Variabilidade morfológica e padrões comportamentais em espécies do gênero Armadillium Latreille, 1804 (Crustacea, Isopoda)

July 5, 2017 | Autor: B. Corrêa Barbosa | Categoria: Crustacea, Ecology, Isopoda Oniscidea
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VARIABILIDADE MORFOLÓGICA E PADRÕES COMPORTAMENTAIS EM ESPÉCIES DO GÊNERO Armadillium LATREILLE, 1804 (CRUSTACEA, ISOPODA) Bruno Corrêa Barbosa¹; Rafael Gioia Martins Neto¹,² ¹Curso de Ciências Biológicas do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora- CESJF. ²Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas em Comportamento e Biologia Animal da Universidade Federal de Juiz de Fora- UFJF Email: [email protected] INTRODUÇÃO Crustáceos isópodes, embora sejam mais abundantes e diversificados em ambientes marinhos, são também encontrados em ambientes dulceaquícolas e terrestres. Dentre estes armadilídeos, conhecidos popularmente como tatuzinho-bola-de-jardim (Armadillium vulgare Latreille, 1804), fazem parte do objetivo da presente contribuição. Essa espécie, provavelmente acidentalmente introduzida nas Américas, é hoje considerada praga agrícola, sendo notória sua devastação em monoculturas, aliado ao fato da escassez de predadores naturais, necessários ao tênue equilíbrio ecológico. Apesar de popular e difundido, muito pouco se sabe sobre seus padrões comportamentais. Um de seus comportamentos mais peculiares é a capacidade de enrolamento, observável em vários grupos de artrópodes ancestrais, desde o Cambriano, cerca de 550 milhões de anos atrás, presente em trilobitos, miriápodos, hexápodos e crustáceos (Martins-Neto & Gallego,2006). A capacidade de enrolamento permite ao organismo proteger suas partes vitais em sua região ventral, dando origem a vários comportamentos associados, destacando-se a tanatose (fingir-se de morto). Fazem parte dos objetivos desta contribuição, em caráter preliminar, verificar o comportamento de indivíduos de um grupo teste de armadilídios frente àqueles do próprio grupo, portadores de alguma variação de coloração ou de sua morfologia. Adicionalmente são testados outros possíveis predadores naturais de armadilídios.

MATERIAL E MÉTODOS Primeiro Experimento: comportamento. Foram dispostos em um terrário, suprido de todas as condições necessárias, como umidade controlada, substrato adequado e locais de abrigo, 5 indivíduos, inicialmente para fundar a colônia, dando-se início assim a análise das interações comportamentais entre si e entre as colônias vizinhas, haja vista que espécies desse gênero vivem em grupos familiares com o macho e as fêmeas.

Segundo Experimento: variações morfológicas. Foram analisados 147 exemplares somente de adultos, sendo observadas as colorações e variações morfológicas, pois os jovens, por exibirem coloração branca, não apresentam ainda variações morfológicas e de cor, sendo assim excluídos desse experimento. As observações foram feitas sem nenhum equipamento especial, pois as variações são visíveis a olho nu.

Terceiro Experimento: possíveis predadores. Foram introduzidos no terrário, um a um, larvas e adultos de coleópteros, posteriormente duas espécies de aracnídios e seus resultados observados. Para este teste foram utilizados, especificamente, coleópteros da Família Carabidae e espécies de aracnídeos dos gêneros Lycosa (tarântula ou aranha-dejardim) e Latrodectus (viúva-negra brasileira ou viúva-marrom).

RESULTADOS E CONCLUSÃO Foram verificados seis tipos de coloração e nove variações morfológicas, nos 147 indivíduos analisados, conforme a Tabela I abaixo. TABELA I: Variação morfológica e de coloração em espécimes do gênero Armadillium vulgare Latreille, 1804 COLORAÇÃO NÚMERO DE INDIVÍDUOS

Cinza Cinza com manchas amarelas Marrom Marrom com manchas amarelas Cobre Albinos totalmente Coloração Cinza c/ extremidades das patas albinas Coloração Cinza c/ 1 pata albina Coloração Cinza c/ 1 antena albina Coloração Cinza c/ 3 patas posteriores direitas albinas Coloração Cinza c/ manchas amarelas c/ 2 patas albinas

56 19 00 26 01 07 01 01 06 01 06

VARIAÇÃO MORFOLÓGICA

Coloração Marrom c/ tegumento deformado Coloração Marrom e tegumento não deformado Coloração Marrom c/ tegumento deformado e patas albinas Coloração Cinza sem antenas TOTAL

12 03 01 07 147

Como demonstrado na Tabela I, todos os indivíduos que exibem a coloração marrom são portadores de alguma espécie de deformidade. Observou-se também que os indivíduos sem antenas são todos albinos,

cuja perda se deu por atividade predatória de outros membros do grupo, fato já apontado por Warburg (1993): o macho defende suas fêmeas, sendo os espécimes albinos interpretados como intrusos.. Quanto ao teste de predadores, não foram obtidos êxitos com os coleópteros, todos morrendo durante o experimento. Também não houve resultados satisfatórios com espécies do gênero Lactrodectus, pois exibem métodos de captura de presas por intermédio de teias irregulares, mas incapazes na captura, dado seu aparato bucal pequeno. As espécies de aranhas do gênero Lycosa obtiveram êxito já que seu aparato bucal é mais robusto, tendo predado armadilídios jovens e adultos, normais ou portadores de variações, indistintamente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MARTINS-NETO, R. G. & GALLEGO, O. F. 2006. “Death Behaviour” (Thanatoethology new term and concept): A Taphonomic Analysis providing possible paleoethologic inferences – special cases from Arthropods of the Santana Formation (Lower Cretaceous, Northeast Brazil). Geociências, 25(2): 241-254 WARBURG, M. 1993. Evolutionary Biology of Land Isopods. Springer-Verlag, NY. p. 50-53, 69, 70-70, and 101.

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