UTILIZAÇÃO DE MODELOS TRIDIMENSIONAIS COMO FERRAMENTA DE APOIO PARA O ENSINO DE EMBRIOLOGIA HUMANA

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UTILIZAÇÃO DE MODELOS TRIDIMENSIONAIS COMO FERRAMENTA DE APOIO PARA O ENSINO DE EMBRIOLOGIA HUMANA Rafael Alves Ramos¹ Mayke Bezerra Alencar¹ Thays Sousa Fontes¹ Camila Chagas Correia¹ ¹ Graduandos em Licenciatura plena em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL

Resumo: O ensino de ciências e biologia, por se tratar de um estudo geralmente microscópico, onde os únicos exemplos, na maioria das vezes são gravuras que compõem o livro didático, é tido como trabalhoso da parte dos professores. Determinados assuntos, por exemplo, o desenvolvimento embrionário humano tornando-se assim desafiante propiciar a aprendizagem e a relação teoria e prática. Relatamos neste trabalho a construção de modelos tridimensionais como recurso alternativo e didático na construção do conhecimento dos alunos. O objetivo do trabalho foi construir modelos embrionários e disponibilizá-los para eventuais aulas no intuito de facilitarem o entendimento dos processos de fertilização, clivagem do zigoto e toda etapa da primeira semana do desenvolvimento humano. Para a confecção dos modelos tridimensionais, buscou-se fazer analogia de materiais simples com os detalhes esmiuçados de cada peça a ser construída, com isso, utilizaram-se, preferencialmente materiais que já são de uso escolar e bastante encontrado nas escolas e papelarias. Os modelos podem ser utilizados tanto como instrumentos de apoio, quando trabalhados concomitantemente com o conteúdo desenvolvido em sala, como também servirão de instrumento para a fixação do conteúdo já trabalhado quando apresentados após o estudo teórico, ficando a critério de o professor saber o momento certo de iniciar a atividade prática. Trabalhar esses modelos tridimensionais é uma alternativa encontrada para que os alunos possam apreender e fixarem melhor os conteúdos. As atividades são vantajosas e apresentam resultados satisfatórios, uma vez que, a partir do momento que se permite a visualização didática de modelos, seja lá de qualquer área do conhecimento cientifico, verifica-se uma apropriação do conhecimento seqüenciado, podendo assim, os alunos criarem uma imagem significativa de tais eventos. Entretanto, quando for solicitada a criação dos modelos pelos próprios alunos, esta atividade deve ser desenvolvida como atividade extra-sala, para não comprometer o plano de ensino. Palavras- chave: Instrumento de ensino. Alternativa metodológica. Ensino e Aprendizagem. INTRODUÇÃO As disciplinas ciências e biologia são tidas por parte dos alunos como complexas e aliado a isso, a realidade das escolas brasileiras em especial as públicas, com a falta de

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espaços para execução de atividades extraclasse, carência de instrumentos e recursos de ensino, limitam propostas de ensino de até mesmo, professores que são considerados “contemporâneos”. Sabendo que não existe metodologia que contemple toda a heterogeneidade encontrada nas escolas, a tendência é buscar alternativas metodológicas que facilitem o processo de ensino e aprendizagem, ainda mais quando de fato o livro didático é o principal instrumento utilizando e de modo geral torna o professor refém de autores indicados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) Implicando em que os alunos devam aprender através de imagens estáticas, onde precisam associar e relacionar os processos vitais e metabólicos que ocorrem na esfera vida. O ensino de ciências deve ser entendido como “uma alavanca preciosa para o desenvolvimento da passagem à abstração, das capacidades de raciocínio e de antecipação, favorecendo o acesso a novas operações mentais” (ASTOLFI et. al., 1998) Os recursos didáticos utilizados em sala de aula, na maioria das vezes de forma inovadora, surpreendem os alunos, pois, são diversificadas as técnicas que podem ser utilizadas no ensino da ciência (BASTOS; FARIA, 2011). Entende-se por recurso didático todo aquele material que auxilia e serve de suporte para aula expositiva, sendo assim facilitador do processo de ensino e aprendizagem. De acordo com Junior et al. (2010): Os recursos didáticos envolvem uma diversidade de elementos utilizados como suporte experimental na organização do processo de ensino e de aprendizagem. Sua finalidade é servir d e interface mediadora para facilitar na relação entre professor, aluno e o conhecimento um momento preciso da elaboração do saber

O ensino de ciências e biologia por compreender aspectos microscópicos e macroscópicos para seu entendimento torna-se dependente de tais alternativas metodológicas, ainda mais quando se pensado que nossas escolas carecem de salas de laboratórios, peças e protótipos em que se possam conceber os manuseios tanto por professores, quanto por alunos. Portanto, seriam os modelos tridimensionais um instrumento de apoio em que associaria aulas expositivas com a construção de material palpável, acessível à visualização e uma análise concisa do conteúdo estudo.

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Sendo assim, a proposta deste trabalho foi facilitar o processo de ensino e aprendizagem a partir da criação de recursos didáticos, mais especificamente modelos tridimensionais do desenvolvimento embriológico humano.

MATERIAIS E MÉTODOS Para a confecção dos modelos embrionários no que diz respeito à fecundação e suas fases, clivagem e formação do blastocisto, buscou-se inicialmente, através de um estudo das imagens, fazer analogia de materiais simples com os detalhes esmiuçados de cada peça a ser construída, com isso utilizou-se, preferencialmente materiais que já são de uso escolar e bastante encontrado em escolas e papelarias. Os materiais utilizados foram 200 esferas de isopor de tamanhos variados (pequenas, médias e grandes) para formar o corpo (zona pelúcida em algumas peças) de todos os modelos embrionários, desde o início da fertilização bem como suas fases até a formação do blastocisto tardio. Fez-se recorte das esferas dos isopores utilizando de preferência estiletes a fim de obter representações de células foliculares (isopor pequeno) do oócito (isopor médio e grande), fases da fertilização e clivagem do zigoto (isopor médio). Foram utilizadas 4 folhas de isopor para compor e sustentar a base de todas as peças; 10 folhas de emborrachado azul que fizeram parte do revestimento destas bases. Para as formas modulares citoplasmática das fases da fertilização e do zigoto em clivagem deu-se preferência a utilizar papeis de revistas ou jornais hidratados, que permitiu alcançar o modelo circular, fiel às representações visuais tidas nos livros didáticos e mais 15 caixas de massa de modelar de variadas cores que compuseram o revestimento destas representações do citoplasma e das células em divisão (clivagem), também para a criação dos pronúcleos e núcleos e todas as células do blastocisto optouse pela massa de modelar, utilizou-se da mesma técnica de hidratação do papel para revestir o corpo do blastocisto. Outros materiais foram: a tinta guache e acrílica (15 tubos) de variadas cores para a pintura do material, quando necessário; 3 tubos de cola para isopor que serviu para a colagem de todo material; 3 tubos de cola para a fixação do papel hidratado; pincéis de variados tamanhos (pequeno, médio e grande) para pintar as esferas de isopor e as formas celulares; pedaços de fios de aço finos que representaram as caldas dos

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espermatozoides; palitos de dente que fizeram parte da estrutura de todos os modelos para fim de suporte, e marcador de tinta permanente para dar contorno às células e cromossomos que precisaram ser expressas.

Os modelos tridimensionais e o ensino de embriologia humana: uma proposta de trabalho É cada vez mais necessário o uso de inovações didáticas no ensino de Ciências e Biologia, tanto para alunos de Ensino Fundamental quanto do Ensino Médio. Essas inovações são consideradas um meio de buscar novas soluções para velhos problemas de ensino e aprendizagem. Tais soluções se concretizam como estratégias que buscam a interação dos alunos com a Ciência e com o tema tratado. (BESERRA; BRITO, 2012)

O ensino de embriologia, sempre é tido como trabalhoso da parte dos professores de biologia por ser um estudo minucioso, principalmente da primeira até a quarta semana de desenvolvimento embrionário, onde os únicos exemplos, na maioria das vezes são gravuras que compõem o livro didático. Ainda sim, levado em conta as dificuldades que muitos alunos apresentam na compreensão dos fenômenos biológicos, Gianotto & Diniz (2010) afirmam que para aprender biologia, não é necessário decorar nomes, conceitos, definições e esquemas, mais que isso é preciso entender os processos que ocorrem na natureza e nos organismos que a compõem e posterior, fazer a relação com o seu cotidiano. Recentemente se têm desenvolvido novas metodologias a partir de recursos alternativos, que se baseiam na construção de modelos tridimensionais de estruturas biológicas, garantindo assim boa visualização de estruturas morfológicas (Araújo-deAlmeida, 2007). Dessa maneira a apresentação desses modelos embrionários seria uma forma de demonstrar e interpretar esses eventos biológicos coordenados que ocorrem no processo do desenvolvimento humano até o nascimento. Para Beserra e Brito (2012, p. 72): Os modelos didáticos correspondem a um sistema figurativo que reproduz a realidade de forma especializada e concreta, tornando-a mais compreensível ao aluno (Justina, 2006), portanto a criação do modelo didático deve ser feita de maneira explicativa e a representar, com a máxima clareza, a realidade.

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Tornar esse ensino significativo é um dos desafios e relacionar a teoria à prática através da construção de modelos tridimensionais possibilita aos alunos obterem resultados satisfatórios em relação à construção do conhecimento. Muitos autores e pesquisadores são unânimes em reconhecer que as atividades práticas e experimentais são fundamentais na consolidação da aprendizagem [...] fica evidente a necessidade da utilização dessas atividades práticas e experimentais, devidamente articuladas à teoria para que o aluno possa apropriar-se do conhecimento científico, assimilando ou reformulando conceitos e atribuindo-lhes significado (PDE, 2008, p. 15).

Dessa forma tais modelos podem ser utilizados tanto como facilitadores da aprendizagem, quando trabalhados concomitantemente com o conteúdo escrito desenvolvido em sala, também servirão de instrumento para a fixação do conteúdo já trabalhado quando apresentados após o estudo teórico, ficando a critério do professor saber o momento certo de iniciar a atividade prática. É válido ressaltar que além de contemplar os detalhes intrínsecos de cada modelo de maneira visual, permite também o manuseio das peças de forma que os alunos terão noção de vários ângulos, ajudando assim os mesmo a obterem uma visão menos abstrata do material em estudo, como também mediar uma compreensão real e propiciando uma concepção análoga com os escritos. Portanto, trabalhar esses modelos tridimensionais é uma alternativa encontrada para que os alunos possam apreender e fixar melhor os conteúdos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Sabendo da importância de atividades práticas e expositivas e da sua função no auxilio do ensino e aprendizagem dos alunos, verifica-se que tais atividades são vantajosas e apresentam resultados satisfatórios, uma vez que na exposição pode-se unir saberes teóricos e aliá-los à prática a partir do momento que se permite a visualização didática de modelos, independente da área do conhecimento cientifico em que o mesmo se enquadre, verifica-se uma apropriação do conhecimento sequenciado podendo assim os alunos, criarem uma imagem significativa de tais eventos, no caso embriológicos. Entretanto, para a confecção é necessário um tempo hábil de reflexão para a análise de possíveis materiais, optando pelos reciclados e barateando assim o orçamento, outro ponto é que se deve preferir a criação desses materiais como atividade extra-sala, para não comprometer o plano de ensino.

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REFERÊNCIAS ARAUJO-DE- ALMEIDA, E. Modelagem de cladogramas tridimensionais e aprendizagem de conceitos em Sistemática Filogenética. In: Anais do IV Colóquio Nacional em Epistemologia das Ciências da Educação. Natal: IV CNECE, 2007. ASTOLFI, J. P.; PETERFALVI, B.; VÉRIN, A. Como as crianças aprendem as ciências. Lisboa: Instituto Piaget, 1998. BASTOS, Keine Maria de; FARIA, Joana Cristina Neves de Menezes. Aplicação de modelos didáticos para abordagem da célula animal e vegetal, um estudo de caso. ENCICLOPÉDIA A BIOSFERA, Centro Científico Conhecer – Goiânia, vol, 7, n.13; 2011. BESERRA, Joallyson Gonçalves; BRITO, Carlos Henrique de. Modelagem didática tridimensional de artrópodes, como método para ensino de ciências e biologia. Revista Brasileira de Ensino de Ciências e Tecnologia v. 5 n. 3; 2012. GIANOTTO, D. E. P. & DINIZ, R. E. S. Formação Inicial de Professores de Biologia: A metodologia colaborativa mediada pelo computador e a aprendizagem para a docência. Bauru: Ciência & Educação, v. 16, n. 3, p. 631-648, 2010. JÚNIOR, Silvio Francisco Pereira; GOMES, Danielle Araújo; SOUZA, Lindomar Maria de; ANDRADE, Carolina Cunha; OLIVEIRA, Gilvaneide Ferreira. Aplicação do modelo didático na compreensão do conteúdo: Morfologia Viral. X Jornada de ensino, pesquisa e extensão – jepex 2010. UFRPE. Recife, 18 a 22 de outubro. Disponível em: < www.sigeventos.com.br/jepex/inscricao/resumos/0001/R01551.PDF>. PDE (Brasil). O professor PDE e os desafios da escola pública paranaense, Produção Didático pedagógica. Cadernos Programas de Desenvolvimento Educacional. 2008. Disponível em< http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/20 08_unioeste_cien_md_volnecir_hoffmann.pdf>. Acesso em: 18 out. 2014

ANEXOS:

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Imagem 1. Penetração do Espermatozoide na zona pelúcida

Imagem 2. Fases da Fecundação até a formação do zigoto

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Imagem 3. Seções da clivagem do zigoto

Imagem 4. Blastocisto tardio e final da 1º semana do desenvolvimento humano

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