Utilização de evidências nas decisões dos projetos para a saúde

July 3, 2017 | Autor: Marcio Oliveira | Categoria: Evidence Based Design, Arquitetura hospitalar, Salutogenic Design
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Utilização de evidências nas decisões dos projetos para a saúde Arq. Marcio Nascimento de Oliveira, MSc. Publicado na revista HealthARQ Nº15, maio de 2015 Acesso: http://issuu.com/grupomidia/docs/healtharq_site/1

Em seu artigo “Um novo paradigma do design para a saúde no planejamento hospitalar” publicado em 2006, o presidente da organização International Academy for Design and Health, Alan Dilani, demonstra que os processos da saúde podem ser reforçados e promovidos por meio da implementação de um design salutogênico, ou seja, que incide sobre os fatores que mantêm o nosso bem-estar, e não aqueles que nos fazem mal. O objetivo de um projeto de apoio psicossocial, segundo Dilani, seria estimular a mente, a fim de proporcionar prazer, criatividade e satisfação. Para se criar ambientes físicos que exerçam

o indivíduo, seria crucial entender as necessidades fundamentais deste

indivíduo. De mesma forma, seria imprescindivel que diferentes áreas profissionais interajam e se complementem. As diretrizes para a criação de um design coerente com o chamado “projeto salutogênico”, defendidas por Dilani e outros autores, destacam principamente os seguintes fatores: Participação Social (provendo locais para encontros formais e informais); Controle pessoal (possibilitando a regulagem da iluminação artificial, luz natural, som, temperatura e privacidade); Restauração e Relaxamento (provendo ambientes tranquilos, iluminação suave, acesso à natureza e vista para a natureza). Neste contexto, a saúde física poderia ser promovida por um design ergonômico. A saúde mental poderia ser promovida pelo controle pessoal e pela previsibilidade, bem como por elementos estéticos e simbólicos. Já a saúde social poderia ser promovida pelo acesso a uma rede de apoio social e pela participação no processo do design.

No século XIX a enfermeira Florence Nightingale desenvolveu sua teoria de cuidados com a saúde, na qual enfatizava que os elementos físicos são vitais para a saúde do indivíduo. Ruído, iluminação e luz natural foram, por exemplo, considerados como fatores vitais para afetar o humor e a saúde do paciente. Na década de 1990, o conceito de Healing Environment (ambientes de cura) surgiu como uma tentativa de se projetar espaços hospitalares usando pesquisas advindas das neurociências, da biologia evolutiva e do design ambiental. Uma linha comum em toda as pesquisas desta época foi a redução dos níveis de estresse de pacientes e trabalhadores da saúde. Desde esta época, a instituição Center for Health Design – CHD dos EUA produz, patrocina e publica trabalhos que

relacionam o design do ambiente físico hospitalar com os resultados da saúde. Hoje já existem centenas de estudos que podem ser utilizados para informar e influenciar as principais recomendações de projeto, formando a base do que se convencionou chamar de Evidence Based Design (Design Baseado em Evidências), que está longe de ser uma nova tendência, apesar de ter evoluido muito nos ultimos 15 anos.

A renomada designer norte-americana, Jain Malkin, eleita uma das 10 profissionais mais influentes na área da saúde na Califórnia e defensora do Design Basado em Evidências, diz que seria irresponsável, como designer de projetos da saúde, não fazer uso de todas as informações de maior qualidade disponíveis, para melhorar a segurança dos pacientes e dos trabalhadores, e para tornar os ambientes mais confortáveis e resolutivos.

A maioria dos hospitais projetados nos últimos anos nos Estados Unidos adotou a estratégia de usar a pesquisa para basear as decisões sobre seus novos projetos. Hoje é difícil que um hospital norte-americano não cobre de sua equipe de arquitetura a utilização dos conceitos e práticas do projeto baseado em evidências.

Esta situação, inevitavelmente, desperta questões acerca da discussão se a utilização do Design Baseado em Evidências sufocaria a criatividade e a inovação. Algo como: se esta solução já foi extensivamente testada e comprovada, então para quê inovar? Pode se argumentar que mesmo os maiores Chefs tiveram que passar por uma escola de Gastronomia, onde aprenderam os princípios básicos da cozinha que os permiiu compreender a química dos alimentos, e utilizar estas informações como uma plataforma de lançamento para as suas próprias criações gastronômicas. O mesmo deveria ser feito, portanto, com relação às recomendações do Design Baseado em Evidências e os conceitos de Projeto Salutogênico. Ao se apropriar de soluções comprovadamente eficazes, os designers e arquitetos podem usufruir de maior segurança, sem que isto signifique abrir mão de sua criatividade e capacidade de inovação.

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