USOS ETNOBOTÂNICOS DAS FREGUESIAS DA AGUALVA E BISCOITOS NA ILHA TERCEIRA-AÇORES-PORTUGAL

USOS ETNOBOTÂNICOS DAS FREGUESIAS DA AGUALVA E BISCOITOS NA ILHA TERCEIRA-AÇORES-PORTUGAL Célia Ourique, Débora Guilherme, Sara Alves & Félix Rodrigues Universidade dos Açores – Campus de Angra do Heroísmo

Resumo

Este trabalho insere-se na área da etnobotânica, senso lato, e visou recolher os usos ancestrais dados pela população da freguesia da Agualva, no norte da ilha Terceira, às plantas a que tinham acesso. Para tal, recorreu-se a informantes, considerados pela população da freguesia como sendo detentores desse conhecimento, aos quais se realizou uma entrevista. A entrevista etnobotânica visou recolher informações sobre o uso de plantas na alimentação humana, na medicina tradicional e utilizadas na alimentação dos animais. Os informantes tinham idades superiores aos 60 anos. Das vinte e duas plantas referidas como sendo usadas na alimentação humana destacamse algumas pouco usuais em sopas, como por exemplo o saramago (Raphanus raphanistrum), coucelos (Umbilicus rupestres) e urtiga (Urtica urens) e o Perrexil-domar (Crithmum maritimum) usado como “pickle”. O número de plantas referidas pelos informantes da Agualva, como tendo usos medicinais foi muito superior ao da categoria anterior (55), destacando-se pela sua singularidade a hédera (Hedera helix) usada no combate à tosse convulsa e a cenoura brava (Daucus carota ssp. azorica) cujo chá da raiz e sementes servia para controlo de cólicas e tratamento de furúnculos. As plantas referidas como sendo utilizadas na alimentação dos animais são aparentemente comuns a muitos outros locais, destacando-se como exemplo a que designam por trepadeira (Transdescantia fluminenses), usada na alimentação das galinhas e a bolota (Parkia platycephala), originária do Brasil, usada na alimentação dos porcos. À tradicional bolota, fruto do carvalho (Quercus rotundifolia), que também foi usada na alimentação dos porcos, designaram-na por “baga de carvalho”.

Palavras Chave: Etnobotânica, Plantas Medicinais, Património, Cultura, História.

Universidade dos Açores, Angra do Heroísmo 12 e 13 de Abril de 2013-Angra do Heroísmo