Universidades estaduais paranaenses : desenvolvimento regional e

July 24, 2017 | Autor: M. Gabardo Camara | Categoria: Economic Development, Regional economic development, University
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Reitora Vice-Reitor

Berenice Quinzani Jordão Ludoviko Carnascialli dos Santos

Comitê Editorial Cleise Maria de Almeida Tupich Hilgemberg - UEPG Katy Maia – UEL Irene Domenes Zapparoli - UEL Maria de Fátima Garcia - UEM Sueli Rufini – UEL Umberto Antonio Sesso Filho – UEL

Capa Felipe Rostirolla Editoração Adilson Theodoro Casarin Revisão Laura Mitsuko Tanaka

Catalogação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrina Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

C172u Camara, Marcia Regina Gabardo da.

Universidades estaduais paranaenses : desenvolvimento regional e contribuição para a qualificação da mão de obra / Marcia Regina Gabardo da Camara, Carlos Eduardo Caldarelli. – Londrina : UEL, 2014.



182 p. : il.



Vários colaboradores.



Inclui bibliografia.



ISBN 978-85-7846-309-0



1. Universidades e faculdades – Paraná. 2. Mão de obra de nível

superior. 3. Desenvolvimento regional. I. Caldarelli, Carlos Eduardo. II. Título. CDU 82.085

Sumário

INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... Carlos Eduardo Caldarelli; Marcia Regina Gabardo da Camara; Maria de Fátima Sales; Solange de Cassia Inforzato de Souza Capítulo 1 A CONTRIBUIÇÃO DA UEL PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL, O MERCADO DE TRABALHO E A FORMAÇÃO DE CAPITAL HUMANO.................................................................. Carlos Eduardo Caldarelli; Marcia Regina Gabardo da Camara; Solange de Cassia Inforzato de Souza; Maria de Fátima Sales Capítulo 2 INSTITUIÇÕES E DESENVOLVIMENTO REGIONAL: o caso da Universidade Estadual de Maringá - UEM..................................................................................................... Antonio Carlos de Campos; Joyce Menezes da Fonseca Tonin; Alexandre Florindo Alves Capítulo 3 UNIVERSIDADE E SEU EFEITO NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DOS MUNICÍPIOS VIZINHOS: o caso da Universidade Estadual de Ponta Grossa - Paraná ............................................................................................................................................. Augusta Pelinski Raiher; José Luiz Parré; Pery Francisco Assis Shikida Capítulo 4 A CONTRIBUIÇÃO DA UEPG PARA A INOVAÇÃO REGIONAL: oportunidades e desafios ............................................................................................................................................. Hermes Yukio Higachi; Edilson José do Valle; Lívio Marcel Queji Capítulo 5 CAPITAL HUMANO, UNIVERSIDADE E PRODUTO PER CAPITA: um estudo da influência do capital humano formado na Unicentro .................................... Giomar Viana; Amarildo Hersen; Fernando Franco Netto; Altamir Thimóteo Capítulo 6 A RELAÇÃO DA UNICENTRO (PR) COM AS MICRORREGIÕES DE ATUAÇÃO: uma abordagem com técnicas de estatística espacial ................................................... Amarildo Hersen; Altamir Thimóteo; Giomar Viana; Fernando Franco Netto Capítulo 7 CONTRIBUIÇÃO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ PARA A FORMAÇÃO DE CAPITAL HUMANO............................................................................................... Udo Strassburg; Valdir Antonio Galante; Nilton Marques de Oliviera; Mirian Beatriz Schneider Braun

7

11

39

65

79

87

109

129

Capítulo 8 A ECONOMIA DO CONHECIMENTO: da Teoria Capital Humano à Economia do Conhecimento e o caso da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste......................................................................................................................... Mirian Beatriz Schneider Braun; Udo Strassburg; Valdir Antonio Galante; Nilton Marques de Oliveira

149

INFORMAÇÕES SOBRE OS AUTORES.............................................................................................

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INTRODUÇÃO1 Carlos Eduardo Caldarelli2 Marcia Regina Gabardo da Camara3 Maria de Fátima Sales4 Solange de Cassia Inforzato de Souza5

A educação e a contribuição das universidades para o crescimento e o desenvolvimento regional é o tema do presente livro. A literatura econômica destaca a importância das instituições de ensino superior – IES – na formação de mão de obra qualificada e no desenvolvimento de novas habilidades e novas ideias que contribuem para o crescimento da produtividade e o desenvolvimento econômico (ALVAREZ; KANNEBLEY JÚNIOR; CAROLO, 2013).6 A interação mais intensa entre as IES, o desenvolvimento regional e o papel dessas instituições no desenvolvimento econômico orientou uma série de pesquisas financiadas pela Secretaria da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior do Paraná – Seti –, e o presente livro reúne alguns dos seus principais resultados. North (1990)7 é um dos pioneiros no debate da relação entre instituições e desenvolvimento e destaca que o progresso das instituições contribui para a criação de economias de escala e o desenvolvimento econômico. Por outro lado, Acemoglu, Johnson e Robinson (2001; 2002; 2005)8 destacam que a presença de instituições fortalecidas estimula o desenvolvimento econômico, a inovação e a alocação de fatores de forma eficiente, enquanto sociedades com instituições fracas apresentam pior desempenho. O primeiro capítulo discute os efeitos e a contribuição da Universidade Estadual de Londrina (UEL) para o desenvolvimento regional, o mercado de trabalho e a formação e capital humano em Londrina e região metropolitana. Os impactos das atividades da UEL Os autores agradecem a Seti, o Fundo Paraná, Seti-UGF e a Fundação Araucária pelo apoio financeiro recebido para a realização da pesquisa. 2 Professor do Departamento de Economia – Universidade Estadual de Londrina. E-mail: [email protected] 3 Professora do Departamento de Economia – Universidade Estadual de Londrina. E-mail: [email protected] 4 Professora do Departamento de Economia – Universidade Estadual de Londrina. E-mail: [email protected] 5 Professora do Departamento de Economia – Universidade Estadual de Londrina. E-mail: [email protected] 6 ALVAREZ, R. B. P.; KANNEBLEY JÚNIOR, S.; CAROLO, M. D. O Impacto Da Interação Universidade-Empresa Na Produtividade Dos Pesquisadores: uma análise para as ciências exatas e da terra nas universidades estaduais paulistas. Revista Brasileira de Inovação, Campinas, v. 12, n. 1, p. 171-206, jan.-jun./2013. 7 NORTH, D. Institutions, Institutional Change and Economic Performance, Cambridge: Cambridge University Press, 1990. 8 Ver ACEMOGLU, D.; JOHNSON, S.; ROBINSON, J. A. Institutions as a fundamental cause of long-run growth. Handbook of economic growth, v. 1, p. 385-472, 2005; ACEMOGLU, D.; JOHNSON, S.; ROBINSON. Reversal of fortune: Geography and institutions in the making of the modern world income distribution, Quarterly Journal of Economics, v.118, p.1231–1294, 2002.e ACEMOGLU, D.; JOHNSON, S.; ROBINSON. The colonial origins of comparative development: An empirical investigation. American Economic Review, v. 91, n. 5, p. 1369–1401, 2001. 1

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podem ser observados a partir da análise de indicadores de produção científica, indicadores de emprego e renda regional. Verificou-se que a contribuição da Universidade Estadual de Londrina (UEL) para o desenvolvimento regional, mercado de trabalho e a formação e capital humano foi muito importante, destacando-se a qualificação reconhecida pela referida IES como fator relevante para o crescimento e o desenvolvimento econômico local no período analisado de Londrina e da região metropolitana. O segundo capítulo procura caracterizar a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e identificar o potencial de contribuição ao desenvolvimento dessa instituição. A análise passa pela abordagem da formação de capital humano e aspectos mais gerais até outros mais específicos, relacionados aos ensinos de graduação e pós-graduação. O estudo finaliza discutindo a pesquisa e a extensão, intrinsecamente ligadas ao papel da universidade, e a contribuição da UEM para o desenvolvimetno regional. O terceiro capítulo analisa o efeito que a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) apresenta sobre o desenvolvimento da região na qual se localiza. Os autores constroem um Índice de Desenvolvimento para cada município do Paraná (entre 2000 e 2009), abrangendo aspectos econômicos, sociais e acerca do capital humano, testando, na sequência, seu efeito na dinâmica do desenvolvimento econômico do município sede da instituição (Ponta Grossa) e dos que estão próximos, via estimativa, por dados em painel. Como resultado, identificou-se um efeito positivo e significativo, demonstrando que quanto mais próximo é o município de Ponta Grossa e quanto mais elevado são os gastos da universidade, maior tende a ser o seu desenvolvimento. O quarto capítulo caracteriza a contribuição das atividades de pesquisa e desenvolvimento realizados na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) para a inovação regional, calcada em dados disponíveis na Universidade Estadual de Ponta Grossa, assim como em entrevistas realizadas com representantes da indústria regional. O quinto capítulo analisa a influência que o capital humano advindo do ensino superior exerceu no PIB per capita ao longo do período de 2000 a 2010 nos municípios onde a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) está inserida. Os autores verificaram que a Unicentro exerceu influência direta na formação do PIB per capita ao longo dos anos em estudo. O sexto capítulo visa identificar a associação espacial dos municípios pertencentes às Microrregiões de Guarapuava, Irati, Pato Branco, Pitanga e Prudentópolis com a Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná, Unicentro, referente ao ano de 2012. Os autores verificam a associação espacial e a importância da Unicentro para a economia regional.

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O sétimo capítulo discute a contribuição da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) para a formação de capital humano. As instituições de ensino superior, principalmente as universidades, devem cumprir o seu papel que vai além dos limites da sua finalidade tradicional de produção, reprodução, divulgação e conservação do conhecimento. Nessa perspectiva, os autores discutem a estrutura da Unioeste e a sua contribuição para a formação de capital humano entre 2000 e 2012. O oitavo e último capítulo discute a evolução do conceito de economia do conhecimento e avalia o papel da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) no contexto do desenvolvimento regional no período 2000 a 2012, identificando os significativos avanços institucionais e seus efeitos sobre o desenvolvimento regional. Desejamos uma agradável leitura a todos e aproveitamos a oportunidade para agradecer aos pesquisadores e professores das instituições públicas de ensino paranaense que nos honraram com a cessão dos capítulos e participaram do projeto “Relações entre as universidades públicas estaduais e o desenvolvimento regional no estado do Paraná”. Também agradecemos à Seti/UGF, à Fundação Araucária e à Profa. Dra. Sueli Rufini a oportunidade, o apoio financeiro e humano e excelente oportunidade de participar da rede de pesquisadores que proporcionou a elaboração desta obra coletiva.

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1

A CONTRIBUIÇÃO DA UEL PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL, O MERCADO DE TRABALHO E A FORMAÇÃO DE CAPITAL HUMANO Carlos Eduardo Caldarelli Marcia Regina Gabardo da Camara Solange de Cassia Inforzato de Souza Maria de Fátima Sales

INTRODUÇÃO A educação e sua contribuição para o crescimento e o desenvolvimento das nações têm sido alvo da pesquisa econômica desde os anos 1960. Nesse quesito, destaca-se a teoria do crescimento endógeno, cujas bases repousam no fato de que a qualificação do trabalho contribui para o incremento da produtividade. A literatura econômica também destaca a importância das instituições ensino superior – IES – na formação de mão de obra qualificada e no desenvolvimento de novas habilidades e novas ideias que contribuem para a inovação, o crescimento da produtividade, o crescimento e o desenvolvimento econômico (ALVAREZ; KANNEBLEY JÚNIOR; CAROLO, 2013). A interação mais intensa entre as IES e o desenvolvimento regional, principalmente pós-1980, assim como o papel dessas instituições no desenvolvimento local, modelou, inclusive, um novo contrato social entre as universidades e a sociedade. Observa-se que o financiamento dessas instituições está cada vez mais condicionado à sua contribuição direta para a economia (RAPINI; OLIVEIRA; SILVA NETO, 2014). Dado o exposto, o objetivo do presente estudo é analisar os efeitos e a contribuição da Universidade Estadual de Londrina (UEL) para o desenvolvimento regional, o mercado de trabalho e a formação e o capital humano em Londrina e região metropolitana. Este capítulo está estruturado em quatro seções. Após esta introdução, a primeira seção apresenta a revisão da literatura sobre teorias de crescimento, teoria do capital humano e evidências empíricas envolvendo o tema. A segunda seção apresenta uma caracterização da UEL. Na terceira seção, realiza-se a análise evolutiva das variáveis estudadas no período entre 2000 e 2012. Na quarta seção, encontram-se as considerações finais deste trabalho.

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REFERENCIAL TEÓRICO E EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS Em termos históricos, entre a discussão sobre capital humano, qualificação, produtividade e crescimento, destaca-se o pioneirismo de Mincer (1958), Schultz (1961) e Becker (1962). O estudo pioneiro de Mincer (1958) defende que a maior escolaridade e o maior treinamento contribuem para maiores níveis salariais. Schultz (1961) afirma que a decisão de investir em educação é uma decisão que maximiza o bem-estar e os retornos da educação do agente. Nesse mesmo sentido, Becker (1962) destaca que a educação permite maiores retornos e que a produtividade da firma pode ser ampliada pelo aprendizado de novas habilidades dos trabalhadores, que elevam seu capital humano. Logo, pessoas mais qualificadas tendem a receber maiores salários no decorrer do tempo. Na teoria macroeconômica, Romer (1989; 2001) defende que o capital humano é fundamental para a criação de novas ideias, para a inovação e para o crescimento econômico. Entre os autores que destacaram o papel das instituições no desenvolvimento, deve ser mencionado North, autor que discute a relação entre instituições e desenvolvimento e destaca que o progresso das instituições contribui para a criação de economias de escala e o desenvolvimento econômico. De acordo com Acemoglu, Johnson e Robinson (2001; 2002; 2005), a presença de instituições fortalecidas estimula o desenvolvimento econômico ao favorecer a inovação e a alocação de fatores de forma eficiente, enquanto sociedades com instituições fracas apresentam pior desempenho. Para Rapini (2007), a contribuição das universidades ou do ensino superior para o processo de inovação nas firmas e o crescimento econômico ocorre via fonte de conhecimento científico para as atividades de pesquisa básica e de conhecimento especializado para a área tecnológica da firma, o que concorre para o desenvolvimento regional. Essas instituições também contribuem, mediante a formação de cientistas e engenheiros qualificados, para atividades relacionadas à solução de problemas que emergem no processo inovador das firmas. Segundo Arbo e Benneworth (2007), esse fenômeno pode se traduzir na política de inovação regionalizada, de forma que cada região torna-se responsável pelo seu desenvolvimento. Goddard (2000) evoca a ideia da missão regional da educação superior. Alvares, Kannebley Júnior e Carolo (2013) afirmam que a universidade combina as funções de ensino e de pesquisa para o desenvolvimento contribuindo para a formação de pessoal qualificado a ser contratado pelo setor produtivo e a pesquisa científica, que se entende como informação científico-tecnológica. Segundo Goddard et al. (2003), as universidades e as instituições estão inseridas no contexto regional e são importantes agentes de promoção

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do desenvolvimento regional quando estão alinhadas às demandas regionais. A educação superior seria concebida como um veículo do desenvolvimento regional da nação e da região, na qual estão inseridos o tecido social e econômico. Nesse contexto, Souza (2008) observa que os retornos do investimento em capital humano, para o Brasil em 2004, apresentam uma correlação positiva com salários, educação formal e experiência profissional. Em linha, Kroth e Dias (2012) mensuraram a contribuição dos capitais físico e humano sobre o produto per capita dos municípios da Região Sul para o período de 1994 a 2004 e verificaram que o capital humano exerceu a maior influência no produto per capita. A investigação de Nakabashi e Felipe (2007) ressaltou a importância do capital humano no crescimento dos municípios paranaenses. Zaist, Nakabashi e Salvato (2008) verificaram que o ensino superior apresentou o maior retorno para a renda e o crescimento econômico no estado do Paraná, em 2005. Silva (2013) verificou os efeitos da educação sobre o diferencial de salários dos mercados de trabalho formal e informal no estado do Paraná, em 2009.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Esta pesquisa foi realizada em duas etapas. Na primeira fase realizaram-se o levantamento e a revisão crítica da literatura sobre educação, crescimento, universidades e desenvolvimento regional, e na segunda fase houve a coleta de dados secundários nos sites: Seti, UEL, CNPq e a coleta de dados primários a partir do questionário da OCDE. Os dados foram coletados na Universidade Estadual de Londrina, em um exercício de autodiagnóstico, por meio da aplicação de um questionário baseado na metodologia básica da OCDE – Aidememorie for Regions Participating in the OECD Project Supporting the Contribution of Higher Education Institutions to Regional Development, February (2005).

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA: ANÁLISE DE RESULTADOS A Universidade Estadual de Londrina é uma das sete instituições de ensino superior estadual público e encontra-se localizada na Região Norte do Paraná. É possível verificar, pela Figura 1, que a localização das IES públicas estaduais paranaenses permite atender a quase toda a demanda de ensino superior do estado. Figura 1: Localização das universidades estaduais paranaenses e UEL

Fonte: Elaborado pelos autores com base nas informações da Seti.

Nesse contexto, a Figura 2 apresenta a procedência dos ingressantes na UEL, com que é possível verificar que a instituição atrai alunos de todas as regiões do estado, mas verifica-se que a maioria dos ingressantes nos anos de 2000, 2006 e 2013 morava nas cidades próximas a Londrina. Logo, é possível afirmar que ela cumpre o papel de atender à demanda local e regional de qualificação de mão de obra.

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Figura 2: Evolução dos ingressantes na UEL por município do estado do Paraná – 2000, 2006 e 2013 (números de estudantes)

Fonte: Elaborado pelos autores com dados de UEL/Prograd.

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A análise dos dados da Tabela 1 permite afirmar que, em 2000, cerca de 68,78% dos ingressantes na graduação da UEL eram oriundos do estado do Paraná. Em 2000, a UEL também atraía candidatos de outros estados pela qualidade do ensino de graduação ofertado, destacando-se os candidatos oriundos de São Paulo (27,06%). Ao longo do tempo com a mudança no processo de seleção dos alunos, verifica-se mudança na composição dos alunos entrantes. Em 2013, os paranaenses preencheram 83,13% das vagas no primeiro ano de graduação na UEL e os paulistas, 15,62%. Entre 2006 e 2013, a participação de alunos que moravam no Paraná manteve-se acima dos 70%. Tabela 1: Procedência de alunos ingressantes na UEL – 2000-2013 (em % do total) Ano

2000

2002

2004

2006

2008

2010

2012

2013

Localidade Exterior

0,00

0,13

0,06

0,22

0,42

0,13

0,35

0,23

AP

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00

CE

0,00

0,00

0,00

0,00

0,07

0,03

0,00

0,00

BA

0,07

0,13

0,00

0,00

0,00

0,07

0,06

0,03

DF

0,17

0,35

0,10

0,06

0,00

0,00

0,00

0,00

ES

0,10

0,06

0,13

0,00

0,00

0,00

0,06

0,03

GO

0,30

0,51

0,13

0,22

0,10

0,10

0,03

0,00

MA

0,00

0,03

0,00

0,00

0,00

0,00

0,03

0,00

MT

0,33

0,42

0,45

0,22

0,26

0,23

0,06

0,13

MS

1,43

0,61

0,45

0,66

0,39

0,81

0,13

0,39

MG

1,20

2,04

1,41

0,92

0,49

0,23

0,22

0,16

PA

0,00

0,00

0,00

0,00

0,03

0,00

0,00

0,00

PR

68,78

67,10

67,97

78,99

74,63

79,56

80,01

83,13

PI

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00

0,03

0,00

PE

0,07

0,00

0,03

0,03

0,00

0,00

0,00

0,00

RJ

0,03

0,13

0,06

0,06

0,07

0,00

0,03

0,07

RN

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00

RS

0,13

0,03

0,06

0,03

0,07

0,03

0,00

0,00

RO

0,10

0,16

0,13

0,06

0,20

0,07

0,03

0,03

RR

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00

0,06

0,03

SC

0,20

0,29

0,26

0,35

0,16

0,07

0,26

0,13

SE

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00

SP

27,06

27,98

28,77

18,16

23,13

18,66

18,57

15,62

TO

0,03

0,03

0,00

0,00

0,00

0,00

0,03

0,00

Fonte: Elaborado pelos autores com dados de UEL/Prograd.

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Universidades estaduais paranaenses, desenvolvimento regional e contribuição para a qualificação da mão de obra

A Tabela 2 apresenta o número de alunos matriculados na UEL, por centro de estudos, em 2005, 2010 e 2012. Verifica-se o crescimento no número total de alunos matriculados, de 14.133 para 15.519, totalizando um crescimento de 9,8%. Os dados também comprovam a concentração das matriculas nos cursos de Ciências Sociais Aplicadas, nos cursos de Educação, Comunicação e Artes, Ciências Humanas e da Saúde. Em 2012, essas áreas representavam 68,86% dos matriculados, sendo 49,19% nas áreas sociais aplicadas e educação, comunicação e artes. Esta última teve aproximadamente 28% dos alunos nos dois últimos anos. Tabela 2: Alunos matriculados e formados na UEL, por centro de estudos – 2005, 2010 e 2012 Centro

2005 M

2010 F

(%)

M

2012 F

(%)

M

F

(%)

Centro de Ciências Humanas

1598

272 17,0

1516

241 15,9

1548

229 14,8

Centro de Ciências Biológicas

786

227 28,9

738

182 24,7

742

179 24,1

Centro de Ciências Exatas

1528

225 14,7

1375

194 14,1

1378

153 11,1

Centro de Estudos Sociais Aplicados

3706

666 18,0

3326

522 15,7

3251

555

Centro de Ciências da Saúde

1594

362 22,7

1532

267 17,4

1516

260 17,2

Centro de Ciências Agrárias

978

155 15,8

977

141 14,4

1006

141 14,0

2070

447 21,6

1987

362 18,2

4385

Centro de Tecnologia e Urbanismo

884

130 14,7

855

111 13,0

883

137 15,5

Centro de Educação Física e Esporte

968

172 17,8

834

105 12,6

801

101

14112

2656 18,8

13140

2125 16,2

15515

Centro de Educação, Comunicação e Artes

Total

1835

17,1

41,8

12,6

3590 23,1

Nota: M – Matrícula F – Formandos Fonte: UEL (2013).

Este estudo também contemplou a evolução e a distribuição dos alunos egressos da UEL. A Tabela 2 também apresenta o número de formandos da UEL, segundo centro de estudos. O número de formandos revelou uma tendência de queda no período de 2005 a 2011 em função da retenção, reprovação e desistência de alunos dos cursos de graduação no período em questão. Em 2012, verificou-se um aumento substantivo no número de formandos concentrado no Centro de Educação, Comunicação e Artes e no curso de Pedagogia.

Universidades estaduais paranaenses, desenvolvimento regional e contribuição para a qualificação da mão de obra

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A Tabela 3 apresenta a distribuição dos egressos da UEL, segundo destino. A pesquisa dos egressos disponibiliza as informações de ex-alunos no período de 1998 a 2012. A partir de 3113 respostas ao questionário, foi possível verificar que 67,62% dos alunos titulados permanecem no estado do Paraná, contribuindo para a formação e fixação do capital humano no estado, de forma a induzir o crescimento da produtividade e do crescimento econômico estadual. Tabela 3: Distribuição dos estudantes egressos da graduação da UEL- de 1998 a 2012 (em % do total) Localidade

Número de Estudantes

em % do total

AC

4

0,13

Exterior AL

16 1

AM

15

BA

19

DF

26

GO

24

MG

27

MT

63

PE

5

AP

CE ES

MA MS PA PI

1 6 4 4

59 11 1

PR

2105

RN

1

RJ

21

RO

23

RS

15

SP

608

TOTAL

3.113

RR SC

TO

3

42 9

0,51 0,03 0,48 0,03 0,61 0,19 0,84 0,13 0,77 0,13 0,87 1,90 2,02 0,35 0,16 0,03

67,62

0,67 0,03 0,74 0,10 0,48

1,35

19,53

0,29

100,0

Fonte: Elaborado pelos autores, com dados do portal do Egresso UEL.

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Universidades estaduais paranaenses, desenvolvimento regional e contribuição para a qualificação da mão de obra

Este estudo também contemplou a evolução da pós-graduação da UEL. A Tabela 4 apresenta a oferta de programas de pós-graduação nos centros de estudos em 2013. Tabela 4: Programas de pós-graduação da UEL – por área – em 2013 GRANDE ÁREA

PROGRAMA

ÁREA DOS PROGRAMAS

QUANTIDADE

CIÊNCIAS AGRÁRIAS

MESTRADO/ DOUTORADO

CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS; FITOTECNIA; MEDICINA VETERINÁRIA

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

MESTRADO/ DOUTORADO

GENÉTICA; MICROBIOLOGIA; CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

3

MESTRADO PROFISSIONAL

TOXICOLOGIA APLICADA À VIGILÂNCIA SANITÁRIA

1

MESTRADO

CIÊNCIA DA REABILITAÇÃO; ENFERMAGEM; GESTÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE

3

MESTRADO/ DOUTORADO

CIÊNCIAS DA SAÚDE; EDUCAÇÃO FÍSICA; PATOLOGIA EXPERIMENTAL; SAÚDE COLETIVA

4

MESTRADO

CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO; MATEMÁTICA APLICADA E COMPUTACIONAL; QUÍMICA

3

MESTRADO/ DOUTORADO

FÍSICA

1

DOUTORADO

QUÍMICA- UEL - UNICENTRO - UEPG

1

CIÊNCIAS HUMANAS

MESTRADO

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO; CIÊNCIAS SOCIAIS; EDUCAÇÃO; FILOSOFIA; HISTÓRIA SOCIAL

5

CIÊNCIAS HUMANAS

MESTRADO/ DOUTORADO

GEOGRAFIA

1

CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

MESTRADO

ADMINISTRAÇÃO; CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO; COMUNICAÇÃO; DIREITO NEGOCIAL; ECONOMIA REGIONAL;

5

MESTRADO/ DOUTORADO

SERVIÇO SOCIAL E POLÍTICA SOCIAL

1

MESTRADO PROFISSIONAL

GESTÃO DA INFORMAÇÃO

1

ENGENHARIAS

MESTRADO

ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E SANEAMENTO; ENGENHARIA ELÉTRICA

2

LINGÜÍSTICA, LETRAS E ARTES

MESTRADO/ DOUTORADO

ESTUDOS DA LINGUAGEM; LETRAS

2

MULTIDISCIPLINAR

MESTRADO

BIOENERGIA

1

MESTRADO/ DOUTORADO

BIOTECNOLOGIA; ENSINO DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

2

CIÊNCIAS DA SAÚDE

CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

3

Fonte: Elaborado pelos autores com dados da CAPES.

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19

Ainda relativo à pós-graduação, a Tabela 5 apresenta a evolução do número de programas de mestrado e doutorado no período de 2002 a 2013. Houve crescimento de 67% nos cursos de Mestrado e, de 112%, nos cursos de Doutorado. A Tabela 6 apresenta a evolução do número de defesas de mestrado e doutorado e o número de profissionais titulados nos cursos oferecidos na UEL, nesse mesmo período. Constata-se o crescimento substantivo de mestres (200%) e doutores (150%) que obtiveram seus respectivos títulos nas diferentes áreas do conhecimento no período de 2002 a 2013. Tabela 5: Número de programas de pós-graduação stricto sensu UEL – de 2002 a 2013 Ano

Mestrado

Alunos Matriculados

Bolsas CAPES

Doutorado

Alunos Matriculados

Bolsas CAPES

2002

24

*

163

8

*

39

2003

23

*

172

8

*

41

2004

23

*

170

8

*

46

2005

24

889

163

8

262

47

2006

25

940

173

8

281

55

2007

27

967

239

10

277

55

2008

31

1067

258

10

299

67

2009

32

1215

303

13

371

119

2010

39

1279

385

14

365

149

2011

40

1446

496

17

525

197

2012

41

1473

542

19

603

221

2013

44

1422

542

20

706

230

(*)- Não disponível. Fonte: PROPPG-UEL (2014a; 2012b).

20

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Tabela 6: Defesas nos programas de pós-graduação stricto sensu UEL – de 2002 a 2013 ANO

DISSERTAÇÕES

TESES

2002

198

5

2003

186

21

2004

268

15

2005

280

25

2006

311

46

2007

307

53

2008

313

59

2009

327

67

2010

413

72

2011

414

66

2012

553

85

2013

594

98

Fonte: PROPPG-UEL (2014a).

A Tabela 7 apresenta o número de cursos de Mestrado e Doutorado entre 2002 e 2013. Verifica-se que, além do número de alunos regulares, houve um significativo número de alunos especiais que buscam qualificar-se na UEL. A Tabela 8 apresenta o número de cursos de Mestrado, Doutorado, Mestrados Profissionais, Residências e Especializações nas diversas áreas, assim como os alunos especiais e regulares atendidos em 2013. Os cursos do stricto sensu atenderam em: a) Programas de Doutorados, 745 alunos (89% dos alunos são regulares); b) cursos de Mestrado Acadêmico, 1527 alunos (70,1% dos alunos são regulares) e c) cursos de Mestrados Profissionais, 57 alunos. As 67 residências ofertadas qualificaram 375 alunos em 2013, enquanto os 96 cursos de especialização, 2360 alunos em 2013.

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21

Tabela 7: Total de alunos matriculados em cursos/programas de pós-graduação UEL – 2013  CURSOS

NÚMERO DE CURSOS

ALUNO ESPECIAL

ALUNO REGULAR

TOTAL

Doutorado

20

83

662

745

Mestrado

38

449

1078

1527

Mestrado Profissional

4

0

57

57

Sub-total Mestrados

42

449

1135

1584

Total Stricto sensu

62

532

1797

2329

Residência Médica

30

0

181

181

Residência em Fisioterapia

5

0

30

30

Residência Veterinária

17

0

52

52

Residência em Enfermagem

7

0

55

55

Residência em Odontologia

4

0

13

13

Residência Multiprofissional

3

0

36

36

Residência em Análises Clínicas

1

0

8

8

Sub-total Residências

67

0

375

375

Especialização - EAD

3

0

128

128

Especialização

93

1

2231

2232

Sub-total Especializações

96

1

2359

2360

Total Lato sensu

163

1

2734

2735

TOTAL GERAL

225

533

4531

5064

Fonte: PROPPG (2014a).

Em 2013, a UEL possuía 18 cursos com conceito 3 na Capes e 18 cursos com nota 4, com conceito 5 eram 6 programas e 2 programas com conceito 6, segundo dados da Capes. Em 2002, 297 professores atuavam em programas stricto senso na UEL, enquanto 621 docentes participavam dos programas de stricto sensu em 2013. A melhoria da qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão foi possível com uma maior qualificação do corpo docente e sua crescente produtividade, além da melhoria da interação entre ensino, pesquisa e extensão nos diferentes cursos da UEL. Verificou-se a redução no número de professores titulados apenas com graduação, no período de 2005 (120) a 2012 (23), redundando em uma participação declinante de 7,4% para 1,4%. O número de professores doutores cresceu 49,7%, representando 59,4% do total de docentes em 2012, conforme a Tabela 8.

22

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Tabela 8: Titulação dos docentes da UEL- 2005 e 2012 2005

2012

número

(%)

número

(%)

Doutor

666

41,0

997

59,4

Mestre

660

40,6

525

31,3

Especialização

180

11,0

131

7,8

Graduado

120

7,4

23

1,5

Total

1626

100,0

1676

100,0

Fonte: Cezar e Marcondes (2013).

A maior titulação dos docentes favoreceu, também, o crescimento no número de projetos, de pesquisadores participantes e de alunos inseridos nesses projetos, o que permite o treinamento e o desenvolvimento de habilidades do nível de iniciação científica até o doutoramento (Tabela 9). Tabela 9: Projetos de pesquisa em andamento na UEL- 2005, 2010 e 2012 2005

2010

2012

Projetos em andamento

784

1120

1163

Docentes pesquisadores

*

925

1005

*

5473

6350

Alunos atuantes (*)- Não disponível. Fonte: Cezar e Marcondes (2013).

A Tabela 10 exibe a evolução da participação docente e discente em projetos e programas de extensão. Tais projetos e programas também permitem o treinamento e o desenvolvimento de habilidades, além de possibilitar uma maior integração entre a comunidade científica e a sociedade na região.

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23

Tabela 10: Projetos e programas de extensão em andamento na UEL – 2005, 2010 e 2012 Extensão Programas

2005

2010

2012

5

7

8

Projetos

157

165

162

Docentes envolvidos

448

718

573

Alunos envolvidos

2213

1788

1153

Técnicos envolvidos

147

114

209

Fonte: UEL (2013).

A Tabela 11 apresenta a evolução dos grupos de pesquisa, das linhas de pesquisa e seus participantes. Entre 2000 e 2012, o número de grupos de pesquisa cresceu 160%, os professores pesquisadores 177%, o número de alunos participantes 357% e o número de técnicos 50%. Tabela 11: Evolução dos Grupos e linhas de pesquisas da UEL e seus participantes Grupos de pesquisa

Participantes

Linhas de Pesquisa Pesquisadores

Estudantes

Técnicos

897

584

153

2000

163

424

2002

173

436

809

485

103

2004

307

838

1.690

1.222

175

2006

337

936

1.820

1.316

185

2008

384

1.098

2.139

1.937

219

2010 425 1.210 2.486 2.670 231 Fonte: Elaborado pelos autores com dados do Censo do ensino superior no Brasil dos anos 2000, 2002, 2004, 2006 e 2010.

A Tabela 12 apresenta a evolução dos grupos de pesquisa por áreas, com destaque para as Ciências da Saúde e Humanas. Ao realizar o cruzamento das áreas e dos indicadores científicos apresentados nas tabelas anteriores, constata-se que o crescimento da pesquisa e da pós-graduação contribuiu para a consolidação da UEL enquanto polo científico no Paraná.

24

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Tabela 12: Evolução dos Grupos de pesquisa da UEL por área

GRANDE ÁREA

2000

2002

2004

2006

2008

2010

ACUMULADO 2000-2010

Ciências Agrárias

24

16

47

48

49

46

230

Ciências Biológicas

23

30

40

39

47

54

233

Ciências da Saúde

27

27

50

63

76

80

323

Ciências Exatas e da Terra

23

25

34

38

41

40

201

Ciências Humanas

25

26

56

67

74

86

334

Ciências Sociais Aplicadas

16

20

29

33

40

55

193

Engenharias

15

16

30

29

30

33

153

Linguística, Letras e Artes 10 13 21 20 27 31 122 Fonte: Elaborado pelos autores com dados do Censo do ensino superior no Brasil dos anos 2000, 2002, 2004, 2006 e 2010.

A Tabela 13 permite verificar a evolução crescente da produção científica da UEL na década de 2000. Tabela 13: Evolução da produção científica da UEL

Período

TOTAL DE AUTORES

ARTIGOS COMPLETOS PUBLICADOS EM PERÍODICOS ESPECIALIZADOS CIRCULAÇÃO NACIONAL

CIRCULAÇÃO INTERNACIONAL

TRABALHOS COMPLETOS PUBLICADOS ANAIS DE EVENTOS

LIVROS OU CAPÍTULOS DE LIVROS PUBLICADOS LIVROS

CAPÍTULOS DE LIVROS

1998-2001

836

1.572

879

1.447

111

526

2000-2003

1.628

3.903

1.398

3.809

241

1.040

2005-2008

1.812

5.727

3.560

5.905

460

2.172

2007-2010

1.785

6.587

4.713

6.405

518

2.598

Fonte: Elaborado pelos autores com dados do Censo do ensino superior no Brasil dos anos 2000, 2002, 2004, 2006 e 2010.

Segundo dados da Tabela 8, a UEL conta com um corpo docente mais qualificado. As Tabelas 11 e 12 permitem verificar que o quadro docente trabalha em rede com pesquisadores da instituição e alunos (graduação, iniciação científica, lato senso e stricto senso) e de outras instituições de ensino e de pesquisa do estado e do resto do Brasil, o que possibilita ampliar o número de projetos de pesquisas e melhorar os indicadores científicos da UEL. A crescente qualificação das equipes, a maior produtividade, a melhoria dos indicadores de produção científica e o reconhecimento da pesquisa e da pós-graduação (Tabela 10)

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25

permitiram a atração de crescentes investimentos em capital físico e humano na instituição. O Gráfico 1 apresenta a evolução dos investimentos recebidos da UEL do CNPQ, na forma de bolsas no país e no exterior, em valores correntes no período analisado. Gráfico 1: Evolução dos investimentos recebidos pela UEL do CNPq (em mil R$ correntes) – de 2006 a 2012

Nota: Foram considerados os recursos recebidos pela UEL em bolsas no país, fomento à pesquisa e bolsas no exterior. Fonte: Elaborado pelos autores com dados do CNPq.

O Gráfico 2 visualiza a informação de que, em 2012, a UEL recebeu 28% dos recursos liberados para investimentos para as IES públicas estaduais do Paraná em 2012. A distribuição das bolsas liberadas pela CAPES para os programas de pós-graduação e pesquisadores da UEL está evidenciada na Tabela 14, em que é possível verificar a concentração desses recursos nas áreas agrárias e biológicas.

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Gráfico 2: Investimentos recebidos do CNPQ pela IES públicas do Paraná - % do total – 2012

Nota: Foram considerados os recursos recebidos em bolsas no país, fomento à pesquisa e bolsas no exterior. Fonte: Elaborado pelos autores com dados do CNPq.

Graças à maior qualificação e à crescente produtividade, os programas stricto senso da UEL obtiveram bolsas de estudos nas diferentes áreas em 2012, conforme apresentado na Tabela 14. Tabela 14: Bolsas recebidas pela UEL da Capes por grande área em 2012 – em número de bolsas MESTRADO

DOUTORADO

MESTRADO PROFISSIONAL

BOLSA PÓS-DOC

TOTAL

CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DA TERRA

74

78

0

7

159

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

83

40

0

5

128

GRANDE ÁREA

CIÊNCIAS DA SAÚDE

86

30

0

1

117

CIÊNCIAS EXATAS

48

27

45

2

122

CIÊNCIAS HUMANAS

76

2

0

1

79

CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS ENGENHARIAS

63

2

0

0

65

25

0

0

1

26

NÃO INFORMADA

26

5

0

0

31

LINGÜÍSTICA, LETRAS E ARTES

33

35

0

0

68

MULTIDISCIPLINAR

50

13

0

1

64

Nota: A CAPES divulga somente o número de bolsas e não os valores recebidos pela UEL em R$ Fonte: Elaborado pelos autores com dados da Capes.

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O Gráfico 3 permite verificar os investimentos em capital físico no período 2008 a 2012. Observa-se que a Fundação Araucária e a FINEP têm sido as principais fontes de recursos para os investimentos em capital físico e construções na UEL. Gráfico 3: Cinco maiores fontes de captação de recursos externos para pesquisa – de 2008 a 2012

Nota: Foram considerados os recursos recebidos em forma de fomento à pesquisa Fonte: Elaborado pelos autores com dados de UEL/PROPPG e Proplan.

A evolução dos recursos captados pela pesquisa e pela pós-graduação está disposta no Gráfico 4, no período de 2008 a 2012, sendo possível verificar a importância e a tendência de crescimento sustentado para a pós-graduação até 2011 e para a pesquisa até 2010. Não foi possível identificar os determinantes da queda de recursos para a pesquisa na instituição no período de 2011a 2012. Gráfico 4: Evolução da captação de recursos externos para pesquisa e pós-graduação pela UEL – em mil R$ correntes – de 2008 a 2012

Fonte: Elaborado pelos autores com dados de UEL/PROPPG e Proplan.

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O Gráfico 5 expõe a evolução dos recursos externos para a pós-graduação na UEL. A qualificação, a crescente produtividade e o reconhecimento da qualidade das publicações científicas e da produção técnica e tecnológica têm permitido a consolidação da pós-graduação e a atração de crescentes recursos para a instituição no período de 1999 a 2012. Gráfico 5: Evolução da captação de recursos externos e recursos internos para pesquisa e pósgraduação pela UEL – em milhões de R$ correntes – de 1999 a 2012

Nota: Consideram-se recursos próprios a soma das seguintes fontes: Recursos do Tesouro - ordinários não vinculados; Fonte do Tesouro - receita condicionada da LC Nº87/96; Retorno dos programas PROSAM/PEDU/ PARANASAM; Recursos do Tesouro - pesquisa científica e tecnológica; Recursos próprios - compulsórios; Recursos federais - superávit financeiro; Recursos c/ exterior - superávit financeiro; Recursos com outros convênios - superávit financeiro. Fonte: Elaborado pelos autores com dados de Proplan – UEL (2014).

Os impactos das atividades da UEL podem ser observados, além dos dados de produção científica já apresentados, também pelos indicadores de emprego e renda regional. De acordo com Goddard et al. (2003), as IES estão inseridas em uma região e, além do papel para o sistema regional e nacional de inovação, essas instituições devem possuir um compromisso com suas regiões e sensibilidade às suas demandas. A próxima seção deste estudo analisa esse contexto.

MERCADO DE TRABALHO DE LONDRINA DE REGIÃO: RENDIMENTOS E ACESSO AO TRABALHO O Gráfico 6 apresenta a evolução do rendimento médio real dos trabalhadores em Londrina e na Região Metropolitana – RM – de Londrina. Pode-se destacar o crescente valor do salário médio e o maior número de pessoas empregadas com maior grau de qualificação.

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Embora não seja possível separar os profissionais de níveis superior formados pela UEL daqueles formados em outras instituições da região, e mesmo de fora do Paraná, foi possível verificar que a instituição é um das grandes responsáveis pela melhoria do estoque de capital humano local e regional, pois a maioria dos egressos permanecem em Londrina, na região metropolitana e, em sua grande maioria, no estado do Paraná, cumprindo, dessa forma, seu papel social de promover o crescimento e o desenvolvimento regional. Gráfico 6: Rendimento médio real do trabalhador (total) – em R$ – de 1999 a 2012

Fonte: Elaborado pelos autores com dados de Rais/TEM(2014).

Os Gráfico 7a e 7b mostram as diferentes faixas de remuneração para a RM de Londrina, a cidade de Londrina e o número de pessoas que recebem tais salários, com o que é possível confirmar a maior participação na faixa de 1,5 a 3 salários mínimos, entre 1999 e 2012, segmento de maior valorização no país, em função da política dos governos FHC e Lula. Nas faixas superiores a 3 a 5 salários mínimos (S.M.) verifica-se um ligeiro aumento no período, assim como nas faixas superiores a 5 S.M. Na cidade de Londrina e na RM de Londrina não há diferenças no padrão de evolução das diferentes faixas de remuneração média, a melhoria do salário mínimo, assim como a maior qualificação do trabalhador, permitiram maior produtividade e salários melhores.

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Gráfico 7a: Faixa de remuneração média para RM de Londrina– em salários mínimos e número de trabalhadores– de 1999 a 2012

Fonte: Elaborado pelos autores com dados de Rais/MTE(2014).

Gráfico 7b: Faixa de remuneração média para Londrina – em salários mínimos e número de trabalhadores – 1999 a 2012

Fonte: Elaborado pelos autores com dados de Rais/MTE(2014).

Por outro lado, se a abordagem do capital humano pode ser manifestada pelos dados, a evolução do índice de Gini da renda domiciliar de Londrina comprova um aumento da concentração de renda entre 2000 e 2010, enquanto o Paraná apresenta uma redução dos valores do índice de Gini no período. O resultado final do índice de Gini em Londrina em 2010 (0,5226) é inferior do Paraná (0,5416). A atividade de serviços é muito mais forte em Londrina e na região metropolitana que no restante do estado Paraná, exceto na região metropolitana da cidade de Curitiba.

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31

Tabela 15: Índice de Gini da renda domiciliar per capita para Paraná e Londrina – para 2000 e 2010 2000

2010

variação 2000/2010

Paraná

0,6065

0,5416

-10,70%

Londrina

0,5152

0,5226

1,43%

Fonte: Elaborado pelos autores com dados de IBGE.

A Tabela 16 revela a evolução da população em idade ativa (PIA), da população economicamente ativa (PEA) e da taxa de participação (PEA/PIA) no Paraná, na RM de Londrina e em Londrina. As duas últimas apresentam um incremento superior da PIA em relação ao estado do Paraná. No entanto, o crescimento da PEA é ligeiramente inferior. A taxa de participação na força de trabalho é igual ao quociente da entre PEA/PIA. Observa-se que no ano de 2010 esse quociente foi ligeiramente maior em Londrina quando comparado com o Estado do Paraná como um todo. Tabela 16: Evolução da PIA, PEA e taxa de participação no Paraná, RM de Londrina e Londrina – para 2000 e 2010 (%) Paraná

2000

2010

Variação 2000/2010 (%)

PIA

7.753.440

8.962.587

15,59

PEA

4.651.849

5.587.968

20,12

PEA/PIA

0,599972

0,623477

3,91

RM de

PIA

528.593

628.926

18,98

Londrina

PEA

328.144

393.360

19,87

PEA/PIA

0,620788

0,625447

0,75

Londrina

PIA

371.058

440.897

18,82

PEA

231.144

275.978

19,39

PEA/PIA

0,622932

0,625947

0,48

Fonte: Elaborada pelos autores com dados de IBGE.

O Gráfico 8 apresenta a evolução dos empregos formais na região metropolitana de Londrina (RM de Londrina) e na cidade de Londrina no período 2001 a 2012. Verifica-se uma lenta expansão do emprego, especialmente pós 2006, embora sujeito a variações cíclicas no período analisado, em função da crise econômica gerada no período eleitoral de 2002, no primeiro ano do governo Lula e da crise financeira mundial em 2008/2009 no Brasil. No período recente a menor atividade é fruto dos efeitos da crise europeia.

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Gráfico 8: Evolução do saldo de empregos formais no RM de Londrina e Londrina – 2000 a 2012

Fonte: Elaborado pelos autores com dados de Rais/MTE(2014).

O Gráfico 9 mostra a evolução do emprego formal por nível de qualificação superior, em que é possível verificar a crescente inserção da mão de obra com nível superior em Londrina e RM. Os empregos para trabalhadores com mestrado e doutorado apresentam tendência de crescimento no período 2006/2012. Houve um crescimento de 35%, tendo sido criadas 613 vagas na RM de Londrina, sendo 619 vagas em Londrina, revelando que a cidade absorve quase 100% dos trabalhadores com maior qualificação. O principal mercado para trabalhadores com nível de mestrado e doutorado é composto pelas instituições de ensino superior, destacando-se a UEL, polo científico e educacional. No que tange aos trabalhadores com graduação, a cidade de Londrina concentra 81% das vagas da RM de Londrina e o crescimento no período é de aproximadamente 53% na cidade e 54% na RM de Londrina.

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Gráfico 9: Evolução do emprego formal com ensino superior completo e mestrado/doutorado para MRG de Londrina e Londrina – de 2006 a 2012

Fonte: Elaborado pelos autores com dados de Rais/TEM(2014).

O Gráfico 10 apresenta a evolução do PIB per capita e verifica-se que o padrão é similar na RM de Londrina e na cidade de Londrina, revelando grande volatilidade no período. Exceto no ano de 2010, quando o PIB per capita em Londrina acelerou seu crescimento e a RM de Londrina reduz o ritmo de crescimento do PIB. Uma das explicações é que as demais cidades da RM de Londrina apresentam maior atividade nos setores agrícola e industrial e Londrina, concentra-se em serviços.

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Gráfico 10: Evolução do PIB per capita para RM de Londrina e Londrina – em variação % – de 2003 a 2010

Fonte: Elaborado pelos autores com dados de IBGE e Ipardes.

NOTAS CONCLUSIVAS O presente estudo analisou a contribuição da Universidade Estadual de Londrina (UEL) para o desenvolvimento regional, mercado de trabalho e a formação e capital humano. Entre as principais contribuições da pesquisa pode-se destacar que a educação superior realizada pela UEL é significativa como fator relevante para o crescimento e o desenvolvimento econômico local no período analisado. A análise de indicadores científicos e de investimentos em capital físico e humano no período analisado revela o fortalecimento da Instituição em termos de recepção de recursos externos, incremento dos grupos de pesquisa e da produção científica, bem como da qualificação do corpo docente e discente. A UEL atende uma demanda local relevante de educação superior e de pós-graduação e os dados revelam a permanência considerável dos egressos na região, cuja inserção no mercado de trabalho tem crescido no período analisado. A maior produtividade científica, entre outros fatores, parece contribuir para o incremento da produtividade na região. Os resultados obtidos confirmam as proposições da literatura econômica discutida para o mundo e para o Paraná, isto é, a importância de instituições de ensino superior, como a Universidade Estadual de Londrina, para a qualificação formal do trabalho, a formação de mão de obra qualificada e o desenvolvimento de novas habilidades e ideias que contribuem para a inovação, o crescimento da produtividade, o crescimento e o desenvolvimento econômico. Vale destacar, no entanto, que uma das limitações da pesquisa é a não utilização de dados consolidados para o período de 2000 a 2012, pois nem todas as séries estatísticas encontram-se disponíveis ou de fácil acesso.

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INSTITUIÇÕES E DESENVOLVIMENTO REGIONAL: o caso da Universidade Estadual de Maringá - UEM1 Antonio Carlos de Campos2 Joyce Menezes da Fonseca Tonin3 Alexandre Florindo Alves4

INTRODUÇÃO O conceito de desenvolvimento econômico encontra-se relacionado às mudanças estruturais, sejam produtivas, sejam econômicas, sejam sociais e institucionais, que conduzem a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Tais mudanças levam em conta a dinâmica das atividades produtivas, as quais melhoram seus desempenhos com seus respectivos níveis de inovação tecnológica. Assim, argumenta-se que o crescimento das economias tem como determinantes processos inovativos, que, por sua vez, dependem de vários elementos, tanto na esfera produtiva quanto do ambiente institucional. É nessa perspectiva analítica que repousa a presente análise. O objetivo principal deste capítulo é evidenciar a importância das instituições no processo de crescimento econômico regional, notadamente o caso da Universidade Estadual de Maringá – UEM, na região Noroeste do estado do Paraná. Como procedimento metodológico, foi realizada uma pesquisa com dados primários e secundários, destacando as potencialidades que a UEM disponibiliza para sua região de abrangência. Destaca-se, ainda, que a referida instituição possui uma política de crescimento um pouco diferente das demais IEES do estado, uma vez que a abrangência encontra-se na criação e na implantação de vários campi distribuídos regionalmente nas Regiões Noroeste do Paraná. Dessa forma, seu braço de alcance torna-se mais longo e mais presencial fisicamente. Para dar conta do objetivo proposto, o texto encontra-se distribuído em seis seções, incluindo esta introdução. A segunda seção procura evidenciar a importância da inovação no processo de crescimento econômico, uma vez que se defende a hipótese de que a atividade produtiva está diretamente relacionada à inovação tecnológica. Além disso, que a inovação Projeto Desenvolvido com apoio financeiro da Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná e da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) - UGF. 2 Professor Associado do Departamento de Economia e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Econômicas da UEM. E-mail: [email protected] 3 Professora Assistente do Departamento de Ciências Contábeis da UEM. E-mail: [email protected] 4 Professor Associado do Departamento de Economia e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Econômicas da UEM. E-mail: [email protected] 1

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tecnológica ocorre a partir de um conjunto de elementos articulados em um sistema que propicia maior criação e difusão de conhecimento, essencial ao aspecto inovativo, e que, nesse contexto, as instituições, especialmente as de ensino e pesquisa, tomam lugar central. Na terceira seção é apresentada uma caracterização da UEM sob diversos aspectos para identificar o potencial de contribuição ao desenvolvimento. A análise passa pela abordagem da formação de capital humano e aspectos mais gerais até outros mais específicos, relacionados aos ensinos de graduação e pós-graduação. As seções seguintes abordam a pesquisa e a extensão, intrinsecamente ligadas ao papel da universidade. Nas considerações finais são sumariados os principais resultados apresentados ao longo do texto relacionados à importância dessa Instituição no processo de desenvolvimento econômico e regional.

ABORDAGEM SOBRE SISTEMAS DE INOVAÇÃO A inovação tecnológica passou a ganhar importância no processo de crescimento econômico no início do século XX, com o trabalho seminal de Joseph Schumpeter5, argumentando que ela se constitui o fenômeno fundamental do processo de desenvolvimento econômico. Segundo Schumpeter (1988, p. 47), o fenômeno do desenvolvimento é marcado por uma revolução interna, provocando um desequilíbrio na economia. O processo de mudança econômica ocorre a partir da revolução interna ocasionada pelas condições endógenas do próprio sistema, o que possibilita a dinâmica econômica. O desenvolvimento, no sentido que o tomamos, é um fenômeno distinto, inteiramente estranho ao que pode ser observado no fluxo circular ou na tendência para o equilíbrio. É uma mudança espontânea e contínua nos canais do fluxo, perturbação do equilíbrio, que altera e desloca para sempre o estado de equilíbrio previamente existente.

Segundo o autor, a inovação pode ser definida como sendo “as novas combinações”, ou seja, são as combinações de materiais e forças em um processo produtivo, colocadas em prática pelo empresário, resultando em dinâmicas distintas entre as diversas atividades produtivas. As novas combinações materializam-se em inovações, conforme segue:

A “Teoria do Desenvolvimento Econômico” foi publicada originalmente em alemão, em 1911, e em versão inglesa, no ano de 1926.

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Introdução de um novo bem – ou seja, um bem com que os consumidores ainda não estiverem familiarizados – ou de uma nova qualidade de um bem; 2) Introdução de um novo método de produção, ou seja, um método que ainda não tenha sido testado pela experiência no ramo próprio da indústria de transformação, que de modo algum precisa ser baseada numa descoberta cientificamente nova, e pode consistir também em nova maneira de manejar comercialmente uma mercadoria; 3) Abertura de um novo mercado, ou seja, de um mercado em que o ramo particular da indústria de transformação do país em questão não tenha ainda entrado, quer este mercado tenha existido antes ou não; 4) Conquista de uma nova fonte de oferta de matériasprimas ou de bens semimanufaturados, mais uma vez independentemente do fato de que essa fonte já existia ou teve que ser criada; 5) Estabelecimento de uma nova organização de qualquer indústria, como a criação de uma posição de monopólio (por exemplo, pela trustificação) ou a fragmentação de uma posição de monopólio (SCHUMPETER, 1988, p. 48).

No processo do desenvolvimento econômico, toma importância o empresário, o qual coloca em prática as novas combinações. Inclusive, como o próprio autor coloca, ele é definido a partir de sua função, que é colocar em prática as novas combinações. Ao fazer isso, via concessão de crédito pelo capitalista, o desenvolvimento econômico materializa-se provocando mudança no estado econômico previamente existente. Na sequência têm-se autores denominados neoschumpeterianos mostrando outros elementos importantes ao processo, ressaltando, inclusive, o “ambiente” institucional. A ideia que permeia essa abordagem está no fato de que um conjunto de elementos (atores), entre eles as instituições, ganha importância na explicação do processo de crescimento econômico. Em ambientes econômicos caracterizados pelas “falhas” de mercado, o mainstream não tem atribuído grande importância aos formatos institucionais existentes. Na abordagem neoschumpeteriana, especialmente no enfoque sobre sistemas de inovação, é consenso que as instituições influenciam decisivamente na inovação tecnológica.. Segundo Sbicca (2008), a expressão “sistema de inovação” surgiu nos anos 1980 do século XX, fundamentalmente a partir dos trabalhos de Chris Freeman (1987) e Richard Nelson (1987; 1988), e difundiu-se nos anos 1990, especialmente com os trabalhos de Richard Nelson (1993) e Lundvall (1992). Sua origem, no entanto, ainda segundo a autora, remonta a Friedrich List (1986), que criticou os economistas clássicos em sua obra de 1841. Segundo o aludido autor, não havia atenção suficiente à ciência, à tecnologia e às habilidades ao estudarem o crescimento das nações. Ele colocou em questão a importância da educação, do treinamento e da infraestrutura nesse processo. De acordo com Metcalfe (1995 apud CIMOLI; DELLA GIUSTA, 1998, p. 33), o Sistema Nacional de Inovação (SNI) é definido como “[…] set of institutions which jointly and individually contribute to the development and diffusion of new technologies and which provides the framework within which governments form and implement policies to influence

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the innovation process”. De forma similar, o Sistema de Inovação é definido por Edquist (1997) como “the network of institutions in the public and private sectors whose activities and interactions initiate, import, modify and diffuse new technologies” (FREEMAN, 1987 apud EDQUIST, 1997, p. 8). Lundvall (1992, p. 12) apresenta uma definição mais abrangente de SNI que as anteriores. Segundo o autor, o sistema nacional de inovação é também definido como all parts and aspects of the economic structure and the institutional set-up affecting learning as well as searching and exploring – the production system, the marketing system and the system of finance present themselves as subsystems in which learning takes place.6

O Sistema Nacional de Inovação pode ser visto, portanto, como um sistema constituído por elementos e relações que determinam em grande medida a capacidade de aprendizado, de inovação e de adaptação às mudanças do ambiente de um país. As experiências históricas, linguísticas e culturais de um determinado país manifestam-se no formato das instituições, na organização interna das firmas, nos mercados produtor e consumidor, no papel do setor público e do setor financeiro e na intensidade e na organização das atividades educacionais e inovativas (FREEMAN, 1992; LUNDVALL, 1988; 1992). Além disso, observa-se, também, que o sistema nacional de inovação é social e dinâmico. É social porque a atividade central no sistema de inovação é a aprendizagem (atividade social), a qual envolve interação entre pessoas. É dinâmico porque ele é caracterizado tanto pelo feedback positivo quanto pela reprodução. Nessa perspectiva, de acordo com Edquist (1997), a inovação é caracterizada por um complicado feedback de mecanismos e relações de interação envolvendo ciência, tecnologia, aprendizagem, política e demanda. Podese dizer que o processo de inovação ocorre através do tempo e é influenciado por muitos fatores. Ou seja, firmas não inovam isoladamente. Interagem com outras organizações para ganhar, desenvolver e trocar vários tipos de conhecimento, informações e outros recursos. Essas organizações podem ser outras firmas (ofertantes, consumidores e competidores), mas também universidades, institutos de pesquisa, bancos de investimentos, escolas, ministérios governamentais etc. Lundvall (1992) assinala, ainda, que a perspectiva regional tem sido tratada como sistema regional de inovação, ou seja, os sistemas de inovação podem ser supranacional, nacional ou subnacional (regional, local) e, por um tempo, eles podem ser setoriais dentro de alguma dessas demarcações geográficas. Além disso, seus elementos-chave são instituições e A definição de sistema vem de Boulding (1985), segundo o qual “um sistema é constituído por um número de elementos e pelas relações entre esses elementos” (apud CHAVES, 2010, p. 23).

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estrutura industrial. A esse respeito, Edquist (1997) argumenta que um sistema de inovação pode ser supranacional em vários sentidos; ele pode ser verdadeiramente global ou ele pode incluir somente uma parte do mundo (ex. Europa integrada); pode, também, ser regional dentro de um país (ex. Vale do Silício). Pode ser, ainda, uma sobreposição de espaços, ou seja, na Europa, distingue entre sistema supranacional para a de União Europeia, nível nacional e nível local regional. Portanto, pode ser supranacional e regional. Um “sistema” deve incluir elementos econômicos, social, político, organizacional, institucional e outros fatores que influenciam o desenvolvimento, difusão e uso de inovações. Lundvall (1992) argumenta que a estrutura de produção e o aparato institucional são as duas dimensões mais importantes que, juntas, definem um Sistema de Inovação. Uma importante razão é que muitas políticas públicas em nível nacional influenciam o Sistema de Inovação como um todo e são, ainda, designadas e implementadas em nível nacional. Eles conseguem capturar a importância da política e os aspectos políticos dos processos de inovação. Carleial (1997) procurou mostrar as relações dentro de um sistema regional de inovação, como alternativa a uma teoria de desenvolvimento regional. No caso específico, no entanto, enfatizou o papel das firmas e suas inter-relações como determinantes de crescimento regional. Para o caso do estado do Paraná, podem-se citar trabalhos empíricos importantes realizados utilizando-se dessa abordagem. O primeiro é o de Rolim (2005), o qual busca identificar a existência de sistemas de inovação em países subdesenvolvidos, tomando como estudo de caso o estado do Paraná. O autor conclui que, embora existam exemplos bemsucedidos de relacionamento entre os atores, o estado está longe de constituir um sistema regional de inovação integrado, devido às restrições estruturais existentes entre as instituições. Em momento posterior, Krüger Passos (1999) faz uma análise da eficiência dos elementos do sistema de inovação no estado do Paraná. No entanto, conclui que o Sistema Local de Inovações (SLI) no Paraná reproduz as mesmas características dominantes. Ou seja, por mais que incorpore “arranjos institucionais” e tome uma conformação sob a forma de redes cooperativas, ainda assim é relativamente modesto. Nos trabalhos empíricos, no entanto, as instituições de ensino superior do estado do Paraná, especialmente as públicas, criadas e mantidas pelo estado do Paraná (IESS), mostraram papel importante no processo de geração e de difusão de conhecimento. Recentemente, o trabalho desenvolvido por Rolim e Serra (2009) aponta a mesma direção dos trabalhos anteriores, evidenciando a importância das instituições de ensino superior na atividade produtiva. Trabalhos dessa natureza, os quais fazem parte deste livro, necessitam de constantes atualizações dada a dinâmica regional brasileira.

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A abordagem sobre sistema de inovação remete-nos ao tratamento do conceito de instituições.7 A esse respeito, destaca-se que o enfoque sobre as instituições remete-nos naturalmente aos trabalhos de North (1990). Para esse autor, as instituições são compostas por normas informais e formais. As informais são constituídas por sanções, tabus, costumes, tradição e código de conduta. Já a normas formais são as leis e direitos de propriedade. A principal função dessas normas seria restringir a conduta dos indivíduos, que são submetidos às regras. Portanto, as instituições são as regras do jogo em uma sociedade, enquanto as organizações são os jogadores. As instituições possuem papel fundamental, na medida em que criam as condições (via estabelecimento de “regras do jogo”, convenções, rotinas e regularidades) que efetivamente estruturam o ambiente econômico em que empresas, trabalhadores, consumidores e governos atuam. Nesse contexto, encontram-se as organizações, que são estruturas formais, com um propósito explícito, além de serem conscientemente criadas. Portanto, nesse contexto, é que as organizações são os jogadores ou atores do jogo. Ao contrário, as instituições podem desenvolver-se espontaneamente e são frequentemente não caracterizadas por um propósito específico – são as regras do jogo (EDQUIST; JOHNSON, 1997). Nessa perspectiva, as instituições podem ser definidas em termos de comportamento padrão (pattern behavior). “Institutions are sets of common habits, routines, established practices, rules, or laws that regulate the relations and interactions between individuals and groups”,8 segundo Edquist e Johnson (1997, p. 46). Nessa mesma linha de argumentação, segundo Hodgson (1998), as instituições não são apenas estruturas organizacionais. São padrões normativos que definem aquilo que as pessoas pensam ser numa dada sociedade. São definições que captam a essência do conceito e, ao mesmo tempo, destaca o aprendizado interativo, o qual estabelece a ligação entre instituição e inovação. Cabe destacar aqui a importância das instituições para o desenvolvimento do processo produtivo. A redução das incertezas, juntamente com a capacidade de interação entre os agentes, leva a um ambiente de maior estabilidade e confiabilidade. Além disso, sua capacidade de aglutinar os atores contribui substancialmente ao processo de coordenação das atividades produtivas. Assim, o caminho a ser trilhado, em direção ao entendimento de problemas comuns de cada atividade, bem como a busca por ações conjuntas que levam à maior eficiência e competitividade do arranjo produtivo local, passa pela análise do papel desempenhado pelas instituições. Duas linhas de investigação se abrem sobre esse tema: primeiro, para a Nova Economia Institucional (NEI),o crescimento é um processo histórico, onde o processo de mudança é causado pelas instituições. Portanto, as instituições importam. Segundo, para os Neoschumpeteriano, a inovação é vista como elemento da dinâmica econômica. Inovação não é um ato isolado: depende: a) governo; 2) empresas; 3) instituições. Tudo isso, converge para a abordagem de Sistemas Nacional e Regional de Inovação. 8 Grifo original dos autores. 7

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Quanto às organizações, North (1990) divide-as em quatro grandes estruturas: a primeira inclui uma estrutura política, constituída pelos partidos políticos, congresso, conselhos municipais e agências regulatórias. Na segunda, as organizações incluem a estrutura econômica, destacando firmas, sindicatos, agricultores e cooperativas. A terceira inclui a estrutura social, representada pelas igrejas, clubes e associações esportivas. Por fim, as organizações do quarto tipo de estrutura incluem a estrutura educacional, composta pelas escolas, universidades e centros de treinamento. Entre as instituições, as de ensino, pesquisa e extensão, por entenderem a importância do conhecimento no processo inovativo a partir das formas de aprendizagem, possuem importância fundamental. Portanto, quanto mais as instituições favorecerem a inovação, melhores serão as condições de crescimento econômico. Desse modo, as Instituições (UEM e outras) importam e contribuem para o desenvolvimento regional paranaense.

CARACTERIZAÇÃO E FORMAÇÃO DE CAPITAL HUMANO NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM Quanto à área de abrangência da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no estado do Paraná, evidencia-se que a instituição atende ao entorno do campus sede, bem como as regiões atendidas pelos seus campi e mais recentemente pelos seus polos ligados ao Ensino a Distância (EAD). A Figura 1 mostra a área de abrangência da UEM. A universidade abrange várias cidades paranaenses, seja por meio do ensino, pesquisa extensão, seja por projetos indígenas e quilombolas. Percebe-se que, em 2013, a UEM possuía 7 cidades com campi, 20 com polos de ensino a distância, 3 bases avançadas de pesquisa, 6 projetos quilombolas, 10 projetos indígenas, várias atividades de extensão e de pesquisa.

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Figura 1: Área de abrangência da UEM em 2013

Fonte: ASP – UEM (2013).

Qualificação do quadro de servidores e cursos oferecidos pela UEM A seguir são apresentados dados referentes à titulação dos docentes, quantidades de cursos e quantidade de alunos da UEM. Buscando evidenciar as principais características, quanto à titulação de docentes, conforme o Gráfico 1, observa-se:

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Gráfico 1: Titulação dos Docentes 2002 e 2012

Fonte: Base de dados da ASP.

A evolução da titulação dos professores da UEM entre os anos de 2002 e 2012 é apresentada no Gráfico 1, no qual é possível observar que a única titulação que apresentou crescimento é a de doutorado. Especialização, mestrado e graduado estão em processo de redução. Em 2002, a UEM contava com um total 1279 professores e em 2012 apresentava 1572 professores. Com isso, é possível observar que nesse período houve um crescimento de 23% no quadro docente da UEM. De forma mais específica, observa-se que, no ano de 2002, a UEM tinha 120 professores com o título de graduação, 119 professores com título de especialização, 526 professores com título de mestrado e 514 professores com título de doutorado. Esse quadro mudou expressivamente de um período para o outro, pois, em 2012, a UEM contava com 52 professores com título de graduação, 67 professores com título de especialização, 466 professores com título de mestrado e 987 professores com título de doutorado. Assim, observa-se que nesse período, houve redução da quantidade de professores com título de graduação, especialização e mestrado em 57%, 44% e 11%, respectivamente, e considerável aumento da quantidade de professores com doutorado em 473 professores. No que se refere aos cursos oferecidos pela UEM, observa-se que ela atende a todos os níveis de ensino, conforme o Gráfico 2. No ano de 2002, a UEM oferecia 49 cursos de especialização, 36 cursos de graduação, 17 cursos de mestrado, 7 cursos de doutorado e 3 cursos de graduação a distância. Pode-se concluir que houve aumento de um período para o

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outro em todos os itens analisados. O Gráfico 2 apresenta a quantidade dos cursos oferecidos pela instituição no ano de 2012. É possível observar que existiam 67 cursos de graduação presencial, sendo a maior parte dos cursos oferecidos, deferentemente de 2002, no qual os cursos de especialização eram a maioria. Em segundo lugar estão 65 cursos de especialização, em terceiro lugar estão 35 cursos de mestrado, em quarto lugar estão 21 cursos de doutorado e em quinto lugar estão 9 cursos de graduação a distância. Gráfico 2: Número de cursos UEM 2002 e 2012

Fonte: Base de dados da ASP.

Atividade de ensino Em relação aos alunos matriculados, tem-se que, no ano de 2002, a graduação presencial apresentou o maior número de alunos, com 11.922, seguido pelos cursos de especialização com 1.500 alunos, cursos de graduação a distância com 11.57 alunos, cursos de mestrado com 741 alunos e os cursos de doutorado com 58 alunos. O gráfico 3 apresenta o número de alunos matriculados na UEM nos anos de 2002 e 2012.

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Gráfico 3: Número de alunos matriculados UEM 2002 e 2012

Fonte: Base de dados da ASP.

Comparando ao ano de 2002, o Gráfico 3 apresenta a quantidade de alunos pertencentes à UEM no ano de 2012. É possível analisar que a maior parte dos alunos está inserida na graduação presencial, composta por 14.554 alunos, em segundo lugar estão os cursos de graduação a distância com, 6.712 alunos, em terceiro lugar estão os cursos de especialização, com 3.830 alunos, em quarto lugar estão os cursos de mestrado, com 1.228 alunos, e em último lugar estão os cursos de doutorado, com 875 alunos. Esses dados evidenciam uma crescente verticalização dos níveis de ensino na UEM, ou seja, tem ganhado participação relativa dos alunos em mestrado e doutorado.

Ensino de Graduação Em relação à origem dos alunos da UEM por estados, percebe-se na Figura 2 que, no período de 1992 a 2012, a maior parte dos alunos é paranaense (78,58%) devido à localização da universidade e sua área de abrangência. Em segundo lugar vem São Paulo, com 15,67%, seguido por Mato Grosso do Sul (1,08%), Minas Gerais (0,86%), Rio Grande do Sul (0,67%), Santa Catarina (0,61%) e Mato Grosso (0,59%). Os outros estados apresentam participação inferior a 0,5%. Percebe-se que a UEM, apesar de localizada no interior do Paraná, tem grande atratividade em relação aos alunos de São Paulo devido à qualidade de ensino e pesquisa comprovada em indicadores conceituados, como o Exame Nacional Universidades estaduais paranaenses, desenvolvimento regional e contribuição para a qualificação da mão de obra

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de Desempenho de Estudante (ENADE) e Guia do Estudante e, também, pela relativa proximidade e facilidade de acesso especialmente com os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Figura 2: Percentual de alunos inserido na UEM considerando os diferentes Estados no período 1992 a 2012

Fonte: ASP – UEM (2013).

A quantidade de alunos matriculados nos cursos de graduação da Universidade Estadual de Maringá (UEM) do ano de 2002 a 2012, distribuídos entre o campus de Maringá (sede) e os demais campi regionais é demonstrada no Gráfico 4.

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Gráfico 4: Número de alunos matriculados na graduação presencial da UEM – 2002 a 2012

Fonte: Base de Dados – UEM (2002-2012).

De 2002 a 2010, a UEM dispunha de 44 cursos de graduação, distribuídos em 5 campi: Maringá (sede), Cianorte, Cidade Gaúcha, Goioerê e Umuarama. Nesse período, foram ofertados 33 cursos no campus sede, 4 no campus de Cianorte, 1 no campus de Cidade Gaúcha, 1 no campus de Goioerê e 5 no campus de Umuarama. Em 2010, a UEM passou a ofertar 3 novos cursos no campus recém-criado localizado em Ivaiporã. Em relação ao ano de 2011, a UEM passou a ofertar novos cursos, sendo 7 no campus sede, 2 em Goioerê e 3 em Umuarama. A partir desse total de cursos, destaca-se o número de matriculados atendidos, bem como sua evolução. No campus sede de Maringá, o número de alunos matriculados nos cursos de graduação presencial era de 10.088 em 2002 e 11.250 em 2012, apresentando, portanto, uma variação de 11,52% no número de matriculas na graduação. Observa-se que o número de matriculados foi crescente de 2002 a 2006, seguido de uma queda até o ano de 2010, quando o número de matriculados no campus sede voltou a crescer. Em relação ao campus de Cianorte, o número de matriculados nos cursos de graduação presencial era de 420 em 2002 e 676 em 2012, apresentando, assim, um aumento expressivo, de 60,95%, no número de matriculados nos cursos de graduação ofertados. No caso do campus de Cidade Gaúcha, o número de matriculados nos cursos de graduação presencial era de 40 em 2002 e 134 em 2012, o que significou um aumento de 235%. Apesar de contar com apenas um curso de graduação, a variação significativa no número de matriculados justifica-se pelo fato de que em 2002 iniciava-se a primeira turma do curso no campus, sendo que, em 2012, havia mais turmas.

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Em Goioerê, o número de matriculados nos cursos de graduação presencial era de 321 em 2002 e de 328 em 2012, representando um aumento de apenas 2,18%. Enquanto isso, Umuarama apresentou 260 alunos matriculados nos cursos de graduação presencial em 2002 e 1.021 alunos em 2012, o que corresponde a um aumento de 292,69%, sendo a maior variação entre os campi, que se justifica em função da criação de novos cursos. O campus de Ivaiporã, recém-criado, apresentou 96 alunos matriculados nos cursos de graduação presencial em 2010 e 275 alunos em 2012, apresentando, assim, um aumento de 75% no número de alunos matriculados no campus. Em termos relativos, verifica-se a distribuição dos alunos matriculados da seguinte forma: em 2002, dos 11.129 alunos, 90,65% eram do campus sede, 3,77% de Cianorte, 0,36% de Cidade Gaúcha, 2,88% de Goioerê e 2,34% em Umuarama e em 2012, dos 14.554 alunos, 83,28% eram do campus sede, 4,64% de Cianorte, 0,92% de Cidade Gaúcha, 2,25% de Goioerê, 7,02% em Umuarama e 1,89% em Ivaiporã. Dessa forma, no período de 2002 a 2012, a média de alunos matriculados na UEM, por campus, foi de 10.721 (o que representa 86% do total de alunos da instituição) em Maringá, 583 (4,66%) em Cianorte, 114 (0,91%) Cidade Gaúcha, 283 (2,28%) em Goioerê, 731 (5,80%) em Umuarama e 49 (0,35%) em Ivaiporã. Considerando-se as áreas do conhecimento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), observa-se que os alunos matriculados no campus sede da UEM, de 2002 a 2012, estavam distribuídos em 7 centros de ensino, sendo: Ciências Agrárias, Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Ciências Exatas, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas, Letras e Artes e Centro de Tecnologia, conforme mostra o Gráfico 5. Nesse período, a concentração média de matrículas da UEM por centro de ensino no campus sede, foi de 733 (6,83%) em Ciências Agrárias, 366 (3,39%) em Ciências Biológicas, 1.362 (12,66%) em Ciências da Saúde, 960 (8,96%) em Ciências Exatas, 2.547 (23,73%) em Ciências Sociais Aplicadas, 2.547 (23,70%) em Ciências Humanas, Letras e Artes e 2.234 (20,74%) no Centro de Tecnologia.

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Gráfico 5: Alunos matriculados da graduação presencial considerando os diferentes setores – 2002 a 2012

Fonte: Base de Dados – UEM (2002-2012).

No caso do campus de Cianorte, em 2002, dos 420 alunos matriculados na graduação presencial, 43,81% eram do curso de Ciências Contábeis, 9,52% em Design, também em Moda, e 37,14% em Pedagogia. Em 2012, dos 676 alunos matriculados, 29,14% eram do curso de Ciências Contábeis, 23,67% em Design, 23,08% em Moda e 24,11% em Pedagogia. Em relação aos alunos matriculados em Cidade Gaúcha, os alunos matriculados nesse período eram todos do curso de Engenharia Agrícola, que apresentou crescimento de 2002 a 2006, seguido de queda nas matrículas até 2009. Por sua vez, em 2002, em Goioerê, dos 321 alunos matriculados na graduação presencial, 52,65% eram do curso de Engenharia Têxtil e 47,35% de Licenciatura Plena em Ciências. Enquanto, em 2012, em função do início de 2 novos cursos em 2011, a distribuição dos 328 alunos ocorreu da seguinte forma: 22,87% em Engenharia de Produção, 44,82% em Engenharia Têxtil, 12,20% em Física e 20,12% em Licenciatura Plena em Ciências. Em Umuarama, dos 260 alunos matriculados na graduação presencial, em 2002, os cursos de Agronomia e Medicina Veterinária concentravam 15,38% das matrículas, cada um, enquanto os cursos de Tecnologia em Alimentos, Tecnologia em Construção Civil e Tecnologia em Meio Ambiente englobavam 23,08% das matrículas cada. Em 2012, em decorrência do início de 3 novos cursos em 2011, a distribuição dos 1.021 alunos ocorreu da seguinte forma: 18,32% eram de Agronomia, 6,76% de Engenharia Ambiental, 7,64%

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de Engenharia Civil, 5,68% de Engenharia de Alimentos, 20,76% em Medicina Veterinária, 8,23% em Tecnologia em Alimentos, 17,04% de Tecnologia em Construção Civil e 15,57% de Tecnologia em Meio Ambiente. No início dos cursos no campus de Ivaiporã, dos 96 alunos matriculados na graduação presencial em 2012, 30,21% eram de Educação Física, 33,33% de História e 36,46% de Serviço Social. Já em 2012, dos 275 alunos matriculados, os cursos de Educação Física e História concentravam 30,18% dos alunos cada um, enquanto 39,64% eram de Serviço Social. Observa-se que, no campus sede, o número de alunos graduados nos cursos de graduação presencial da UEM foi de 1.434 em 2002 e 1.829 em 2012, apresentando, portanto, um aumento de 27,55% no número de formandos. Observa-se, também, que o número de graduados foi crescente de 2002 a 2008, seguido de pequenas oscilações nos anos posteriores. Em relação ao campus de Cianorte, o número de graduados nos cursos de graduação presencial foi de 51 em 2002 e de 118 em 2012, o que significou um aumento de 131,37% no número de formandos nos cursos ofertados. No caso do campus de Cidade Gaúcha, apresentou formandos a partir do ano de 2006, quando graduou 10 alunos. Enquanto, no ano de 2012, esse número foi de 6 alunos, ou seja, nesse período houve uma queda de 40% no número de alunos graduados pelo curso ofertado no campus. Em Goioerê, o número de graduados nos cursos de graduação presencial foi de 45 em 2002 e 33 em 2012, o que representa uma queda de 26,67% no número de alunos formandos. Enquanto isso, Umuarama apresentou formandos a partir do ano de 2004, quando graduou 21 alunos. Já no ano de 2012, esse número foi de 206 alunos, o que corresponde a um aumento de 880,95%, sendo a maior variação verificada nesse período. O campus de Ivaiporã, recém-criado, não teve graduados no período em análise, pois os cursos de graduação tiveram início em 2010. Em termos relativos, verifica-se a distribuição dos alunos graduados da seguinte forma: em 2002, dos 1.530 alunos, 93,73% eram do campus sede, 3,33% de Cianorte e 2,94% de Goioerê e, em 2012, dos 2.192 alunos, 83,44% eram do campus sede, 5,38% de Cianorte, 0,27% de Cidade Gaúcha, 1,51% de Goioerê e 9,4% em Umuarama. Dessa forma, no período de 2002 a 2012, a média de graduados anualmente pela UEM, por campus, foi de 1758 (o que representa 87,32% do total de graduados) em Maringá, 100 (4,83%) em Cianorte, 10 (0,46%) em Cidade Gaúcha, 43 (2,17%) em Goioerê e 112 (5,22%) em Umuarama. Considerando-se a classificação de áreas do conhecimento da CAPES, observa-se que os alunos graduados no campus sede da UEM, de 2002 a 2012, estavam distribuídos em 7

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centros de ensino, sendo: Ciências Agrárias, Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Ciências Exatas, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas, Letras e Artes e Centro de Tecnologia, conforme mostra o Gráfico 6. Nesse período, a concentração média anual de graduados pela UEM, por centro de ensino no campus sede, foi de 126 (7,29%) em Ciências Agrárias, 71 (4,09%) em Ciências Biológicas, 266 (15,26%) em Ciências da Saúde, 113(6,56%) em Ciências Exatas, 415 (23,28%) em Ciências Sociais Aplicadas, 447 (25,82%) em Ciências Humanas, Letras e Artes e 300 (17,1%) no Centro de Tecnologia. Em relação aos campi de Cianorte, Cidade Gaúcha, Goioerê, Umuarama e Ivaiporã, mostra-se detalhadamente a forma como os alunos graduados na graduação presencial estavam distribuídos entre os cursos, conforme se observa nos gráficos a seguir. No caso do campus de Cianorte, em 2002, dos 51 alunos formados na graduação presencial, 35,29% eram do curso de Ciências Contábeis, e 64,71% de Pedagogia. No ano de 2012, dos 118 alunos formados, 23,73% eram do curso de Ciências Contábeis, 20,74% em Design, 22,03% em Moda e 33,90% em Pedagogia. Gráfico 6: Formandos dos cursos de graduação considerando os diferentes setores – 2002 a 2012

Fonte: Base de Dados – UEM (2002-2012).

Em relação à Cidade Gaúcha, a graduação de alunos, todos do curso de Engenharia Agrícola, teve início em 2006 (10 alunos) e foi crescente até o ano de 2008 (25 alunos), apresentando a partir desse período uma queda até o ano de 2012 (6 alunos), segundo a

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Base de Dados – UEM (2002-2012). Enquanto isso, em 2002, em Goioerê, dos 45 alunos formados na graduação presencial, 48,89% eram do curso de Engenharia Têxtil e 51,11% de Licenciatura Plena em Ciências. Já em 2012, a distribuição foi invertida, pois, dos 33 formados, 66,67% eram de Engenharia Têxtil e 33,33% em Licenciatura Plena em Ciências. Observa-se, ainda, que nesse período não haviam sido graduadas as primeiras turmas dos cursos de Engenharia de Produção e Física. Em Umuarama, 21 alunos foram graduados em 2004, todos do curso de Tecnologia em Alimentos, sendo a primeira turma graduada pelo campus. Já em 2012, dos 206 alunos graduados, 17,96% eram de Agronomia, 25,73% de Medicina Veterinária, 8,25% de Tecnologia em Alimentos, 17,96% de Tecnologia em Construção Civil e 30,10% de Tecnologia em Meio Ambiente. Observa-se, ainda, que nesse período não haviam sido graduadas as primeiras turmas dos cursos de Engenharia Ambiental, Engenharia Civil e Engenharia de Alimentos. Outra modalidade de ensino que vem crescendo bastante no Brasil e na UEM como um todo é o ensino a distância. Essa modalidade, na UEM, inicia-se fortemente no ano de 2001. A UEM ofertou, entre 2001 e 2013, 8 cursos de graduação na modalidade a distância: Administração, de 2007 a 2012; Administração Pública, Ciências Biológicas; História e Letras, de 2010 a 2013; Física e Pedagogia, de 2009 a 2013, e Normal Superior, de 2001 a 2003 e 2005 a 2012. Assim, observa-se uma variação positiva de 66,91% no total de alunos matriculados nos cursos de graduação a distância.

Ensino de Pós-Graduação O ensino em nível de pós-graduação constitui em elemento de suma importância sob uma perspectiva institucional. Ele permite trabalhos mais aplicados com uma possibilidade de aplicação pela comunidade externa, bem mais intensa. É nesse contexto que se reforça o papel das instituições no processo de desenvolvimento regional. Cabe aqui, portanto, evidenciar o potencial dessa modalidade disponível na UEM. O Gráfico 7 apresenta a evolução anual do número de alunos matriculados nos cursos lato sensu da UEM no período de 2002 a 2012. O segmento lato sensu (sentido amplo) é composto de cursos de especialização e aperfeiçoamento que, em geral, têm carga horária reduzida se comparados aos cursos stricto sensu.

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Gráfico 7: Alunos Matriculados em cursos de especialização na UEM nos anos 2002-2012

Fonte: Base de Dados UEM.

Na Universidade Estadual de Maringá, os cursos de especialização, de modo geral, comportaram-se de forma crescente ao longo do período analisado, com pequenas variações em alguns anos. Em 2010 observa-se que houve grande variação, diferente do registrado até então. Essa variação é devido à criação de cursos de especialização na área de gestão pública, atendendo a uma demanda local. O Gráfico 8 expõe a evolução anual do número de alunos matriculados nos cursos stricto sensu da UEM no período de 2002 a 2012, abrangendo os cursos de Mestrado, Mestrado Profissional e Doutorado. Embora haja uma tendência crescente, tanto Doutorado quanto principalmente Mestrado registraram queda no número de alunos matriculados em alguns anos. No ano de 2004, a aparente queda resulta de falta de informação por parte da base de dados da UEM, que publicou a quantidade de alunos titulados e não matriculados. Em 2002 havia 541 alunos matriculados em programas de mestrado e 195 em programas de doutorado na UEM. Em 2012, o número subiu para 1228 alunos matriculados nos programas de mestrado e 681 nos programas de doutorado, um aumento de 127% dos cursos de Mestrado e 249% dos cursos de Doutorado.

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Gráfico 8: Evolução do número de Alunos Matriculados nos Programas de Mestrado e Doutorado da UEM nos Anos 2002-2012

Fonte: Base de Dados UEM.

A distribuição entre as áreas do conhecimento é bastante variada e abrangente. Em 2012 foram ofertados 56 cursos stricto senso na UEM, Sendo 35 cursos de Mestrado e Mestrado Profissional e 21 cursos de Doutorado. Esses cursos totalizaram 2061 alunos matriculados, sendo 306 na área de Ciências Biológicas, 316 na área de Ciências da Saúde, 316 na área de Ciências Exatas, 493 na área de Ciências Humanas, Letras e Artes 493, Centro de Tecnologia 223, Centro de Ciências Agrárias 336 e Centro de Ciências Sociais Aplicadas 71. Em comparação com o início do período analisado, no ano de 2002 havia 19 programas de mestrado e 7 programas de doutorado, já no ano de 2012, 34 cursos de Mestrado e 21 de Doutorado, conforme a Tabela 1. Alguns dos programas que já ofertaram vagas para Mestrado ou Doutorado anteriormente constam na base de dados, porém se encontram fechados, a exemplo dos programas de Mestrado em Direito Civil e Direito Penal.

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Tabela 1: Cursos de pós graduação stricto sensu e número de alunos (2012) Curso

Alunos Mestrado

Doutorado

Ciências Biológicas

37

55

Ecologia de Ambientes Aquáticos

47

66

Biologia Comparada

49

52

Ciências Farmacêuticas

37

43

Ciências da Saúde

45

33

Biociências Aplicado à Farmácia

34

12

Enfermagem

28

13

Educação Física

35

14

Odontologia

22

Química

56

65

Física

17

36

Matemática

20

18

Ciência e Ensino da Matemática

27

44

Matemática (Mestrado Profissional)

33

Educação

81

66

Geografia

33

58

Letras

72

21

História

40

Psicologia

51

Ciências Sociais

34

Políticas Públicas (Mestrado Profissional)

30

Filosofia

7

Engenharia Química

50

Ciência da Computação

31

Engenharia Urbana

51

Bioenergia

14

Projeto Associado

12

Engenharia Mecânica

4

Zootecnia

49

73

Agronomia

46

53

Genética e Melhoramento

30

38

Ciências de Alimentos

25

22

Economia

30

14

Administração

27

Total Fonte: Base de Dados UEM.

1204

61

857

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ATIVIDADES DE PESQUISA No tocante às pesquisas realizadas pelos docentes da UEM, junto com servidores e alunos, também se evidencia sua importância. Nesse caso materializam-se as condições de maior interação da instituição de ensino e pesquisa para com o desenvolvimento local e regional. A quantidade de projetos de pesquisa e número de participantes tem aumentado expressivamente. No ano de 2002 havia 391 projetos com o total de 1476 participantes, que se constituía principalmente de docentes. Em 2012, a quantidade de projetos aumentou em 84,1% (720 projetos). No entanto, o total de participantes cresceu apenas 29% (passou de 1476 para 1904). Constata-se que o aumento do número de participantes não acompanhou a ampliação do número de projetos em todas as categorias (houve aumento da quantidade de docentes em 61% e o número de alunos e técnicos reduziu em 7% e 19% respectivamente). Visto de outra forma, professores têm participado em mais de um projeto de pesquisa, o que denota o aumento de produtividade (ASP-UEM, 2003; 2013). Ainda sobre a pesquisa, no que se refere à iniciação científica, de acordo com a PPG (UEM, 2013), o “Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica - PIBIC é promovido pelo CNPq, em parceria com a Fundação Araucária e UEM”, é um importante instrumento para desenvolver o pensamento científico e a criatividade para qualificar quadros direcionados a programas de pós-graduação e aprimorar o processo formativo de profissionais para o setor produtivo. Em 2000 havia 229 bolsas, sendo 181 delas concedidas pelo CNPq e 48 pela UEM. A Fundação Araucária (FA) começou a ofertar bolsas a partir de 2006 e, no ano seguinte, a quantidade de bolsas disponibilizadas pela FA já ultrapassava a da UEM. Em 2012 foram ofertadas o total de 524 bolsas, evidenciando um aumento de 128,8% em relação a 2000. Dentre elas, 268 foram custeadas pelo CNPq, 185 pela FA e 71 pela UEM. Além das bolsas do PIBIC, também passa a ter importância a iniciação científica ligada ao desenvolvimento tecnológico. Segundo o NIT (2012, p.1), o objetivo do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI) é “proporcionar ao bolsista, orientado por pesquisador qualificado, a aprendizagem de técnicas e métodos de pesquisa tecnológica, bem como estimular o desenvolvimento do pensar tecnológico e da criatividade, decorrentes das condições criadas pelo confronto direto com os problemas de pesquisa”. Portanto, assim como o PIBIC e PIC, também é um importante instrumento para formação de pessoas qualificadas ao mercado de trabalho. O fornecimento de bolsas PIBITI teve início em 2007, com concessão de 10 bolsas pelo CNPq. A UEM inicia o fornecimento de bolsas a partir de 2009, com 3 bolsas. Em 2010 houve um aumento relativamente grande do número de bolsas ofertadas pelo CNPq e o ano de 2012 fechou com 58 bolsas, representando aumento de 480% de variação em

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relação a 2007. No entanto, vale ressaltar que essa grande variação deve-se à baixa base de comparação. Além disso, considera-se, também, que o fornecimento de bolsas PIBITI é baixo se comparado às bolsas PIBIC (em 2012 havia 58 alunos em PIBITI e 524 em PIBIC). Ainda sobre iniciação científica, conforme a Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PPG, 2013), o Programa de Iniciação Científica (PIC) é semelhante ao Programa Institucional de Bolsas para a Iniciação Científica (PIBIC), sendo que a diferença é que nessa modalidade não há concessão de bolsas. Segundo a PPG (2013), PIC tem como objetivos contribuir para a reflexão e a criatividade e visa dar estímulo à pesquisa nos cursos de graduação, com vistas à formação geral do acadêmico participante. Em 2000 havia 139 alunos em projetos PIC. Apesar de haver algumas quedas da quantidade de alunos em alguns anos, percebe-se que há uma tendência de aumento. Em 2012 havia 506 alunos, o que representa um aumento de 264%. Esse aumento foi maior que o da quantidade de alunos do PIBIC, que foi de 128,8% no mesmo período. Em relação ao conjunto de programas de iniciação científica, houve uma evolução da quantidade total de alunos no PIBIC, PIBITI e PIC da UEM no período de 2000 a 2012. Em 2000 havia 368 alunos nesses projetos e em 2012 eram 1088, o que representa aumento de 195%. Esse aumento foi superior à expansão do número de matriculados e graduados. Portanto, representa aumento da proporção de alunos com maior contato com a pesquisa científica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS O crescimento econômico tem sido estudado por diversos autores, principalmente, com a análise baseada em recortes regionais. Nesse contexto, têm ganhado importância trabalhos que consideram a atividade inovativa como determinante de crescimento, reconhecendo sua natureza complexa e coletiva. Isto é, sua dependência de vários atores que, em conjunto, determinam sua dinâmica produtiva. Entre esses atores, cabe destaque às instituições de ensino, pesquisa e extensão, objeto de análise deste estudo. O objetivo central deste trabalho foi evidenciar a importância das instituições no processo de crescimento econômico regional, notadamente o caso da Universidade Estadual de Maringá, na Região Noroeste do estado do Paraná. Os principais resultados revelaram que a UEM possui grande importância para o desenvolvimento regional do estado do Paraná, notadamente para a Região Noroeste. A instituição está presente em vários municípios paranaenses, por meio de seus campi. Além

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disso, chega, também, a muitos outros municípios do Paraná e até mesmo do Brasil, por meio da modalidade do ensino a distância. No que se refere a seus alunos presenciais, distribuídos na sede e em mais seis campi, eles têm origem nos mais diversos estados do Brasil, especialmente os do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. O conhecimento adquirido pelos estudantes é colocado à disposição de um universo de municípios brasileiros. Isso, por si, já justificaria sua importância relativa ao desenvolvimento regional. No entanto, outras formas de contribuir apresentam-se, especialmente aquelas relacionadas à pesquisa e à extensão. No que se refere às atividades de pesquisa, os números também chamam a atenção. Foram aproximadamente 2000 projetos desenvolvidos e executados por professores e técnicos no ano de 2012, com resultados variados e que contribuem ao meio científico e tecnológico paranaense e brasileiro. Esses conhecimentos gerais na realização de projetos também são transferidos aos alunos. A esse respeito, cabe acrescentar que o número de projetos de iniciação científica e tecnológica tem evoluído significativamente nos últimos anos, preparando os jovens para o futuro da pesquisa enquanto estão inseridos na economia do conhecimento. De forma conclusiva, pode-se afirmar que a instituição de ensino, pesquisa e extensão em análise contribui de forma implícita e explícita ao processo de desenvolvimento regional paranaense, estendendo-se ao desenvolvimento econômico brasileiro.

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UNIVERSIDADE E SEU EFEITO NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DOS MUNICÍPIOS VIZINHOS: o caso da Universidade Estadual de Ponta Grossa - Paraná 1 Augusta Pelinski Raiher2 José Luiz Parré3 Pery Francisco Assis Shikida4

INTRODUÇÃO Na dinâmica do desenvolvimento econômico, a interação entre fatores econômicos e não econômicos é de extrema relevância. Szirmai (2005) argumenta que muitos países, como o Brasil, apresentaram ritmos de crescimento bem intenso em alguns períodos, contudo, não conseguiram afetar significativamente os seus níveis de pobreza, ao contrário de outras regiões, como o Sri Lanka, nas quais o crescimento não ocorreu tão rápido, porém houve melhorias do bem-estar de toda a população. Por essas constatações, Szirmai (2005) defende o crescimento econômico como um pré-requisito para o desenvolvimento, o qual eminentemente deve envolver outros fatores, especialmente os de ordem não econômica. Nesse sentido, ao considerar o crescimento e o desenvolvimento como dois conceitos diferentes, Genereux (2001) apud Gheeraert e Mansour (2005) define este último como um processo de transformação da estrutura econômica, da política e dos aspectos sociais, envolvendo a redução da pobreza, a elevação do padrão de vida, da educação e da expectativa de vida. E é exatamente nessa concepção, enfocando-o dentro da abordagem da liberdade, que Sen (1999) apresenta um conceito amplo acerca do desenvolvimento, constituindo um processo integrado de expansão das liberdades substantivas dos indivíduos. E nesse processo de desenvolvimento, muitos autores - como Boucher et al., 2001; Diniz et al., 2006; Veiga, 2005; Lopes, 2003; Bandeira, 1999 - inferem uma importância significativa para as universidades, seja por meio do fornecimento de mão de obra qualificada, beneficiando a produtividade, a organização social da região, gerando inovações, ofertando serviços para a comunidade, reproduzindo e criando conhecimento, seja também atuando diretamente na economia via as suas despesas. Pesquisa executada com financiamento da Seti/UGF e Fundação Araucária. Professora e pesquisadora UEPG. E-mail: [email protected] 3 Professor e pesquisador UEM. E-mail: [email protected] 4 Professor e pesquisador Unioeste –Toledo. E-mail: [email protected] 1 2

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Com efeito, sua ação vai além da interferência no dinamismo econômico, tornando-se relevante ultrapassar o âmbito da investigação. Por isso, neste capítulo buscou-se identificar o efeito que a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) apresenta sobre o desenvolvimento do município no qual se localiza (Ponta Grossa) e seu efeito nos municípios próximos. Para isso, com o intuito de analisar o seu efeito no desenvolvimento socioeconômico, tornou-se necessário visualizá-lo ao longo do tempo. Assim, primeiramente construiu-se um Índice de Desenvolvimento para cada município do Paraná, entre 2000 e 2009, abrangendo aspectos econômicos, sociais e acerca do capital humano, em que fora testado, na sequência, seu efeito na dinâmica do desenvolvimento econômico. O capítulo está estruturado em quatro seções: introdução, elementos teóricos e metodológicos, desenvolvimento econômico dos municípios circunvizinhos de Ponta Grossa e considerações finais.

ELEMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS Na literatura econômica, as universidades apresentam-se como agentes importantes no processo do desenvolvimento regional. Inúmeros são os impactos citados, como a geração de conhecimento (capital humano), a construção de um ambiente de aprendizagem, a oferta de recursos que assegurem coesão social, o efeito no ambiente cultural local, a formação de lideranças e a formulação de visão estratégica sobre os condicionantes econômicos da região, assegurando a competitividade (BOUCHER et al., 2001; DINIZ et al., 2006; VEIGA, 2005). Esses efeitos são o resultado da sinergia existente entre suas atividades de ensino, pesquisa, extensão e a própria oferta de serviços à comunidade (OECD, 2007). Na própria região existe uma conexão entre a habilidade, a inovação e a cultura. Por isso, se a universidade e seus “produtos” estiverem conectados com o entorno, o efeito de desenvolvimento da região tende a ser bem mais intenso. Lopes (2003) destaca que as despesas efetuadas nas universidades retornam num efeito multiplicador para a sociedade, basicamente por duas vias: pela formação profissional, pelas atividades culturais e pelo desenvolvimento do conhecimento científico e tecnológico, afetando o capital humano local; parcela dos recursos subtraídos da população via impostos é retornado à economia do município em que funciona. Ou seja, seu impacto permite a participação da região no uso dos recursos governamentais, contribuindo para formação do capital humano, beneficiando a produtividade local, a organização social da região, favorecendo a criação direta e indireta de empregos, além de ter uma importância na criação de inovações e participação na geração de empresas de base

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tecnológica. Bandeira (1999) destaca, ainda, o seu efeito nas regiões vizinhas dos municípios nos quais as universidades estão instaladas, principalmente por muitos alunos procederem dessas regiões, fazendo sua atuação ter alcance efetivamente regional. Portanto, mais importante que a demanda de pessoal e o movimento de recursos financeiros, a universidade tende a exercer um papel no desenvolvimento regional endógeno, e é esse efeito, mais duradouro, que se visa captar em (1). ln IDM it = b0 + b1 ln X it + uit (1) Em que: IDM é o Índice de Desenvolvimento Municipal; X refere-se ao Gasto da UEPG multiplicado pelo wi; i são os municípios (Ponta Grossa e municípios do seu envoltório, localizados a uma distância menor que 120 minutos de Ponta Grossa: Arapoti, Araucária, Balsa Nova, Campo Largo, Campo Magro, Carambeí, Castro, Contenda, Curitiba, Fazenda Rio Grande, Fernandes Pinheiro, Guamiranga, Imbaú, Imbituva, Ipiranga, Irati, Ivaí, Jaguariaíva, Lapa, Mandirituba, Ortigueira, Palmeira, Rio Azul, Rio Branco do Sul, Piraí do Sul, Piraquara, Ponta Grossa, Porto Amazonas, Prudentópolis, Rebouças, Reserva, Pinhais, São João do Triunfo, Ventania, São Mateus do Sul, Sengés, Teixeira Soares, Telêmaco Borba, Tibagi, São José dos Pinhais); t refere-se ao tempo (2000 a 2009); ln é o logaritmo. A obtenção de wi é feita por meio de (2). 2

d   wi = 1 − i   120 

(2)

Se di. Acesso em: 15 set./2013.

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VIANA, G.; FERRERA DE LIMA, J. Capital Humano e Crescimento Economico: O Caso da Economia Paranaense no Início do Século XXI. Revista Paranaense de Desenvolvimento, n. 116, jan.jun./2009. Disponível em: < http://www.ipardes.pr.gov.br/ojs/index.php/revistaparanaense/article/ view/315/345>. Acesso em: 15 set./2013. ______. Capital Humano e Crescimento Econômico. Interações, Campo Grande, v. 11, n. 2 p. 137148, jul.-dez./2010. Disponível em: Acesso em: 26 set./2013. WOOLDRIDGE, J. M. Introdução à Econometria: uma abordagem moderna. São Paulo: Thomson Learning, 2007.

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A RELAÇÃO DA UNICENTRO (PR) COM AS MICRORREGIÕES DE ATUAÇÃO: uma abordagem com técnicas de estatística espacial1 Amarildo Hersen2 Altamir Thimóteo3 Giomar Viana 4 Fernando Franco Netto5

INTRODUÇÃO O papel que as universidades podem desempenhar com relação ao desenvolvimento regional vem recebendo importância crescente, a ponto de ser considerado elemento-chave no processo de desenvolvimento das regiões (ROLIM; SERRA, 2009). As regiões com maior possibilidade de desenvolvimento são aquelas que conseguem desenvolver um projeto comum, mesmo sendo compostas por centros administrativos e atores diversos. Nesse contexto, as universidades podem assumir um importante papel nesse projeto e atuar como agente dinamizador do projeto regional que visa ao desenvolvimento homogêneo ou polarizado da região de interesse. Caracterizar e identificar a região de atuação de uma universidade é um importante passo no sentido de saber como se dá sua influência no espaço e qual o perfil desse espaço econômico. Também, entendendo que as universidades podem atuar como elemento-chave para o desenvolvimento econômico regional, saber de sua abrangência espacial parece ser contributivo para entender o impacto espacial que determinadas políticas públicas, se implantadas por intermédio das universidades, podem ter. O objetivo deste capítulo consiste em identificar a associação espacial dos municípios pertencentes às Microrregiões de Guarapuava, Irati, Pato Branco, Pitanga e Prudentópolis com a Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná, Unicentro, referente ao ano de 2012. O capítulo está dividido em seis partes: introdução, revisão da literatura sobre região e universidade a partir das abordagens de Perroux (1967; 1977) e Boudeville (1970), caracterização da região de atuação da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro, procedimentos metodológicos, análise de resultados e considerações finais. Pesquisa executada com financiamento da SETI/UGF e Fundação Araucária. Professor e pesquisador da Unicentro. E-mail: [email protected] 3 Professor e pesquisador da Unicentro. E-mail: [email protected] 4 Professor e pesquisador da Unicentro. E-mail: [email protected] 1 2

5

Professor e pesquisador da Unicentro. E-mail: [email protected]

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REGIÃO E UNIVERSIDADE NA ABORDAGEM DE POLOS DE CRESCIMENTO EM PERROUX E BOUDEVILLE Para Perroux (1967, p. 164), o processo de crescimento é irregular, pois “o crescimento não surge em toda parte ao mesmo tempo; manifesta-se com intensidades variáveis, em pontos ou polos de crescimento; propaga-se, segundo vias diferentes e com efeitos finais variáveis, no conjunto da economia”. Tem-se que seus principais aspectos estão relacionados às variações do conjunto da economia nacional, que consiste no aparecimento e desaparecimento de indústrias e em taxas de crescimento diferenciadas para as indústrias ao longo do tempo. O surgimento de uma indústria nova – ou complexo de indústrias –, ou a expansão de uma indústria já existente, possui efeitos de propagação na economia por meio de preços, fluxos entre outros. Assim, para analisar essa modalidade de crescimento, deve-se levar em consideração o papel desempenhado pela indústria motriz, pelo complexo de indústrias e pelo crescimento dos polos de desenvolvimento. Souza (2005) lembra que a indústria motriz, de Perroux, é líder do complexo de atividades, formando o polo industrial, e tem como características: a) fazer crescer a uma taxa superior à média da indústria nacional; b) possuir diversas ligações locais de insumo-produto, por meio de compras e vendas de insumos; c) dispor-se como uma atividade inovadora, geralmente de grande porte e baixa concorrência; d) deter poder de mercado, dita preços dos produtos e dos insumos; e) tender a produzir para o mercado nacional e externo. O conceito de indústria motriz é mais amplo do que o de indústria-chave. Toda indústria motriz é uma indústria-chave, mas não obrigatoriamente o inverso é verdadeiro, ou seja, nem toda indústria-chave é uma indústria motriz. Não ocorrendo indução significativa do crescimento no interior do complexo, a atividade-chave não será motora e não provocará efeito motriz. As indústrias motrizes atraem empresas satélites – fornecedoras de insumos ou dependentes dos produtos das primeiras como insumos – desencadeando o crescimento local e regional. Dessa forma, governos têm atraído empresas, como montadoras de automóveis que formam complexos industriais aglomerando em um mesmo local um conjunto de empresas prestadoras. Normalmente, a forma de atração utilizada está ligada a incentivos fiscais, empréstimos subsidiados, treinamento de mão de obra e instalação de infraestruturas (SOUZA, 2005). Já o polo de desenvolvimento seria uma unidade econômica motriz ou um conjunto de unidades que exercem efeitos de expansão sobre outras unidades com as quais se relaciona. Lima e Simões (2010) salientam que uma economia nacional apresenta-se como uma

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combinação de conjuntos relativamente ativos – indústrias motrizes, polos de indústria e de atividades geograficamente concentradas – e de conjuntos relativamente passivos – indústrias movidas, regiões dependentes dos polos geograficamente concentrados. Os primeiros induzem nos segundos fenômenos de crescimento. No processo de crescimento da economia nacional há uma fase de concentração setorial e espacial da indústria (polarização), com o aumento das desigualdades regionais até um ponto máxim; posteriormente, ocorre a reversão dessa tendência: as regiões periféricas crescem mais rápido, o que reduz as desigualdades regionais (despolarização) (PERROUX, 1977). Segundo Perroux (1967, p. 204), os polos de desenvolvimento são peça fundamental nesse processo, pois “a nação do século XX encontra nos mesmos a sua força e o seu meio vital”. Para Lima e Simões (2010, p. 7), é necessário “conceber eixos de desenvolvimento entre os polos situados em pontos diferentes do território, o que implica em orientações determinadas e duradouras de desenvolvimento espacial”. A análise de Perroux não leva a uma conclusão imediata e simples de política econômica, mas orienta algumas decisões práticas e evidencia a importância não apenas dos grandes empresários privados nesse processo, mas também dos poderes públicos, nesses inclusos suas autarquias – como, por exemplo, as universidades públicas (LIMA; SIMÕES, 2010). Já Boudeville (1970) trabalhou as noções de espaço com o intuito de conceder-lhes um caráter mais operacional e uma ênfase territorial. O espaço seria uma realidade concreta, ao mesmo tempo material e humana. Seria o espaço das relações existentes entre dois conjuntos, das atividades econômicas e dos lugares geográficos, também uma maneira de analisar todas as localizações possíveis das atividades (LIMA e SIMÕES, 2010). Para Rolim (1982), esse espaço apresenta características dinâmicas, sendo, portanto, passível de transformações pela ação humana. Da mesma forma que Perroux, Boudeville (1970) distingue três noções de espaço: i) do ponto de vista econômico, o espaço pode caracterizar-se de acordo com sua maior ou menor uniformidade, ou seja, o espaço é homogêneo; ii) do ponto de vista das interdependências e hierarquias de suas partes, o espaço é polarizado; e iii) do ponto de vista do centro de decisão e do objetivo estabelecido, o espaço é planejado. Boudeville (1970) conceitua região, que difere do espaço devido à contiguidade da superfície, o que facilita a ação coletiva e o estabelecimento de um plano de ação para alcançar objetivos comuns. Nesse contexto, os problemas enfrentados pelas cidades não se encerram em suas fronteiras. A região é homogênea quando corresponde a um espaço contínuo em que cada uma de suas partes apresenta características semelhantes. A região é polarizada quando se considera a interdependência das aglomerações urbanas, nas quais suas diversas partes são

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complementares em um sistema hierarquizado de acordo com os bens produzidos. A região é região-plano quando considerada como um espaço contínuo em que as diversas partes estão sob uma mesma decisão (ROLIM, 1982; LIMA; SIMÕES, 2010). Entretanto, o estabelecimento das fronteiras de uma região continua complexo, pois nem sempre elas coincidem com suas unidades administrativas e, também, as próprias regiõesprogramas não obrigatoriamente coincidem com as regiões polarizadas ou homogêneas. A existência de um território nacional integrado é um objetivo indiscutível de política e reflete a compatibilidade de planos dos diferentes centros de decisão do espaço econômico considerado. Indiscutível, também, é o fato de que coesão, complementaridade e cooperação são fundamentais para o crescimento harmônico havendo, portanto, a necessidade de políticas de colaboração entre as regiões, que não devem ser consideradas independentes no território nacional, mas ligadas às demais unidades regionais e subordinadas à concepção nacional do bem comum (LIMA; SIMÕES, 2010). Nas palavras de Boudeville (1970, p. 71) “La coopération régionale se justifie essentiellement par l’interdépendance des problèmes qui lient des régions contigúes, qu’il s’agisse de l’activité courant ou du développe-ment à long terme”. De acordo com Lima e Simões (2010), Boudeville enfatiza a importância dos instrumentos de política regional como meio de orientação dos polos de desenvolvimento urbano, sendo diversas as medidas de intervenção, podendo ser apontadas: coordenação de transportes, energia, irrigação, educação, saúde, serviços públicos, incentivos fiscais, infraestrutura entre outros. Nesse contexto, sendo a educação e os serviços públicos medidas de intervenção passíveis de serem praticadas com a participação das universidades estaduais do Paraná, estas têm importante papel a desenvolver no âmbito da região em que atuam. Identificar o espaço de atuação dessas universidades na região passa a ser um importante passo para futuras políticas públicas voltadas a um crescimento mais harmônico de uma região. Na seção que segue, busca-se realizar a caracterização da região em que a Unicentro atua, bem como o perfil econômico e social interno à região.

CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO DE ATUAÇÃO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE - Unicentro Já presente no outro artigo, em 2012, a Unicentro encontra-se em cinco Microrregiões Geográficas (MRG) do Paraná (ver Figura 1). O total da área territorial da região de abrangência é superior a 33.892km2, praticamente 17% do território paranaense. Sozinha, a

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MRG de Guarapuava abarca mais de 8% de todo o território estadual, configurando-se como a maior microrregião do estado do Paraná. A Unicentro apresenta estrutura multicampi, dispersa em sete diferentes municípios paranaenses. No município de Guarapuava há dois campi Universitários da Unicentro, sendo estes o Cedeteg e Santa Cruz (Reitoria), o terceiro localiza-se em Irati. Nas cidades de Chopinzinho, Laranjeiras, Pitanga e Prudentópolis estão instalados os campi avançados e, por fim, uma Extensão em Coronel Vivida. Com a Figura 1 pode-se visualizar a abrangência territorial da Universidade. Figura 1: Microrregiões de atuação da Unicentro

Fonte: Unicentro (2013).

São 45 municípios que formam a região de atuação da Universidade. A MRG de Guarapuava é constituída por 18 municípios, sendo estes: Campina do Simão, Candói, Cantagalo, Espigão Alto do Iguaçu, Foz do Jordão, Goioxim, Guarapuava, Inácio Martins, Laranjeiras do Sul, Marquinho, Nova Laranjeiras, Pinhão, Porto Barreiro, Quedas do Iguaçu, Reserva do Iguaçu, Rio Bonito do Iguaçu, Turvo e Virmond. A segunda região com maior

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número de municípios é Pato Branco, constituída por 10 municípios, a saber: Bom Sucesso do Sul, Chopinzinho, Coronel Vivida, Itapejara d’Oeste, Mariópolis, Pato Branco, São João, Saudade do Iguaçu, Sulina e Vitorino. Os municípios que formam a MRG de Prudentópolis são: Fernandes Pinheiro, Guamiranga, Imbituva, Ipiranga, Ivaí, Prudentópolis e Teixeira Soares. Já a MRG de Pitanga é constituída pelos seguintes municípios: Boa Ventura de São Roque, Laranjal, Mato Rico, Palmital, Pitanga e Santa Maria do Oeste. A Microrregião com menor número de municípios é Irati, com apenas 4 municípios, sendo estes: Irati, Mallet, Rebouças e Rio Azul. Somados, esses municípios concentram uma população superior a 843 mil habitantes. A MRG de Guarapuava concentra mais de 45% dessa população, sendo que, somente o município de Guarapuava, para esse mesmo ano, apresentou uma população estimada de 169.252 habitantes, correspondendo a aproximadamente 45% da MRG de Guarapuava. A segunda Microrregião de maior população é a de Pato Branco, com pouco mais de 19% da população da região de abrangência da Universidade. Nesta, o município de Pato Branco concentrou uma população estimada de 73.901 habitantes. Tabela 1: População estimada da Região de abrangência da Unicentro – 2012 Localidade Microrregião de Guarapuava Microrregião de Irati Microrregião de Pato Branco Microrregião de Pitanga Microrregião de Prudentópolis Região de atuação - Unicentro Estado do Paraná

2012

%

380.287

3,6

98.329

0,9

160.750

1,5

74.361

0,7

129.917

1,2

843.644

8,0

10.577.755

100,0

Fonte: Ipardes (2013).

Do total do PIB paranaense de 2012, mais de 217 bilhões de reais, a região em que atua a Unicentro contribuiu com 5,4%. A MRG de Guarapuava destaca-se na região em que atua a Universidade, produzindo perto de 50% de toda a riqueza. Os municípios que se destacam nas suas respectivas Microrregiões são: Guarapuava, com PIB correspondente a 49,5% da MRG de Guarapuava; Pato Branco, 46,2% do PIB da MRG de Pato Branco; Prudentópolis, com 34,1% do total do PIB da MRG de Prudentópolis; Irati, 61,2% do PIB da MRG de Irati; e o Município de Pitanga, com 50,3% do PIB da microrregião de mesmo nome.

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Figura 2: Decomposição do PIB a preços correntes, na Região de atuação da Unicentro, 2010 (em R$1.000,00)



Fonte: Ipardes (2013).

Infelizmente, na divisão teórica/média do PIB pela população (PIB per capita) notase que, em nenhuma das microrregiões de atuação da Universidade, esse indicador atinge a média do estado. A microrregião que mais se aproxima do PIB per capita médio do Paraná é a MRG de Pato Branco (97,9%). A média menos expressiva da região onde está instalada a Universidade é da MRG de Prudentópolis, nesta, o PIB per capita equivale a 45,5% da média paranaense.

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Tabela 2: PIB per capita, ano de 2010 (em R$1,00) Localidade Mesorregião Centro-Sul Paranaense

13.437 MRG de Guarapuava MRG de Pitanga

Mesorregião Sudeste Paranaense

14.162 9.819 11.493

MRG de Irati MRG de Prudentópolis Mesorregião Sudoeste Paranaense

11.926 9.464 16.100

MRG de Pato Branco Estado do Paraná

R$

20.376 20.804

Fonte: Ipardes (2013).

Considerando os indicadores de desenvolvimento sintetizados (IDH-M, IPDM e IFDM), nota-se que a região é heterogênea em termos de desenvolvimento. A MRG de Pato Branco apresenta as melhores médias regionais de desenvolvimento municipal, em média com alto desenvolvimento humano, nesta, o Município de Pato Branco está na posição de número cinco do ranking estadual. No outro extremo, na MRG de Pitanga, com exceção do município de Pitanga, os demais compõem a lista dos cinquenta menores IDH-M do estão do Paraná (Tabela 3).

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Tabela 3: Indicadores de desenvolvimento sintetizados Município

IDH-M - 2013 (ano base 2010)

IPDM (ano base 2010)

Campina do Simão

0,630

0,6029

0,6286

Candói

0,635

0,6699

0,6905

Cantagalo

0,635

0,5902

0,6099

Espigão Alto do Iguaçu

0,636

0,6007

0,6340

Foz do Jordão

0,645

0,6017

0,6391

Goioxim

0,641

0,5236

0,5896

Guarapuava

0,731

0,7022

0,7601

Inácio Martins

0,600

0,5899

0,6309

Laranjeiras do Sul

0,706

0,7139

0,7428

Marquinho

0,614

0,6131

0,6300

Nova Laranjeiras

0,642

0,4877

0,5928

Pinhão

0,654

0,5908

0,6357

Porto Barreiro

0,688

0,6701

0,6773

Quedas do Iguaçu

0,681

0,6757

0,7026

Reserva do Iguaçu

0,648

0,5596

0,6017

Rio Bonito do Iguaçu

0,629

0,6543

0,6860

Turvo

0,672

0,6411

0,6743

Virmond

0,722

0,6583

0,7039

Média da Microrregião

0,656

0,6192

0,6572

Boa Ventura de São Roque

0,655

0,6255

0,6653

Laranjal

0,585

0,5032

0,5687

Mato Rico

0,632

0,6237

0,6392

Palmital

0,639

0,5808

0,6249

Pitanga

0,702

0,6853

0,7109

Microrregião

Guarapuava

Pitanga

Irati

IFDM - 2012 (ano base 2010)

Santa Maria do Oeste

0,609

0,5139

0,5739

Média da Microrregião

0,637

0,5887

0,6305

Irati

0,726

0,7083

0,7344

Mallet

0,708

0,7057

0,7263

Rebouças

0,672

0,6700

0,6900

Rio Azul

0,687

0,6645

0,6959

Média da Microrregião

0,698

0,6871

0,7116

continuação ...

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117

Tabela 3

...continuação Município

IDH-M - 2013 (ano base 2010)

IPDM (ano base 2010)

Fernandes Pinheiro

0,645

0,6682

0,6649

Guamiranga

0,669

0,6596

0,6840

Imbituva

0,660

0,6630

0,6899

Ipiranga

0,652

0,6246

0,6537

Ivaí

0,651

0,5303

0,5890

Prudentópolis

0,676

0,6545

0,6868

Teixeira Soares

0,671

0,6249

0,6600

Média da Microrregião

0,661

0,6322

0,6612

Bom Sucesso do Sul

0,742

0,7023

0,7502

Chopinzinho

0,740

0,7045

0,7428

Coronel Vivida

0,723

0,6950

0,7300

Itapejara d’Oeste

0,731

0,6213

0,6311

Mariópolis

0,698

0,6730

0,7026

Pato Branco

0,782

0,7768

0,8256

São João

0,727

0,7378

0,7707

Saudade do Iguaçu

0,699

0,7455

0,7531

Sulina

0,693

0,6036

0,6678

Vitorino

0,702

0,7441

0,7419

Média da Microrregião

0,724

0,7004

0,7316

Microrregião

Prudentópolis

Pato Branco

IFDM - 2012 (ano base 2010)

Fonte: PNUD (2013); Ipardes (2013); Firjan (2013).

Complementarmente, de acordo com o Ipardes (2013), mais de 321 mil residentes, no ano de 2000, viviam em situação de pobreza. Ao considerar a população desse mesmo ano, isso representa aproximadamente 40% dos residentes na área de abrangência da Universidade. Das cinco microrregiões atendidas pela Unicentro, a MRG de Guarapuava, sozinha, concentrava praticamente 46% da população em situação de pobreza de toda a região de atuação da Universidade. Tal fato, apesar da informação estar defasada, evidencia que a região em que a Unicentro atua contém um importante bolsão de pobreza do Paraná. Após a caracterização da região de atuação da Unicentro, na seção seguinte têm-se os procedimentos metodológicos adotados na pesquisa, de caráter quantitativo, considerando a contiguidade dos municípios até aqui evidenciados.

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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Método de estimativa Os trabalhos preliminares relativos à análise de dados estatísticos e econométricos espaciais remontam aos trabalhos de estatísticos como Moran, Geary, e Whittle, no final de década de 1940 e início de 1950 (FLORAX; VLIST, 2003). Historicamente, a econometria espacial originou-se na Europa, no início da década de 1970, devido à necessidade de se trabalhar com dados de subnacionais, modelos de econometria regional. Em termos gerais, a econometria espacial caracteriza-se como o conjunto de técnicas para tratar com preocupações metodológicas que se seguem a partir da consideração explícita de efeitos espaciais, especificamente autocorrelação espacial e heterogeneidade espacial (ANSELIN, 1999). A dependência espacial é percebida quando determinado acontecimento em uma unidade no espaço tem relação com outras unidades. Essa relação pode ser decorrente de erros de delimitação geográfica das unidades territoriais em estudo, de problemas de agregação ou, principalmente, de externalidades (positivas ou negativas) transbordadas para outras unidades territoriais geograficamente próximas. A noção de dependência espacial está associada à ideia de como diferentes unidades territoriais exercem influência sobre as demais, exigindo a definição de vizinhança (FIGUEIREDO; TEIXEIRA; BONJOUR, 2009). Uma estatística muito utilizada para evidenciar dependência espacial é o Índice de Moran (I), que mede a autocorrelação espacial e indica o grau de associação espacial presente no conjunto de dados em análise. A ideia básica é estimar a magnitude da autocorrelação espacial entre as áreas. Quando se dispõe de grande número de áreas, a natureza dos processos envolvidos é tal, que é muito provável a existência de diferentes regimes de correlação espacial em diferentes sub-regiões. Para evidenciar esses regimes espaciais, pode-se utilizar o mapa de espalhamento de Moran. Essa estatística depende da definição de vizinhança adotada (CÂMARA et al., 2002). Em geral, a ideia de efeitos espaciais de uma unidade sobre as demais é utilizada em ponderações; a variável observada em cada localidade recebe uma ponderação quando fizer parte da vizinhança da localidade analisada. É comum a utilização de matrizes cujos elementos sejam binários, admitindo-se valor unitário quando existir a influência, e nulo (zero), caso contrário. De acordo com o modelo de Anselin (1980), a matriz de ponderação deve possuir relação direta com uma conceituação teórica da estrutura de dependência, em vez de mero reflexo de uma descrição específica de um padrão espacial. Universidades estaduais paranaenses, desenvolvimento regional e contribuição para a qualificação da mão de obra

119

Para estimar a variabilidade espacial de dados de área, uma ferramenta básica é a matriz de proximidade espacial, ou matriz de vizinhança. Considerando um conjunto de n áreas {A1 , ... , An}, construímos a matriz W(1) (n x n), em que cada um dos elementos wij representa uma medida de proximidade entre Ai e Aj. De acordo com Câmara et al. (2002), essa medida de proximidade pode ser calculada adotando-se um dos seguintes critérios:wij = 1, se o centróide de Ai está a uma determinada distância de Aj, caso contrário wij = 0; wij = 1, se Ai compartilha um lado comum com Aj, caso contrário wij = 0; wij = lij/li, onde lij é o comprimento da fronteira entre Ai e Aj e li é o perímetro de Ai. Considerando que a matriz de proximidade é utilizada em cálculos de indicadores na fase de análise exploratória, por conveniência, ela é muitas vezes utilizada de forma normalizada, por linha, para que a soma dos pesos de cada linha seja igual a 1. Ainda de acordo com Câmara et al. (2002), a ideia da matriz de proximidade espacial pode ser generalizada para vizinhos de maior ordem. Com critério análogo ao adotado para a matriz de vizinhança de primeira ordem, pode-se construir as matrizes W(2), ..., W(n). Por questões de simplificação, os coeficientes da matriz de primeira ordem são designados por wij e os das matrizes de ordem k por wij(k). Ambas as matrizes normalizadas por linhas. O índice global de Moran (I), segundo Overmars, Koning e Veldkamp (2003), para i ≠ j, é dado por: n

I=

(1 / W )∑ i =1

n

∑ w (y ij

j =1

n

i

− y )( y j − y ) (1)

(1 / n)∑ ( yi − y )

2

i =1

Em que: n = número de observações; wij = elemento na matriz de vizinhança para o par i e j; W = soma dos valores de wij; yi e yi = desvios em relação à média yi − y , y j − y ̅= média.

(

120

)(

y) ;

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Variáveis e critérios de seleção A Universidade Estadual do Centro-Oeste é uma instituição de ensino superior multicampi e se dispersa por sete diferentes municípios do Paraná. Como a maior parte dos cursos de graduação são ofertados no município sede, que é Guarapuava, município mais populoso da região, entende-se com naturalidade que o número de alunos matriculados, com procedência do município, seja de maior expressividade. Assim sendo, em uma análise comparativa de procedência dos alunos regularmente matriculados no ano de 2012, mais de 32% destes são da localidade e mais de 81% das microrregiões em que a Universidade está instalada. Essa interpretação faz-se necessária para entender o critério de seleção da variável, para cálculo do Índice de Moran. Como o Índice permite a comparação entre pares de regiões, optou-se por calculá-lo utilizando o Município de Guarapuava em relação a outro município, na expectativa de encontrar um coeficiente e atribuir uma semelhança maior ao Município de Guarapuava, quando o coeficiente se apresentar mais expressivo e menor, quando ocorrer o contrário. Assim sendo, coeficientes elevados estariam associados a um maior impacto da Universidade no município vizinho e coeficientes menores, associados a um menor impacto. Além de a análise contemplar 45 municípios das microrregiões em estudo, a variável utilizada é o número de alunos matriculados na Unicentro, no ano de 2012, por cidade de origem. Com esse critério, há a possibilidade de identificar, pela grandeza do Índice, se a Universidade está contribuindo para a capacitação de munícipes da vizinhança de forma semelhante ao município sede. Ressalta-se que, apesar de esse estudo intencionar aferir o impacto da Unicentro nas microrregiões em que se encontra instalada, a região de abrangência da Universidade extrapola a fronteira das microrregiões estudadas e que seria um equívoco considerar de forma contrária.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Em se tratando da origem dos acadêmicos, especificamente de graduação e da região de atuação, já caracterizada, pode-se notar que mais de 50% desses alunos são da própria microrregião sede da Universidade. A Microrregião de Irati está na segunda posição do ranking de alunos matriculados no ano de 2012 na Unicentro, representando 18%. A manutenção dessa posição por parte da MRG de Irati está associada, entre outros elementos, a fatores históricos, a saber: existência de campus da Universidade desde seu reconhecimento, ano de

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121

1997; e oferta de cursos de graduação não ofertados em nenhuma outra unidade da Unicentro – como, por exemplo, Engenharia Florestal, Engenharia Ambiental, Fonoaudiologia, Psicologia e Turismo. As Microrregiões de Prudentópolis, Pato Branco e Pitanga, apesar de matricularem comparativamente um número menor de alunos na Unicentro, conforme Figura 3, interagem com a Universidade, inserindo alunos na graduação. Com a análise de Moran, estimouse o valor dos coeficientes com propósito de identificar se a Universidade interage com os municípios vizinhos e, também, a grandeza dessa interação. Os cálculos foram realizados por ordem de vizinhança, partindo dos mais próximos para os mais distantes. Na intenção de abarcar todos os municípios da MRG de atuação da Universidade, houve a necessidade de proceder com o cálculo até a quinta ordem de vizinhança, expostos na Figura 3 e nas Tabelas 4, 5, 6 e 7: Figura 3: Origem dos acadêmicos dentro da Região de atuação da Unicentro, 2012

Fonte: Dirai/Unicentro (2013b).

A totalidade dos municípios fronteiriços com Guarapuava apresentou Índice de Moram diferente de zero evidenciando, dessa forma, relação ou dependência espacial destes com a

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Unicentro. O Município do Pinhão, apesar de não possuir campus universitário apresentou moderada correlação espacial. O Município de Prudentópolis, apesar de ter uma quantidade de alunos matriculados inferior a Irati, evidenciou um coeficiente de Moran (0,7427) que exprime forte correlação espacial com Guarapuava. Esse fator está associado a um perfil de semelhança ao de Guarapuava, na distribuição dos alunos nos cursos (Tabela 4). Tabela 4: Índice de Moran para vizinhos de primeira ordem Microrregião

Município

(I)

Campina do Simão

0,0030

Candói

0,0257

Cantagalo

0,1087

Goioxim

0,0030

Inácio Martins

0,0268

Pinhão

0,3061

Turvo

0,0637

Irati

Irati

0,3835

Prudentópolis

Prudentópolis

0,7427

Guarapuava

Fonte: Resultados da pesquisa.

A expectativa é de que especificamente para o Município de Irati, a presença da Unicentro provoque impacto muito maior que o evidenciado acima. Nesse município, a Universidade mantém campus próprio e, diferente do que ocorre nos campi avançados, ali são ofertados cursos de graduação não ofertados em Guarapuava, a saber: Engenharia Ambiental, Engenharia Florestal, Fonoaudiologia, Psicologia e Turismo. Isso acaba não sendo captado positivamente pelo Índice de Moran, por destoar da associação correlativa de referência, que é o Município de Guarapuava. Já para os vizinhos de ordem K=2, os municípios de Laranjeiras do Sul e Chopinzinho foram os que apresentaram moderada correlação espacial, em relação a Guarapuava, com coeficientes respectivos de 0,5080 e 0,3920. Essa maior dependência espacial, em relação aos demais municípios de ordem equivalente, está associada ao fato de esses dois municípios terem seus respectivos campi avançados. Para o ano de 2012, com exceção de Foz do Jordão e Guamiranga, em que a correlação espacial mostrou ser nula, os demais municípios evidenciaram correlação espacial fraca, porém existente (Tabela 5).

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123

Tabela 5: Índice de Moran para vizinhos de segunda ordem Microrregião

Guarapuava

Pitanga

Irati

Prudentópolis

Pato Branco

Município

(I)

Foz do Jordão

0,0000

Laranjeiras do Sul

0,5080

Marquinho

0,0046

Porto Barreiro

-0,0016

Reserva do Iguaçu

0,0123

Virmond

0,0003

Boa Ventura de São Roque

0,0159

Palmital

0,0416

Santa Maria do Oeste

0,0158

Rebouças

0,0825

Rio Azul

0,0145

Fernandes Pinheiro

0,0066

Guamiranga

0,0000

Imbituva

0,0328

Ivaí

-0,0052

Chopinzinho

0,3920

Fonte: Resultados da pesquisa.

Vale salientar que a existência de correlação nula entre municípios contíguos não implica total inexistência de relação com a Unicentro. Como os dados utilizados referem-se a um ano específico, e os municípios vizinhos e de menor população podem não ter a colocação de munícipe na academia, por simples questão de menor probabilidade, considerando que há concorrência pública de vagas no vestibular, esse fato não é obrigatoriamente constante ao longo do tempo. Em relação aos municípios de terceira ordem de vizinhança, Pitanga (0,9906) e Coronel Vivida (0,3732) destacam-se com os maiores coeficientes de correlação espacial. O Município de Pitanga apresentou a maior dependência espacial com a Universidade, entre todos os municípios estudados. Esse fato está associado à existência de campus avançado da Unicentro nesse município, bem como uma semelhança na distribuição dos alunos originários de Pitanga em relação aos originários de Guarapuava (Tabela 6).

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Tabela 6: Índice de Moran para vizinhos de terceira ordem Microrregião Guarapuava

Pitanga Irati Prudentópolis

Pato Branco

Município

(I)

Nova Laranjeiras

0,0073

Rio Bonito do Iguaçu

0,0029

Laranjal

0,0061

Mato Rico

0,0009

Pitanga

0,9906

Mallet

-0,0096

Ipiranga

-0,0013

Teixeira Soares

0,0057

Coronel Vivida

0,3732

São João

0,2143

Saudade do Iguaçu

0,0000

Sulina

0,0197

Fonte: Resultados da pesquisa.

O Município de Coronel Vivida possui uma extensão da Universidade, o que contribui para o resultado apresentado na Tabela 5. Os demais municípios evidenciaram fraca dependência espacial com a Universidade. Já para os municípios de ordem k=4 de vizinhança, Quedas do Iguaçu e Pato Branco apresentaram fraca, porém existente, correlação espacial com a Unicentro, conforme Tabela 7. Tabela 7: Índice de Moran para vizinhos de quarta ordem Microrregião Guarapuava Pato Branco

Município

(I)

Espigão Alto do Iguaçu

0,0000

Quedas do Iguaçu

0,1174

Itapejara d’Oeste

0,0000

Pato Branco

0,1876

Fonte: Resultados da pesquisa.

A correlação espacial mostrou-se nula, para o ano do estudo, entre os Municípios de Espigão Alto do Iguaçu e Itapejara d’Oeste com a Unicentro, motivos cabíveis para explicar este fato já foram expostos anteriormente (Tabela 8).

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Tabela 8: Índice de Moran para vizinhos de quinta ordem Microrregião

Município Bom Sucesso do Sul

Pato Branco

Mariópolis Vitorino

(I) 0,0000 -0,0075 0,0039

Fonte: Resultados da pesquisa.

Por fim, a Tabela 8 expõe o Índice de Moran para os municípios contíguos de quinta ordem. Por serem mais distantes – divisa com Santa Catarina – do município sede da Universidade, é natural que evidenciassem fraca, ou até mesmo nula, dependência espacial com a Universidade. Contudo, a maior parte dos municípios ainda evidenciou associação ou dependência com a Unicentro, corroborando para o entendimento de importante papel como agente regional desempenhado pela Universidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo deste capítulo foi identificar a existência da associação espacial dos municípios pertencentes às Microrregiões de Guarapuava, Irati, Pato Branco, Pitanga e Prudentópolis com a Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná, Unicentro, no ano de 2012. O estabelecimento das fronteiras de uma região é complexo, pois nem sempre elas coincidem com suas unidades administrativas e, também, as próprias regiões programas não obrigatoriamente coincidem com as regiões polarizadas ou homogêneas. Para existência de um território integrado, há a necessidade de adotar políticas no sentido de promover a convergência de diferentes planos de centros de decisão do espaço econômico, tarefa não muito fácil de ser realizada. Em se tratando de políticas relativas à educação e a serviços públicos, estas são medidas de intervenção passíveis de serem praticadas com a participação das Universidades Estaduais do Paraná, no âmbito da região em que atuam: num primeiro momento, identificar o espaço de atuação dessas universidades na região passa a ser um importante passo para futuras políticas públicas voltadas a um crescimento mais harmônico de uma região. O método de investigação utilizado para esse fim foi o de mensuração de dependência espacial, Índice de Moran (I), que mensura a autocorrelação espacial e tem como ideia básica estimar a magnitude desta entre as áreas. Quando se faz uso de grande número de áreas, como o caso deste estudo, a natureza dos processos envolvidos é tal, que é muito provável a existência de diferentes regimes de correlação espacial em diferentes sub-regiões.

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Os resultados da pesquisa indicam que mais de 84% dos municípios das microrregiões em que a Unicentro atua sofreram influência da Universidade no ano de 2012. Também, a totalidade dos municípios vizinhos de primeira ordem são influenciados pela instituição, com destaque para Pinhão, com Índice de Moran equivalente a 0,3061, correspondendo à moderada dependência espacial, mesmo não sendo privilegiada com campus ou Extensão da Universidade. Conclui-se que a Universidade Estadual do Centro-Oeste, Unicentro, pelo fato de se apresentar com estrutura multicampi, contribui de forma significativa para maior associação espacial com municípios vizinhos. Isso pode ser percebido pela superioridade do Coeficiente de Moran nos municípios em que a Universidade mantém campus, campus avançado ou extensão – Pitanga (0,9906), Prudentópolis (0,7427), Laranjeiras do Sul (0,5080), Chopinzinho (0,3920), Irati (0,3835) e Coronel Vivida (0,3732).

REFERÊNCIAS ANSELIN, L. Estimation methods for spatial autoregressive structures: a study in spatial econometrics. Ithaca, Nova Iorque: Cornell University, 1980. 273 p. (Regional Science Dissertation & Monograph Series, 8). ______. Spatial econometrics. In: BALTAGI, B. (Ed.). Companion to econometrics. Oxford: Basil Blackwell, 1999. BOUDEVILLE, J. R. Les spaces économiques. Paris: Press Universitaires de France, 1970. CÂMARA, G.; CARVALHO, M. S.; CRUZ, O. G.; CORREA, V. Análise espacial de áreas. São José dos Campos: INPE, 2002. DIRAI/UNICENTRO - Diretoria de Avaliação Institucional. Histórico Institucional. Disponível em: . Acesso em: 23 fev./2013a. ______. Alunos totais matriculados: origem, sexo e nascimento. UNICENTRO, 2013b. FIGUEIREDO, A. M. R.; TEIXEIRA, E. C.; BONJOUR, S. C. M.. Introdução à econometria espacial na agricultura. DESAFIO: Revista de Economia e Administração. Campo Grande, v. 10, n. 21, p. 16-28, mai.-ago./2009. FIRJAN - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Municípios Brasileiros por Unidades da Federação – IFDM 2010. Disponível em: . Acesso em: 9 mar./2013.

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CONTRIBUIÇÃO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ PARA A FORMAÇÃO DE CAPITAL HUMANO 1 Udo Strassburg2 Valdir Antonio Galante3 Nilton Marques de Oliviera4 Mirian Beatriz Schneider Braun5

INTRODUÇÃO O presente capítulo discute a contribuição da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste - para a formação de capital humano. As instituições de ensino superior e principalmente as universidades devem cumprir o seu papel, que vai além dos limites da sua finalidade tradicional de produção, reprodução, divulgação e conservação do conhecimento. Elas possuem um papel muito importante para o desenvolvimento das regiões onde se encontram, além de “ensinarem” nas diversas áreas de conhecimento, formando profissionais para atuarem no mercado de trabalho, possibilitam à população o acesso à inovação científica, o resultado de pesquisas realizadas e publicações etc.; também atuam com ênfase social na área de extensão com projetos, cursos, eventos, programas e prestação de serviços. As universidades são formadas pelos docentes, acadêmicos, técnicos, entidades e pessoas externas a ela. Logo, a abrangência de ensino superior cumpre com as 3 formas de atuação: o ensino, a pesquisa e a extensão. A universidade oportuniza aos envolvidos no processo ensino aprendizagem, docentes e acadêmicos, a participação e a integração nas atividades oferecidas com o intuito da obtenção de experiências diversas que auxiliarão na formação do capital humano. Para Levin e Liu (1973) apud LIMA (1980, p. 224):

Pesquisa executada com financiamento da Seti/Fundação Araucária. Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio da Unioeste-Toledo. E-mail : udo. [email protected]. 3 Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio da Unioeste-Toledo. E-mail  : [email protected] 4 Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio da Unioeste-Toledo. E-mail [email protected] 5 Professora Associada do Curso de Ciências Econômicas e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio da Unioeste-Toledo. Pesquisadora do Grupo Gepec. Bolsista Produtividade da Fundação Araucária.e-mail  : [email protected] 1 2

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129

O ponto de vista que defende que capital humano é, sobretudo, o resultado de investimento em educação ou em treinamento, tem como consequência a escolha, por parte dos que esposam esta ideia, da taxa de retorno a esses investimentos como a variável crucial na determinação do número de anos que uma pessoa vai à escola, e consequentemente - segundo os economistas neoclássicos - para a determinação da distribuição de renda.

Já para Becker (1993), o capital humano faz parte da riqueza das nações, assim como as fábricas, casas, maquinaria e outros bens físicos, dando a mesma importância a um bem físico que tem valor de troca, demonstrando que, sem capital humano, não se pode tocar as fábricas, casas, máquinas etc. Nesse sentido, Ponchirolli (2000) destaca que o capital humano, além de todas as outras variáveis, será a peça fundamental da organização do futuro. As organizações de hoje seriam sábias se criticassem seus sistemas e práticas atuais de atrair, desenvolver e reter o capital humano. Assim, pode-se destacar que a universidade é o ponto de partida para a formação de capital humano. É a força propulsora que irá acionar a alavanca do desenvolvimento. Pelo próprio processo de evolução da discussão relativa ao capital humano, as contribuições de sua teoria acabaram sendo “substituídas” pelo conceito de Economia do Conhecimento (Knowledge Economy), que surge a partir do grande avanço das indústrias intensivas em conhecimento, em contraponto à tradicional indústria intensiva em capital. Essa indústria caracteriza-se pela produção de bens e serviços intensivos em conhecimento, que contribuem para um acelerado avanço técnico e científico, assim como uma rápida obsolescência. Destaca-se um componente-chave dessa linha de pensamento, uma ligação profunda entre capacidade intelectual e insumos físicos ou recursos naturais. Essa nova indústria tem a capacidade de refazer a natureza do trabalho e da economia. Em relação aos procedimentos metodológicos utilizados no presente trabalho, utilizouse um estudo de caso, com uso de dados primários compilados dos relatórios de atividades, autoavaliação, planejamento e registro da instituição, os quais foram organizados e agrupados para serem analisados e utilizados na pesquisa. O presente artigo discute a estrutura e resultados da Unioeste em relação à formação do capital humano e à produção de conhecimento nos dados acumulados no período de 2000 a 2012. Os dados foram obtidos junto à Pró-Reitoria de Graduação, Pós-Graduação, de Extensão, da seção de convênios e nos relatórios da Pró-Reitoria de planejamento - Proplan. Fez-se uso, também, de dados secundários, obtidos em publicações relacionadas ao tema em tela. Dessa forma, a proposta deste capítulo é analisar a contribuição da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste em um novo modelo econômico – a Economia do Conhecimento – na formação de mão de obra qualificada, descrevendo a evolução da

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formação do capital humano entre 2000 e 2012. Este capítulo está dividido em quatro partes, além desta introdução, a seguir faz-se uma caracterização histórica da Unioeste. Na terceira parte apresenta e discute a evolução na formação do capital humano, as considerações finais sumarizam o trabalho.

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ A Universidade Estadual do Oeste do Paraná é uma instituição pública de ensino superior, com sede no Município de Cascavel. Em 1991, a Lei Estadual nº 9.663/91 transformou-a em autarquia a Fundação Universidade Estadual do Oeste do Paraná e, em 1994, foi criada a Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Unioeste, dividida em 4 campi, abrangendo toda a Região Oeste do Paraná. Os campi ficaram situados nos Municípios de Cascavel, Foz do Iguaçu, Toledo e Marechal Cândido Rondon. Logo após em 1998, foi incorporada à Unioeste a FACIBEL, Faculdade de Francisco Beltrão, que fica situada na Região Sudoeste do estado. Com a integração do campus de Francisco Beltrão, a Unioeste consolidou-se como uma Universidade Regional, multicampi, focada no desenvolvimento regional e social, abrangendo as duas regiões. Além dos campi universitários, a Unioeste conta, desde 2000, com o Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP), o qual veio suprir uma carência muito grande na área da saúde. As regiões nas quais se insere a Unioeste, ocupam uma área de 33 mil km2, correspondendo a 16,3% do território do estado do Paraná, cuja população é superior a 2 milhões de habitantes. A economia dessas regiões é dinâmica, representando um papel de destaque no crescimento e desenvolvimento do Paraná. Os Municípios de Foz do Iguaçu e Cascavel estão entre os dez com maior Produto Interno Bruto – PIB – do estado. Essas regiões destacam-se, também, por possuírem uma agropecuária diversificada. Além disso, possuem belezas naturais, como as Cataratas do Iguaçu, o Lago e Usina de Itaipu e o Parque Nacional do Iguaçu. A Unioeste vem promovendo a emancipação social e econômica das regiões que a acolhe, atenta às expectativas do desenvolvimento regional. Enquanto instituição pública de pesquisa e ensino superior atua como agente de integração, de difusão do conhecimento e de promoção do desenvolvimento humano e social, orientando suas ações para privilegiar as peculiaridades inerentes à microrregião de cada campus. Nesse sentido, a diversidade de cursos e atividades de extensão ofertada em cada unidade universitária potencializam aptidões regionais nas áreas de saúde, biotecnologia

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de alimento, turismos, energia elétrica, conservação e preservação dos recursos naturais, assistência social, agropecuária entre outras. O Hospital Universitário do Oeste do Paraná – HUOP – está localizado na cidade de Cascavel, dispondo de atendimento especializado em diversas áreas da medicina, sendo o maior Hospital Público das regiões Oeste e Sudoeste do Paraná. O Hospital atende a uma população oriunda de Regiões do Estado do Paraná e Mato Grosso do Sul, além de países como o Paraguai e a Argentina. O ensino de graduação e pós-graduação apresenta ações que catalisam os esforços na melhoria dos indicadores sociais, ambientais e econômicas das regiões em que atua. O planejamento da Universidade preocupa-se com as necessidades dos cursos de graduação e pós-graduação de cada campus, porque dessa definição depende a racionalidade dos investimentos que são significativamente altos, uma vez que a Unioeste é uma universidade pública emergente. Para ilustrar, a movimentação do HU no ano de 2012 atingiu 12.666 internações, sendo 8.924 para pacientes oriundos de Cascavel e 3.742 pacientes de municípios circunvizinhos. Em 2012, a Unioeste contava com 11.033 alunos nas 65 turmas de cursos de graduação, 28 cursos de especialização, com aproximadamente 620 alunos matriculados e 1.118 alunos nos 25 programas de mestrado e doutorado. A Universidade, apesar de ser relativamente jovem, conta com um corpo docente qualificado, que totaliza 1.229 (sendo 5% de pósdoutores, 40% de doutores, 38% de mestres, 14% de especialistas e 3% de graduados). Na área da pesquisa, a Unioeste tem implementado importantes projetos de pesquisa para o desenvolvimento regional. As pesquisas, em sua maioria, são financiadas por empresas privadas e órgãos ou instituições estaduais e federais de fomento à pesquisa. A iniciação científica é uma maneira encontrada para estimular os acadêmicos de graduação na pesquisa, transformando-se, assim, em um dos recursos indispensável para sua formação. Ente as áreas de pesquisa da Unioeste, pode-se citar: Inovação Tecnológica e da Biotecnologia; Recursos Hídricos e Meio Ambiente, Agroindústria e Energia, Tecnologia da Informação, Saúde e Ciências Biológicas, Letras e Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas e Engenharias. Conta com 583 projetos no Programa Institucional de iniciação científica, em 2012 tinha cadastrado 172 grupos de pesquisa no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, nas quais estavam envolvidos mais de 2.400 pesquisadores, mais de quinhentas pesquisas em desenvolvimento e várias patentes registradas, 436 projetos aprovados em órgãos de fomentos, trazendo recursos para Universidade e região. Na extensão universitária, a Unioeste estabelece uma inter-relação com a sociedade com importantes ações do Projeto Universidade sem Fronteiras, que atua em mais de 62 municípios, e o Projeto Rondon, que envolve muitos docentes e acadêmicos, auxiliando

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pessoas de lugares carentes. O programa de extensão da Unioeste também desenvolve projetos ligados à Agricultura Familiar, à Pecuária à Leiteira, à Produção Agroecológica Familiar, à qualificação de mão de obra entre outros. Além disso, apoia as Licenciaturas e realiza ações de Apoio à Saúde, aos Diálogos Culturais, à Extensão Tecnológica, Empresarial e Incubadora dos Direitos Sociais. Outro importante Programa é a Universidade da Terceira Idade (UNATI) voltada à população idosa e/ou adulta.

UNIOESTE E A CONTRIBIÇÃO PARA FORMAÇÃO DE CAPITAL HUMANO O papel da universidade é o de oferecer ensino de qualidade, que dê condições para que o acadêmico possa se inserir no mercado de trabalho na área de seus estudos. Também, é o de oferecer vagas à população para que esta possa se qualificar e obter uma profissão. Porém, a função desempenhada por uma universidade vai muito além de “ensinar” pessoas, visto que cria ambiente para a reflexão crítica sobre o que é feito em dada região, sobre os caminhos a serem seguidos e o melhor modo de trilhá-los. Desse ambiente, muito benefício é gerado para a sociedade e para o setor produtivo, o qual, por sua essência, busca a eficiência e o ganho de curto prazo. A universidade, por sua vez, busca ser eficiente, mas mantém foco no médio/longo prazo, mirando a criação de conhecimento e processos que contribuem com a atividade produtiva privada, quer com a formação de pessoas, quer com a discussão da ciência ou oferta de processos mais produtivos. No que diz respeito à formação dos acadêmicos nos cursos de graduação, o Gráfico 1 apresenta a quantidade de alunos matriculados para os anos de 2000 e 2012.

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Gráfico 1: Evolução de alunos matriculados na graduação presencial – 2000 e 2012

Fonte: Unioeste (2001; 2013), adaptado pelos autores.

A Unioeste tinha em 2000 um total de 7.925 alunos e, em 2012, aumentou para 9.295, tendo um acréscimo de vagas de 17,28% em um período de praticamente 12 anos. Esse aumento de vagas foi devido a um acréscimo de vagas em alguns cursos, de 40 para 50, ampliando assim a produtividade, oferecendo a oportunidade de ingresso ao ensino público e gratuito a um número maior de pessoas. O único campus que teve o número de alunos reduzido em 11,66% foi o de Francisco Beltrão, sendo o último campus incorporado à Unioeste. Visando reduzir a evasão nos cursos de graduação e pós-graduação, a instituição desenvolve estudos e ações no sentido de verificar quais são os problemas que levam o aluno a não chegar até o final dos cursos, verificando o motivo das desistências, trancamentos de matrícula, reprovações etc. Como se pode verificar no Gráfico 2, o número de formandos, em Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo, aumentou. A análise a seguir foi realizada levando-se em consideração as turmas com 40 alunos. Cascavel teve o aumento mais expressivo, com 18 cursos e 458 formados, correspondendo a uma média de 25,44 formados por curso, mostrando um não aproveitamento de aproximadamente 15 alunos. Em Foz do Iguaçu, essa média ficou em 19,53 (254/13); em Francisco Beltrão, 25,85 (181/7); em Rondon, 18,27 (201/11); e, em Toledo, 17,55, (158/9), formados por curso. Esse é um ponto em que a Unioeste precisa ser mais eficiente. Quando é feita uma verificação do total de matriculados e o total de formados, percebe-se que a

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proporção foi de 7,66 para o ano de 2000 e de 7,42, para o ano de 2012. Demonstrando, assim, que o número de matriculados aumentou no ano de 2012, mas a proporção com os formandos diminuiu. Gráfico 2: Alunos formados na graduação nos campi da Unioeste – 2000 e 2012

Fonte: Unioeste (2001; 2013) adaptado pelos autores.

A análise do Gráfico 3 permite verificar que houve um aumento do número de alunos, do ano de 2000 para 2012, de 24,86%, mas esse aumento não se refletiu no número de formados, que correspondeu a 21,08%. A perda de estudantes por abandono pode decorrer de diversas causas, como incompatibilidade com o trabalho, mudança de curso/instituição entre outros.

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Gráfico 3: Número total de alunos matriculados e formados na graduação – 2000 e 2012

Fonte: Unioeste (2001; 2013), adaptado pelos autores.

Gráfico 4: Evolução de alunos matriculados no mestrado e doutorado - 2000 e 2012

Fonte: Unioeste (2001; 2013), adaptado pelos autores.

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Por sua vez, o Gráfico 4 apresenta a relação entre ingresso e formados nos cursos de pós-graduação nos dois períodos analisados (2000 e 2012), tanto os estudantes regulares como os alunos especiais, que cursaram as disciplinas específicas. Contudo, em relação aos programas de mestrado e doutorado, a comparação entre os dois períodos tornou-se difícil, pois a maioria deles foi constituída após o ano 2000, conforme demonstrado no Gráfico 5. Apenas no campus de Cascavel pôde ser comparado o que ocorreu em 2000 e 2012. Em 2000, a pós-graduação stricto sensu de Cascavel possuía 27 alunos em situação regular e nenhum aluno especial e, em 2012, o número de alunos regulares subiu para 326, ou seja, um aumento de 1.107,40% e o quantitativo de alunos especiais subiu para 195, correspondendo a um aumento de 195%. Isso quer dizer que a Unioeste está tendo um avanço significativo na área de stricto sensu, formando capital humano melhor qualificado. A pós-graduação stricto sensu cresceu de modo expressivo nos últimos 12 anos, de 1 para 25 cursos, um aumento de 2.400%. A expansão e sedimentação do ensino na pós-graduação contribuem para o quadro da própria instituição, bem como para outras universidades públicas e privadas, além de atender instituições não relacionadas ao ensino. A maioria desses novos cursos foram estruturados e implementados posteriormente a 2007, portanto, nos últimos 5 anos. Mesmo assim já possuem conceitos considerados muito bons, decorrente da dedicação e emprenho de toda a comunidade acadêmica envolvida (Gráfico 5). Gráfico 5 : Conceitos dos Cursos de Graduação nas Avaliações do MEC - 2008 -2011

Fonte: Unioeste (2009; 2010; 2011; 2012; 2013), adaptado pelos autores.

Os conceitos (notas) representam um conjunto de condições objetivas e subjetivas dos diversos programas, representando o desempenho, interconexão entre instituições e Universidades estaduais paranaenses, desenvolvimento regional e contribuição para a qualificação da mão de obra

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responsabilidades. A nota 3 informa que o curso está em plenas condições de funcionamento. A nota 4 é dada a um curso que tem condições de abrir um doutorado, já a nota 5 está em outro patamar, no qual o curso mantém convênio com instituições e pesquisadores internacionais, enviando seus alunos para temporadas de estudos fora do país, proporcionando novas experiências e aprendizados. Para que toda a estrutura funcione adequadamente, a Unioeste abriu novas vagas para docentes e técnicos administrativos, visto tratar-se de uma universidade nova, com necessidade de se estruturar (Gráfico 7). O aumento do número de professores efetivos e temporários foi de 62,26%, volume necessário para atender aos novos cursos que foram sendo implantados. Já em relação aos técnicos administrativos, esse aumento foi de 186,65%, também para atender aos novos cursos, a seus laboratórios e às novas áreas construídas nos diversos campi. Gráfico 7: Número de funcionários da Unioeste - 2000 e 2012

Fonte: Unioeste (2001; 2013), adaptado pelos autores.

Para demonstrar como o corpo docente da Unioeste evoluiu nesses 12 anos, foi elaborado o Gráfico 8, no qual é visto o intenso ganho de participação de docentes com maior grau de titulação, com destaque para os doutores.

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Gráfico 8: Docentes da Unioeste por classe da carreira- 2000 e 2012

Fonte: Unioeste (2001; 2013), adaptado pelos autores.

A carreira docente está dividida entre professores auxiliares que possuem a graduação e/ou especialização lato sensu, professores assistentes, com titulação de mestrado e adjuntos, com titulação de doutor. A classe de professor auxiliar diminuiu, justamente pelo fato de que estes estão se qualificando, passando de auxiliar para assistente. A classe de professor assistente recebe professores na classe auxiliar, após a defesa da dissertação, mas também cede para a classe de professor adjunto, após a defesa da tese. Mesmo assim, os assistentes tiveram um aumento de 50,32% no período analisado. A classe de professor adjunto é a última classe que se consegue chegar por titulação, ou seja, pelo término de um curso de pós-graduação. Essa classe teve um aumento importante, chegando a 571,95%. Dessa forma a Unioeste possuía em 2012, um percentual de 83,24% de mestres e doutores em seu quadro, número excelente para esse nível de qualificação. Para detalhar um pouco mais a titulação dos docentes, será analisado o Gráfico 9, o qual apresenta o quadro docente por classe da carreira. Neste fica explícita a qualificação no quadro, representado pela expressiva elevação da participação de mestres, doutores e pósdoutores, enquanto a presença de especialistas e graduados, mesmo com algum crescimento nominal, perde representatividade. Esse aumento de qualificação ajuda a explicar a expansão na produtividade e na oferta de mestrados e doutorados na Unioeste.

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Gráfico 9: Titulação do corpo docente da Unioeste – 2000 e 2012

Fonte: Unioeste (2001; 2013), adaptado pelos autores.

A expansão da Unioeste pode ser visualizada, também, na crescente atração de mão de obra altamente especializada vinda de outros países para compor seus quadros. O Gráfico 10 aponta o número e a origem de professores que migraram para o Paraná. Ressalta-se que não estão listados aqueles professores dos programas de pós-graduação que ministram disciplinas específicas nos cursos, mas apenas aqueles que são professores regulares. Como se pode verificar, a diversidade de procedência dos professores é grande, tanto da Europa quanto da América do Norte e mais frequente da América do Sul. O destaque está para o Peru, a Argentina, o Chile e o Paraguai, com o maior número de professores. Em termos de quantidade de professores que estavam trabalhando nos anos analisados, 2000 (28) e 2012 (25), houve uma redução de 10,71%.

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Gráfico 10: Professores estrangeiros que trabalham na UNIOESTE – 2000 e 2012

Fonte: Unioeste (2001; 2013), adaptado pelos autores.

Também é importante destacar a evolução da titulação dos técnicos administrativos no período analisado, a qual foi significativa, conforme se pode verificar no Gráfico 11. Gráfico 11: Titulação dos técnicos administrativos – Unioeste – 2000 e 2012

Fonte: Unioeste (2001; 2013), adaptado pelos autores.

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Os técnicos administrativos com ensino fundamental reduziram seu número em 53,85%, seja por evolução nos estudos, seja por demissão ou aposentadoria. Funcionários com ensino médio tiveram um aumento de 85,34%. Para o ensino superior, migraram 273,67%. Funcionários que concluíram a especialização aumentaram em 249,37%. No período analisado, a participação de funcionários que concluíram mestrado ou doutorado aumentou em 550% e 1.100%, respectivamente. O capital humano, relacionado aos técnicos administrativos, teve um importante incremento. No que diz respeito ao relacionamento com a comunidade externa, ressalta-se a importância dos convênios para a instituição, pois é onde se tem condições de buscar parcerias e recursos para a complementação de suas necessidades. Nesse sentido, foi elaborado o Gráfico 12, que demonstra isto em quantidade e valores. Gráfico 12: Convênios firmados pela Unioeste – em quantidade e valores – 2009 a 2012

Fonte: Unioeste (2009; 2010; 2011; 2012; 2013), adaptado pelos autores.

A Unioeste expandiu o número de convênios firmados, demonstrando o empenho dos diversos setores envolvidos. Em relação aos valores que movimentam os convênios, demonstra a busca intensa de alternativas para a melhoria de seu tripé, ensino, pesquisa e extensão. Como já foi destacado anteriormente, para que o curso de pós-graduação stricto sensu passe para a nota 5, é necessário já ter firmado convênios com instituições do exterior, e é nesse sentido que foi destacado no Gráfico 13. Nele está exposta a quantidade de convênios firmados com cada país e o destaque foi para Itália, Argentina e Espanha, pela quantidade de convênios firmados, sem destacar a importância que cada convênio tem.

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Gráfico 13: Convênios Internacionais firmados pela Unioeste em 2012

Fonte: Unioeste (2013), adaptado pelos autores.

Para que os alunos possam pesquisar, é necessária uma estrutura que possa dar subsídios para a busca de novos conhecimentos, e estes estão nas bibliotecas que estarão representadas no Gráfico 14, no qual podem ser visualizadas as bibliotecas da Unioeste que tiveram acréscimo considerável em termos de título (292,60%) e também no volume de livros (234,50%). Isso se deve às doações recebidas e aquisições para atualização do acervo. Esses dados estão engloabados, mas a Unioeste conta com bibliotecas em cada campus e, ainda, um sistema integrado entre elas, o qual é utilizado para consultas, reservas e controle do acervo. Já em relação aos periódicos, essa realidade se alterou, reduzindo o seu volume. Isso é natural na atual conjuntura, com a tecnologia sendo incorporada a todas as áreas. Essa redução deve-se à enorme quantidade de periódicos eletrônicos que surgiram, proporcionando ao leitor o acesso online às diversas revistas e artigos, tanto no Brasil como no exterior.

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Gráfico 14: Livros, periódicos e outras obras

Fonte: Unioeste (2001; 2013), adaptado pelos autores.

Gráfico 15: Quantidade de laboratórios existentes na Unioeste – 2000 -2012

Fonte: Unioeste (2001; 2013), adaptado pelos autores.

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Outro fator importante para a formação do capital humano é a aplicação prática da teoria vista em sala de aula, além da realização de estágios junto às empresas, das quais já foi mencionado na parte dos convênios. Essa aplicação prática é ralizada nos diversos laboratórios existentes na instituição, e é nesse sentido que no Gráfico 15 estará demonstrando a sua situação em termos de número e de área construída. Um dos resultados que a pesquisa produz pode ser mensurado pelo número de patentes e processos para os quais se solicita registro. Na Unioeste, o número de registro e pedido soma algumas dezenas, apresentando crescimento rápido e superando universidades mais tradicionais e antigas, o que demostra a habilidade e a capacidade dos seus quadros. Tais progressos, em momento subsequente, são transferidos ao processo produtivo, contribuindo com produção, emprego, arrecadação tributária e coloca o conhecimento e a ciência em patamar mais evoluído. No período analisado houve um pequeno número de laboratórios criados (23), tendo um aumento de 9,96%. Já em relação à metragem construída, esta teve uma redução, justamente pelo reaproveitamento, construção de novos espaços nas dimensões ideais, mas como pôde ser visto no número maior de laboratórios existentes. Pelo exposto, pode-se visualizar a rápida expansão da Unioeste nos seus 3 eixos de atuação – ensino, pesquisa e extensão – nas duas regiões de atuação – Oeste e Sudoeste do Paraná –, em curto período, tanto se considerada a data de criação da Universidade, em 1994, quanto se considerado o processo de expansão das atividades na pós-graduação. Nesse sentido, além do processo de ensino e da produção de ciência e interação com a comunidade externa, via oferta de serviços e convênios com a iniciativa privada, o ambiente universitário cria espaço para a criatividade e a inovação, os quais são apropriados pelos estudantes, pela sociedade e pelas empresas privadas, traduzindo-se em ganhos muito maiores que aqueles que podem ser mensurados por critérios usuais, visto a subjetividade de alguns deles.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo teve como proposta de analise a contribuição da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste – e a Economia do Conhecimento na formação de mão de obra qualificada, descrevendo a evolução da formação do capital humano entre 2000 e 2012. Os dados foram coletados juntos às Pró-Reitorias de Graduação, Pós-Graduação, de Extensão, da seção de convênios e nos relatórios da Pró-Reitoria de planejamento – Proplan. Conforme demostrado na análise, a Unioeste tem ofertado um ensino de qualidade, dando condições para que seus egressos se insiram no mercado de trabalho, gerando emprego

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e renda. Além dessa função, a Universidade cria ambiente para a reflexão crítica sobre o que é feito, sobre os caminhos a serem seguidos e o melhor modo de trilhá-los. Alguns resultados merecem destaques, entre eles: o crescimento de alunos matriculados a Unioeste em 2000, 7.925 e em 2012 passou para 9.295 alunos. Quando é feita uma verificação do total de matriculados e o total de formados, percebe-se que a proporção foi de 7,66 para o ano de 2000 e de 7,42, para o ano de 2012. A pós-graduação tem seu crescimento a partir de 2007, portanto, nos últimos 5 anos. Mesmo assim, já possuem conceitos considerados muito bons. Outra observação constatada foi o aumento do número de professores efetivos, temporários e técnicos administrativos, dando condições necessárias para atender aos novos cursos que foram sendo implantados e para os novos laboratórios e as novas áreas construídas nos diversos campi. Observou-se, também, a qualificação do corpo docente elevando a participação de mestres, doutores e pós-doutores, por sua vez reduzindo a presença de especialistas e graduados. Esse aumento de qualificação ajuda a explicar a expansão na produtividade e na oferta de mestrados e doutorados na própria universidade. Verificou-se, também, a diversidade de procedência dos professores de outros países, sendo mais frequente a presença de latinos-americanos. As bibliotecas, por sua vez, tiveram considerável aumento livros, periódicos e revistas científicas. A Unioeste vem produzindo patentes resultados de suas pesquisas, apresentando crescimento rápido e superando universidades mais tradicionais e antigas, o que demostra a habilidade e a capacidade em sua organização. Como sugestão para trabalhos futuros, sugere uma pesquisa de campo junto aos egressos da Instituição e com a comunidade externa para confrontar os resultados obtidos neste trabalho.

REFERÊNCIAS BECKER, G. S. Human capital: a theoretical and empirical analysis, with special reference to education. Chicago: University of Chicago Press, 1993. BLAUG, M. Introdução à Economia da Educação. Porto Alegre: Editora Globo, 1971. LIMA, R. Mercado de trabalho: o capital humano e a teoria da segmentação. Pesq. Plan. Econ., Rio de Janeiro, 1980.

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PONCHIROLLI O. O Capital Humano como Elemento Estratégico na Economia da Sociedade do Conhecimento sob a Perspectiva da Teoria do Agir Comunicativo. 2000. 105 fls. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000. PRUSAK, L. Knowledge in Organizations. Boston, MA: Butterworth-Heinemann, 1997. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ - UNIOESTE. Boletim de Dados 2013, ano base 2012. Pró-Reitoria de Planejamento – Proplan, 2013. Disponível em:  . Acesso em: 05 mar./2014. ______. Boletim de Dados e relatórios da Proplan (Pró-Reitoria de Planejamento). 2012. Disponível em:  . Acesso em: 05 mar./2014. ______. Boletim de Dados e relatórios da Proplan (Pró-Reitoria de Planejamento). 2011. Disponível em:  . Acesso em: 05 mar./2014. ______. Boletim de Dados e relatórios da Proplan (Pró-Reitoria de Planejamento). 2010. Disponível em:  . Acesso em: 05 mar./2014. ______. Boletim de Dados e relatórios da Proplan (Pró-Reitoria de Planejamento). 2009. Disponível em:  . Acesso em: 05 mar./2014.

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A ECONOMIA DO CONHECIMENTO: da Teoria Capital Humano à Economia do Conhecimento e o caso da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste1 Mirian Beatriz Schneider Braun2 Udo Strassburg3 Valdir Antonio Galante4 Nilton Marques de Oliveira5

INTRODUÇÃO O presente capítulo discute a evolução do conceito de Economia do Conhecimento e avalia o papel da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste no contexto do desenvolvimento regional. Em primeiro lugar, foi feito um resgate do processo de evolução do que se denomina hoje de Economia do Conhecimento, que é a base para compreensão do papel de uma universidade no desenvolvimento econômico. O início do pensamento nessa área dá-se pelo conceito de capital humano, que ganhou força a partir dos anos 1960 em função da crise da indústria tradicional (metalmecânica), que havia sido o motor do desenvolvimento no pós-Segunda Guerra na Europa. Um dos primeiros autores a discutir essa temática foi Theodore Schultz. Para ele, capital humano seria: “o montante potencial adquirido em educação produtiva através do processo educacional” (SCHULTZ, 1973, p. 35). Posteriormente, o capítulo discute as evidências empíricas, para o caso da Unioeste, à luz do referencial teórico da economia do conhecimento. O capítulo está estruturado em 4 seções: introdução, discussão teórica versando sobre capital humano e economia do conhecimento, universidade, desenvolvimento e empresa à luz da experiência, universidade e desenvolvimento discutindo o caso da Unioeste e considerações finais.

Pesquisa executada com financiamento da SETI/Fundação Araucária. Professora Associada do Curso de Ciências Econômicas e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio da Unioeste-Toledo. Pesquisadora do Grupo GEPEC. Bolsista Produtividade da Fundação Araucária. E-mail : [email protected] 3 Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio da Unioeste-Toledo. E-mail: udo. [email protected]. 4 Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio da Unioeste-Toledo. E-mail: [email protected] 5 Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio da Unioeste-Toledo. E-maill: [email protected]  1 2

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DA TEORIA CAPITAL HUMANO À ECONOMIA DO CONHECIMENTO A teoria do capital humano tem como principal preocupação explicar os ganhos de produtividade gerados pelo “fator humano”. A partir dele, questões como crescimento econômico e distribuição de renda passam a fazer parte constante da agenda política, econômica e de pesquisa acadêmica. Na indústria, os trabalhadores passam a ser cada vez mais especializados, e isso passa a ser encarado como um fator importante para o crescimento econômico. Já Blaug (1971, p. 21) afirma: “uma educação adicional elevará os rendimentos futuros, e, neste sentido, a aquisição de educação é da natureza de um investimento privado, com rendimentos futuros”. Existem textos importantes de outros expoentes das Ciências Econômicas, tais como Jacob Mincer, Gary Becker, Milton Friedmann e Edward Denison. O pressuposto central dessa teoria é o de que o capital humano é algo produzido; aumentos na renda nacional seriam frutos de aumentos nessa forma de “capital”, isto é, o ser humano é um ativo sobre o qual se realiza um investimento. Levando em conta o postulado de que o agente econômico é “maximizador” e racional da sua utilidade, a educação passa a ser um investimento, possui a racionalidade deste, ou seja, investir em educação implica uma relação em que se levam em conta os custos atuais e a uma renda futura. Ainda dentro dessa perspectiva, em cada sociedade existiria uma demanda e uma oferta de capital humano, a decisão de investir é individual, mas também é uma decisão agregada, qual seja, um indivíduo (sociedade) investe até onde o custo de educar-se torne-se igual ao benefício dessa decisão. Nessa forma de pensar, os países podem afetar positiva ou negativamente o investimento (SHAFER, 1961). As críticas a esse conceito baseiam-se principalmente no fato de que vincula os níveis salariais exclusivamente aos níveis de educação, relegando questões deveras importantes como etnia, gênero, classe social e uma questão mais pontual, mas não menos importante: as habilidades inatas (BECKER, 1964). A aplicação literal da teoria do capital humano, segundo os críticos, levaria à concentração dos investimentos em educação dirigidos apenas à produção de renda física e, por consequência, inanição nas áreas como Artes, Filosofia, Literatura, que são fundamentais ao desenvolvimento das sociedades. Completando essa linha de pensamento, a capacitação técnica adquirida, que, por sua vez, aumenta os rendimentos futuros, não terá tanta importância, pois as expectativas, preferências e atitudes também mudarão. Garry Becker, prêmio Nobel em 1992, trata de questões revolucionárias dentro da teoria, mudando a perspectiva dela. Ele passa a tratar dos efeitos e impactos da educação sobre conceitos como família, criminalidade, discriminação, através de uma perspectiva microeconômica (BECKER, 1964).

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Também é interessante a perspectiva marxista na discussão. Segundo essa linha de pensamento, a teoria do capital humano incorporou a tradição neoclássica, ao tratar trabalho como um produto do meio de produção. Essa corrente rejeita o raciocínio simplista de “trabalho homogêneo” e concentrou sua atenção na diferenciação da força de trabalho. Também incorporou à análise econômica as instituições sociais básicas (como a relação educação x família), que na teoria neoclássica são relegadas para a esfera cultural. Por outro lado, a perspectiva marxista contesta o fato de o trabalho não ser categoria na análise neoclássica, vira capital, ou seja, o conceito de classe social é eliminado enquanto conceito econômico. Um sistema escolar não poderia virar um reprodutor de um bem econômico, uma vez que as habilidades estão relacionadas e são determinadas pelas condições da existência humana. Como a educação funciona para perpetuar uma ordem social, uma teoria dos recursos humanos deveria abranger tanto a teoria de produção quanto de reprodução social. Outro interessante aspecto ressaltado pelos marxistas é de que a firma não é uma “caixa-preta” em cujo interior o trabalho é o principal interesse. A firma tem uma dimensão sociopolítica, em que os seres realizam a transformação da matéria prima; a transmissão de habilidades e tipos de conhecimento de um trabalhador para outro, alterando habilidades e conhecimentos; a abstração do poder do capital sobre o trabalho, ao imaginar que os salários são determinados de forma exógena à firma; os atributos como raça, sexo, idade, etnia, considerados irrelevantes pela teoria do capital humano, são avaliados como importantes pelos capitalistas. Pelo próprio processo de evolução, em função das mais diversas contribuições, a teoria do capital humano acabou sendo “substituída” pelo conceito de Economia do Conhecimento (Knowledge Economy), que surge a partir do grande avanço das indústrias intensivas em conhecimento, em contraponto à tradicional indústria intensiva em capital. Essa indústria caracteriza-se pela produção de bens e serviços intensivos em conhecimento, que contribuem para um acelerado avanço técnico e científico, assim como uma rápida obsolescência. Destacase um componente-chave dessa linha de pensamento, uma ligação profunda entre capacidade intelectual e insumos físicos ou recursos naturais. Essa nova indústria tem a capacidade de refazer a natureza do trabalho e da economia. Existem três linhas de pesquisa dentro do guarda-chuva dessa teoria: o primeiro enfoque - e mais antigo – é dos anos 1960, com as novas indústrias baseadas em conhecimento e seu papel na mudança econômica e social, com importância crescente dos serviços (MACHLUP, 1962; PORAT, 1977; STANBACK; NOYELLE, 1990). A principal ideia unificadora dessa vertente do trabalho é a centralidade do conhecimento teórico como fonte de inovação (BELL, 1973). E, por fim, destaca-se nessa

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linha de pesquisa uma nova teoria do crescimento na economia, a qual enfatiza a importância do conhecimento para o crescimento econômico, observando que as descobertas diferem de outros insumos, porque elas não são competitivas e são combustível para mais inovação (ROMER, 1986; 1990). O segundo enfoque dispensa muito esforço para analisar o quanto esses setores, intensivos em conhecimento, realmente contribuem para o crescimento da produtividade (BRYNJOLFSSON; HITT, 2000; GORDON, 2000). Devido à expansão das indústrias intensivas em conhecimento, acompanhado de aumento da produtividade, ocorreu uma evolução macroeconômica e do mercado financeiro, incomum na década de 1990, e boa parte da literatura discute o fato de a economia do conhecimento ser operada de forma diferente da tradicional. Fazem parte desse quadro de pensamento pesquisas muito recentes em Sociologia e Economia do Trabalho relativa aos novos postos de trabalho que surgem e em como estes ainda se ligam à “antiga” economia (KOCHAN; BARLEY, 1999). Um terceiro tipo de perspectiva relaciona-se mais à gestão, enfoca o papel da aprendizagem e da inovação contínua dentro das empresas (DRUCKER, 1993; NONAKA; TAKEUCHI, 1995; PRUSAK, 1997). Algumas organizações parecem ser particularmente boas em produção de conhecimento e transferência, e os pesquisadores estão interessados em compreender o porquê dessas vantagens e se as práticas podem ser replicadas em outras instituições. Essa linha tenta entender as implicações sociológicas e econômicas mais amplas, como avaliar se o conhecimento é codificado ou tácito, e que tipos de arranjos sociais aumentam ou impedem a geração e a transmissão de conhecimento (COWAN et al., 2000). No entanto, a pesquisa empírica, sistemática, sobre o tema ainda é escassa e não tem lidado com suas implicações práticas para o emprego. Constata-se na economia mundial, principalmente nas nações mais desenvolvidas, a partir dos anos 1970, uma clara transição nas economias industrializadas, para economia de serviços: a economia pós-industrial. Essa mudança está calcada num processo de aceleração da produção do conhecimento. Como exemplos dessa mudança, um carro, ícone da velha indústria, hoje repleto de itens de alta tecnologia relativos à segurança, à poluição, ao entretenimento e à performance etc., ou então, computadores produzidos na Ásia são equipados com softwares sofisticados, imensamente melhores que há 10 anos. Ocorreu claramente um processo de conversão na demanda de bens tangíveis por bens intangíveis. Um dos desafios que se interpõe na atualidade é: como medir o quanto a sociedade está realmente dependente de produção de conhecimento? Existem várias direções a serem seguidas: medir ações de conhecimento humano e organizacional; medir o Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D); investimento em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC); reformas organizacionais ou, ainda, o Estoque de Patentes. São

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características dessa nova fase da organização industrial a diminuição do custo de mercadorias e a difusão de seu uso e, ainda, a obsolescência programada, o desenvolvimento de novos produtos. Um exemplo do impacto desse processo é a Finlândia, que, em 1960, era uma economia baseada em madeira e papel, e hoje é a sede da NOKIA, maior detentores de patentes no setor no mundo. Outra faceta importante desse processo é o fato de que a Economia do Conhecimento gera organizações (firmas) diferentes, como exemplo pode-se citar a Plataforma Linux e o Projeto Genoma; a organização de trabalho tornou-se muito mais flexível, eficiente e produtiva. Além da Finlândia, pode-se citar o exemplo da Coreia do Sul, que, com um terço do PIB brasileiro, tem gerado inovações tecnológicas. Sobretudo na nova economia criativa, complementa-se aqui os Tigres Asiáticos (Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Singapura), que investiram em educação e obtiveram substanciais melhores no século XIX, e hoje dominam boa parte da inovação tecnológica mundial. Em se tratando de Brasil, Natividade (2001), no que diz respeito à produção cientifica e tecnológica brasileira, diz que esta já apresenta bons resultados compatíveis com a aplicação de recursos nesse setor. No entanto, coloca a autora que é preciso avançar muito mais na relação universidade e empresa/sociedade; é preciso que os gestores das universidades, empresas e governos devem tomar consciência efetiva dos amplos benefícios advindos da P&D. Não é a falta de recursos que impossibilita a pesquisa, mas sim a falta de planejamento administrativo no setor de tecnologia.

UNIVERSIDADE, DESENVOLVIMENTO E EMPRESA: experiências e contribuições A origem da interação entre a universidade e o setor produtivo foi dada pela obra de Schumpeter, de 1911, que deixou evidente, além do papel da inovação como fator de produção na empresa, o espírito empreendedor e a destruição criadora no processo do desenvolvimento econômico e social, que completam a teoria desenvolvimentista de Schumpeter (1988). As primeiras colaborações entre universidade, empresa e sociedade aconteceram no início do século XIX, nos Estados Unidos, em pesquisas que foram direcionadas à solução de problemas nas áreas de química e elétrica. A partir daquele momento, as universidades deixaram de ser apenas instituições de ensino e transmissão do conhecimento e se transformaram em instituições de pesquisa aplicada. A pesquisa foi ligada à educação de nível superior nos Estados Unidos, Europa e também mais tarde no Brasil. As universidades que se dedicavam exclusivamente à pesquisa

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aplicada deram início a várias instituiçõs de renome internacional, como o Instituto de Tecnologia da Massachussets (MIT), criado com o objetivo de desenvolver pesquisa aplicada para indústria tecnológica, que agrega diferentes campos do conhecimento. Foi o primeiro passo para a criação do setor industrial nos arredores da universidade. Também é o caso clássico da Universidade de Stanford, que originou o Silicon Valley, ou o Vale do Silício, agregando em um lócus geográfico agrega empresas de alta teconologia de informática e robótica, como Google, Apple, IBM entre outras (ETZKOWITZ, 1994) Na Europa, é a partir da crise mundial de 1973 que se verifica um impulso para a criação de agências de desenvolvimento regional preocupadas em incrementar as trocas de conhecimento entre os centros de produção tecnológica e produtiva e as empresas de novas tecnologias (VIEIRA; KUNNZ, 2001). A vinculação da atividade de pesquisa com as universidades, na Europa, ocorre desde o início do século, principalmente na Alemanha. A Universidade de Berlim, fundada em 1908, abriga cientistas e torna compulsória a atividade de pesquisa no desenvolvimento da carreira docente. São muitas as universidades europeias com experiências de relacionamento com o setor privado, sociedade e universidade ao longo do século. Em 1972 foi criado o parque tecnológico de Cambridge Science Park, na Inglaterra. Na França, o mais importante é o Sophai Antipolis, criado em 1969. Na Alemanha existem mais de 25 parques tecnológicos desenvolvidos desde 1976, com o objetivo de vincular as pesquisas da universidade a empresas e à comunidade local. Na Espanha, o relacionamento entre universidade, empresa e mercado de trabalho tem sido conduzido pelo Sistema Nacional de Inovação, por instrumentos políticos de áreas específicas, como a científica, a tecnológica, a financeira e a produção. O Japão, a partir de 1970 idealizou e implantou as cidades tecnológicas, sendo a cidadede Tsukuba o melhor exemplo. Tendo como objetivo levar o desenvolvimento econômico para áreas afastadas das grandes cidades; induzir o investimento local; e concentrar investimentos conjuntos no desenvolvimento de tecnologias nacionais. A Coreia do Sul, nos anos 1980, criou seu centro de alta tecnologia, o Taedok Science Town, considerado o primeiro valley tecnológico do país. Essas são algumas das inúmeras experiências de parceria entre universidade, empresa e sociedade que vêm se desenvolvendo ao redor do mundo (VIEIRA; KUNNZ, 2001).

Experiênicas e contribuições no Brasil e no Paraná Na América Latina, a primeira universidade foi fundada no México, em 1538, no Chile, em 1738, e no Brasil, somente na década de 1920 deu-se a primeira criação da universidade brasileira – a Universidade do Brasil, hoje, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. A criação da Universidade de São Paulo – USP –ocorreu em 1934.

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No início, a pesquisa e o estudo superior eram destinados apenas à formação da elite dirigente brasileira. Nos anos 1950 criou-se a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC, com o intuito de consolidar a relação entre a ciência e a indústria nacional. Criouse, também, o Conselho Nacional de Pesquisa – CNPq, com objetivo de implementar uma política nacional de ciência e tecnologica. Em 1951 foi criada a Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior – CAPES (VELHO, 1996). Na década 1960 foi criada a Universidade de Brasília – UnB –, que tem contribuído com o processo de crescimento e desenvolvimento da pesquisa e inovação no contexto regional. Vale destacar que a Universidade de Campinas (Unicamp) realizou convênio com a Telebrás para o desenvolvimento de fibras óticas, e o Instituto de Geofísica da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que atuou em parceria no desenvolvimento de pesquisas geológicas com a Vale do Rio Doce (MASIEIRO; GUERRA, 2001). No Brasil, embora não exista algo nos padrões da califórnia, a Região de Campinas é caracterizada nos moldes do Silicon Valley californiano, sendo consenso que a oportunidade criada na região está relacionada aos centros de pesquisa e às boas universidades presentes na área, bem como a interações entre universidade e empresa e comunidade local. Contudo, vale evitar concentrar todos os esforços exclusivamente em mecanismos de interação universidade/ empresa apontados para indústrias de alta tecnoloiga. Krugman (1991, p. 54) “aponta que a alta tecnologia é objeto da moda [...] e até mesmo indústrias de alta tecnologia respondem a forças econômicas fora de moda”. Em 1976 realizou-se uma parceria entre a Unicamp e a Companhia de Desenvolvimento Tecnológico, a Codetec, com objetivo de gerar novas tecnologias e incentivar a criação de pequenas indústrias de base tecnológicas e incentivar a criação de indústrias de grande porte. Essa foi a iniciativa pioneira no Brasil que deu início ao primeiro parque tecnológico brasileiro. Nos anos 1980, o CNPq elaborava arranjos institucionais que resultaram na criação dos Núcleos de Inovação tecnológica, as Incubadoras e os Parques Tecnológicos. Buscous-se, também, incentivar o surgimento de Parques Tecnológicos em Santa Maria (RS), Joinville (SC), São Carlos (SP), Campina Grande (PB), Manaus (AM) e outros parques tecnológicos espalhados pelo Brasil. Na opinião de Nascimento (1989), esses parques tecnológicos proporcionaram a união de diferentes entidades públicas e privadas em torno de projetos e interesse comuns, tendo em vista uma aptidão regional e a capacitação científico-tecnológica já instalada. Mas, recentemente, tem-se destacado grandes universidades em parceria com grandes ramos do agronegócio, como é o caso da USP, da ESALQ – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz – e da UFV – Universidade Federal de Viçosa. Com a abertura econômica do país,

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várias foram as medidas governamentais visando ao maior desenvolvimento e à aproximação entre universidades e empresa. Não se pode deixar de mensionar a COPPE-UFRJ – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia. Este instituto tem constribuído, desde 1963, data da sua fundação, com inumeras pesquisas e se tornou o maior da Améria Latina dentro do ensino da pesquisa em Engenharia. Segundo Furtado (1988), inúmeros fatores contribuíram para o sucesso da COPPE e para sua maturidade institucional. Fatores internos e externos explicam seu sucesso, mas a grande característica de sua história organizacinal foi ter conseguido consolidar relações estratégicas por novas linhas de ação institucional adequadas às mudanças ocorridas no ambiente externo. Com relação ao estado do Paraná, há um discurso, desde a década de 1990, desqualificando o papel das universidades estaduais paranaense no processo de desenvolvimento regional, dizendo que estas constituíam um elevado custo para a sociedade, no entranto foi preciso avançar além desse argumento abstrato, afirmando o inestimável investimento/ retorno que a universidade porporciona para a sociedade. Rizzi (2010) argumenta que foram necessários estudos científicos que não só permitissem uma visão sistêmica e de interação das universidades com a sociedade, bem como registrassem alguns aspectos econômicos que realçassem as vantagens e os impactos positivos sobre o nível de renda e emprego onde as universidade se localizam. Entre os estudos feitos, destaca-se o que tange ao impacto econômico das Instituições Públicas de Ensino Superior paranaense, em que resultdos obtidos apontam para um forte impacto, registrando multiplicadores de 2,34 e 2,53 para renda e emprego, respectivamente, ou seja, para cada unidade de recursos financeiro aplicado em investimento, custeio ou pessoal, os outros 1,34 a 1,53 são acrescentados na renda e emprego (ROLIN; KURESKI, 2010). O sistema estadual de ensino superior do Paraná é constituído por 151 Instituições de Ensino Superior, das quais 22 são públicas e 129 privadas (INEP, 2010). O Paraná detém praticamente 50% do total das IES da Região Sul do país e, mais exatamente, 61,11% delas estão situadas em território paranaenses. Um ponto importante a ser mencionado é o peso das instituições públicas estaduais no Paraná, 94,44% das IES públicas estaduais da Região Sul estão localizadas neste estado. São ao todo 17 IEES paranaenses que apresentam a seguinte composição: 5 universidades estuduais – UEPG, UEL, UEM, Unioeste e Unicentro – e 12 faculdades estaduais, a saber: Jacarazinho (3); Curitiba (2); Apucarana; Bandeirante; Campo Mourão; Cornélio Procópio; Paranaguá; Paranavaí; e União da vitória. Essas 12 faculdades compõem a UNESPAR, sendo a sua integração objeto de processo de reestruturação

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promovido pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (SETI, 2013). Outro fato importante a ser mencionado é a evolução do corpo docente das universidades paranaense. Em 2000 havia 14.130 docentes, o que representava 35,2% do toal de docentes da Região Sul. Em 2003, esse percentual aumentou para 39,45, sendo esse crescimento um claro sinal da importância do ensino superior para o estado do Paraná. Em relação ao número de doutores no Paraná, em 2000, havia 2.488 deles no estado, o que siginifca que 35,2% do total de doutores na Região Sul estavam alocados em IES paranaenses. Em 2003, esse percentual aumentou para 37,6%. Quando se trata apenas do Paraná, o número de doutores nas Instituições de Ensino Estaduais públicas (IEES) está em torno de 64% do total de doutores nas universidades estaduais, o que significa que uma política de investimentos por parte das IEES paranaenses para incrementar a melhoria da qualificação profissional de seu corpo docente (SERRA, 2010). No que se refere à colaboração entre universidades e empresas, segundo Serra (2010), o intercâmbio é positivo: do ponto de vista da universidade, a obtenção de recursos para financiar pesquisas e a incorporação de alunos estimula o aprendizado prático e possibilita sua inserção no mercado de trabalho além do aumento do conhecimento prático das tecnologias utilizadas no setor produtivo serem os pontos mais destacados. Exemplos práticos são as incubadoras de empresas no Paraná, que procuram aliar a tecnologia que está sendo desenvolvida dentro da universidade à sua transformação em produto para o mercado. No Paraná existem várias incubadores de excelênica, entre as quais citam-se: i) Incubadora Tecnológica de Curitiba – Intec/Tecpar; ii) incubadora Internacional de Empresas de Software – IIES/CITS; iii) Incubadora Tecnológica de São Mateus do Sul – ITS/Petrobrás; iv) Incubadora Agroindustrial de Cascavel – Fundetec; v) Incubadora Indústrial de Londrina – INCIL; vi) Incubadora Tecnológica de Maringá – UEM; vii) Incubadora Empresarial Tecnológica do Iguaçu – ITAI/Unioeste; viii) e Incubadora Internacional de Empresas de Base Tecnológica da Universidade Estadual de Londrina – Intuel; e ix) Incubadora do Cefet/Pato Branco, que matém vínculo com instituições de ensino e pesquisa como gestoras ou promotoras das incubadoras. Estas recebem apoio como assessorias especializadas, utilização de laboratórios, análise e pareceres técnicos concedidos por docentes das universidades, progrma de estágio e de visitas nas incubadoras, eventos e trabalhos conjuntos entre outros (STAINSACK, 2001). Outras agências e fundações também têm contribuido e formado parceria com universidades estaduais paranaenses, como é o caso do Serviço Brasileiro e Apoio Empresarial – Sebrae, parceiro com visão empresarial, por sua experiência com às micro e pequenas

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empresas, que tem lançado editais e aprovado projetos importantes para alavancagem comercial e expansão de negócio em todo território paranaense. Finanaciadora Nacional de Projetos – Finep, parceiro governamental (federal) que tem lançado editais voltados à inovação tencológica tanto nas áreas médica, biológica, energética como também diretamente ligado ao desenvolvimento da área de Tecnologia de Informção, envolvendo a produção de games e desenvolvimento de software. A Fundação Araucária, agênica governamental estadual que tem contribuido por meio de editais com a disseminação e a conscientização empreendedora e a visão de inovação tecnológica, participando com recursos destinados a movimentos de incubadoras e parques tecnológicos mediante investimentos de recursos junto a essa instituição para realização de eventos e workshops de empreendedorismo, servindo de forma nacional à rede de incubadoras e parques tecnológicos. Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR, instituição do governo estadual, que tem por objetivo coordenar toda pesquisa agropecuária desenvolvida no estado. Conta com cerca de 145 técnicos de nível superior, sendo que, mais de 80% deles são mestres e doutores. A Embrapa/soja é a unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, instituição do governo federal, dedicada à pesquisa da soja. Possui cerca de 70 pesquisadores e todos com formação de Mestrado e Doutorado. Na constatação de Rolim et al. (2010), essas agências, fundações e instituições são exemplos de atuação junto ao setor produtivo e pela importância de seus laboratórios na prestação de serviço à comunidade.

UNIVERSIDADE E O DESENVOLVIMENTO REGIONAL: o caso da Unioeste A Universidade Estadual do Oeste do Paraná é uma instituição pública de ensino superior multicampi, com sede no Município de Cascavel. Em 1991, a Lei Estadual nº 9.663/91 transformou-a em autarquia a Fundação Universidade Estadual do Oeste do Paraná. E, em 1994 foi criada a Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Unioeste, dividida em 4 campi, abrangendo toda a Região Oeste do Paraná. Os campi ficam situados nos Municípios de Cascavel, Foz do Iguaçu, Toledo e Marechal Cândido Rondon. Em 1998 foi incorporada à Unioeste a FACIBEL, Faculdade de Francisco Beltrão, município situado na Região Sudoeste do estado. Com a integração do campus de Francisco Beltrão, a Unioeste consolidou-se como uma Universidade Regional, focada no desenvolvimento regional e social, abrangendo as Regiões Oeste e Sudoeste do estado do Paraná.

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A Unioeste vem promovendo a emancipação social e econômica das regiões em que está inserida, atendendo às expectativas do desenvolvimento regional. Enquanto instituição pública de pesquisa e ensino superior, atua como agente de integração, de difusão do conhecimento e de promoção do desenvolvimento humano e social, orientando suas ações para privilegiar as peculiaridades inerentes à microrregião de cada campus. Nesse sentido, a diversidade de cursos de graduação, atividades de pesquisa e extensão ofertada em cada unidade universitária possibilitou a verticalização do ensino, atuando também na pós-graduação, iniciando o primeiro curso de Mestrado em 1997. Em 2007, a Unioeste estava com 8 cursos de Mestado e 1 de Doutorado e, a partir desse ano, houve uma grande expansão, chegando em 2013 com 29 cursos de Mestrado e 5 de Doutorado. O ensino de graduação e pós-graduação apresentam ações que catalisam os esforços na melhoria dos indicadores sociais, ambientais e econômicas das regiões em que atua. Na área da pesquisa, a Unioeste tem implementado importantes projetos de pesquisa para o desenvolvimento regional. As pesquisas, em sua maioria, são financiadas por empresas privadas e órgãos ou instituições estaduais e federal de fomento à pesquisa.

HISTÓRICO DA PÓS-GRADUAÇÃO NA UNIOESTE: inovação, ciência e tecnologia Em dezembro de 2014, a Unioeste completa 20 anos. O período caracteriza-se, também, pela gênese e pela sedimentação da verticalização do ensino, com a ampliaçao da oferta de cursos stricto sensu. O início da criação de novos cursos de programas de pós-graduação stricto sensu foi tímido, pois a oferta do primeiro curso de Mestrado no campus de Cascavel ocorreu em 1997, na área de Engenharia Agrícola; em 2000, foi ofertado o curso de Agronomia, de Marechal Cândido Rondon. Na década subsequente, o processo de formação e qualificação do quadro docente dos cursos da Unioeste contribuiu para a melhoria no ambiente da universidade e a busca de recursos nos órgaos de fomento, de forma a produzir um crescimento sem precedentes da pós-graduação na IES. Em 2013, o campus de Cascavel ofertava 10 Mestrados e 2 Doutorados. O campus de Toledo fez sua primeira oferta em 2003, com o Mestrado na área de Desenvolvimento Regional e Agronegócio. Uma década depois, no ano de 2013, apresentava a segunda maior oferta de cursos da instituição, sendo 8 Mestrados e 3 Doutorados. A realação dos cursos ofertados, Mestrado e Doutorado em cada campus, bem como a data de início da oferta, contam no Quadro 1.

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Quadro 1: Relação dos mestrados e doutorados da Unioeste e data inicial de oferta Ano de início dos Mestrados e Doutorados da Unioeste em 2013 Campus Cascavel:

Ano

Campus Francisco Beltrão:

Ano

M. Profissional em Administração

2014

M. em Educação

2012

M. Em Biociências e Saúde

2011

M. em Geografia

2010

M. em Ciências Farmacêuticas

2012

M. em Gestão e Desenvolvimento Regional

2012

M. Conserv. E Manejo Rec. Naturais

2009

Campus Foz do Iguaçu:

Ano

M. em Educação

2006

M. em Eng. Sist. Dinâmicos e Energéticos

2010

M. em Energia na Agricultura

2009

M. em Ensino

2013

M. e D. em Engenharia Agrícola

1997/2006 M. em Sociedade, Cultura e Fronteiras

M. e D. em Letras

2002/2011 Campus Toledo:

2010 Ano

M. Profissional em Letras

2011

M. em Bioenergia

2010

M. em Odontologia

2012

M. em Ciências Ambientais

2013

Ano

M. em Ciências Sociais

Campus Marechal C. Rondon: M. e D. em Agronomia

2000/2008 M. e D. em Desenvolv. Reg. e Agronegócio

2010 2003/2010

M. Desenvolvim. Rural Sustentável

2012

M. e D. em Engenharia Química

M. em Geografia

2011

M. em Filosofia

M. em História

2005

M. e D. em Recursos Pesqueiros e Eng. Pesca 2007/2013

M. em Zootecnia 2012 M. em Serviço Social Nota: M. – programa de Mestrado; D. – Programa de Doutorado. Fonte: dados da pesquisa, Unioeste (2013).

2009/2013 2004 2012

Em uma década e meia, a Unioeste formou cerca de 920 mestres e doutores, os quais passaram a atuar na própria instituição, em IES privadas da região e do país, empresas ou como autônomos, seja no Paraná, seja em outros estados da federação. Essa contribuição é muito importante, visto que esses profissionais possuem alta qualificação e contribuem para uma maior produtividade, mudança nos processos produtivos, desenvolvimento de produtos e processos, estando em consonância com a nova vertente do desenvolvimento: a economia do conhecimento.

Produção interna dos docentes É inequívoca a relevante a contribuição da Unioeste por meio da qualificação de estudantes, quer seja na graduação, quer seja na pós-graduação. Porém, sua contribuição vai além de formar pessoas, uma vez que os docentes possuem, no seu rol de atividades, responsabilidades além do ensino, quais sejam a pesquisa e a extensão.

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O processo de pesquisa faz-se em diversas modalidades. Visam ao incremento no conhecimento em cada área do conhecimento, os quais são publicados em formas de artigos, livros, relatórios, pareceres, patentes, produtos e serviços, que são aplicados no ensino e na extensão e chegam ao mercado para a produção de bens ou serviços com eficiência superior. No quinquênio 2008-2013, a produção científica dos docentes da pós-graduação superou os 50 mil títulos (Quadro 2). Quadro 2: Número da produção dos docentes dos programas de Pós-graduação da Unioeste, divididos em ítens CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UNIOESTE (TODOS OS CAMPI) Cascavel Orientações Concluídas de Pós-Doutorado

Toledo

M. C. Rondon

Fco. Foz do TOTAL Beltrão Iguaçu

12

12

6

-

1

31

Orientações Concluídas de Doutorado

143

115

33

7

11

309

Orientação Concluídas de Mestrado

657

798

397

100

103

2.055

Patentes

26

52

-

1

4

83

Artes Visuais

11

1

7

-

-

19

Trabalhos Publicados em Anais de Evento

2.734

1.795

975

763

456

6.723

Resumos Publicados em Anais de Eventos

3.491

2.339

2.152

288

213

8.483

Artigos Completos Publicados em Periódicos

2.995

2.134

1.205

390

210

6.934

Livro ou Capítulo

808

493

294

208

100

1.903

3.003

1.707

930

590

354

6.584

Trabalhos Técnicos

34

14

5

3

-

56

Processos ou Técnica

34

14

5

3

-

56

6.746

4.185

3.090

1.487

836

16.344

22.028

14.305

9.915

4.215

2.414

52.877

Apresentações de Trabalho

Outras Total Fonte: dados da pesquisa Unioste (2013).

O corpo docente que atuava na pós-graduação da Unioeste em 2013 superava 420 profissionais, atuando nos mais de 30 programas stricto sensu nos cinco campi universitários, distribuido na seguinte forma: o campus de Cascavel com o maior números de docentes (154); a seguir, Toledo (125); Marechal Cândido Rondon (79); Francisco Beltrão (39); e Foz do Iguaçu (25).

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A Universidade e as empresas: cooperação e estágios O objetivo desta seção é descrever e analisar os convênios firmados pela Unioeste em termos de cooperação e estágios. Os convênios são reliazados com o objetivo de formar parcerias com empresas da esfera pública ou privada, ONGs, associações, institutos ou fundações, que estão interessados em estabelecer ligação com a complementação e a difusão do conhecimento e a aplicação prática daquilo que é ensinado em sala de aula. Esses convênios podem ser estabelecidos com ou sem interesses financeiros. Os convênios são assinados com o intuito de realização de estágios, no Brasil e no exterior, pesquisas, palestras, workshops, visitas técnicas, melhoramento de produtos ou serviços, trocas de experiências, e possuem um papel importante no desenvolvimento do ensino aprendizagem. Segundo Moraes e Stal (1994, p.101), a “universidade tem como missão a formação de recursos humanos e a realização de pesquisas de caráter eminentemente exploratório, que complementam essa tarefa e aumentam o nível geral de conhecimentos disponíveis para a sociedade”. As empresas procuram profissionais que possuam um perfil voltado a suas necessidades, preparado-lhs para enfrentar as dificuldades e turbulência encontradas no mundo dos negócios. Para que esses objetivos possam ser alcançados, há necessidade da união desses dois entes que poderão ser beneficiados com esta ação, assim como também poderão influenciar no crescimento e no desenvolvimento da região onde estão inseridos. Dessa forma, o pensamento brasileiro está no sentido de que o crescimento econômico, por si só, é capaz de provocar as indispensáveis mudanças sociais. O aumento de produtividade e da qualidade só será conseguido com a formação técnica e educação condizentes, portanto não haverá inovação tecnológica sem o preparo adequado do homem (SANTOS; SUGA, 2001, p. 98).

Assim, pode-se dizer que um pode beneficiar o outro e vice-versa, construindo juntos pilares sólidos nesse relacionamento de cooperação. Desse modo, “ao compararem os resultados das empresas associadas com os de suas concorrentes, estabeleceram a idéia de que a participação em redes de cooperação pode ser entendida como um instrumento de ganhos de competitividade para empresas de menor porte” (VERSCHOORE; BALESTRIN, 2008, p. 4), mesmo porque o compartilhamento de informações e das necessidades que cada um tem transforma-se em um fator fundamental para que se consigam avanços e possibilidades de melhoria, como a redução de custos, o aumento de produtividade e de lucros e, consequentemente, a alavancagem dos negócios.

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Nesse sentido, Moraes e Stal (1994, p. 100) enfatizam que:

a universidade tem como foco primordial o investimento na geração de conhecimentos, justificando a tecnologia como necessária ao desenvolvimento da sociedade em geral; já a empresa focaliza sua atenção na geração de lucros, sem o que ela não sobrevive e não realiza sua função social de criar empregos e atender às carências da sociedade.

Como complemento, Moraes e Stal (1994) destacam algumas vantagens, tanto para a universidade como para o setor privado, enfatizando que estas são visíveis para todos. A universidade consegue captar recursos adicionais para que as suas atividades de pesquisa possam ser principalmente desenvolvidas com nível de excelência, conseguindo adquirir e acompanhar os avanços tecnológicos que são tão necessários à realização das pesquisas. Outro fator é a questão de com esses recursos pode-se manter a investigação de ponta em seus laboratórios, acompanhando os avanços em termos mundiais, além de conseguir reter os pesquisadores mais capacitados, pois estes possuem condições de trabalho. Possuir condições de associar ao ensino projetos de alta tecnologia é de suma importância para que os bons feitos possam refletir na sala de aula e, consequentemente, no grau de conhecimentos absorvido pelos alunos. Já as vantagens para o setor privado também são boas e caminham no sentido de conseguir desenvolvimento tecnológico com menor investimento, possibilitando a atualização tecnológica de forma constante, tendo o contato com profissionais altamente qualificados, com experiências e que possam contribuir de alguma forma com essa integração (cooperação). Outro ponto importante é que as empresas integradas podem ter acesso aos laboratórios e seus experimentos e à biblioteca da universidade. Estas são vantagens significativas que podem proporcionar um ganho importante no progresso, tanto da universidade como das empresas envolvidas na cooperação. Entre os motivos pelos quais as universidades e empresas assinam convênios está a realização de estágios, nos quais os acadêmicos terão a oportunidade de aplicar os seus conhecimentos no dia a dia das empresas, conseguindo aumentar o aprendizado, unindo a teoria à prática. Nesse sentido, serão analisados alguns dados sobre os convênios firmados pela Unioeste entre 2008 e 2013, conforme demonstrados nos gráficos 1, 2, 3 e 4. O Gráfico 1 apresenta a quantidade de convênios firmados pela Unioeste em 2013 com países da Europa, Ásia, África, América do Norte e América do Sul. O objeto principal desses convênios está relacionado aos protocolos de cooperação técnico-científico e de produção acadêmica, que visam ao recebimento e ao encaminhamento de acadêmicos e professores visitantes para a realização de pós-graduação stricto sensu em nível de Mestrado, Doutorado e principalmente pós-doutorado, pesquisas etc. Os países que se destacaram em

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termos de quantidade de assinaturas de convênios foram: Itália (7), Argentina (6), Espanha (6), Portugal, USA,e Venezuela (4). Os convênios internacionais são importantes para o desenvolvimento dos alunos e professores que estarão participando e se envolvendo diretamente com o seu objeto. Além de conseguirem estar bem próximos às metodologias e tecnologias de ponta, utilizadas em outros países, é possível que eles tragam inovações a serem aplicadas em nosso meio. Em relação aos convênios com entidades estabelecidas no território nacional, a Unioeste assinou, no período de 2008-2013, 609 convênios. Analisando o desmembramento entre os anos no Gráfico 2, verifica-se um crescimento significativo de 327% ao se comparar 2008 com 2013. Destacando que a quantidade de convênios vem aumentando ano após ano, demonstrando o empenho e o interesse da Unioeste nesse tipo de relação com as diversas entidades. Esses convênios foram firmados com empresas, órgãos do governo, bancos, faculdades e universidades públicas e privadas, escolas públicas e privadas etc. O objeto principal dos convênios nacionais está relacionado à oportunidade para a efetivação de protocolos, acordos de cooperação, de concessão, de prestação de serviços, de repasse de direitos e de termos de depósito, com a intenção de estabelecer um canal para a realização de estágios, intercâmbios, de cooperação técnica, acadêmica, financeira, cultural, de ajuste de propriedade intelectual etc. Gráfico 1: Número de convênios internacionais firmados pela Unioeste em 2013

Fonte: Unioeste (2013).

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Gráfico 2: Número de convênios nacionais firmados pela Unioeste de 2008 a 2013

Fonte: Unioeste (2009; 2010; 2011; 2012; 2013).

Gráfico 3: Valores anuais provenientes da assinatura dos convênios, na Unioeste, de 2008 a 2012.

Fonte: Unioeste (2013).

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Gráfico 4: Número de convênios nacionais envolvendo recursos financeiros, firmados pela Unioeste, de 2008 a 2012.

Fonte: Unioeste (2009; 2010; 2011; 2012; 2013).

Alguns desses convênios também preveem o envolvimento de recursos financeiros para custear e dar condições para serem colocados em prática os termos acordados, e esses valores estão apresentados no Gráfico 3. A Unioeste também tem conseguido um aumento gradativo de convênios envolvendo recursos financeiros, isso significa que a universidade está em condições de fornecer uma contrapartida à altura daquilo que o setor externo necessita. Como destaque está o ano de 2012, que alcançou recursos no valor de R$ 10.687.584,89. Os recursos obtidos pela Unioeste, por intermédio dos convênios no período de 2008 a 2012, totalizaram o montante de R$ 28.417.002,58, valor significativo que auxilia a Universidade a cumprir com o seu papel de propagador do conhecimento. Ao verificar o Gráfico 3, visualiza-se um crescimento de 364,34% ao se compar os anos de 2008 e 2012, demonstrando, assim, o desempenho da Unioeste na busca por convênios que envolvam recursos financeiros. Esses recursos são provenientes de órgãos de fomento do governo federal e estadual, fundações e empresas públicas e privadas. Para ilustrar o volume dos recursos financeiros envolvidos, no Gráfico 4, estes foram fragmentados pelo volume de recursos destinados a cada um. Dos 104 convênios que contemplavam recursos financeiros, no referido período, 76 (73,%) envolviam recursos de até R$ 200.000,00, acima desse valor até R$ 4.000.000,00 estão os outros 28 (27%). A maioria deles são desenvolvidos com poucos recursos, significando que estão envolvidos neles diversos professores e alunos, contemplando, também, diversos cursos. Se consideramos os convênios com valores até R$ 1.000.000,00, estes somam 96 (92,3%), ficando apenas 8 (7,7%) com recursos acima desse valor.

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Os dados apresentados demonstram o rápido crescimento na inter-relação da Unioeste com entidade de fomento, empresa, organismos nacionais e internacionais e com a sociedade.

Impactos sobre os egressos da pós-graduação da Unioeste Nesta seção serão apresentados alguns indicadores dos egressos dos cursos de pósgraduação da Unioeste, algumas informações sobre o seu local de atuação profissional e de que forma estão contribuindo para o desenvolvimento social e econômico da região. Conhecer os egressos e de que forma eles atuam no mercado é altamente significativo como instrumento de acompanhamento do papel da universidade perante a sociedade. As organizações exigem dos profissionais um espírito empreendedor e que tenham condições de inovar continuamente, dessa forma as instituições de ensino superior têm um importante papel na formação e na qualificação de capital humano para o mercado de trabalho e para a vida pessoal de cada um. Para Machado (2001), as universidades devem associar seu conhecimento formal à realidade vivida pelos seus acadêmicos, num mundo real, formando seres pensantes, críticos, conscientes do seu papel social numa sociedade capitalista. Witte (2006) ressalta que, segundo o que é disposto na Lei n. 9.396/96, a educação superior deve vincular-se ao mundo do trabalho e da prática social e, ainda, deve formar profissionais nas diferentes áreas do conhecimento, aptos à inserção em novos setores profissionais. Para que possa garantir um bom profissional no mercado de trabalho, a universidade necessita avaliar constantemente o ensino que oferta, sendo que, para se obter um feedback do ensino, da aprendizagem e ad formação prática, é necessário estabelecer um canal de comunicação entre egressos e a universidade. Dessa forma Witte (2006) afirma que identificando-se o perfil pessoal e profissional, pode-se obter um feedback quanto à influência do curso em seu desempenho profissional na área. Schwartzam e Castro (1991) completam ressaltando que o estudo de egressos recupera questões ligadas ao ensino e à adequação dos currículos à situação profissional. Machado (2001, p. 44) afirma que “a principal contribuição social de uma universidade deve ser com seus egressos. Se não tem condições de manter esses egressos próximos ao seu ideário, ela está desperdiçando um altíssimo capital humano”. A seguir, serão analisados apenas os egressos no programas de pós-graduação strcto sensu da Unioeste. O campus de Francisco Beltrão possui 3 cursos de pós-graduação: em Educação, Geografia e Gestão e Desenvolvimento Regional. Destes, apenas o curso de Geografia possui egressos. Entre 2010 e 2013 foram formados 82 mestres em Geografia, dos quais 71 são geógrafos, correspondendo a 86% do total de mestres. Entre o total destacado

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há 45 mestres que se encontram trabalhando como professores em escolas, faculdades e universidades públicas e privadas da região, atuando principalmente no ensino médio. Os demais estão distribuídos em outras áreas do conhecimento, como pesquisador de órgãos públicos, bancários e consultores. O campus de Cascavel possui o maior número de programas de pós-graduação, com 10 cursos distribuídos nas grandes áreas do conhecimento. Entre 1997 e 2013 defenderam suas disertações e teses 610 mestres e doutores. Os cursos atuam em diferentes campos do saber. Os egressos dos mestrados e doutorados acadêmicos são das áreas de Biociências e Saúde (16); Conservação e Manejo de Recursos Naturais (33); Educação (59); Energia na Agricultura (38); Engenharia Agrícola (273); Letras (191); Mestrado Profissional em Letras e Odontologia. Os cursos de Mestrado em Administração e o de Ciências Farmacêuticas ainda não tiveram egressos, pois os cursos são novos. Desse total de egressos, 56,7% (346) estão atuando na área de ensino superior, em universidades e faculdades, também no ensino médio. Cabe ressaltar que os cursos de Engenharia Agrícola e Letras, do total de mestres e doutores, 168 (62%) e 110 (57%), respectivamente, estão exercendo suas atividades no ensino e pesquisa nas universidades e faculdades, ou seja, estão formando e qualificando novos profissionais para o mercado de trabalho. Por outro lado, pouco se observou a atuação dos egressos em iniciativas privadas; a grande maioria está atuando no setor público e de ensino. O segundo campus com maior número de programas de pós-graduação é Toledo, com um total de 8 cursos e 295 egressos, entre 2003 e 2013: o Mestrado em Bioenergia formou 3 alunos, destes, 2 estão atuando na área de ensino; Ciências Ambientais formou 5, também com 2 atuando na área de ensino; Ciências Sociais formou 8, com 5 trabalhando em universidades e faculdades e ensino médio; o curso de Desenvolvimento Regional e Agronegócio tem o maior número de mestres e doutores formados, com 130 no total, destes, 82 estão atuando, como a maioria dos egressos, em universidades e faculdades, 10 estão atuando em empresas privadas e cooperativas agropecuárias da região (Sadia/BRF, Coopervale, Lar, Coamo, entre outras), como gerentes, diretores e presidentes. O programa de Engenharia Química formou 77 alunos, destes, apenas 10 estão atuando na área de ensino, e 10 estão trabalhando em empresas privadas na área de fármaco. Exemplificando uma empresa que tem contratado engenheiros formados pela Unioeste é a Prati Dona Duzzi, empresa do ramo de medicamentos, com grande potencial de crescimento e investimento para região. Os demais egressos estão distribuídos em diferentes áreas do conhecimento. O curso de Filosofia teve 72 egressos, dos quais 32 estão no ensino; Recursos Pesqueiros 59, destes, 20 egressos estão atuando na disseminação do conhecimento

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(ensino), 9 estão trabalhando em empresas privadas de pesca e os demais nos setores de pesquisa, órgãos estaduais e municipais. Por fim, os cursos de Mestrado em Serviço Social e de Engenharia Química ainda não possuem egressos. Ao todo, o campus de Toledo formou, entre 2003 e 2013, nos cursos de pós-graduação, 295 mestres de doutores, conforme já descrito, deste total, 123, (42%) estão com suas atividades ligadas à área de ensino e pesquisa em universidades e faculdades. Essa tem sido até o momento a grande contribuição da Unioeste para o desenvolvimento do capital humano, que tende a gerar novos conhecimentos em diversas áreas do saber. O campus de Marechal Cândido Rondon possui 5 cursos de pós-graduação stricto sensu formando, entre 2000 e 2013, 101 mestres e doutores. O curso com maior egressos é o de Agronomia, com 88; destes, 39 estão atuando em universidades e faculdades. Foi verificado, também, que atuam em cooperativas, associações e órgão de pesquisa estadual e municipal. O programa de História, com 1 egresso; Geografia 8; Zootecnia 4 e Desenvolvimento Rural Sustentável é um curso novo que ainda não tem egressos. Por fim, o campus de Foz do Iguaçu tem os seguintes cursos de pós-graduação: a Engenharia de Sistemas Dinâmicos e Energéticos iniciou suas atividades em 2010 e já formou 11 mestres na área de engenharia; 4 quatro estão atuando em universidades e faculdades; 3 em empresas privadas, e os demais em outros setores. O grande potencial desse curso é a parceria entre a Unioeste e a Itaipu Binacional, que tem gerado pesquisa na área de energia, especificamente na área de bioenergia. O Mestrado em Sociedade, Cultura e Fronteira iniciou em 2010, possui 23 mestres formados, dos quais 11 estão atuando na área de ensino (universidade e faculdade), e os demais estão trabalhando em órgãos estaduais, municipais, empresa privadas e prefeituras. Assim, conforme foi observado, a área de atuação dos egressos oriundos da Unioeste está concentrada em sua maioria na área de ensino, seja ela em universidades e faculdades, seja ela no ensino médio e alguns deles no ensino fundamental. Poucos desses profissionais estão em empresas privadas, ou seja, a Unioeste ainda está formando seu capital humano para que sejam futuros multiplicadores de conhecimento e saber. Isso pode ser reflexo dos objetivos de cada um, universidade e setor privado. A universidade foca no desenvolvimento do saber, do conhecimento, e isso se concretiza em longo prazo. Por sua vez, a iniciativa privada foca na produção, no aumento de capacidade e lucro imediato. Essa questão precisa ser melhor trabalhada para que os resultados com as parcerias, universidades e empresas possam ter melhores resultados.

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Interação universidade-comunidade: Programa de extensão universitária Consta no artigo 43 da LDB: Artigo 43. A educação superior tem por finalidade: I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua; III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive; IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação; V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração; VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade; VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição (LDB - Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996, sem grifos no original).

Em decorrência desse instrumento legal, a extensão universitária6 caracteriza-se como processo instrumentalizador entre a teoria e a prática, a qual é progressivamente mais chamada a contribuir à aproximação recíproca entre o ambiente acadêmico e os diversos setores da sociedade. O ambiente exterior à universidade tem se ajustado aos efeitos da globalização e das transformações técnico-científicas-informacionais dela decorrentes. O ensino e a pesquisa buscam compreender o novo ambiente e propor modelos e caminhos para dar conta das atividades nesse ambiente em mudança. Nesse contexto, a extensão universitária faz a conexão entre o saber universitário e a necessidade da sociedade por meio de novas relações e o desenvolvimento de novos produtos, processos e patentes. Por essa razão, em que pese as dificuldades decorrentes da sua frágil autonomia e diante de uma trajetória tardia, sobretudo quando comparada às universidades centenárias de outros países, a universidade brasileira capitaneada pelo setor público tem expressivos Usa-se o conceito da Política Nacional de Extensão Universitária, elaborado no Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras. “A Extensão Universitária, sob o princípio constitucional da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, é um processo interdisciplinar, educativo, cultural, científico e político que promove a interação transformadora entre Universidade e outros setores da sociedade” (RENEX, 2012, p. 15).

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desafios em relação ao seu compromisso social com a educação, com a ciência e a tecnologia, com a arte e cultura e com a cidadania (RENEX, 2012). Entre as diversas atividades que as empresas e a sociedade podem usufruir mediante a extensão universitária, muitas vezes, sob uma estrutura administrativa única, temos: a extensão - programas que utilizam o patrimônio específico do conhecimento, recursos humanos e materiais da universidade; serviços de atendimento à comunidade interna - são serviços e benefícios de atendimento a funcionários, professores e estudantes que qualquer empresa possui; atendimento à comunidade externa - a universidade pode ter como política a execução de projetos de caráter permanente ou temporário, que se caracteriza, como ações externas à universidade; ações comunitárias - são aquelas próprias das grandes empresas de responsabilidade social para melhorar o meio em que se situam e valorizar a imagem institucional entre outros (LOBO, 2001, p. 6). A Unioeste é uma instituição jovem, completando seu vigésimo aniversário em 2014, tendo seu quadro técnico e conjunto de atividades ainda em estruturação. Ainda assim, possui centenas de atividades de extensão, entre projetos, programas, eventos, prestações de serviços entre outros. Tais atividades envolvem centenas de estudantes, professores e agentes universitários que prestam serviços à comunidade e empresas nas cidades que possuem campi universitários e cidades vizinhas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente artigo buscou uma síntese da evolução do conceito de Economia do Conhecimento e de sua contribuição para cooperação flexível e interativa entre as empresas, bem como avaliar o papel da Unioeste na geração de conhecimento. A perda de energia da indústria tradicional nos anos 1960 abre espaço para o fortalecimento do conceito de capital humano, fortalecendo o fator trabalho e seu potencial produtivo adquirido via processo educacional. Por essa concepção, o capital humano é algo produzido, isto é, o ser humano é um ser ativo, sobre o qual se realiza um investimento. A concepção de capital humano evoluiu da tradicional indústria intensiva em capital para o conceito de Economia do Conhecimento, o qual aflora do grande avanço das indústrias intensivas em conhecimento, que contribuem para um acelerado avanço técnico e científico, assim como uma rápida obsolescência. Nesta há uma ligação profunda entre capacidade intelectual e insumos físicos ou recursos naturais, e algumas organizações são muito profícuas na produção de conhecimento e transferência. Os casos do Vale do Silício,

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nos EUA, Nókia, na Finlândia, são exemplos de sucesso da economia do conhecimento, em que o investimento em P&D implica diminuição do custo de mercadorias e difusão de seu uso e, ainda, a obsolescência programada, o desenvolvimento de novos produtos e a reserva do mercado e dos processos via patentes, além da inter-relação mais produtiva e flexível entre organizações. Por sua vez, a Unioeste tem buscado contribuir com o desenvolvimento da região onde se insere por meiode incrementos na qualificação de pessoas e na oferta de serviços e produtos tecnológicos. Apesar de existir há menos de vinte anos, atua na graduação, na pósgraduação, na pesquisa e na interação com a comunidade e as empresas. A Unioeste oferta cerca de 60 cursos de graduação, 30 de pós-graduação stricto sensu, centenas de programas e projetos de extensão, dezenas de patentes e seu corpo docente produz milhares de produtos científicos anualmente. Dessa produção e difusão de conhecimento, empresas e sociedade se apropriam dos benefícios, gerando riqueza e bem-estar para toda a região. Prova disso são os inúmeros convênios institucionais e os milhares de convênios com empresas, instituições e sociedade para a interação produtiva e prestação de serviços. Em suma, apesar das restrições orçamentárias, de estrutura e de pessoas, a Unioeste está sintonizada com a economia do conhecimento.

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STAINSACK, S. A interação universidade/empresa no Estado do Paraná. In: Monografia Premiadas no 2º Concurso de Monografia sobre a Relação Universidade/Empresa. Curitiba: Ipardes: IEL, PR, 2001. STANBACK, T. M.; NOYELLE, T. Productivity in services: a valid measure of economic performance? In: NOYELLE (Org.): Skills, Wages, and Productivity in the Service Sector Westview. Press, Oxford, p. 215-245, 1990. STAL, E. Centros de pesquisa cooperativa e as motivações das empresas. In: Simpósio de Gestão da Inovação Tecnológica, 20, São Paulo. Anais... São Paulo: TEC ART, 1998. UNIOESTE – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ. Boletim de Dados 2013, ano base 2012. Pró-Reitoria de Planejamento – Proplan, 2013. Disponível em:  . Acesso em: 05 mar./2014. ______. Boletim de Dados e relatórios da Proplan (Pró-Reitoria de Planejamento). 2012. Disponível em:  . Acesso em: 05 mar./2014. ______. Boletim de Dados e relatórios da Proplan (Pró-Reitoria de Planejamento). 2011. Disponível em:  . Acesso em: 05 mar./2014. ______. Boletim de Dados e relatórios da Proplan (Pró-Reitoria de Planejamento). 2010. Disponível em:  . Acesso em: 05 mar./2014. ______. Boletim de Dados e relatórios da Proplan (Pró-Reitoria de Planejamento). 2009. Disponível em:  . Acesso em: 05 mar./2014. VELHO, S. Relações universidade-empresa: desvelando mitos. Campinas: Autores Associados, 1996. VERSCHOORE, J. R.; BALESTRIN, A.; Ganhos competitivos das empresas em redes de cooperação. Revista de Administração - RAUSP - Eletrônica, São Paulo, v.1, n. 1, jan.-jun./2008. VIEIRA, F. M.; KUNZ, I. Ensinado e aprendendo inovar: mecanismos de interação universidade empresa visando à inovação tecnológica e ao desenvolvimento regional. In: Monografia Premiadas no 2º Concurso de Monografia sobre a Relação Universidade/Empresa. Curitiba: Ipardes: IEL, PR, 2001. WITTE, A. Contribuição do Curso de Graduação em Administração para o Desenvolvimento Pessoal e Profissional dos Egressos da Universidade Regional de Blumenau entre 2003 e 2004. 2006. 108 fls. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2006.

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INFORMAÇÕES SOBRE OS AUTORES Alexandre Florindo Alves Possui Graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa (1993), Mestrado em Economia Aplicada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (1997) e Doutorado em Economia Aplicada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (2000). Foi Coordenador Adjunto (2008 a 2010) e Coordenador (2010 a 2012) do Programa de Pós-Graduação em Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Maringá. Atualmente é Professor Associado do Departamento de Economia e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Econômicas da mesma Universidade. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia do Agronegócio e Desenvolvimento Econômico e Regional baseado em Inovação Tecnológica. Altamir Thimóteo Possui graduação em Licenciatura Em Matemática pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (1975), graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (1999) e mestrado em Métodos Numéricos em Engenharia pela Universidade Federal do Paraná (2005). Atualmente é professor de ensino superior da Universidade Estadual do Centro-Oeste. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Relações do Comércio; Política Comercial; Integração Econômica, atuando principalmente nos seguintes temas: conhecimento, informação, telecomunicação, terceirizaçãoserviços-qualidade-tecnologia, profissão, trabalho, legislação e custos-produção-equilíbrio. Amarildo Hersen Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (2001) e mestrado em Desenvolvimento Regional e Agronegócio pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2009). Atualmente é professor de ensino superior da Universidade Estadual do Centro-Oeste. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia do Trabalho, atuando principalmente nos seguintes temas: economia regional, crescimento econômico, mercado de trabalho. Antonio Carlos de Campos Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Maringá (1992), mestrado em Ciências (Economia Aplicada) pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (1998) e doutorado em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Federal do Paraná (2004). Atualmente é Professor Associado da Universidade Estadual de Maringá. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Organização Industrial e Estudos Industriais, atuando principalmente nos seguintes temas: economia brasileira, indústria de transformação, desenvolvimento regional, desenvolvimento econômico e inovação tecnológica. Augusta Pelinski Rahier Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (2003). Mestrado em Desenvolvimento Regional e Agronegócio pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2007) e Doutorado em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2009). Atualmente é professora da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Pesquisa nas áreas: desenvolvimento regional, desenvolvimento agrícola, desenvolvimento econômico. É editora da Revista Publicatio Ciências Sociais- UEPG, desde 2010. Universidades estaduais paranaenses, desenvolvimento regional e contribuição para a qualificação da mão de obra

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Carlos Eduardo Caldarelli Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e Doutorado em Economia Aplicada pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/ USP). Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia Agrícola, Organização de Mercados Agroindustriais e Métodos Quantitativos/Estatísticos e Econométricos em Economia (Séries Temporais). Atuando principalmente nos seguintes temas: Competitividade, Mercados Agrícolas, Preços Agrícolas, Exportações, Métodos quantitativos aplicados à Economia. Atualmente é professor Adjunto na Universidade Estadual de Londrina (UEL), do Programa de Mestrado em Economia Regional (UEL) e do Programa de Mestrado em Agronegócios da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Edilson José do Vale Possui formação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (2003). Foi Delegado do Conselho Regional de Economia - PR (2007/2008). Atualmente é Técnico em Assuntos Universitários, chefe da Seção de Controle e Acompanhamento Financeiro da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia dos Programas de Bem-Estar Social, atuando no seguinte tema: Brasil, reciclagem, geração de empregos e gasto público. Fernando Franco Netto Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense - UFF (1983), mestrado em História Econômica pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (2000) e doutorado em História pela Universidade Federal do Paraná (2005). Atualmente é professor Associado na Universidade Estadual do Centro-Oeste. Experiência na área acadêmica e na pesquisa com temas voltados para Economia, História Econômica e Escravidão. Consultor na área de planejamento e finanças empresariais com diversos trabalhos técnicos desenvolvidos nessas áreas. Bolsista produtividade Fundação Araucária. Pós Doutorando em Desenvolvimento Econômico - UFPR. Professor dos Programas de Pós-Graduação em História e Administração da Universidade Estadual do CentroOeste. Consultor do CAA na área de Ciências Sociais Aplicadas da Fundação Araucária. Giomar Viana Possui Graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual do Centro Oeste/ UNICENTRO (2003), Especialização em Gestão e Auditoria de Negócios pela Universidade Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO (2006). Mestrado em Desenvolvimento Regional e Agronegócio/ UNIOESTE (2009). Doutorando em Engenharia Florestal, sob a linha de pesquisa Economia e Política Florestal, na UFPR. Atualmente é servidor lotado no Setor de Sociais Aplicadas, SESA, da Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO. Atua ainda, como pesquisador vinculado à UNICENTRO em áreas como Crescimento Econômico, Capital Humano, Economia Regional e Economia Agrária e dos Recursos Naturais Hermes Yukio Higachi Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Paraná (1986), mestrado em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas (1993), doutorado em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas (1998), e pós-doutorado em economia pela FEA/USP (2008). Atualmente é professor associado da Universidade Estadual de Ponta Grossa,

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Membro do Conselho Editorial da Revista Paranaense de Desenvolvimento do IPARDES e foi revisor da Revista Economia e Sociedade da UNICAMP, da Revista Brasileira de Inovação da FINEP e da Revista de Economia da UFPR. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Organização Industrial e Estudos Industriais, Inovação, Macrodinâmica, Desenvolvimento Econômico, e Dinâmica Econômica Complexa José Luiz Parré Possui graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Viçosa (1992), Mestrado (1995) e Doutorado (2000) em Economia Aplicada pela Universidade de São Paulo (ESALQ/ USP). Atualmente é Professor Titular do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e do Programa de Pós-graduação em Economia (PCE/UEM). Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia Agrária, atuando principalmente nos seguintes temas: agronegócio, desenvolvimento agrícola, economia paranaense, insumo-produto e econometria espacial. Coordenador do Programa de pós-graduação em Economia da UEM (2013/2015). Atua como Consultor do CNPq e da Fundação Araucária. Atualmente é Coordenador do Comitê Assessor da Área de Ciências Sociais Aplicadas da Fundação Araucária-PR (Gestão 2013-2016). É membro da Associação Brasileira de Estudos Regionais e Urbanos (ABER) e da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural (SOBER). Joyce Menezes da Fonseca Tonin Graduada em Ciências Contábeis (2004) e especialista em Gestão Contábil Financeira (2007) pela Universidade Estadual de Maringá; Mestre em Contabilidade pela Universidade Federal do Paraná (2012). Professora da Universidade Estadual de Maringá desde 2007. Possui boa experiência profissional na área contábil, atuando principalmente na área Fiscal em grandes companhias brasileiras. Lívio Marcel Queji Possui graduação em Bacharel Em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (1997) e mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2002). Atualmente é professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, lotado no Departamento de Administração. Tem experiência profissional na área de Administração Financeira e Custos. Desde setembro de 2006 até a presente data responde como Diretor de Projetos e Convênios da Universidade Estadual de Ponta Grossa, instituição na qual tem dedicação exclusiva Marcia Regina Gabardo da Camara Possui graduação em Economia pela Universidade de Brasília (1980), mestrado em Economia pela Universidade de São Paulo (1986) e doutorado em Economia pela Universidade de São Paulo (1993). Atualmente é professor associado c da Universidade Estadual de Londrina. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Organização Industrial e Estudos Industriais, atuando principalmente nos seguintes temas: competitividade, inovação, economia regional e agronegócio no Brasil e no Paraná. Maria de Fátima Sales Possui graduação em Economia, é Mestre em Economia Rural (ESALQ/USP) e Doutora em Economia pela UFPE - área de concentração: economia internacional. Atua no Departamento de Economia da Universidade Estadual de Londrina, onde desenvolve pesquisas nas áreas de Economia Internacional, Universidades estaduais paranaenses, desenvolvimento regional e contribuição para a qualificação da mão de obra

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Economia do Trabalho, Economia Regional e Urbana; Economia do Crime; meio ambiente, principalmente as relacionadas às seguintes temáticas: comércio exterior brasileiro, competitividade das exportações, mercado de trabalho, desigualdades salariais, produtividade e salários, criminalidade, gestão ambiental. Na área de Economia de Empresas e Setor Público, destacam-se a assessoria na elaboração de projetos não reembolsáveis; projetos públicos e de viabilidade econômico financeira e projetos de responsabilidade social. Mirian Beatriz Schneider Braun Possui graduação em Economia. Doutora em História Econômica pela Universidade de León Espanha; Pós-doutora em Economia Aplicada pela ESALQ/USP. Professora Associada do Colegiado de Ciências Econômicas; do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional e Agronegócio e do Programa de Mestrado em Economia da UNIOESTE/Toledo. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Agronegócio e Desenvolvimento Regional - GEPEC. Nilton Marques de Oliveira Possui graduação em Economia pela Universidade Estadual de Maringá e Mestre em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa - UFV. Doutorando em Desenvolvimento Regional e Agronegócio pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Toledo - PR. Professor do curso de economia da Universidade Federal do Tocantins – UFT, Palmas -TO. Pesquisador dos Grupos de Estudos em Economia Aplicada e Interdisciplinar de Estudos e Pesquisa sobre Estado, Educação e Sociedade (Geipees) da Universidade Federal do Tocantins. Desenvolve pesquisa na área de Desenvolvimento Regional, com ênfase em economia regional e urbana, pobreza, desigualdades, e Economia do Tocantins. Possui diversos artigos publicados em eventos e periódicos nacionais e internacionais Pery Francisco Assis Shikida Possui graduação em Economia pela UFMG (1989), mestrado em Economia Agrária pela ESALQ/ USP (1992) e doutorado em Economia Aplicada pela ESALQ/USP (1997). Pós-doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas/SP (2009). Foi Visiting Scholar na Kaiserslautern Universität/ Alemanha (2000 e 2005), University of Wisconsin/Estados Unidos (2010) e Professor Visitante na Università Politecnica delle Marche/Itália (2013). É Professor Associado da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), ministrando aulas no Curso de Economia e no Programa de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Regional e Agronegócio. Foi coordenador científico da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (SOBER), 2011/2013; exerce atualmente a coordenação do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio (PGDRA/Unioeste), 2011/2015. Tem experiência na área do Agronegócio e Desenvolvimento Regional, atuando principalmente nos seguintes temas: agroenergia, agroindústria canavieira, cadeias produtivas, dinâmica e cenários econômicos, comportamento de mercado (market behaviour, mais especificamente economia do crime) Solange de Cassia Inforzato de Souza Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Londrina (1983), mestrado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1992) e doutorado em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2002). Atualmente

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é professora associada da Universidade Estadual de Londrina. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Mercado de Trabalho e Economia do bem-estar social, atuando principalmente nos seguintes temas: mercado de trabalho, qualificação da mão de obra, economia do bem estar social, desigualdade social e de renda. Valdir Antonio Galante Possui Graduação em Economia. Mestre em Economia Rural pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutorando em Desenvolvimento Regional e Agronegócio da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Professor Assistente do Colegiado de Ciências Econômicas (UNIOESTE/Toledo). Pesquisador do Grupo de Pesquisa em Agronegócio e Desenvolvimento Regional - GEPEC. EUdo Strassburg Possui Graduação em Ciências Contábeis na UNIOESTE/FECIVEL, em 1984-1987, é Especialista em Controladoria e Gerência Financeira na UNIOESTE, 1998 e possui Mestrado em Controladoria e Contabilidade Estratégica pela FACESP/FECAP, em 2001. Doutorando em Desenvolvimento Regional e Agronegócio na UNIOESTE – Toledo. Atualmente é professor assistente 4 do curso de Ciências Contábeis da UNIOESTE, em Cascavel.

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