Variação na aquisição fonológica da interlíngua
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XII Encontro do Centro de Estudos Linguísticos do Sul (CELSUL) Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) 12-14 setembro 2016
Variação na aquisição fonológica da interlíngua Athany Gutierres
Apresentação e Objetivos •
ARV da aquisição da nasal velar /ŋ/ em coda silábica final na interlíngua português-inglês (cf. Gutierres, 2016) ✴ nasais produzidas pelos aprendizes no ambiente especificado ✴ fatores condicionadores da produção variável
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ARV → dados de aquisição de segunda língua/língua estrangeira
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Natureza (variável) da língua do aprendiz (interlíngua)
Objeto de Estudo •
Nasais em coda em inglês (L1): fonemas distintivos ru[n] x ru[m] x ru[ŋ]
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Nasais em coda em português (L1): subespecificadas si[ɲ], se[ɲ]; so[ŋ], atu[ŋ]
•
Nasais em coda na interlíngua inglês-português: ? Hipótese: alternância entre as nasais produzidas no português (fonologia da L1) e a nasal “alvo” do inglês (fonologia da L2) ✴ Realização ‘natural’ ~ esforço articulatório ✴
Metodologia e Análise • Informantes:
10 estudantes do PLE-UCS de dois níveis de proficiência (básico e intermediário)
• Obtenção
dos dados: gravação de fala em grupos (5 inf.) a partir de tópicos e tarefas (elicitação das formas linguísticas esperadas) (arquivo final): 385 ocorrências de nasais em contexto variável, todas palavras sufixadas por -ing
• Corpus
• ARV
(cf. Labov, [1972] 2008), 1ª onda dos estudos sociolinguísticos (cf. Eckert, 2012)
• Goldvarb
(cf. Sankoff; Tagliamonte; Smith, 2015)
Variáveis controladas •
Variável dependente 1= emprego da nasal velar (aplicação da regra variável) 0 = emprego da nasal palatal (não aplicação da regra variável)
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Variáveis independentes (10) ✴ Sociais ou extralinguísticas: sexo, idade, classe social (renda), profissão, nível de proficiência ✴ Estruturais ou linguísticas: contexto fonológico precedente, contexto fonológico seguinte, número de sílabas, tonicidade, classe morfológica
Resultados (i) •
Proporções gerais ✴ aplicação (nasal velar): 36,4% ✴ não aplicação (nasal palatal): 63,6%
Velar 36,4% Palatal 63,6%
Resultados (ii) •
Condicionamento ✴ social/extralinguístico: nível de proficiência (!) ✴ estrutural/linguístico: classe morfológica Variável
Fatores
Nível de proficiência
básico
51,7%
0,664
intermediário
22,9%
0,355
nomes
58,6%
0,717
verbos
29,9%
0,433
Classe morfológica Input: 0,364
Aplicação da regra Peso relativo
Significância: 0,000
Interpretação dos Resultados •
As proporções gerais de aplicação e não aplicação da regra variável confirmam a hipótese feita: predomina a nasal palatal, fonema da fonologia da L1 dos falantes.
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O condicionamento social não segue os padrões da variação fonológica de sistemas de L1; é regido por variáveis localmente significativas à comunidade de aprendizes, configuradas a partir de características particulares da sala de aula, o ambiente em que as práticas linguísticas predominantemente ocorrem.
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(!) Falantes/aprendizes de nível básico empregam a regra variável em maior proporção em decorrência de (i) procedimento metodológico (intervenção), (ii) favorecimento da acurácia em detrimento da fluência. [intervenção → atenção → estilo → acurácia]
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O condicionamento estrutural está de acordo com a variação da nasal velar em comunidades de falantes nativos de inglês, o que reitera o efeito da carga semântica do sufixo (-ing).
•
A interlíngua é variável, logo um sistema linguístico natural. A alternância de formas deixa de ser concebida como um “erro de pronúncia” e passa a ser explicada empiricamente como um fenômeno heterogeneamente ordenado (cf. Weinreich; Labov; Herzog, [1968] 2006). [sociolinguística aplicada à L2/LE → critérios científicos, não objetivos para explicar a variação no desenvolvimento da aquisição]
Limitações e Direcionamentos •
Banco de dados com maior número de ocorrências, amostra com maior número de informantes
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Reconfiguração das variáveis sociais controladas, que precisam referir ao contexto de uso da língua em aquisição (a sala de aula)
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Uniformidade na coleta de dados - preservação do mesmo estilo de fala; definição de estilos a partir de tarefas empregadas como método de elicitação de formas
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Análise com informantes/aprendizes de nível de avançado
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Correção estatística; verificação fonética (complementar)
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Delimitação de procedimentos metodológicos de controle de variáveis sociais nas pesquisas de ARV com dados de interlíngua; necessidade de mais investigações nessa interface (variação + aquisição)
Referências ECKERT, Penelope. Three waves of variation study: the emergence of meaning in the study of sociolinguistic variation. Annual Review of Anthropology. Palo Alto. v. 41, 2012. GUTIERRES, A. Variação na aquisição fonológica: análise da produção da nasal velar em inglês (L2). Tese (Doutorado em Letras) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016. LABOV, William. Padrões Sociolinguísticos. Tradução de Marcos Bagno, Marta P. Scherre e Carolina R. Cardoso. SP: Parábola Editorial, [1972] 2008. SANKOFF, David; TAGLIAMONTE, Sally; SMITH, Eric. Goldvarb Yosemite: a multivariate analysis application for Macintosh. Department of Linguistics. University of Toronto, 2015. WEINREICH, Uriel; LABOV, William; HERZOG, Marvin I. Fundamentos Empíricos para uma Teoria da Mudança Linguística. Tradução de Marcos Bagno. São Paulo: Parábola Editorial, [1968] 2006.
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