Preparação dos extratos acetato etílico, metanólico e aquoso das folhas:
A extração foi realizada pelo método de percolação, utilizando-se os solventes hexano, acetato de etila e etanol, em ordem crescente de polaridade até o esgotamento do material por cada solvente extrator. Os extratos foram codificados como exposto na Tabela 1.





Tabela 1: Codificação dos extratos obtidos de Pimenta pseudocaryophyllus.
Extrato de Pimenta pseudocaryophyllus
Código
Extrato hexânico das folhas
EHF
Extrato acetato etílico das folhas
EAF
Extrato etanólico das folhas
EEF
Extrato aquoso das folhas
AF



Os solventes orgânicos foram evaporados sobre pressão reduzida em rota evaporador para obtenção dos extratos secos: hexânico, acetato etílico e etanólico das folhas (Fluxograma 1).

Fluxograma 1: Obtenção dos extratos hexânico, acetato etílico e etanólico das folhas de Pimenta pseudocaryophyllus.


Folhas secas e pulverizadas de P. pseudocaryophyllus - 1742,22 gFolhas secas e pulverizadas de P. pseudocaryophyllus - 1742,22 g
Folhas secas e pulverizadas de P. pseudocaryophyllus - 1742,22 g
Folhas secas e pulverizadas de P. pseudocaryophyllus - 1742,22 g

HexanoHexano
Hexano
Hexano


Extrato hexânico
EHF - 30,09 gExtrato hexânico
EHF - 30,09 g
Extrato hexânico
EHF - 30,09 g
Extrato hexânico
EHF - 30,09 g

Acetato de etilaAcetato de etila
Acetato de etila
Acetato de etila

Extrato acetato etílico
EAF - 74,20 gExtrato acetato etílico
EAF - 74,20 gTortaTorta
Extrato acetato etílico
EAF - 74,20 g

Extrato acetato etílico
EAF - 74,20 g

Torta

Torta

EtanolEtanol
Etanol
Etanol

TortaTortaExtrato etanólico
EEF - 236,43 gExtrato etanólico
EEF - 236,43 g
Torta

Torta

Extrato etanólico
EEF - 236,43 g

Extrato etanólico
EEF - 236,43 g


TortaTorta
Torta

Torta




Para preparar o extrato aquoso foram utilizados 70,0 g de folhas em percolação utilizando 1 L de água destilada, eliminado posteriormente, por meio de liofilização (Fluxograma 2).

Fluxograma 2: Obtenção do extrato aquoso das folhas de Pimenta pseudocaryophyllus.
Folhas secas e pulverizadas de P. pseudocaryophyllus - 70,0 gFolhas secas e pulverizadas de P. pseudocaryophyllus - 70,0 g
Folhas secas e pulverizadas de P. pseudocaryophyllus - 70,0 g

Folhas secas e pulverizadas de P. pseudocaryophyllus - 70,0 g




Água destiladaÁgua destilada
Água destilada
Água destilada
Extrato aquosoAF9,61 gExtrato aquosoAF9,61 gTortaTorta
Extrato aquoso
AF
9,61 g


Extrato aquoso
AF
9,61 g


Torta

Torta



Os extratos foram armazenados e nos experimentos, re-suspensos para a administração em animais e avaliação da atividade antiartrite gotosa e anti-inflamatória.

Extratos e fármacos para testes para método in vivo:
Os extratos acetato etílico e etanólico dos galhos de P. pseudocaryophyllus foram solubilizados em DMSO e óleo de soja, limitando-se a utilização do DMSO a 5% do volume final preparado. O extrato aquoso foi solubilizado em água destilada. Os fármacos e agente hiperuricêmicos foram solubilizados de acordo com o indicado na literatura. O ácido úrico foi solubilizado em água, o oxonato de potássio foi suspenso em salina. Os três fármacos, utilizados como padrões e administrados aos ratos, foram solubilizados em uma mistura de etanol:tween 40:água. O urato monossódico (MSU) cristais foram suspensos em 0,9% de solução salina estéril (40 mg / ml) imediatamente antes da sua utilização.

Avaliação das atividades dos anti-artrite gotosa dos extratos das folhas de Pimenta pseudocaryophyllus.

Atividade sobre os níveis séricos de ácido úrico:
A dosagem do ácido úrico sérico dos animais foi feita usando o método enzimático-colorimétrico, com kit de diagnóstico padrão (Bioclin, Brasil), de acordo com as instruções do fabricante, foi usada a fim de avaliar concentração de ácido úrico.
Atividade uricosúrica:
Para a metodologia de avaliação da atividade uricosúrica dos extratos das folhas, também houve a indução da hiperuricemia nos ratos por oxonato de postássio, que foi utilizado para avaliar a atividade de inibição da xantina oxidase no fígado. Dessa vez os ratos foram divididos em 7 grupos, incluindo os grupos controle, tratados com os fármacos de referência e com os extratos como exposto na Tabela 2. Os grupos tiveram suas urinas recolhidas e a quantidade de ácido úrico excretada dosada por espectrofotometria, em seguida foi feita uma avaliação comparativa.
Atividade anti-hiperuricêmica:
O modelo de avaliação experimental para o efeito anti-hiperurcêmico foi o de inibição da atividade da xantina oxidase hepática em ratos hiperuricêmicos (Lima et al, 2015). Os animais foram divididos em 6 grupos experimentais (n=6) e mantidos em jejum de 2 horas antes da administração do oxonato de potássio, um inibidor de enzima uricase, foi administrado aos animais dos grupos 2-6 (250 mg / kg, i.p.) no primeiro e terceiro dias do experimento. Os tratamentos orais foram administrados por gavagem, 1 h após a administração oxonato de potássio, uma vez por dia, durante 3 dias de experiência. O grupo experimental 1 (grupo de controlo normal) e grupo 2 (grupo controle hiperuricêmicos) receberam apenas veículo por via oral. O grupo 3 foi tratado com o alopurinol (10 mg / kg, p.o.). Os grupos experimentais (4-6) foram tratados com os extratos (EAF, EEF e AF), nas doses de 125 e 250 mg / kg, uma vez por dia, durante 3 dias experimentais. No terceiro dia, os animais foram anestesiados com uma associação de cetamina e xilazina (100 e 20 mg / kg, respectivamente), por via intraperitoneal, de 1 h após a administração do fármaco final, a fim de recolher o sangue a partir da aorta abdominal. As amostras de sangue foram mantidas à temperatura ambiente até que a coagulação do sangue e, em seguida, centrifugada a 1500 g durante 5 min. O sobrenadante foi recolhido e centrifugado a 3000 g durante 10 min, até que a separação completa soros. Estes materiais foram armazenados a 20ºC até a quantificação do ácido úrico. Fígados de ratos também foram recolhidos, lavados em solução salina fria a 0,9% e armazenadas a 80 ºC até determinação da atividade de XO.
O Teste de inibição da atividade de XO no fígado, foi determinado espectrofotometricamente, monitorando a formação do ácido úrico a partir de xantina, como descrito em (Lima et al, 2015). Inicialmente, os fígados de ratos foram homogeneizados em 5 mL de tampão de fosfato de sódio 80 mM (pH 7,4). Os homogenatos foram centrifugados a 3000 g durante 10 min a 41ºC. Em seguida, a camada lipídica foi removido e o sobrenadante foi centrifugado a 10.000 g durante 60 min a 41ºC. O sobrenadante obtido foi utilizado no teste de atividade da XO e dosagem proteína residual.
Em tubos de ensaio contendo 100 mL de homogenato de fígado e de 5,4 ml de solução de potássio oxonato (1 mM) em 50 mM de tampão fosfato de sódio (pH 7,4), previamente incubadas a 35 ºC durante 15 min foi adicionado 1,2 mL de solução de xantina (250 mM). A reação foi parada após 30 min por adição de 0,15 mL de 0,6 M de HCl. Em seguida, os tubos de ensaio foram centrifugados a 3000 g durante 5 min e a absorbância do sobrenadante foi medida a 295 nm utilizando um Varian 50Bio UV / VIS. A concentração total de proteína foi determinada espectrofotometricamente de acordo com (Bradford, 1976). A atividade da XO foi expressa como nanomoles de ácido úrico formado por minuto por miligrama de proteína. Os dados foram organizados na Tabela 3 para uma avaliação comparativa da atividade do fármaco e dos extratos em relação ao controle.

Atividade anti-inflamatória:
A metodologia usada para avaliar a atividade anti-inflamatória dos extratos da Pimenta pseudocaryophyllus sobre a gota foi a mesma do modelo experimental, previamente descritos por (Souza, 2012) (Lima et al, 2015). O ensaio foi realizado num período de três dias. O modelo de indução do edema de pata por cristais de urato de sódio, Os cristais de urato de sódio quando injetados nas patas dos camundongos geram um edema inflamatório. O experimento foi realizado em camundongos Swiss albinos machos (25-30 g), fornecidos pela Universidade Federal de Ouro Preto, no Biotério sobre as mesmas condições dos ratos Wistar citados anteriormente. Foram divididos em 6 grupos experimentais (n=6). No primeiro dia do experimento, a inflamação foi induzida por injeção intradérmica de 0,1 ml (4 mg) de suspensão MSU na palma da pata traseira direita em todos os animais dos grupos 2-6. Os animais do grupo de controlo normal (grupo 1) receberam 0,1 ml de solução salina estéril a 0,9% por injecção intradérmica na pata traseira direita e foram tratados oralmente com veículo, uma vez por dia, durante os 3 dias de experiências. Os animais do grupo 2 foram também tratados com veículo e foram usados como grupo de controlo induzida MSU. O grupo 3 (controlo positivo) foi tratado oralmente com indometacina (3 mg / kg). Os animais dos grupos 4-6 foram tratados por via oral com EAF, EEF e AF, nas doses de 125 e 250 mg / kg. Os testes foram administrados no primeiro dia experimental, 1 h antes da injeção de MSU, e repetido diariamente durante mais 2 dias. A espessura da pata foi medida com um paquímetro (150 mm de 6 em., Vonder, China) em 4 h, 24 h e 48 h após injeção de MSU a atividade anti-inflamatória foi expressa como a variação da espessura do edema (Δ). Os dados foram agrupados na Tabela 4, para uma avaliação comparativa dos dados da atividade do fármaco de referência e dos extratos em relação ao grupo controle.

Análise estatística:
Na avaliação in vitro da atividade de inibição da XO foi obtido para os extratos que apresentaram uma atividade acima de 25,0%, utilizando GraphPadPrism 5.1 Software (Inc., San Diego, CA, E.U.A.). Os valores de IC50 dos extratos foram calculados a partir de linhas de regressão de um terreno de inibição % versus concentração do extrato. Estes ensaios foram realizados com concentrações de extrato a partir de 10 a 100 mg / mL. Os dados experimentais foram analisados utilizando GraphPad Prism Software 5.1 e os resultados foram apresentados como média values7S.EM. A avaliação estatística dos resultados dos ensaios de edema de pata induzido por cristal hiperuricêmicos e MSU foi analisada utilizando análise de variância de sentido único (ANOVA), seguida pelo teste de Newman-Keul . P valuesr0.05 foram considerados estatisticamente significante.

Resultados

Atividade de EAF, EEF e AF sobre os níveis séricos de ácido úrico em camundongos hiperuricêmicos:
O Oxonato de Potássio foi capaz de aumentar significativamente os níveis de ácido úrico sérico (AUS), comparado com o grupo controle normal (Tabela 2). A Benzbromarona (10 mg/kg) e Probenicida (50 mg/kg) apresentaram atividade de redução considerável dos níveis de ácido úrico sérico nos ratos hiperuricêmicos. Os grupos tratados com os extratos apresentaram redução significativa dos níveis de urato sérico comparado com o grupo hiperuricêmico controle. Destaca-se EAF (250 mg/kg) e AF (125mg/kg) que apresentaram maior redução, aproximadamente 50% quando comparado com o grupo hiperuricêmico.

Atividade uricosúrica de EAF, EEF e AF em camundongos hiperuricêmicos:
Para a atividade uricosúrica (AUU) os fármacos Benzbromarona (10mg/kg) e Probenecida (50mg/kg) foram eficazes no aumento da excreção do ácido úrico quando comparado com o controle hiperuricêmico. Os extratos EAF e AF na concentração de 250mg/kg aumentaram a excreção urinária do urato de maneira mais eficiente que os fármacos de referência (Tabela 2).

Tabela 2 - Efeitos dos extratos de Pimenta pseudocaryophyllus, Benzbromarona e Probenecida na atividade uricosúrica em ratos hiperuricêmicos.
Tratamento
Dose (mg/kg)
Ingestão de água (mL)
Eliminação de urina (mL)
AUU
(mg/(kg 5h))
AUS
(mg/dL)
Grupo Normal
-
6,78 ± 1,051
4,56 ± 1,002
1,20 ± 0,292**
0,83 ± 0,094***
Hiperuricêmico
-
6,19 ± 0,634
7,87 ± 0,638
11,62 ± 0,625
8,67 ± 0,629
Benzbromarona
10
6,00 ± 0,578
5,58 ± 0,701
19,47 ± 0,745*
2,88 ± 0,320***
Probenecida
50
6,92 ± 0,811
6,58 ± 0,908
20,81 ± 1,545**
1,81 ± 0,771***
EAF
125
7,67 ± 0,919
7,67 ± 0,919
22,13 ± 3,000*
4,74 ± 0,853**

250
9,17 ± 0,527
8,50 ± 1,384
29,66 ± 1,295***
4,38 ± 0,899**
EEF
125
7,67 ± 0,645
4,83 ± 1,559
6,68 ± 0,424
5,61 ± 0,587*

250
6,83 ± 0,694
3,83 ± 1,120
12,10 ± 0,639
5,01 ± 0,359**
AF
125
4,89 ± 0,611
4,89 ± 1,169
5,32 ± 0,599
3,87 ± 0,373***

250
5,89 ± 0,772
5,78 ± 1,245
22,31 ± 1,528**
4,32 ± 0,765***


EAF – Extrato acetato etílico
EEF – Extrato etanólico
AF – Extrato aquoso
Os valores estão expressos como média ± S.E.M. de 6 animais. Para análise estatística foi utilizada One-way ANOVA seguido do teste de Dunnett, aP< 0,001, bP < 0,01, cP < 0,05, comparando-se ao grupo tratado com veículo.

Atividade de EAF, EEF e AF para a inibição da enzima Xantina Oxidase no fígado de ratos hiperuricêmicos:
No controlo positivo, Alopurino um conhecido inibidor da xantina oxidase, mostrou uma inibição de 76,14%, na concentração de 10 mg / ml. Os extratos etanólico nas duas concentrações administradas, mostraram efeito de inibição acima de 45%. Os outros extratos não apresentaram inibição estatisticamente considerável (Tabela 3).

Tabela 3 - Efeitos dos extratos de Pimenta pseudocaryophyllus e alopurinol na atividade da xantina oxidase hepática de ratos hiperuricêmicos.
Grupo
Dose (mg/kg)
Atividade da xantina oxidase (nmol/min/ mg protein)
Inibição(%)
Controle normal
-
24,34 ± 2,362
-
Controle Hiperuricêmico
-
28,54 ± 2,689
-
Alopurinol
10
6,81 ± 0,379a
76,14
EAF
125
27,97 ± 1,413
-

250
29,33 ± 2,262
-
EEF
125
15,54 ± 1,318a
45,55

250
15,65 ± 1,611a
45,16
AF
125
30,15 ± 2,767
-

250
22,85 ± 2,284
-
Os valores estão expressos como média ± S.E.M. de 6 animais. Para análise estatística foi utilizada One-way ANOVA seguido do teste de Dunnett, aP< 0,001, bP < 0,01, cP < 0,05, comparando-se ao grupo tratado com veículo. Os valores estão expressos como média ± S.E.M. de 6 animais. Para análise estatística foi utilizada One-way ANOVA seguido do teste de Dunnett, aP< 0,001, bP < 0,01, cP < 0,05, comparando-se ao grupo tratado com veículo.
Os valores estão expressos como média ± S.E.M. de 6 animais. Para análise estatística foi utilizada One-way ANOVA seguido do teste de Dunnett, aP< 0,001, bP < 0,01, cP < 0,05, comparando-se ao grupo tratado com veículo.

Os valores estão expressos como média ± S.E.M. de 6 animais. Para análise estatística foi utilizada One-way ANOVA seguido do teste de Dunnett, aP< 0,001, bP < 0,01, cP < 0,05, comparando-se ao grupo tratado com veículo.

EAF – Extrato acetato etílico
EEF – Extrato etanólico
AF – Extrato aquoso

Atividade de EAF, EEF e AF no modelo de edema de pata em camundongos:
Os cristais de urato de sódio quando injetados, induziram um aumento considerável na espessura da pata quando comparado ao controle negativo. Os extratos EAF, EEF e AF apresentaram no geral atividade anti-inflamatória considerável. O edema da pata foi encontrado bem reduzido em ratos tratados com EAF a125 e 250 mg / kg às 4 h, 24 hs e 48hs. EEF também foi eficaz em reduzir o edema de pata nas doses testadas, principalmente após 48hs . AF foi capaz de reduzir o edema de pata consideravelmente em 250 mg / kg em 24 hs. A Indometacina (3 mg / kg) também mostrou uma boa atividade anti-inflamatória.

Tabela 4 -Avaliação da atividade anti-inflamatória dos extratos de P. pseudocaryophyllus na metodologia do edema de pata induzido por cristais de urato - MSU

Variação da espessura das patas Δ (mm)
Grupo
Dose (mg/kg)
4 h
24 h
48 h
Veículo (salina)
-
0,18 ± 0,038a
0,16 ± 0,049 a
0,05 ± 0,025a
MSU
-
1,72 ± 0,232
1,48 ± 0,200
0,92 ± 0,060
Indometacina
3
0,27 ± 0,046a
0,43 ± 0,091 a
0,32 ± 0,062a
EAF
125
0,10 ± 0,041a
0,11 ± 0,081 a
0,13 ± 0,067a

250
0,30 ± 0,095a
0,48 ± 0,166b
0,41 ± 0,164a
EEF
125
1,21 ± 0,209
0,98 ± 0,189
0,51 ± 0,078b

250
1,09 ± 0,277
1,04 ± 0,131
0,52 ± 0,130c
AF
125
1,17 ± 0,240
1,52 ± 0,154
1,09 ± 0,176

250
1,33 ± 0,209
0,15 ± 0,185
0,86 ± 0,166

EAF – Extrato acetato etílico
EEF – Extrato etanólico
AF – Extrato aquoso
Os valores estão expressos como média ± S.E.M. de 6 animais. Para análise estatística foi utilizada One-way ANOVA seguido do teste de Dunnett, aP< 0,001, bP < 0,01, cP < 0,05, comparando-se ao grupo tratado com veículo.

Discussão
Em algumas doenças, o organismo perde a capacidade de eliminar o ácido úrico, aumentado assim os seus níveis séricos. Isso pode levar à precipitação de cristais de urato monossódico nas articulações, que, por sua vez, provocam uma artrite inflamatória gotosa, a gota (Busso & So, 2010).O alopurinol, um dos farmacos mais prescritos para tratar e controlar a hiperuricemia, apresenta uma boa atividade inibidora da XO, mas está relacionado a vários efeitos adversos, estes desconfortos são relatados por pacientes como a principal causa de abandono da terapêutica (Lima et al, 2015). Tendo em vista os problemas terapêuticos que envolvem o tratamento da gota, novas opções são necessárias para um tratamento seguro e eficaz. Esse projeto buscou avaliar as atividades anti-hiperuricemica, uricosúrica e anti-inflamatória dos extratos das folhas de Pimenta pseudocaryophyllus.
O extrato EEF foi capaz de reduzir eficientemente os níveis de ácido úrico e inibir a atividade da enzima XO, demonstrando sua atividade anti-hiperuricêmica por este mecanismo de ação. Os grupos tratados com os extratos EAF e AF apresentaram redução significativa dos níveis de urato sérico comparado com o grupo hiperuricêmico controle. O experimento usando cristais de urato de sódio MSU simula ataques agudos de gota (Lima et al, 2015), devido ao acumulo de cristais de urato nas articulações, causando reações inflamatórios. Os extratos EAF, EEF e AF apresentaram no geral, boa atividade anti-inflamatória. O edema da pata foi encontrado bem reduzido nos ratos tratados com EAF e EEF para as duas dosagens administradas. Estes resultados podem ser considerados promissores, tendo em vista que trata-se de extratos de uma planta, e os compostos com atividades farmacológicas encontram-se em baixa concentração.

Conclusão
Os extratos acetato de etila (EAF) e aquoso (AF) apresentaram boa atividade na redução do ácido úrico sérico e no aumento da sua excreção urinária, demonstrando a eficácia desses extratos para o uso na terapêutica da gota.
O extrato etanólico (EEF) da Pimenta pseudocaryophyllus exerceu boa atividade inibidora da enzima xantina oxidase no fígado, o que indica que este extrato pode causar seus efeitos anti-artrite gotosa principalmente por esse mecanismo.
A atividade anti-inflamatória avaliada em modelo MSU mostrou-se presente em quase todos os extratos, destacando-se o EAF que nas duas dosagens administradas apresentaram um bom efeito anti-inflamatória e uma ação duradoura, demonstrando assim, mais um efeito terapêutico no uso da planta e da bebida Cataia, popularmente comercializada. Além de seus potenciais na criação de fitoterápicos e protótipos para a indústira farmacêutica.



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D'angelis, A. I., & Negrelle, R. (2014). Pimenta pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum: aspectos botânicos, ecológicos, etnobotânicos e farmacológicos. Sociedade Brasileira de Plantas Medicinais.
Lima, R. d., Ferrari, F. C., & Saúde-Guimarães, D. A. (2015). Effects of extracts of leaves from Sparattosperma leucanthum. Journal of Ethnopharmacology.
Paula, J. A. (2011). Fitoquímica e atividades biológicas de pimenta pseudocaryophyllus (Gomes) L. R. Landrum (Myrtaceae). Universidade Federal de Goiás; Brasil; UFG; Programa de Pós-graduação em Biologia (ICB); Instituto de Ciências Biológicas - ICB (RG).
Pinheiro, G. R. (2008). Revendo a Orientação Dietética na Gota. Revista Bras Reumatol, 157-161.
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