Utilização de Softwares BIM na Construção de Edifícios

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Descrição do Produto

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE ESCOLA DE ENGENHARIA ENGENHARIA CIVIL

GABRIEL RIBEIRO BOLOGNESE RODOLFO PAVILAVICIUS DE MATOS VINÍCIUS FARIAS DE CARVALHO YURI NUNES TOBIAS

UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES BIM NA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS

São Paulo 2016

GABRIEL RIBEIRO BOLOGNESE RODOLFO PAVILAVICIUS DE MATOS VINÍCIUS FARIAS DE CARVALHO YURI NUNES TOBIAS

UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES BIM NA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Civil da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial para a obtenção do Título de Engenheiro.

ORIENTADOR: PROF. DR. EDSON DE ALMEIDA REGO BARROS

São Paulo 2016

AGRADECIMENTOS Agradecemos a Universidade Presbiteriana Mackenzie e seu corpo docente, pela oportunidade de cursarmos Engenharia Civil em uma instituição renomada e pela oportunidade de podermos usufruir de toda estrutura e qualidade para nossa formação. Aos profissionais e empresas que nos auxiliaram e cederam tempo para a execução desse trabalho. Ao nosso orientador e aos professores pelo empenho que dedicaram à elaboração desse trabalho. Agradecemos também as nossas famílias, amigos e a todos que participaram desse trabalho de forma direta ou indireta.

“A primeira regra de qualquer tecnologia utilizada nos negócios é que a automação aplicada a uma operação eficiente aumentará a eficiência. A segunda é que a automação aplicada a uma operação ineficiente aumentará a ineficiência.”. (Bill Gates)

RESUMO Este trabalho estuda a utilização de softwares BIM na construção de edifícios, demonstrando os problemas e as vantagens tanto na compatibilização de projetos, como na área econômica e no desempenho geral da obra. Analisa desde a implantação até o uso completo dos softwares no planejamento, gestão e execução das construções. Foram feitos estudos e entrevistas com duas empresas do ramo da construção civil, uma no início da implantação e outra no final, que evidenciaram todos os pontos positivos e negativos encontrados. O resultado demonstrou que o uso desses softwares traz inúmeras vantagens para todo ciclo do projeto, entretanto, mostrou as diversas dificuldades que precisam ser resolvidas, para que ocorra uma difusão dessas ferramentas no Brasil. Palavras-chave: BIM. Implantação. Revit. Construção. Engenharia Civil.

ABSTRACT This research studies the use of BIM softwares in construction companies, demonstrating the advantages and problems in project compatibility, in the economic realm and in the overall performance of constructions. Two civil engineering companies were observed and interviewed, one at the beginning of the use of BIM softwares and the other in the final stage of application. Studies showed the positive and negative aspects found from implementation of the platform to full use of the softwares in planning, management and execution of buildings. The final results sustained that the use of these softwares brings numerous advantages to the entire project cycle; however, its application also faced a variety of difficulties that need to be addressed for a wider spread of these tools in Brazil. Keywords: BIM. Implementation. Revit. Construction. Engineering.

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Abordagem sugerida em estágios para tornar o BIM mandatório em programas financiados pelo Governo Federal no Brasil. .................................... 35 Tabela 2 Comparação entre os quantitativos .......................................................................... 39

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Tela 1

AutoCAD 2013 – Projeto 2D.......................................................... 16

Tela 2

AutoCAD 2013 – Projeto 3D.......................................................... 16

Tela 3

Revit 2016 ....................................................................................... 17

Tela 4

Layout ArchiCAD ........................................................................... 20

Tela 5

Layout Vectorworks ........................................................................ 20

Tela 6

Layout Revit .................................................................................... 21

Planta 1

Projeto 2D desenvolvido no AutoCAD .......................................... 23

Imagem 1

Interpretação 3D ............................................................................. 24

Desenho Esquemático 1 Processo Tradicional ....................................................................... 25 Desenho Esquemático 2 Processo BIM .................................................................................. 25 Desenho Esquemático 3 Interferências entre projetos ............................................................ 36 Fluxograma 1

Etapas das pesquisas nos estudos sobre o BIM. .............................. 39

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1

Utilização de Soluções BIM ................................................................................. 22

Gráfico 2

Níveis do BIM ...................................................................................................... 23

Gráfico 3

Porcentagem de empreiteiros em cada grau de engajamento (por país) ............... 27

Gráfico 4

Nível de engajamento (de acordo com o tamanho da empresa) ........................... 28

Gráfico 5

Retorno de Investimento em BIM ........................................................................ 28

Gráfico 6

Porcentagem de empreiteiros que atribuem importância para investir em BIM (divididos por região) .................................................................................. 29

Gráfico 7

Adesão do BIM por tamanho de empresa............................................................. 31

Gráfico 8

Retorno de Investimento em BIM por nível de engajamento das empresas......... 31

Gráfico 9

Tempo de desenvolvimento de atividades relacionadas a BIM............................ 32

Gráfico 10

Nível de Engajamento em BIM .......................................................................... 33

Gráfico 11

Nível de conhecimento em BIM ......................................................................... 33

Gráfico 12 Nível de implantação do BIM............................................................................... 33 Gráfico 13 Percepção de Retorno de Investimento em BIM .................................................. 35 Gráfico 14 Porcentagem de gastos extras devido a mudanças de projeto .............................. 37 Gráfico 15 Curva de Macleamy .............................................................................................. 40 Gráfico 16 Produtividade durante a implantação do BIM ...................................................... 43 Gráfico 17 Importância atribuída ao uso do BIM para a melhoria de desempenho do setor de construção civil. ..................................................................................... 44

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS 2D

Duas Dimensões

3D

Três Dimensões

4D

Quatro Dimensões

5D

Cinco Dimensões

6D

Seis Dimensões

7D

Sete Dimensões

8D

Oito Dimensões

BIM

Building Information Modeling

CAD

Computer Aided Design

CBIC

Câmara Brasileira da Industria da Construção

EAP

Estrutura Analítica de Projeto

EUA

Estados Unidos da América

IBGE

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IFC

Industry Foundation Classes

IPI

Imposto sobre produtos industrializados

ISO

International Organization for Standardization

MDIC

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

NBR

Norma Brasileira de Regulamentação

OHSAS

Occupational Health and Safety Advisory Services

PIB

Produto Interno Bruto

ROI

Return of Investment

TI

Tecnologia da Informação

VDC

Virtual Design Construction

SUMÁRIO 1

INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 11

1.1

OBJETIVOS ................................................................................................................... 11

1.1.1 Objetivo geral................................................................................................................ 11 1.1.2 Objetivos específicos...................................................................................................... 11 1.2

JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 12

1.3

METODOLOGIA ........................................................................................................... 13

1.4

ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................... 14

2

PESQUISA TEÓRICA – REVISÃO DA LITERATURA ........................................ 15

2.1

DIFERENÇA DE SOFTWARES CAD E SOFTWARES BIM ........................................ 15

2.2

AS FERRAMENTAS BIM, CARACTERÍSTICAS, USOS E LIMITAÇÕES. ............. 18

2.2.1 Ferramentas BIM .......................................................................................................... 18 2.2.2 Características, usos e limitações ................................................................................. 22 2.3

BIM NO MUNDO........................................................................................................... 26

2.3.1 BIM na América do Norte ............................................................................................ 30 2.3.2 BIM no Brasil................................................................................................................. 32 2.4

VANTAGENS NO USO DO SOFTWARE NA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS ...................................................................................................................... 36

2.5

IMPACTOS DO LEVANTAMENTO DE MATERIAIS E SERVIÇOS FEITOS PELO BIM, NO ORÇAMENTO DA OBRA ................................................................. 38

2.6

DIFICULDADES NA IMPLANTAÇÃO ....................................................................... 40

2.7

MELHORIAS NA QUALIDADE DO EMPREENDIMENTO FINAL ......................... 44

3

PESQUISA PRÁTICA ................................................................................................. 46

3.1

EMPRESA A ................................................................................................................... 46

3.1.1 Implantação do BIM na empresa A ............................................................................. 46 3.1.2 Por que implantar o BIM na empresa A? ................................................................... 48 3.1.3 Quais são as dificuldades da implantação do BIM? ................................................... 48 3.1.4 Perspectivas do BIM na empresa A ............................................................................. 49 3.2

EMPRESA B ................................................................................................................... 49

4

ANÁLISE DA PESQUISA ............................................................................................ 53

5

CONCLUSÃO ................................................................................................................ 55

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 56

11 1

INTRODUÇÃO Softwares BIM (Building Information Modeling) são programas de Modelagem

de Informação da Construção, que conseguem parametrizar todo o modelo, unificando projetos de todas as áreas, permitindo uma melhor visualização de erros e extração de informações como custo e tempo. Esses softwares são utilizados na realização de modelos de arquitetura, de estrutura e de rede, permitindo assim uma gestão planejada e precisa do projeto a ser construído. O conceito de BIM é construir virtualmente e colocar todas as informações úteis no sistema e integrá-las. No entanto, ainda existem dificuldades para a implantação do BIM no Brasil. Alguns dos softwares BIM mais conhecidos no mercado são: o Revit Architecture da Autodesk; o Navisworks da Autodesk; o ArchiCad da Graphisoft; o Bentley Architecture da Bentley; o Tekla Structures da Tekla Corp.”. Apesar de existirem todos esses softwares BIM, o Revit e o ArchiCad são os mais usados na concepção de edifícios no Brasil. A base de um sistema BIM é composta por um banco de dados que, além de exibir a geometria dos elementos em 3D, trabalha também com outras dimensões de informação, como por exemplo, 4D (tempo) e 5D (custo). Softwares BIM transmitem e guardam mais informações do que os modelos CAD tradicionais, além de seus elementos serem paramétricos, sendo possível modificar e atualizar todo o projeto constantemente. A utilização de softwares BIM cresceu muito depois que houve um aumento na competitividade, devido à entrada de novas empresas no mercado e o crescimento das já existentes. Os empreendimentos passaram a exigir projetos mais enxutos e orçamentos menores, necessitando mudanças na concepção e uma constante busca de novas tecnologias para o auxílio de um projeto final, melhor planejado e executado. 1.1 1.1.1

OBJETIVOS Objetivo geral Avaliar a contribuição dos softwares BIM na construção de edifícios.

1.1.2

Objetivos específicos a) analisar as ferramentas BIM, características, usos e limitações;

12 b) analisar as vantagens no uso do software na compatibilização de projetos; c) avaliar o impacto do levantamento de materiais e serviços feitos pelo BIM no orçamento da obra; d) verificar evoluções, progressos e ganhos no desempenho geral do empreendimento. 1.2

JUSTIFICATIVA A recessão econômica brasileira em 2015 ocasionou o recuo do Produto

Interno Bruto (PIB) de 3,8%. De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em 2015, o setor da construção civil foi responsável diretamente por 6,5% do PIB nacional. Contudo, a queda de 7,6% no PIB da construção civil, apresentada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), espelha o tamanho da dificuldade do setor e a responsabilidade na economia brasileira. Com a necessidade de reduzir custos e para melhorar o desempenho, surge a possibilidade de investir em tecnologia. Para Barison e Santos (2011, não paginado), “O BIM representa um enorme salto para a construção civil no uso da Tecnologia da Informação, permitindo que recupere décadas de atraso nesse campo.”. Para executar a construção de um edifício são necessários diversos projetos de áreas diferentes. Esses projetos precisam estar 100% compatíveis para que não ocorram retrabalhos ou mudanças constantes. Os custos para compatibilizar projetos de uma obra são baixos, diferentemente dos custos que retrabalhos refletem no custo final. O uso de softwares BIM cria projetos em interfaces compartilhadas, que trabalham sempre conectadas. Devido à grande terceirização das diversas partes dos projetos de novos empreendimentos, criou-se uma demanda por processos de construção mais eficazes, gerando a necessidade de meios de compatibilização mais rápidos e fáceis, para evitar aumento de custos e prazos. A ferramenta BIM traz consigo toda uma nova forma de trabalho, em que todas as áreas envolvidas precisam trabalhar juntas para desenvolver projetos que interajam entre si, resultando em projetos em que o engenheiro possa confiar e não seja surpreendido durante a execução do empreendimento. A falta de investimentos e confiança na implementação desses softwares no mercado brasileiro ainda é comum atualmente. Tornando-se necessário provar a importância dos softwares BIM para o mercado e tapar o déficit de estrutura no setor. De acordo com Baia, Miranda e Luke (2014, p.1), “Um dos principais gargalos no setor da construção civil brasileira diz respeito à falta de qualidade dos projetos [...]”. A tecnologia BIM é considerada

13 a mais avançada quando diz respeito à compatibilização de projetos, no entanto, o baixo nível de conhecimento do setor no Brasil implica em várias dificuldades para sua implantação no mercado atual. Os problemas encontrados atualmente pelas empresas que utilizam sistemas 2D são os atrasos no cronograma, erros de orçamento e planejamento durante o ciclo de vida das obras. Confirmando a necessidade de pesquisas sobre sistemas mais eficientes e abrangentes. Segundo Mazione (2011 apud TAVARES JUNIOR, 2014, p.2), “[...] o BIM pode proporcionar mais lucro, pois permite desenvolver novos processos de trabalho que possibilitam a simulação de alternativas, avaliação imediata dos custos e a redução do tempo de projeto.”. Todas essas vantagens vêm com um alto valor de investimento na concepção inicial, algo que gera conflito nas empresas brasileiras, pois não existem muitas pesquisas no Brasil que comprovem uma forte melhoria final após a implantação do BIM. Com este trabalho será possível aprofundar os estudos em BIM para concluir as vantagens e desvantagens tecnológicas. Isso agrega conhecimento para a Engenharia Civil e serve de auxílio para a implantação do BIM nas empresas. 1.3

METODOLOGIA Este trabalho foi baseado em duas frentes, a teórica e a prática. A pesquisa teórica foi estabelecida com o estudo dos softwares BIM. As

diversas aplicações e respectivas especializações foram detalhadas, mostrando suas vantagens e consequentes dificuldades de implantação, baseadas em artigos científicos. A pesquisa prática partiu da análise feita do uso dos softwares BIM em empresas da construção civil, avaliando como eram antes e depois da implantação. Também foram feitas entrevistas seguindo os procedimentos éticos, o qual serão submetidos à Comissão de Ética em Pesquisa da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, com os engenheiros e demais funcionários envolvidos na administração da empresa e das obras, para saber como a implementação dessa tecnologia afetou o dia a dia no trabalho. A análise dos pontos positivos e negativos observados permitiu avaliar a contribuição dos softwares BIM na construção de edifícios.

14 1.4

ESTRUTURA DO TRABALHO Este trabalho está estruturado em cinco seções: A Seção 1 apresenta a Introdução, que é composta pelos seguintes itens: texto

de conceituação e caracterização do tema; Objetivos; Justificativa; e Metodologia. A Seção 2 apresenta uma pesquisa teórica contemplando a revisão da literatura sobre o tema do trabalho. São discutidos as ferramentas, usos, características e limitações e suas respectivas vantagens e desvantagens. A Seção 3 traz o estudo de caso sobre o uso de softwares BIM em empresas no Brasil, analisando as vantagens e desvantagens na concepção e compatibilização dos projetos, na execução da obra, no cronograma e orçamento. A Seção 4 analisa os resultados conquistados, após a implantação do BIM, comparando os resultados da pesquisa prática. A Seção 5 relata as conclusões do trabalho.

15 2

PESQUISA TEÓRICA – REVISÃO DA LITERATURA O BIM é uma mudança de conceito em todo o projeto. Toda essa tecnologia

mudou consideravelmente os processos de elaboração dos projetos. O BIM apareceu para mudar completamente a ideia de projetar, em que não se desenha mais, em contrapartida se projeta um modelo virtual, permitindo simular a obra em si, detectando os erros antes que eles ocorram. Não se sabe ao certo quem criou o BIM. Uma das hipóteses é a de que o Professor Charles M. Eastman do Instituto de Tecnologia da Georgia, na década de 1970, criou o conceito e o termo Building Product Model (BPM), que aparecia recorrente em seus livros, e o conceito seria basicamente o mesmo que Building Information Model (BIM). Mas a origem do termo BIM só iria aparecer e se popularizar na década de 1980, quando Jerry Laiserin começa a usar em suas aplicações, sendo a primeira aplicação em 1987, com o conceito de Edifício Virtual da ArchiCAD da Graphisoft. Para analisar a contribuição dos softwares BIM na incorporação e construção de edifícios será feita uma análise dos itens a seguir: diferença de softwares CAD e softwares BIM; as ferramentas BIM, características, usos e limitações; BIM no mundo; as vantagens no uso do software na compatibilização de projetos; o impacto do levantamento de materiais e serviços feitos no orçamento da obra; dificuldades na implantação; verificar se houve uma melhoria na qualidade do empreendimento final. 2.1

DIFERENÇA DE SOFTWARES CAD E SOFTWARES BIM O CAD é um software que surgiu para substituir os desenhos feitos a lápis com

um desenho virtual. A implantação do CAD no mercado trouxe uma melhor eficiência e melhor metodologia na criação e na edição desses projetos. O sistema CAD funciona com a inserção de elementos planares, como por exemplo, linhas, pontos e textos, em um espaço virtual por meio de vetores de coordenadas, criando um projeto 2D. Após algum tempo, os sistemas CAD evoluíram e começaram a inserir elementos tridimensionais, como por exemplo, cubos e esferas, transformando os projetos em um espaço 3D, mas continuavam sendo entidades geométricas (como demonstram as telas abaixo).

16 Tela 1 - AutoCAD 2013 – Projeto 2D

Fonte: Elaborada pelos autores (print screen do programa AutoCAD 2013). Tela 2 - AutoCAD 2013 – Projeto 3D

Fonte: Elaborada pelos autores (print screen do programa AutoCAD 2013.)

Apesar dessa evolução, pode se dizer que o sistema CAD não trouxe uma mudança de paradigma, visto que ele transformava os desenhos à mão em desenhos virtuais. Já os softwares BIM foram criados para mudar o conceito de como criar um projeto. Esses programas funcionam com a inserção em 3D de objetos com parâmetros e

17 características, formando uma família de componentes, como por exemplo, paredes, portas e janelas (como mostra a tela abaixo), em que as informações são variáveis e atribuídas no momento do projeto. Como se pode confirmar com Campbell (2006) apud Eastman et al. 2013, p. 13), que afirmam que: [...] BIM é como uma simulação inteligente de arquitetura e essa simulação deve exibir seis características principais: ▪ digital; ▪ espacial (tridimensional); ▪ mensurável (quantificável, dimensionável e consultável); ▪ abrangente (incorporando e comunicando a intenção de projeto, o desempenho da construção, a construtibilidade e incluir aspectos sequenciais e financeiros de meios e métodos); ▪ acessível (a toda a equipe do empreendimento e ao proprietário por meio de uma interface interoperável e intuitiva), e ▪ durável (utilizável durante todas as fases de vida de uma edificação).

Em contrapartida, o CAD demonstra a representação gráfica em 2D ou 3D, portanto, o BIM é um sistema mais complexo como afirma Alves et al. (2012, p.4), [...] toda a informação necessária à representação gráfica (desenhos rigorosos), à análise construtiva, à quantificação de trabalhos e tempos de mão-de-obra, desde a fase inicial do empreendimento até a sua conclusão, ou até mesmo ao processo de desmontagem ao fim do ciclo de vida útil, se encontra no modelo. Tela 3 - Revit 2016

Fonte: Elaborada pelos autores (print-screen do programa Revit 2016).

18 Outra diferença do BIM é o fato do sistema trabalhar de uma forma coletiva, isso é, todos integrantes de um projeto podem trabalhar na mesma plataforma ou em plataformas assimiláveis, como afirma Maria (2008, p.28), “A partir do projeto arquitetônico, cada empresa utiliza uma aplicação específica para desenvolver o projeto relacionado à sua disciplina da edificação: ex. Instalações – Revit MEP.”, e como ressalta Sacks (2012 apud TAVARES JUNIOR, 2014, p. 5), A tecnologia é interessante, excitante e possui muitas capacidades, mas seu objetivo principal é criar situações em que os profissionais possam colaborar uns com os outros da melhor forma possível. E, se isso não for alcançado, teremos feito muito pouco.

Assim todos os participantes de um projeto trabalham em uma plataforma, evitando que incompatibilidades possam acontecer nos projetos. Portanto, softwares BIM são muito mais completos que os softwares CAD, pois se tratam de programas que contêm todas as informações referentes à obra. 2.2 2.2.1

AS FERRAMENTAS BIM, CARACTERÍSTICAS, USOS E LIMITAÇÕES Ferramentas BIM Programas de modelagem 3D são utilizados desde a década de 1990 para gerar

imagens finais, sem nenhuma informação além de visualização. As plataformas BIM, por outro lado, conseguem parametrizar todos elementos, gerando a possibilidade de criar modelos editáveis. No entanto, para criar uma imagem 2D, todos os programas de modelagem 3D ou sistemas BIM necessitam de um renderizador. Alguns dos principais programas de modelagem 3D são: AutoCAD, Autodesk 3ds Max, Datacad, Google Sketchup. É crescente o número de softwares CAD-BIM, disponíveis no mercado, cada um com sua função específica. Existem programas BIM especializados em arquitetura, estrutura, instalações, elevadores, materiais e gerenciamento. Segue abaixo uma lista dos principais softwares disponíveis atualmente: -

Arquitetura: AutoCAD Architecture, Revit Architecture, Vectorworks Architect, Bentley Architecture.

-

Estrutura: Tekla Structures, Bentley Structural, ProSteel 3D, Autodesk Revit Structure

19 -

Elétrica: Bentley Building Electrical System, Autodesk Revit MEP, Vectorworks Architect

-

Tubulação: Vectorworks, ProCAD 3D Smart, Quickpen Pipedesigner 3D, Autodesk Revit MEP

-

Elevadores e escadas: Elevator

-

Planejamento: Autodesk Civil 3D, Bentley Power Civil, Eagle Point‟s Landscape & Irrigation Design

-

Construção: ArchiCAD Constructor and Estimator, DDS-CAD Building

-

Materiais e Componentes: ERP systems

-

Gerenciamento – Facility Management: Bentley Facilities, ArchiFM, FMDesktop, Rambyg

2.2.1.1

ArchiCAD O ArchiCAD é um software desenvolvido pela empresa húngara Graphisoft.

Criado em 1982, foi o primeiro software BIM desenvolvido e comercializado mundialmente, tornando-se o mais usado na Europa. Algumas vantagens desse software comparado a outros são: -

Interface simples e flexível, sendo intuitivo de aprender;

-

Layout interativo;

-

Integração com o Google Sketchup:

-

Compatibilidade com sistemas operacionais Windows e Mac Os.

20 Tela 4 – Layout ArchiCAD

Fonte: Boeykens ( 2012 apud LORENZO; FREITAS; GOMES, 2015, p.65).

2.2.1.2

Vectorworks O Vectorworks, da Nemetschek, é um software pouco difundido no mercado,

apresenta uma biblioteca de blocos bastante limitada, uma apresentação inferior aos demais softwares. Apesar das desvantagens, com o Vectorworks é possível trabalhar em 2D, como se fosse um software CAD, tem um preço bem inferior comparado aos demais softwares BIM, além de ser compatível com o Google Sketchup. Tela 5 – Layout Vectorworks

Fonte: Vectorworks (2013 apud LORENZO; FREITAS; GOMES, 2015, p. 66)

21 2.2.1.3

Revit Criado e desenvolvido pela empresa norte-americana Autodesk, a mesma

fabricante do AutoCAD, o software Revit é o mais utilizado na América. O Revit se divide em três programas, o Revit Architecture, utilizado principalmente por arquitetos para a criação de projetos, o Revit Structure, utilizado para a criação de projetos estruturais, o qual contém ferramentas de modelagem específicas das estruturas como pilares, e o Revit Mechanical, Electrical and Plumbing (MEP), utilizado para a criação dos projetos de instalações, como projetos de elétrica e hidráulica. Essa divisão acaba acelerando e facilitando a criação dos projetos. Alguns dos diferenciais desse software são: -

Grande biblioteca de componentes;

-

Geração automática de plantas, cortes e elevações; Tela 6 – Layout Revit

Fonte: Sindarqpr (2014 apud LORENZO; FREITAS; GOMES, 2015, p. 64).

Considerado um dos softwares mais completos e mais populares, como demonstra a pesquisa feita, em junho de 2007, pelos usuários e assinantes da AECbytes. Nesta, 651 pessoas, sendo 46% arquitetos, 9% engenheiros e 17% gerentes de CAD/IT responderam qual seria o software BIM utilizado por eles, demostrando que o software Revit é o mais utilizado.

22 Gráfico 1 - Utilização de Soluções BIM

Fonte: Khemlani (2007 apud MARIA, 2008, p. 69).

Porém mesmo sendo um dos mais completos, o Revit é considerado caro e não apresenta compatibilidade com o sistema Mac OS. 2.2.2

Características, usos e limitações A compreensão de todas as possibilidades que a tecnologia BIM oferece não é

algo simples. Segundo Ferreira (2007 apud PROTÁZIO; RÊGO,2010, p.2 ), “O modelo do edifício realizado com programas BIM pode conter todos os dados sobre a construção, seu ciclo de vida, operação, processos construtivos e instalações.”. É uma evolução dos sistemas tradicionais que podem ser apresentados em três gerações. De acordo com Tobin (2008 apud COELHO; NOVAES, 2008, p.4), os níveis de implantação BIM são: [...] BIM 1.0 é caracterizado pela substituição do desenvolvimento de projetos em CAD bidimensionais por modelos 3D parametrizados Nesta fase, entretanto, o desenvolvimento do modelo é um processo individualizado [...]; [...] BIM 2.0 expande o modelo a outros profissionais, além dos envolvidos no desenvolvimento dos projetos de arquitetura, estrutura e instalações prediais. Nesta fase, modelos associando informações, tais como o tempo (4D), dados financeiros (5D) e análise de eficiência energética, dentre outros (nD), são associados ao sistema; [...] BIM 3.0, o intercâmbio das informações entre os profissionais envolvidos no desenvolvimento de um projeto é realizado através de protocolos abertos, tais como o IFC e os protocolos elaborados pela BuildingSmart, que permitem aos profissionais o desenvolvimento colaborativo de um modelo de dados que pode ser considerado um protótipo completo da construção do edifício.

23 A evolução do BIM 3.0 é o próximo passo, no qual serão estudados, em tempo real, os aspectos construtivos dos empreendimentos para obtenção de um produto com qualidade final máxima. Gráfico 2 – Níveis do BIM

Fonte: Bew e Richards (2012, p. 2).

Esses programas interpretam os dados de diversas maneiras, sendo possível adicionar várias camadas de informação nD: -

2D: planta Planta 1 – Projeto 2D desenvolvido no AutoCAD

Fonte: Elaborada pelos autores.

24 -

3D: visualização tridimensional Imagem 1 –Interpretação 3D

Fonte: Masotti (2013, p. 59).

-

4D: unificação do cronograma com as atividades

-

5D: inclusão do orçamento

-

6D: análise do desempenho energético: consumo de energia e ventilação

-

7D: coordenação das manutenções durante a vida útil do projeto.

-

8D: segurança e salubridade dos empreendimentos.

No processo tradicional de construção, todas as equipes de projetistas acabam fazendo o seu projeto praticamente de forma independente, gerando na hora de sobreposição dos projetos um grande número de incompatibilidades (como mostra o desenho esquemático 1). Assim o BIM é uma nova metodologia processual na construção civil, caracterizada por integrar os dados atualizados pelos projetistas, possibilitando um maior controle sobre todas as informações do projeto em tempo real, além de permitir uma projeção do planejamento e a simulação da logística de obra diretamente sobre o modelo, que por sua vez causa um aumento na precisão. Como o BIM exige que todas as informações do projeto sejam computadas durante a concepção, isso faz com que todas as equipes envolvidas na realização de um empreendimento, como engenheiros, arquitetos, incorporadores, subcontratadas, gestores e fornecedores participem das definições do projeto executivo e continuem acompanhando durante o decorrer da obra até o seu final (como mostra o desenho esquemático 2).

25 Desenho Esquemático 1 – Processo Tradicional

Fonte: Elaborada pelos autores. Desenho Esquemático 7 – Processo BIM

Fonte: Elaborada pelos autores.

Com os olhos do mundo voltados para a sustentabilidade, a necessidade da redução do impacto ambiental na construção civil é alta. Essa tecnologia se apresenta como uma das soluções para melhorar o desempenho energético dos edifícios. Existem dois programas BIM especializados na redução de gastos energéticos, o EnergyPlus, do Departamento de Energia dos Estados Unidos e o Virtual Environment, da IES (Integrated Environmental Solution). O EnergyPlus é capaz de simular situações variadas de cargas térmicas e análise energética. Enquanto o Virtual Environment (IES) analisa o posicionamento ideal dos edifícios por meio de clima, sombreamento e exposição solar, obtendo ganhos naturais de ventilação.

26 Rendeiro (2013, não paginado) afirma que “O BIM pode reduzir o desperdício de materiais durante a construção e gestão de edifícios e, eventualmente, auxiliar na demolição sustentável”. De forma que a tecnologia BIM se torna indispensável, pois possibilita a construção de empreendimentos ecologicamente corretos, otimizando o consumo de energia e evitando desperdícios. De acordo com a McGraw Hill Construction (2013), 44% das empresas conduzem atividades para a sustentabilidade, com softwares BIM. Uma realidade também confirmada por Barros (2012, p.11): Hoje o BIM é visto como uma tecnologia estratégica para o crescimento sustentado do setor, já́ que melhora o planejamento e o projeto, reduz erros, prazos e desperdícios, amplia a capacidade dos projetistas e otimiza o trabalho da mão de obra no canteiro.

Além de ajudar na sustentabilidade, softwares BIM também são responsáveis pelo aumento da segurança em obras. Dentre os usuários de softwares BIM, 43% reportaram um impacto positivo na segurança, 53% não reportaram nenhum impacto, e 4% reportaram um impacto negativo. Entre os usuários que reportaram um impacto positivo, 47% alegaram identificar potenciais riscos antes de a construção começar e 23% detectaram choques ou interferências. Estes dados foram obtidos a partir de uma pesquisa elaborada pela McGraw Hill Construction (2013), que correlaciona softwares BIM e segurança. Teve 263 respostas que se identificaram em 227 empreiteiros, 32 construtoras e 4 engenheiros. Eastman (2013) também explica que softwares BIM aumentam a segurança em obras, pois os programas podem prever onde estarão itens temporários, como gruas ou guindastes e evitar surpresas durante a obra. 2.3

BIM NO MUNDO A plataforma BIM vem crescendo cada vez mais ao redor do mundo. Em

países como a China, que tem o setor de construção civil avaliado bem acima de 1 trilhão de dólares, o potencial do mercado é imenso. No entanto, obstáculos como a falta de mão de obra qualificada, atrasam os processos. Em contrapartida, a Índia tenta manter o ritmo para compensar as falhas em sua infraestrutura. O setor da construção civil busca por meios eficientes de produtividade e o BIM aparece como uma possível solução para os problemas de crescimento. (MCGRAW HILL CONSTRUCTION, 2014). Foi realizada uma pesquisa pela McGraw Hill Construction (2013) sobre BIM ao redor do mundo, composta por uma amostra de 727 indivíduos em 10 países. Sendo 32

27 indivíduos da Alemanha, 83 da Austrália, 40 do Brasil, 39 do Canadá, 91 da Coreia do Sul, 291 dos Estados Unidos, 31 da França, 30 do Japão, 36 da Nova Zelândia e 54 do Reino Unido. A pesquisa foi encomendada pela Autodesk e é uma das poucas referências quantitativas existentes o setor. No entanto, abrange muitos temas e valores relacionados ao BIM que serão exemplificados e explicados a seguir. Ainda para efeito de pesquisa, parâmetros foram criados, em que a classificação dos empreiteiros avaliados foi feita de acordo com a receita anual de cada um. a) Pequeno porte: < $50 milhões de dólares por ano. b) Médio porte: $50 milhões a $250 milhões de dólares por ano. c) Grande porte: > $250 milhões de dólares por ano. Foram coletados dados revelando o grau de engajamento dos empreiteiros em relação ao BIM no mundo. Esses dados têm uma relação direta com o tamanho das empresas. Em geral, quanto maior é a empresa, maior é o nível de integração e implantação do BIM nelas. Gráfico 3 – Porcentagem de empreiteiros em cada grau de engajamento (por país)

Fonte: McGraw Hill Construction (2014, p. 15).

28 Gráfico 4 – Nível de engajamento (de acordo com o tamanho da empresa)

Fonte: McGraw Hill Construction (2014, p. 15).

Além da relação com o tamanho da firma, o grau de engajamento das empresas com o BIM está diretamente atrelado a um dos fatores mais importantes para o crescimento da plataforma, que é o retorno de investimento que ela proporciona. Na pesquisa realizada, todos os países da amostra responderam de forma positiva em relação ao retorno de investimento obtido utilizando o BIM. O Japão, a Alemanha e a França foram os três países com melhor retorno de investimento, cada um com 97% de retornos moderados a muito positivos. Gráfico 5 – Retorno de Investimento em BIM

Fonte: McGraw Hill Construction (2014, p. 23).

29 Os resultados obtidos na pesquisa são divididos em três partes: retorno de investimento positivo, retorno de investimento moderadamente positivo e retorno de investimento negativo ou ponto de equilíbrio. 1) Retorno de investimento positivo 1.1)

>100% de retorno de investimento: 3% dos empreiteiros

1.2)

51% a 100% de retorno de investimento: 7% dos empreiteiros

1.3)

26% a 50% de retorno de investimento: 17% dos empreiteiros

2) Retorno de investimento moderadamente positivo 2.1)

10% a 25% de retorno de investimento: 27% dos empreiteiros

2.2)

$500 milhões de dólares

31 Gráfico 7 – Adesão do BIM por tamanho de empresa

Fonte: McGraw Hill (2012, p. 10).

Quando estendida a pesquisa a não usuários de BIM foi apresentado que: -

13% estão avaliando aderir às ferramentas;

-

56% acreditam no potencial e capacidade da ferramenta, mas ainda não a utilizaram;

-

30% entendem o que a ferramenta é capaz, mas não tem intenção de usála.

A relação entre o retorno de investimento e o nível de implantação do BIM nas empresas já foi citado antes. Agora, em números referentes à América do Norte, fica ainda mais claro que quanto mais avançado estiver o processo de implantação do BIM, maior é o lucro. Como mostra o gráfico, a seguir, correlacionando os níveis de engajamento das empresas com o retorno de investimento. Gráfico 8 – Retorno de Investimento em BIM por nível de engajamento das empresas

Fonte: McGraw Hill Construction (2012, p. 5).

32 Com o avanço da tecnologia, pode-se afirmar que o BIM conquistou a confiança das empresas na América do Norte e será a principal plataforma de construção pelos próximos anos. De acordo com as pesquisas, para que se obtenha sucesso, é necessário investimento e engajamento por completo das empresas, fornecendo treinamentos à equipe e conduzindo análises técnicas de custo por meio dos recursos que a plataforma proporciona. 2.3.2

BIM no Brasil Os grandes escritórios brasileiros que atuam no resto do mundo são os

precursores do BIM no Brasil, devido ao fato de a sua utilização ser pré-requisito para se manter competitivo no mercado internacional. Entre as empresas no Brasil, segue um comparativo, feito por Kassem e Amorim (2015), que exemplifica a porcentagem das empresas que já trabalharam com BIM, separado por tempo. Entre as empresas estudadas, foi calculado que: Gráfico 9 – Tempo de desenvolvimento de atividades relacionadas à BIM

Fonte: Kassem e Amorim (2015, p. 33).

Devido à recente adesão dos brasileiros à plataforma BIM, o nível de engajamento das empresas em relação a outros países que utilizam a ferramenta é baixo. Como mostra o gráfico a seguir, o Brasil tem a grande maioria dos usuários em níveis baixos de engajamento e nenhum em níveis muito altos.

33 Gráfico 10 – Nível de Engajamento em BIM

Fonte: McGraw Hill Construction (2014, p. 46).

A recente chegada da ferramenta também dificulta no momento de procurar profissionais com nível de conhecimento avançado e com experiência de trabalho nessa área, como mostra o gráfico. Gráfico 11 – Nível de conhecimento em BIM

Fonte: McGraw Hill Construction (2014, p. 46).

Foi tirada uma amostra com as empresas que já adotaram o BIM para detectar em que estágio de implantação elas estão, onde cada estágio é definido da seguinte forma: Gráfico 12 – Nível de implantação do BIM

Fonte: McGraw Hill Construction (2014, p. 46).

34 -

Muito alto: Mais de 60% dos projetos da empresa utilizam BIM

-

Alto: 31% a 60% dos projetos da empresa utilizam BIM

-

Médio: 15% a 30% dos projetos da empresa utilizam BIM

-

Baixo: Inferior a 15% dos projetos da empresa utilizam BIM

Apesar de o Brasil mostrar ter um nível de conhecimento moderado e avançado acima das outras regiões, 75% dos usuários ainda se encontram nos níveis baixos ou médios. Esses números estão relacionados diretamente com os baixos níveis de engajamento das empresas brasileiras, que estão relacionados ao tempo que empreiteiros aderiram à plataforma. Para o BIM avançar no país e atingir o nível dos países desenvolvidos, serão necessárias iniciativas do setor público. Um dos pioneiros no assunto foi o Exército Brasileiro, além de ser referência em métodos construtivos, também está na vanguarda da implantação do BIM, tendo um departamento dedicado exclusivamente ao software, para elaboração e coordenação de obras militares em todo território nacional. Outro setor do governo federal que contribuiu foi o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), que passou a exigir de todos os concorrentes as licitações das rodovias a realizar os projetos integralmente na plataforma BIM. Mas como cita Nardelli e Tonso (2014, p. 3), “[...] a implantação do BIM no Brasil jamais foi assumida como uma questão de Estado, com ações coordenadas pelo governo federal, com metas de curto, médio e longo prazo […]”. Apesar de existirem setores públicos com projetos pontuais na implantação do software, é necessária uma padronização na forma de códigos dos materiais e serviços utilizados na construção civil, para que o sistema possa utilizar uma base de dados padrão, algo ainda inexistente para a indústria no âmbito nacional, tornando-se inviável o uso completo da ferramenta. É necessário que o próprio setor público trabalhe com esses programas, para incentivar e criar atrativos no setor privado. Algumas estratégias e ações coordenadas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Ministério das Cidades e o Ministério do Planejamento são:

35 Tabela 1 – Abordagem sugerida em estágios para tornar o BIM mandatório em programas financiados pelo Governo Federal no Brasil.

Fonte: Kassem e Amorim (2015, p. 6).

A maioria das construtoras brasileiras que usam a ferramenta BIM é recente. No entanto, os planos de investimento para aprimorar as construções geram altas expectativas para o futuro. De acordo com McGraw Hill Construction (2013), os três principais fatores citados por brasileiros que ajudariam a elevar os retornos de investimentos foram: a) melhores projetos: 62% b) melhor produtividade dos funcionários: 54% c) melhor comunicação entre as disciplinas e compreensão da visualização em 3D: 46% O retorno financeiro é mais um beneficio alcançado através da utilização dos softwares BIM. Desse modo, 85% das empresas brasileiras afirmaram obter um retorno positivo de investimento em BIM. Destes, 36% tiveram um retorno de investimento muito positivo, número que está em acordo com o resto do mundo. Gráfico 13 – Percepção de Retorno de Investimento em BIM

Fonte: McGraw Hill Construction (2014, p. 46).

36 2.4

VANTAGENS NO USO DO SOFTWARE NA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS A utilização de softwares BIM possibilita evitar as incompatibilidades que

acontecem nas obras (como mostra o desenho esquemático 3). De acordo com Sousa e Meiriño (2013, p.4): Os sistemas BIM podem trazer muitos avanços para a indústria da construção civil quando bem empregados, como por exemplo, a minimização de problemas frequentes tais como a fragmentação das etapas de projeto, identificação tardia de interferências entre projeto arquitetônico e projetos complementares, desperdício de materiais, retrabalho, alto custo da produção e a baixa qualidade dos produtos finais.

Desenho Esquemático 8 – Interferências entre projetos

Fonte: Faria (2007, não paginado).

Com o BIM, o tempo de projeto executivo e obra são reduzidos, pois a maioria dos problemas que apareceria no canteiro seria resolvido na fase do anteprojeto. Segundo Luke (2014, não paginado), “O BIM permite uma visão integrada dos diferentes componentes do projeto e suas correlações, possibilitando assim ajustar eventuais interferências ainda na fase de projeto.”. A antecipação desses problemas torna possível um corte futuro de gastos que só apareceriam durante a obra. Um estudo realizado pela McGraw Hill Construction (2012) nos Estados Unidos, comparando projetos realizados em 2D, em 3D sem colaboração e em 3D com colaboração demonstra como a plataforma BIM economiza dinheiro evitando gastos com mudanças de projeto.

37 -

Projetos 2D: Geralmente 18,42% do orçamento base será gasto a mais com mudanças de projeto.

-

Projetos 3D sem colaboração: Geralmente 11,17% do orçamento base será gasto a mais com mudanças de projeto.

-

Projetos 3D com colaboração: Geralmente 2,68% do orçamento base será gasto a mais com mudanças de projeto.

Gráfico 14 – Porcentagem de gastos extras devido a mudanças de projeto

Fonte: McGraw Hill Construction (2012, p. 16).

Nardelli e Tonso (2014) explicam que a mentalidade dos funcionários mudará como também a forma de agir. Já Tavares Junior (2014) esclarece que o BIM funciona com o trabalho em grupo dos profissionais e o compartilhamento de ideias. Com isso, as tomadas de decisão serão mais organizadas e as distribuições das atividades das obras otimizadas. O trabalho em conjunto de uma empresa com as ferramentas que o BIM oferece acarreta em projetos melhores compatibilizados e uma redução nos custos finais de projetos. Como no caso de uma fábrica nuclear em Amarillo, Texas – Estados Unidos, onde os projetos em CAD estavam com 95% de conclusão, com custo total da obra estimado em 100 milhões de dólares. Apesar dos níveis avançados de projetos realizados em CAD, foram investidos 1 milhão de dólares em um modelo BIM para verificar as interferências que poderiam existir. Após a criação do modelo foram constatadas 500 interferências de projeto que poderiam custar até 10 milhões de dólares em retrabalho, provando a eficácia dos softwares BIM. (MCGRAW HILL CONSTRUCTION, 2012).

38 Entre tantas vantagens citadas, diversos benefícios ocorrem por consequência: a) Redução de erros; b) Imagem positiva da empresa, devido à tecnologia nova implantada; c) Redução de retrabalho; d) Novos serviços ao cliente; e) Redução de ciclos de execução em obra; Alguns benefícios do BIM em longo prazo são: a) Retorno de clientes e investidores; b) Redução na duração de projetos; c) Ganho nos lucros; d) Redução no custo das construções; e) Redução nos índices de reclamações. 2.5

IMPACTOS DO LEVANTAMENTO DE MATERIAIS E SERVIÇOS FEITOS PELO BIM, NO ORÇAMENTO DA OBRA Os sistemas BIM trazem soluções para os problemas decorrentes na maioria

dos projetos como orçamentos equivocados e desperdício de tempo, ao criar automaticamente, a partir do modelo 3D, pranchas de plantas, elevações e cortes (como mostra a tabela 2). O modelo 3D também possibilitou uma visualização e entendimento facilitado dos projetos de arquitetura, estrutura e instalações, pois o modelo possibilita uma compatibilização praticamente instantânea dos projetos. Devido

à

sua

centralização,

qualquer

informação

alterada

será

automaticamente atualizada em todas as partes do projeto. Além de os desenhos obtidos a partir do modelo 3D prevenirem erros, o software atua ainda melhor se os projetos complementares forem desenvolvidos em paralelo desde o princípio, considerando as características geométricas dos elementos e as limitações físicas específicas. Diminuindo consideravelmente a margem para erros nos levantamentos de materiais, evitando as possíveis inconsistências geradas por mudanças ou alterações tardias de projeto. Segue abaixo o fluxograma 1 com o método pelo qual o BIM consegue extrair diversas tabelas do modelo (Tabela 2), como quantitativos de materiais ou até mesmo tabelas de diversos serviços utilizados na execução, assim criando novas alternativas para evitar problemas.

39 Fluxograma 1 – Etapas das pesquisas nos estudos sobre o BIM.

Fonte: Biotto; Formoso; Isatto (2012, não paginado). Tabela 2 – Comparação entre os quantitativos

Fonte: Santos; Antunes; Balbinot (2014, p. 149).

A redução de custos está entre os principais atrativos dos softwares BIM. Nardelli e Tonso (2014) explicam que os custos de obra reduzem drasticamente quando os materiais e serviços são calculados previamente utilizando programas BIM. Outro artigo de Tavares Junior (2014) explica que o BIM aumenta a possibilidade de lucros maiores, devido à simulação de alternativas na construção para análise da melhor opção. Como todos os quantitativos podem ser editados para melhor adequação ao projeto, a previsão do orçamento é obtida pelo cruzamento das tabelas fornecidas pelo BIM com um índice comercial de custos, disponível no mercado. Com a inclusão do planejamento no projeto virtual, chamado também de 4D, o programa é capaz de fazer uma integração da obra com a área de suprimentos da empresa, podendo providenciar de forma autônoma e conforme a necessidade, os materiais necessários para a continuidade da obra, evitando ainda mais atrasos e excessos. Pela curva de Maclemay (Gráfico 15), que relaciona a quantidade de esforço/custo com a fase de projeto, é possível identificar a diferença entre o fluxo de trabalho

40 tradicional e o fluxo de trabalho em BIM. No fluxo tradicional, a maior parte do custo aparece na fase de documentação, onde ocorre a compatibilização dos projetos. Esse custo é reflexo de inúmeras incompatibilidades que geram retrabalho e consequentemente mais tempo. Já no fluxo BIM, o maior custo aparece na fase de detalhamento do projeto, pois ao desenhar os projetos em 3D, é possível já ver as possíveis incompatibilidades, assim se acaba arrumando antes de ir para a próxima fase. Outro detalhe que se pode observar pela curva de Maclemay é que conforme o projeto vai avançando, o custo para realizar mudanças vai aumentando e a habilidade da equipe impactar nesse custo vai diminuindo. Portanto, como o fluxo tradicional tende a deixar para perceber as incompatibilidades durante as fases de documentação e construção, acaba gerando um aumento do custo e tempo comparado ao fluxo BIM que repara logo no início das fases. Gráfico 15 – Curva de Macleamy

Fonte: Matos (2015, não paginado).

2.6

DIFICULDADES NA IMPLANTAÇÃO Entre as dificuldades encontradas na implantação do BIM no mercado

brasileiro, pode-se citar como as principais: a falta de banco de dados; a lacuna no mercado de uma mão de obra qualificada; a ausência de padrões regulamentadores brasileiros; os

41 processos de execução extremamente artesanais; a interoperabilidade entre os softwares e o alto custo inicial para implementar nas construtoras e incorporadoras. Apesar dos benefícios adquiridos, no Brasil, ainda não é possível usufruir de tudo aquilo que os softwares oferecem. Uma das maiores dificuldades encontradas na modelagem é a falta de bibliotecas com elementos completos e constantemente atualizados, e a criação desses elementos exige um grande conhecimento das ferramentas. Para atingir o alto nível de detalhamento e usar 100% da capacidade dos programas, são necessários usuários com muita experiência. No entanto, as universidades de engenharia do Brasil sofrem com a escassez de professores que sejam especializados também na área da Tecnologia da Informação (TI). Isso ocasiona falhas na formação de profissionais que pouco conhecem sobre BIM e atrasa o crescimento do setor. 54% dos empreiteiros brasileiros acreditam que caso houvesse um aumento na produtividade dos funcionários, com os treinamentos, haveria um forte impacto positivo no crescimento das empresas. (MCGRAW HILL CONSTRUCTION, 2013). A falta de uma norma brasileira regulamentadora (NBR) específica para softwares BIM é outra grande dificuldade encontrada pelas construtoras brasileiras que almejam investir no mercado. Elas são obrigadas a recorrer às normas internacionais, como a inglesa ou a norte-americana. A ausência de padrões de classificação brasileira é resultado principalmente da falta do gerente BIM no Brasil, um profissional responsável pelo aprimoramento da produção dos projetos, e de um desinteresse dos políticos, cuja ação é limitada a mandatos de quatro anos; portanto, contratam empresas sem compromisso com a qualidade. Tse e Wong (2005 apud CRESPO, 2007, p.7) cita uma série de desafios encontrados pelos usuários do BIM no Brasil, que espelham outras dificuldades, além da falta de um banco de dados e mão de obra qualificada. -Mudança na prática arquitetônica, com a utilização adequada ao potencial da ferramenta; -Dificuldade de adequação de objetos ao projeto; -Poucas possibilidades de customização dos objetos; -Complexidade da ferramenta consumindo tempo para modelagem; -Falta de treinamento e apoio técnico; -Custos extras para adquirir módulos complementares; -Indisponibilidade para avaliação do software de forma gratuita.

A forma como os projetos são executados no canteiro é outro revés importante. São processos artesanais, realizados por mão de obra extremamente desqualificada, acarretando em diversas falhas e imperfeições no produto final. Diferente de como a

42 construção civil evoluiu no ambiente internacional, onde o BIM é mais utilizado, a maioria das construções é comparável com quebra-cabeças, por serem compostos principalmente de elementos pré-fabricados, assim sendo necessário apenas seguir os projetos como manuais de montagem. A interoperabilidade entre os softwares BIM é mais uma dificuldade de implantação. Por existir muitos softwares de empresas diferentes no mercado, não há uma compatibilidade total entre os sistemas, assim se uma empresa de arquitetura estiver realizando trabalho em um software e uma empresa de estrutura utilizar outro software, eles não conseguirão trabalhar juntos. Esse problema faz com que 39% dos empreiteiros considerem importante investir em softwares/interoperabilidade e 43% no desenvolvimento de processos colaborativos de BIM. (McGraw Hill Construction, 2014). O compartilhamento de informações existentes entre diferentes softwares BIM se dá pelo IFC (Industry Foundation Classes), que é de acordo com Rosso (2011 apud MENEZES, 2011, p.159) “[...] um formato de arquivo de dados de arquitetura aberta, sendo uma linguagem comum, utilizada para a troca entre modelos de diversos fabricantes”, porém hoje em dia, ainda ocorrem problemas na transferência de propriedades dos arquivos. Soluções já estão sendo impostas, como cita Rosso (2011 apud MENEZES, 2011, p.159), porém ainda não se tem um desfecho. Roberto Klein, consultor no Brasil de CAD, 3D e BIM, propõe, para resolver esse problema, a utilização de um software de detecção de interferências (clash-detection), que consegue abrir vários formatos de arquivos e, com isso, compatibilizar arquivos 3D vindos de softwares diferentes.

Os elevados custos iniciais podem ser justificados com a proposta de um investimento em longo prazo, visando a um retorno monetário e principalmente institucional, elevando a marca da empresa a outro patamar e a diferenciando de seus concorrentes. De acordo com o trabalho de Sousa e Meiriño (2013), esse elevado valor inicial vem em parte dos altos custos dos softwares, dos gastos em treinamento e aquisição de hardware de alto desempenho. No entanto, a resistência encontrada entre os funcionários das diversas áreas das empresas para aprender a utilizar de forma interligada o software pode ser causa de atrasos, levando

em

consideração

que

o

BIM

funcionará

melhor

se

estiver

operando

interdisciplinarmente entre as áreas da empresa e a obra. Segundo Menezes (2012), acreditase que as dificuldades tendem a diminuir com o passar do tempo, da mesma forma que as dificuldades com a implantação do CAD também foram superadas (Gráfico 16).

43 Gráfico 16 – Produtividade durante a implantação do BIM

Fonte: Autodesk (2009 apud LORENZO; FREITAS; GOMES, 2015, p. 60).

Em reflexo a tantas dificuldades na implantação do BIM, os principais pontos apontados por europeus para sanar os diversos empecilhos na implantação do BIM são: (Adaptado de MCGRAW HILL CONSTRUCTION, 2010 apud VENDRAMINI, 2012) -

Melhorar a interoperabilidade entre os softwares 76%;

-

Criar mais conteúdos específicos e em 3D (bibliotecas) 70%;

-

Mais interesse e investimento dos incorporadores 65%;

-

Mais clareza e nas definições entre parceiros 63%;

-

Mais fornecedores com expertise em BIM 63%;

-

Mais qualificação pelo quadro de funcionários 62%;

-

Redução do custo de softwares 60%;

-

Mais colaboração e adoção do BIM pelos empreiteiros 58%;

-

Vontade política das autoridades para adoção do modelo (obras públicas) 55%;

-

Mais conhecimento do BIM por parte dos profissionais recém-formados 54%;

-

Dados demonstrativos mais consistentes sobre o valor do BIM para os negócios 51%;

-

Mais disponibilidade de material de consulta e treinamento em BIM 51%;

-

Mais integração de dados com dispositivos móveis 43%;

-

Mais oferta de terceirização de serviços de modelagem 41%. A decisão de implantar o BIM dentro de uma empresa deve ser tomada após

muito estudo e preparo. Caso as diretrizes e os processos de implantação não estejam bem alinhados, pode acarretar em dificuldades financeiras à instituição.

44 2.7

MELHORIAS NA QUALIDADE DO EMPREENDIMENTO FINAL A qualidade do produto final está diretamente ligada à utilização de softwares

BIM. Baia, Miranda e Luke (2014) concluíram em seu trabalho que a utilização dessas ferramentas gera prédios de melhor acabamento devido ao melhor controle da obra. A qualidade de um edifício depende de um projeto bem pensado e uma obra bem executada, aspectos que podem ser atingidos com a utilização desses softwares Pereira (2014, p.42) destaca alguns benefícios e vantagens do BIM: Melhor visualização do produto final, antecipação dos problemas e consequente solução mais apropriada, armazenamento de informações importantes para a obra e uso da edificação, maior velocidade no processo de orçamentação, maior confiabilidade das listas de materiais, entre outros.

O estudo de Kassem e Amorim (2015) revela o reconhecimento de 57% das empresas brasileiras em relação à alta importância do BIM para a melhoria do setor da construção civil. O gráfico a seguir representa com detalhes esses valores, sendo 4 e 5 os graus de maior relevância. Gráfico 17 – Importância atribuída ao uso do BIM para a melhoria de desempenho do setor de construção civil.

Fonte: Elaborada pelos autores através de dados extraídos de Kassem e Amorim (2015).

As vantagens construtivas do BIM na qualidade do produto final são um reflexo de pequenos ganhos obtidos ao longo das fases de projeto e da obra. De acordo com

45 uma pesquisa realizada pela McGraw Hill Construction (2014), as melhorias podem ser classificadas em três etapas: pré-construção, construção e pós-construção. a) Fase pré-construtiva: A principal vantagem citada por empreiteiros brasileiros durante esta etapa é a integração de modelos com cronogramas (4D) e custo (5D). Maior que em outros países. b) Fase de construção: 70% dos brasileiros consideram o BIM útil para acessar e editar modelos em campo em comparação a 59% dos empreiteiros no resto do mundo. c) Fase pós-construção: apenas 52% das empresas brasileiras afirmam usar a plataforma para preparar o as-built, em contrapartida 64% dos empreiteiros em outras regiões afirmam o mesmo. Fica claro que integração do modelo com cronograma, custo e acesso aos projetos em campo são tópicos significantemente mais usados pelos brasileiros em relação ao resto do mundo, porém quando o assunto é usar a plataforma para preparar o as-built os números se invertem. Independentemente das diferenças entre o mercado brasileiro e o mundo, é possível notar que o BIM fornece um maior controle sobre as diversas etapas encontradas na realização de um empreendimento, criando um produto final com qualidade elevada.

46 3

PESQUISA PRÁTICA A pesquisa prática realizada será sobre duas empresas no ramo de engenharia

civil na cidade de São Paulo. Foram realizadas entrevistas pessoais com funcionários responsáveis e especializados na área de BIM das empresas com foco em obter informações, experiências e dados. O estudo da “empresa A” foi realizado no mês de novembro de 2015 e o estudo da “empresa B” foi realizado em março e abril de 2016. As empresas participantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, onde fica acordado que o trabalho terá finalidade acadêmica e o nome da empresa e dos entrevistados ficará em sigilo. As empresas pesquisadas foram: empresa A, uma empresa que está no início do processo da implantação do BIM e a empresa B, uma empresa que já tem o BIM implantado e está em fase de aperfeiçoamento. 3.1

EMPRESA A A pesquisa prática tem como objetivo analisar uma incorporadora e

construtora, que está no início do processo de substituição total do programa AutoCAD, utilizado atualmente, para softwares BIM, neste caso, o Revit, que será utilizado paralelamente com outros softwares BIM para aproveitamento máximo das ferramentas oferecidas por esses programas. A empresa estudada está atuando na cidade de São Paulo, há mais de 25 anos, sendo responsável pela realização integral de todos os projetos de estrutura e arquitetura. A implantação do programa Revit permitirá que a empresa aperfeiçoe os processos de planejamento, orçamento e gestão. Foi realizada uma reunião com os responsáveis pela implantação do BIM na empresa A. Nessa reunião foram discutidos tópicos importantes para analisar a viabilidade de implantação dos programas e os motivos da utilização de softwares BIM na empresa. 3.1.1

Implantação do BIM na empresa A Inicialmente a empresa adquiriu apenas 2 licenças de uso geral para a

utilização do programa Revit. Esse programa será o responsável pela modelagem dos empreendimentos e atuará com outros softwares BIM que serão os extratores das informações do modelo. Essa primeira fase será útil para um melhor conhecimento de todas as ferramentas

47 oferecidas pelo software, para que os funcionários responsáveis pelo projeto de implantação do programa prevejam futuros problemas de utilização, realizem todas as configurações requisitadas e iniciem as mudanças internas necessárias para que o difícil processo de transição seja o mais sútil possível. Em seguida, mais 8 licenças completas serão adquiridas para funcionários específicos do escritório, integrando diversas áreas da empresa. Todos eles têm papel fundamental na implantação do software, cada um em sua área ou determinada função. A instalação do programa pode ser realizada em vários computadores, mas cada licença permite que apenas um usuário esteja “logado” ao mesmo tempo. Esse processo gradativo de implantação é explicado pelo alto custo de cada licença (R$ 25.000,00), obrigando a empresa a realizar um estudo minucioso para que não adquiram um número excedente de licenças e não haja gastos desnecessários. Em fases mais avançadas do processo, uma quantidade considerável de licenças será adquirida para a utilização nos canteiros de obra, porém essas licenças não necessitam ser completas. O usuário de obra não depende de uma versão completa do software para realizar as tarefas demandadas no canteiro, sendo importante a avaliação das necessidades de cada usuário, para que não seja adquirida uma versão na qual o usuário não usufrui de todas as ferramentas disponíveis. O valor de cada licença varia consideravelmente de acordo com as ferramentas oferecidas pelo programa. Multiplicado pelo número de unidades futuramente adquiridas, cada economia é válida para uma otimização de todo o projeto de implantação. Devido

à

grande

complexidade

do

projeto,

profissionais

altamente

especializados atuarão por tempo indeterminado na empresa, com o objetivo de ensinar, treinar e preparar todos os funcionários. Estima-se um valor inicial de R$ 200.000,00 de investimento para a contratação desses especialistas. Portanto, é muito importante que cada pessoa envolvida entenda a grande mudança conceitual que está sendo imposta. Será feito primeiramente um projeto piloto de médio a longo prazo, escolhendo um empreendimento que será lançado em breve. Um modelo em BIM será criado e paralelamente será feito um projeto em CAD para comparar os resultados. Isso garante que os funcionários da empresa possam acompanhar o processo e a empresa tenha tempo para se ajustar a todas as mudanças.

48 3.1.2

Por que implantar o BIM na empresa A? Tendo os departamentos fortes e consolidados nas áreas de arquitetura e

estrutura e realizando todos os projetos dessas áreas internamente, é de conhecimento geral dos funcionários a dificuldade da realização de projetos de áreas diferentes 100% compatíveis entre si. Com a implantação do BIM, será possível integrar os projetos de todos os departamentos ainda na fase de concepção e obtê-los com incompatibilidades tendendo a zero. Os responsáveis pela implantação do BIM na empresa estão convencidos que o BIM irá revolucionar todo o ciclo dos empreendimentos. De acordo com eles, as ferramentas BIM são tão completas que após a criação de um modelo virtual inicial, esse mesmo modelo poderá ser levado até o final do empreendimento, desde que sofra atualizações feitas por diversos inputs paralelos de todos os envolvidos, deixando o modelo mais rico, informatizado e parametrizado a cada estágio da criação do projeto. Outra vantagem da criação de um modelo são os levantamentos automáticos, processados pelos programas BIM com máxima exatidão, facilidade e rapidez na hora de extrair as informações. Com essas ferramentas, não é necessário um estagiário ou engenheiro realizar levantamentos manuais da obra. A partir do momento em que se tem um modelo concebido com todas as particularidades parametrizadas, o “orçamento R00” é gerado com muito mais facilidade e rapidez. A redução no custo da mão de obra e melhor precisão nos levantamentos garantem um resultado final assertivo e confiável, com quantitativos exatos. Existe também a possibilidade de executar mudanças no modelo e avaliar instantaneamente como essas mudanças influenciam no orçamento final da obra. Eles explicam que isso é possível, pois como tudo está interligado, qualquer variável pode ser analisada de forma mais fácil e ágil e, assim, buscar constantes economias. 3.1.3 Quais são as dificuldades da implantação do BIM? As dificuldades da implantação do BIM advêm principalmente de fatores externos da empresa. Os softwares BIM têm a grande capacidade de armazenar informações de todas as áreas e cruzá-las como desejado para obter qualquer tipo de dado. Porém, para que isso aconteça seria necessária a cooperação da indústria. Responsável pelo fornecimento de materiais para o setor da construção civil, é essencial a criação de uma base de dados capacitada para comunicação com os softwares utilizados pelas incorporadoras e construtoras.

49 Esse fator é a chave para que os softwares tenham a capacidade de interpretar os dados e automaticamente integrá-los ao modelo BIM. A alta qualidade do empreendimento final entregue hoje pela empresa não depende única e exclusivamente dela. Como a empresa não é responsável pela elaboração dos projetos de todas as áreas, como hidráulica e elétrica, por exemplo, e nem pelo fornecimento dos materiais, não basta que apenas ela passe a utilizar softwares BIM e seus fornecedores e prestadores de serviço não. Se a incorporadora não colaborar com esse processo, provavelmente ele nunca deixará de ser apenas uma ideia. Todos os envolvidos já estão cientes da mudança de paradigma que irá ocorrer e receberão ajuda por parte da empresa para também se adequarem a essa nova tendência, assim garantindo a qualidade dos empreendimentos. 3.1.4

Perspectivas do BIM na empresa A Os entrevistados são otimistas e afirmam que apesar das dificuldades, o BIM é

uma realidade mundial e uma tendência brasileira de implantação. Já está consolidado em países como Estados Unidos e Inglaterra. Porém, infelizmente, o Brasil ainda está engatinhando com esse processo. A questão da implantação do BIM está atrelada a outras áreas da economia como a própria industrialização citada anteriormente. No entanto, segundo os entrevistados, usar o BIM como primórdio, meio e fim do ciclo de vida dos empreendimentos é o próximo passo para a empresa A. 3.2

EMPRESA B A pesquisa prática tem como objetivo analisar uma incorporadora, que está

finalizando os primeiros projetos realizados integralmente com a utilização de softwares BIM. A empresa estudada se interessou nessa nova tecnologia há 2 anos e meio aproximadamente, por duas razões. A primeira por ter uma posição de prestígio no mercado de incorporação, e em segundo porque estava passando por um período de reformulação, começando a ser uma construtora além de incorporadora e assim tomou como meta se tornar uma das pioneiras na utilização de tais softwares. Foram definidas quais seriam os objetivos a serem atingidos com a sua implantação, sendo o principal objetivo utilizar o BIM como a base principal para desenvolvimento de qualquer projeto ou execução de qualquer processo construtivo.

50 Inicialmente a empresa contratou um escritório de modelagem para desenvolver duas torres de um empreendimento com médio porte, no entanto, eles não tinham o know-how necessário e esse produto acabou sendo um desperdício de 180 mil reais por não ter os seus elementos descritos da devida forma para que informações quantitativas e parametrizadas pudessem ser extraídas, servindo apenas como maquete de visualização em 3D. Isso mostra que sem um planejamento bem definido, até empresas de grande porte cometem erros nos processos inicias de implantação do BIM, sendo a falta de conhecimento sobre o funcionamento dos softwares um dos problemas mais comuns. Após as primeiras dificuldades, a empresa entrou em contato com a Autodesk, um dos principais desenvolvedores de softwares BIM, responsável pela criação do programa Revit. Com isso, os executivos tiveram a oportunidade de conhecer diversos empreendimentos no exterior que já utilizavam esses softwares, e assim perceberam que a grande vantagem da utilização desses programas é transformar todo o conteúdo da maquete em informações conhecidas de uma edificação. Também tiveram o primeiro contato com o Virtual Design Construction (VDC) que junto com o Revit (especializado em arquitetura) é capaz de controlar e dar atenção a todas as outras áreas. Foi realizada uma análise interna para obtenção de valores a serem comparados com os números futuramente obtidos pós-implantação de tais softwares e uma captação de informações mais concretas para a criação de uma Estrutura Analítica de Projeto (EAP) bem detalhada. -

45% das plantas sofriam revisões após a emissão do projeto executivo

-

88% das plantas sofrem adequação nas instalações

-

6% das plantas necessitam de as-built

-

23% dos projetos de instalações passam por revisão

-

26% de desperdício de material

-

5% de reparos em obras já concluídas

-

3,5 % de perda de produtividade

A pesquisa interna fez o departamento de qualidade notar a não adequação do produto final aos seus respectivos projetos, fazendo-se necessário definir as diretrizes de elaboração de qualquer produto usando o BIM. Chamado de BIM Mandate, ele determina a linguagem que deve ser utilizada na criação de elementos construtivos. Permite acesso fácil a qualquer dado desejado, assim quando for contratar o fornecedor, este terá de cumprir com todas as normas estipuladas, além de já ter conhecimento da quantidade de material e horas de

51 trabalho necessárias para aquele contrato, podendo decidir então se consegue ou não entregar o serviço. O projeto teve inicialmente 62 pessoas trabalhando em tempo integral durante 24 meses. Por ser essencial uma interligação entre as equipes de todas as áreas, foram necessárias mudanças organizacionais, como também na mentalidade dos funcionários, para que ocorresse a troca de informações e capacitação de todos sobre o processo, permitindo a elaboração de uma base de dados rica e livre de erros. Foi desenvolvido um sistema de operação que funciona como extrator de dados, servindo de ponte entre os sistemas VDC e de orçamento, enquanto o planejamento é feito utilizando o programa Project, que já recebe todos os dados compilados, facilitando a criação de um plano de compras muito mais eficiente com a ferramenta Contract Manager. Com todas essas informações no sistema, o plano executivo consegue ser dinâmico, sofrendo as alterações necessárias simultaneamente com o surgimento dos problemas nas obras. O acompanhamento do avanço físico da obra é feito por meio de tablets, por permitirem a visualização de todos os projetos, informarem as tarefas a serem realizadas com suas devidas datas e facilitarem o preenchimento das fichas de qualidade. Também diminuiu a frequência com que os engenheiros têm de ir ao escritório, aumentando em 16% a presença no campo. Todo esse sistema exigiu uma forma segura de armazenamento de informações, o que obrigou a empresa a contratar uma empresa especializada em servidores externos. Com os softwares implantados e todo o sistema funcionando, notou-se de imediato a redução drástica no tempo dos levantamentos de dados para orçamento e planejamento. Com todo o projeto modelado, foi possível extrair de forma precisa todas as informações em apenas 1 hora e por um único funcionário, independentemente do volume de serviços a serem contratados. Anteriormente, o mesmo serviço precisava de uma equipe e levava semanas de trabalho. Uma das conquistas mais importantes foi a discussão de construtividade que surgiu após a utilização de tais modelos. Devido a uma melhor visualização e integração dos envolvidos, foi percebido que um simples problema de shaft influenciou no material utilizado para vedação das paredes, assim afetando o peso total da estrutura, resultando em economia na fundação. Antes do software, observar algo assim seria praticamente impossível, pois havia uma grande quantidade de trabalho envolvido na elaboração de outras soluções, não compensando fazer tais estudos. Também ocorreram avanços significativos em outros quesitos como: -

92% Assertividade de prazos;

52 -

90% Aderência aos padrões de qualidade (6 meses depois este número subiu para 96%);

-

99% Assertividade de custos;

-

16% Aumento da presença de equipe de campo;

-

Redução do consumo de papel (4 árvores por torre)

Toda essa reestruturação organizacional atingida pela implantação dos softwares BIM na empresa permitiu com que processos de auditoria fossem facilitados, garantindo a empresa, em um curto espaço de tempo, diversas certificações como ISO 9001, ISO 140001 e OHSAS, certificados respeitados pelo mercado e que dão credibilidade e prestígio à marca. Também tornou a realização de projetos mais precisa e a gestão mais eficiente. No final do ano de 2015, após 2 anos de operação, foi conquistada uma economia de 8 milhões de reais nos 5 projetos onde o BIM foi utilizado como base da operação, resultando em 8% de economia no orçamento anual. O valor de todas as despesas envolvidas na implantação de tais softwares foi de 3 milhões de reais, obtendo assim um acréscimo de 5 milhões de reais no lucro global desses empreendimentos. Esses valores justificam a utilização dessas ferramentas e servem como incentivo para futuros investimentos e aumento de sua utilização.

53 4

ANÁLISE DA PESQUISA Ao se realizar a pesquisa prática tinha-se como principal objetivo identificar e

avaliar quais os reais benefícios adquiridos na incorporação e construção de edifícios, se utilizados softwares BIM como base de todo o processo. Após um primeiro contato com ambas as empresas, ficou evidente a quantidade de estudos preliminares necessários para que o início do processo acontecesse de forma gradativa e certeira. Logo nas primeiras etapas de implantação, as empresas se depararam com algumas situações, que apesar de parecerem simples, poderiam influenciar negativamente todo o processo, se não resolvidas da melhor maneira. A simples decisão de quais seriam os softwares corretos a implantar, qual cronograma de implantação deveria ser seguido, por quais áreas deveriam se iniciar essas mudanças, poderiam alterar todo o plano. Isso mostra a necessidade da elaboração de um bom plano de implementação para que não ocorram perdas de recursos financeiros e horas de trabalho. Após entrevistas com funcionários, notou-se que a interoperabilidade de projetos exigiu de todos os envolvidos um elevado grau de trabalho em equipe e constante troca de informações, além de elevar consideravelmente o custo inicial de concepção. Esse aumento se torna justificável diante dos resultados atingidos no fim do ciclo de vida de todo o processo. Além da economia alcançada, a eliminação de erros de incompatibilidade de projetos aumenta a qualidade do produto final, reduz custos na execução e acelera o cronograma de uma obra. Com uma implantação bem executada em 5 empreendimentos, a empresa B pode começar a usufruir das vantagens tecnológicas decorrentes da utilização dos softwares BIM. O uso de tablets no acompanhamento de tarefas pelos profissionais em campo, automatização das compras de suprimentos, execução precisa e econômica de seus projetos, colocam a empresa na vanguarda do mercado, tendo atingido seus objetivos iniciais e obtido o retorno financeiro esperado. A pesquisa prática reafirmou tudo que foi estudado na pesquisa teórica. A concepção e gestão se tornam muito mais eficazes se realizadas com o auxílio dessas tecnologias, criando oportunidades para empresas inovadoras, que entendem a necessidade de acompanhar as tendências internacionais, independentemente do atraso do Brasil na utilização dessas ferramentas. Conseguiu-se provar com esta pesquisa que, se utilizadas corretamente, essas novas tecnologias trazem vantagens a empresas da Engenharia Civil em relação aos seus

54 concorrentes, satisfazendo a todos aqueles envolvidos internamente no processo e fidelizando seus clientes devido à qualidade final de seus edifícios.

55 5

CONCLUSÃO Finalizado um longo ciclo de pesquisas, entrevistas com pessoas qualificadas

no assunto, presenças em seminários voltados ao BIM, muita dedicação e interesse, foi possível concluir com este trabalho a mudança e quebra de paradigma imposta pelos softwares BIM, se utilizados na incorporação e construção de edifícios. Projetos antes isolados, sem quaisquer tipos de interligação digital e muito suscetíveis a falhas e incompatibilidades, se tornam um modelo único, contendo todas as informações unificadas e organizadas da melhor maneira para uma projeção e execução precisa e econômica. A rapidez e facilidade na extração de dados do modelo para levantamentos e orçamentos, a previsão antecipada de erros, a diminuição do desperdício de materiais e a redução do retrabalho permitem uma otimização de custos e tempo, gerando uma economia financeira e o aumento da qualidade do produto final. A limitação de recursos de um único software, a interoperabilidade entre os softwares e a falta de uma biblioteca com elementos completos e atualizados são as limitações que impendem a utilização plena. Apesar de seu uso agregar inúmeras vantagens, a utilização desse tipo de ferramentas ainda é pouco difundida no Brasil, principalmente pela falta de conhecimento geral sobre seu uso e suas funções. A falta de profissionais especializados em treinamento e implantação do sistema e seu alto custo inicial também prejudicam a disseminação desses softwares em todo o território nacional. Assim se conclui que sem um incentivo das instituições públicas, a difusão dessas ferramentas nos diversos setores da economia continuará lenta e restrita a empresas do setor privado com grande capacidade financeira. Tem-se ainda como objetivo deste trabalho esclarecer dúvidas sobre a utilização desses softwares, explicar suas funções, vantagens e assim servir de ajuda para o desenvolvimento do BIM no cenário nacional. De fato, conclui-se que são inúmeras as vantagens técnicas, econômicas e executivas desses softwares, que por todas as suas qualidades já expostas no trabalho, tendem a ser pré-requisito no futuro da Engenharia Civil.

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