Uso Da Adubação Orgânica e Nitrogenada No Algodoeiro CV. BRS 200 Marrom. Parte 2 - Variáveis De Produção

May 27, 2017 | Autor: Fernanda Fernandes | Categoria: Organic Fertilizer, Nitrogen Fertilizer, Gossypium hirsutum
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USO DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA E NITROGENADA NO ALGODOEIRO CV. BRS 200 MARROM. PARTE 2 – VARIÁVEIS DE PRODUÇÃO. Robson César Albuquerque (UFCG), Rosiane de Lourdes Silva de Lima (Unesp - Jaboticabal), Maria Isabel de Lima Silva (UFCG), Fernanda Fernandes de Melo Lopes (UEPB), Napoleão Esberardo de Macedo Beltrão (Embrapa Algodão) RESUMO - O algodoeiro é uma cultura que exige um programa de manejo de nutrientes aplicados ao solo para alcançar as metas de produtividade. Por outro lado o uso de fontes de matéria orgânica como fonte de nutrientes tem se ampliado cada vez mais. Neste sentido esta pesquisa objetivou avaliar o estádio nutricional da cultura do algodoeiro cultivadas em diferentes doses de cinza vegetal e sulfato de amônio. O experimento foi conduzido em casa de vegetação na Embrapa Algodão, no período de setembro a novembro de 2004, Campina Grande, PB. Adotou-se o delineamento em blocos casualizados com 3 repetições e 1 planta por parcela. Os tratamentos consistiram de 6 doses de cinza vegetal (0; 1,5; 3,0; 4,5, 6,0 e 7,0 t/ha) e 4 tratamentos adicionais onde se estudou os efeitos das doses (30, 60, 90 e 120 kg/ha) de sulfato de amônio aplicados a uma dose fixa de cinza vegetal (4,5 t/ha). A cinza vegetal pode ser utilizada como fonte de nutrientes para a cultura do algodoeiro, desde que seja acompanhada de um suprimento adicional com um fertilizante nitrogenado; A aplicação de 4,5 t/ha de cinza vegetal associada a 120 kg/ha de sulfato de amônio pode ser uma alternativa para a adubação desta espécie desde que o solo apresente baixa fertilidade. Palavras-chave: Gossypium hirsutum, adubação orgânica, adubação nitrogenada. ORGANIC AND NITROGENED FERTILIZATION USAGE IN BRS 200 MARROM COTTON. PART 2 – PRODUCTION VARIABLES ABSTRACT - Cotton is a crop that demands a nutrients handling program applied to soil in order to reach productivity targets. On the other hand, organic material usage as nutrient resource has been applied more and more. Thus, this research aimed to evaluate the nutritional stage of cotton grown in different doses of vegetal ashes and ammonium sulphate. The experiment was carried out at Embrapa Algodão, from September to November 2004, in Campina Grande, PB, and set on casual block design with three repetitions and one plant per parcel. Treatments consisted on 6 doses of vegetal ashes (0; 1,5; 3,0; 4,5, 6,0 e 7,0 t/ha) and 4 aditional treatments where there were studied the effects of ammonium sulphate (30, 60, 90 e 120 kg/ha) applied to a fixed dose of vegetal ashes (4,5 t/ha). Vegetal ashes can be used as a nutrient resource for cotton crops, if it is accompanied by an additional supply with nitrogened fertilizer. The application of 4,5t/ha of vegetal ashes associated to 120kg/ha of ammonium sulphate may be an alternative to the fertilization of this species, if soil presents low fertility. Key words: Gossypium hirsutum, organic fertilization, nitrogened fertilization.

INTRODUÇÃO O uso inadequado de fertilizantes químicos ou orgânicos provoca redução no crescimento da planta e desordens nutricionais que resultam em menor produtividade e má qualidade de fibras do algodoeiro. O desbalanço nutricional causa uma grande redução no crescimento vegetativo, acarretando diminuição do rendimento produtivo do algodoeiro. Isto acontece porque na cultura do algodoeiro existe um balanço importante entre o crescimento vegetativo e a produção e, por existir uma competição efetiva pelos fotoassimilados entre as partes vegetativas e reprodutivas. Uma maneira de minimizar os efeitos negativos do uso de fertilizantes desbalanceado é conhecer as exigências nutricionais da cultura bem como o estádio nutricional em que ela se encontra no momento da frutificação. A cinza vegetal é um resíduo procedente da queima da madeira que dependendo de sua origem pode apresentar quantidades expressivas de nutrientes, principalmente, P, K, Ca e Mg, exceto o N que é perdido no momento da combustão. Por apresentar grandes quantidades destes elementos a adubação orgânica com cinza vegetal, deverá ser minuciosamente estudada, pois seu uso demasiado poderá resultar em toxidez nutricional e inviabilizar a produtividade. Por apresentar carência de N, a adubação orgânica com cinza vegetal exige o uso de fertilizantes nitrogenados. Uma das alternativas para suprir a deficiência nitrogenada é o uso de sulfato de amônio por apresentar em sua fórmula N e S, elementos essenciais para a composição de aminoácidos básicos como cistina, cisteína, metionina, dentre outros. Existem alguns trabalhos de pesquisa que apontam algumas vantagens do uso da cinza vegetal como fonte de nutrientes para o cultivo de plantas, dentre estes poderemos destacar os de Zhang e Nanzyo (2002) e os de Materechera e Mkhabela (2002). Quanto ao suplemento nutricional com adubos nitrogenados poderemos citar o trabalho de Carvalho et al. (2001). Neste contexto esta pesquisa objetivou avaliar o estádio nutricional do algodoeiro cultivar BRS 200 marrom cultivadas em função da aplicação de doses de cinza vegetal e sulfato de amônio. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em casa de vegetação, na Embrapa Algodão, Campina Grande, PB, no período de setembro a novembro de 2004, utilizando sementes da cultivar BRS 200 marrom. Adotou-se delineamento em blocos ao acaso, com 3 repetições e 10 tratamentos constituídos por 6 doses de cinza vegetal (0, 1,5, 3,0, 4,5, 6,0 e 7,5t/ha) e 4 tratamentos adicionais constituído por 4 doses de sulfato de amônio (50, 100, 150 e 200 kg/ha) aplicados a dose fixa de cinza vegetal de 4,5 t/ha. A parcela experimental foi constituída por 1 vaso, contendo uma planta cada. A adubação orgânica das plantas foi realizada 48 horas antes do plantio incorporando a cinza vegetal ao solo. Para o cultivo das plantas utilizaram-se vasos com capacidade para 20 litros. Foram utilizadas sementes de algodão da cultivar BRS 200 marrom. A semeadura foi realizada diretamente nos vasos, plantando-se três sementes por vaso para posterior desbaste. A adubação nitrogenada foi parcelada em 3 vezes sendo o primeiro terço aplicado 30 dias após a germinação, o segundo aos 45 dias e o terceiro aos 60 dias após a germinação.

Aos 110 dias após a germinação foram determinadas as seguintes variáveis de produção: número médio de frutos, peso médio de capulhos (g), massa seca de parte aérea e produção(g). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e análise de regressão polinomial para comparar os efeitos das doses de cinza vegetal e do sulfato de amônio, segundo recomendações de Santos et al. (2003). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Figura 1 estão apresentados os valores médios de número de frutos, peso médio de capulho, massa seca de parte aérea e produção de algodão colorido BRS 200 marrom. A frutificação foi fortemente influenciada pelas doses de sulfato de amônio obtendo-se valores médios de 4 a 7 frutos para 0 e 10kg/ha de sulfato de amônio, respectivamente. Era esperado que uma fonte rica em nitrogênio e enxofre como é o caso do sulfato de amônio promovesse resultados expressivos na produção. Em condições adequadas de nutrientes, particularmente o N a planta fotosintetiza abundantemente e descarrega os fotoassimilados para a produção de drenos como é o caso dos frutos. Quanto aos efeitos da aplicação da cinza vegetal verificou-se que o número médio de frutos foi influenciado tanto pela adição da cinza vegetal bem como do sulfato de amônio. Comparando-se a frutificação média da planta entre a testemunha (0t/ha de cinza) e a maior dose de cinza vegetal utilizada (7,5 t/ha) verifica-se resposta linear da planta para esta variável. A frutificação foi incrementada em torno de 100% entre a menor e maior dose testada. Para o peso médio de capulhos, verificou-se maior destaque para as doses de sulfato de amônio. Contudo, não foi verificada diferenças significativas entre qualquer dose e entre a testemunha (dose 0). Carvalho et al., 2001 também não constatou diferenças significativas para peso de capulho de algodão cv IAC 22. Provavelmente estes resultados possam ser explicados em parte pela carga genética da cultivar utilizada. Quanto à massa seca de parte aérea, observou-se resposta significativa do sulfato de amônio com variação de peso entre 15 e 45 g, respectivamente entre a menor (0 kg/ha) e a maior dose (120 kg/ha). Observam-se diferenças significativas entre as doses testadas apresentando tendências de crescimento linear. O nível de resposta da cultivar enquadra-se em uma condição de média resposta esperada a aplicação de nitrogênio, conforme Silva (1996). Comparando-se os efeitos da aplicação das doses de cinza vegetal no acúmulo de massa seca de parte aérea verifica-se resposta quadrática com valores entre 13 e 34 g/planta. Este fato indica, pois, que a adubação com cinza vegetal pode ser uma alternativa viável para a cultura do algodão, desde que se forneça os nutrientes na dose certa para que sejam evitados distúrbios nutricionais e ou toxidez. Para a produtividade, o maior valor (50 g) foi verificado quando se aplicou a dose mais elevada de sulfato de amônio (120 kg/ha). Segundo Freire et al. (1998) os níveis de produtividade obtidos para o Centro Oeste são cerca de 2.550 a 3.750 kg/ha. Considerando esta faixa como referência os valores obtidos nesta pesquisa foram de 3. 333 kg/ha quando adubado com a maior dose de sulfato de amônio, evidenciando a resposta da cultura a aplicação do nitrogênio. Resultados similares aos obtidos neste trabalho também foram verificados por Carvalho et al. (2001) trabalhando com adubação nitrogenada para a cultura do algodoeiro.

8 7 6 5 4 3 2 1 0

10

SA = -0,19x 2 + 1,74x + 3,06 R2 = 0,99 0

Nº médio de frutos/planta

Nº médio de frutos/planta

Com relação aos efeitos da aplicação da cinza vegetal, observando-se a Figura 1, verifica-se resposta linear com valores entre 13 e 32 g/planta, valores inferiores aos obtidos quando se aplicou sulfato de amônio. Se considerarmos a produção media de 2.131 kg/ha e contrastarmos com os dados da literatura observa-se que a produção obtida encontra-se abaixo do nível desejado. Considerando-se estes resultados pode-se concluir que a cinza vegetal não deve ser utilizada isoladamente, mas sempre acompanhada de uma adubação nitrogenada.

4 2 0

3 2 SA = 0,028x 2 + 0,008x + 3,97 R2 = 0,91

0 0

3,0

4,5

6,0

7,5

Doses de cinza vegetal (t/ha)

30

60

90

4 3,5 3 2,5

0,0

0

30

60

90

120

Doses de sulfato de amônio (kg/ha)

Massa seca de parte aérea (g)

SA = -0,66x 2 + 9,98x + 6,61 R2 = 0,91

2

2

CV = 0,02x + 0,05x + 3,89 R = 0,98

2

120

Doses de sulfato de amônio (kg/ha)

Massa seca de parte aérea (g)

1,5

4,5

4

45 40 35 30 25 20 15 10 5 0

CV = -0,025x 2 + 0,78x + 3,86 R2 = 0,96 0,0

Peso médio de capulho (g)

Peso médio de capulho (g)

6

30 60 90 120 Doses de sulfato de amônio (kg/ha)

5

1

8

1,5 3,0 4,5 6,0 7,5 Doses de cinza vegetal (t/ha)

35 30 25 20 15 10 5

2

2

CV = -1,15x + 11,83x + 2,41 R = 0,97

0 0,0

1,5

3,0

4,5

6,0

Doses de cinza vegetal (t/ha)

7,5

35

50

30

Produção (g/planta)

Produção (g/planta)

60

40 30 20 10

2

2

SA = -3,35x + 26,99x - 4,85 R = 0,97

0 0

30

60

90

120

25 20 15 10 5

CV = -0,07x 2 + 3,22x + 15,53 R2 = 0,94

0 0,0

1,5

3,0

4,5

6,0

7,5

Doses de cinza vegetal (t/ha)

Doses de sulfato de amônio (kg/ha)

Figura 1. Número médio de frutos, peso médio de capulho (g), massa seca de parte aérea (g) e produção(g) do algodoeiro, cv. Rubi em função da adição de doses de cinza vegetal (CV) e lodo de esgoto (LE) ao solo. Campina Grande, 2005

CONCLUSÕES 1. A cinza vegetal pode ser utilizada como fonte de nutrientes para a cultura do algodoeiro, desde que seja acompanhada de um suprimento adicional com um fertilizante nitrogenado; 2. A aplicação de 4,5 t/ha de cinza vegetal associada a 120 kg/ha de sulfato de amônio pode ser uma alternativa para a adubação desta espécie desde que o solo apresente baixa fertilidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, M. A. C.; PAULINO, H. B.; FURLANI JÚNIOR, E.; BUZETTI, S.; SÁ, M. E.; ATHAYDE, M. L. F. Uso da adubação foliar nitrogenada e potássica no algodoeiro. Bragantia, v. 60, n. 3, p. 239-244, 2001. FREIRE, E. C.; FARIAS, F. J. C.; FERRAZ, C. T. Cultivares. In: EMBRAPA-CPAO. Algodão: Informações técnicas. EMBRAPA-CNPA: Campina Grande, 1998. p. 85-102. (Circular Técnica, 7). MATERECHERA, S. A.; MKHABELA, T. S. The effectiveness of lime, chicken manure and leaf litter ash in ameliorating acidity in a soil previously under black wattle (Acacia mearnsii) plantation. Bioresource Technology, v. 85, p. 9-16, 2002. SANTOS, J. W.; GHEY, H. R. (Eds). Estatística experimental aplicada. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2003. 213 p.

SILVA, N. M.; RAIJ, B. V. Fibrosas. In: RAIJ, B. V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A. M. C. (Eds). Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2 ed. Campinas: IAC, 1996. cap. 16, p. 107-118. ZHANG, F. S.; YAMASAKI, S.; NANZYO, M. Waste ashes for use in agricultural production: I. Liming effect, contents of plants nutrients and chemical characteristics of some metals. Science Total Environment, v. 284, p. 215-225, 2002.

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