VELAZQUEZ & A VÊNUS NO ESPELHO

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VELAZQUEZ e A VÊNUS NO ESPELHO Pesquisa para o Curso de Pós-Graduação de Conservação de Pintura de Cavalete Coordenadora: Prof.a MS Lúcia de Souza Dantas Autora: Silvana Borges

Velazquez é o centro do Museu do Prado em Madri onde uma escultura retratando o artista marca a fachada lateral do museu em que estão expostas 50 das cerca de 120 pinturas ainda existentes de sua autoria.











Nasceu em 6 de junho de 1599, sua mãe era de Sevilha (sul da Espanha), para onde seu pai, nobre advogado de origem portuguesa, se estabeleceu em 1581 ao deixar Portugal. Era o mais velho de oito irmãos. Em 1609, era notável sua vocação artística. Seu pai o levou com 11 anos de idade, para estudar pintura com o artista plástico naturalista Francisco Herrera (o Velho). De1611 até 1617 foi aprendiz no ateliê de pintura de Francisco Pacheco. Após o aprendizado seria submetido ao exame: uma prova teórica e uma prova prática de pintura a óleo. Em Sevilha, a comunidade artística era regida por uma espécie de confraria, a Corporação de São Lucas que era controlada por Pacheco e Juan de Uceda. Ao passar pelos exames, Velázquez jurou fidelidade aos estatutos da organização e só então teria o direito de praticar a arte. Em 1617 cria a sua própria oficina de trabalho em Sevilha. Em 1618 casa-se com Juana, filha de Pacheco, e com ela teve uma filha chamada Francisca. Em 1622, viajou para Madrid, conheceu o poeta Luis de Góngora e pintou seu retrato. Durante a viagem, na companhia do poeta Francisco de Rioja , foi apresentado a Gaspar de Guzmán, Conde-Duque de Olivares.











Em 1623 é convocado à ir a Madri para retratar o rei Felipe IV (obra desaparecida). É nomeado o novo pintor oficial da corte por intermédio do ministro real, o conde Olivares, que se torna seu protetor. A partir de então tinha a permissão de poder visitar sempre que quisesse o acervo real de obras-primas. Em 1629, conheceu o pintor barroco Rubens, de quem absorveu grande influência artística, o que o motivou a pintar cenas mitológicas. Viajou em 1629, em missão oficial, para a Itália. Em Roma teve contato e estudou as obras do Renascimento. Descobriu o colorido da escola veneziana e copiou e estudou, entre outros, Ticiano, Tintoretto e Veronese, e foi a Nápoles encontrar-se com Ribera . Em 1631, regressou para a Espanha por problemas de saúde. Velázquez retomou suas funções e deu início à fase mais produtiva de sua carreira, marcada não apenas pelos retratos de personagens da corte, mas também por trabalhos com temas históricos, mitológicos e religiosos Em 1635, pintou uma de suas grandes obras de temática histórica: A rendição de Breda.

“A rendição de Breda” ou “As Lanças” 1634-35. Óleo sobre tela, 307 x 367 cm. Museu do Prado. No centro o quadro retrata o gesto de Spínola, que desmontou do cavalo e recebe em pé de igualdade, Justino de Nassau, governador da cidade vencida, sem permitir que ele se ajoelhe.

Em 1896, Eliseu Visconti, em cumprimento de suas obrigações como bolsista do Governo Brasileiro em Paris, concluiu uma cópia em tamanho natural (307x367 cm) da obra de Velazquez indo várias vezes ao Museu do Prado. A única imagem da cópia de Visconti foi reproduzida no primeiro número da “Revue du Brésil” (Paris, novembro de 1896). A cópia de Visconti esteve exposta no saguão de entrada do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro durante mais de quarenta anos, ali recebendo luz natural e poluição continuamente. Retirada para restauro despedaçou-se, e hoje aguarda prioridade para ser reconstituída (SERAPHIM, 2010).







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Em 1649, viajou novamente para a Itália como embaixador e artista espanhol. Visitou Nápoles, Roma e Veneza, onde comprou obras de arte de Tintoretto, para o rei da Espanha. Em Roma pinta três obras, entre elas o retrato do Papa Inocêncio X (1950). Ele também teve um caso, resultando em um filho ilegítimo que atrasou consideravelmente seu retorno à Espanha, para grande desgosto do rei. Enquanto isso, ele também pintou o famoso quadro “Vênus do Espelho” para um nobre espanhol importante, o Marquês de Eliche outras fontes citam o Marquês del Carpio. Em 1650, tornou-se membro da Escola de Arte Romana. Na Itália, foi nomeado membro das academias romanas de São Lucas e d'os Virtuosos do Panteão. Em 1651, retornou para a Espanha e foi encarregado da decoração de todos os palácios reais. Passou a dedicar mais tempo a atividade artística. Nesta fase produziu grandes pinturas como, por exemplo, A família de Felipe IV (1656), conhecida como As Meninas; e A Fábula de Aracne (1957), conhecida como As Fiandeiras. Em 1658 foi condecorado com a Ordem dos Cavaleiros de Santiago. Em 1660, Velazquez tinha como função de aposentador do palácio o encargo da sua última e maior cerimonia - o casamento da infanta D. Maria Teresa e de Luís XIV de França, na Ilha dos Faisões, fronteira da França. No regresso foi acometido de uma grave doença, morreu em 6 de agosto de 1660, na cidade de Madrid.

As Meninas (detalhe), ou A Família de Filipe IV

Diego Velázquez (1656). Óleo sobre tela (318 cm × 276 cm). Museu do Prado, Madrid Aqui também o espelho é elemento de composição da obra, refletindo a imagem dos reis de Espanha. Velazquez se auto-retrata com os atributos de sua categoria social: a chave de aposentador do palácio e a cruz da Ordem de Santiago, pintada posteriormente com anuência do rei .

CARACTERÍSTICAS:  Enfatizou a elaboração de retratos de integrantes da nobreza e a pintura de cenas históricas. Também retratou elementos da mitologia.  Mostrava detalhes em suas obras, privilegiando as expressões faciais, buscando a individualidade de cada personagem retratado.  Presença em suas obras do tenebrismo (aplicação de fundo escuro) e do realismo (busca por detalhes para deixar a obra mais real possível) . Estas duas características foram típicas do Barroco. Gravado por Blas Ametller de um desenho por Joseph MAEA, ca. 1789. Série: Retratos de ilustres espanhóis. 352 x 250 mm.

Ticiano, Tintoretto, El Greco, Miguel de Cervantes, Francisco Pacheco, Caravaggio e Peter Paul Rubens.

O realismo, a luz dramática, o tema comum e os personagens rústicos em “O Aguadeiro de Sevilha” (1619) de Velazquez se devem muito ao exemplo de Caravaggio e seus seguidores. Velazquez, assim como oescritor espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616), compartilhavam a crença da importância da verdade na arte, a importância de cada figura, independentemente de sua categoria social.

VELAZQUEZ O aguadeiro de Sevilha(1623) óleo s/tela, 106.7x81 cm Wellington Museum - Londres





Havia uma coleção de pinturas de Ticiano na corte espanhola no final do século XVI. A obra de Velazquez reflete as composições arrojadas, cores, luz atmosférica e pinceladas expressivas de Ticiano. Ticiano Vecellio O rapto de Europa (1560-62). Museu Isabella Stewart Gardner, em Boston

Rubens copiou o original que Ticiano fez para Felipe II, que estava em Madri em 1628, quando Rubens visitou a Espanha pela segunda vez. A visita estimulou Velazquez a viajar para a Itália no ano seguinte. Esta pintura pertenceu a Rubens até sua morte em 1640 e foi adquirida no leilão de seus pertences por Felipe IV.

Peter Paul Rubens. O Rapto de Europa, 1628-29 (182,5x201,5 cm). Museu do Prado

“As Fiandeiras” ou “A Fábula de Aracne” VELAZQUEZ (1657) óleo sobre tela (167 x 252 cm, com acréscimos do séc.XVIII, 220x289 cm). A tapeçaria tecida por Aracne reproduz ao fundo o quadro de Ticiano, equiparando a obra do italiano ao da própria deusa. Velazquez conhecia também a cópia feita por Rubens.

Durante sua primeira temporada na Itália em 1630, Velazquez fez cópias da “Crucificação” (1566) e da “Última Ceia” (1549) de Tintoretto, em Veneza. A viagem a Itália intensificou o realismo de Velázquez , como demonstram duas de suas mais importantes composições, "A forja de Vulcano" (1630) e "A túnica ensangüentada de José levada a Jacó" (1630) . VELAZQUEZ A forja de Vulcano (1630) Óleo sobre tela. 223 x 290 cm Museu do Prado, Madrid.

Francisco Pacheco, mestre de Velazquez, escreveu um importante tratado “A Arte da Pintura” e foi censor de pinturas da Inquisição Espanhola, visitou El Greco em Toledo (1611), que também influenciou o retratista Velazquez. VELAZQUEZ Francisco Pacheco Óleo sobre tela (41x36cm) Museu do Prado

Francisco Goya, Édouard Manet, James A.Whistler,Thomas Eakins,John Singer Sargent, S.Dali, Pablo Picasso, Francis Bacon, entre outros.



Desde o primeiro quarto do século XIX, a obra de Velázquez foi um modelo para os pintores realistas e impressionistas, em especial Édouard Manet que chegou a afirmar que Velázquez era o

"pintor dos pintores“. 

Desde essa época, os artistas mais modernos, incluindo os espanhóis Pablo Picasso e Salvador Dalí, bem como o pintor anglo-irlandês Francis Bacon, homenagearam Velázquez recriando várias de suas obras mais famosas.

Goya foi o herdeiro de Velazquez na história da pintura espanhola. A pintura do Cristo foi apresentada por Goya para a Real Academia de Bellas Artes de San Fernando em maio de 1780, para a admissão como mérito acadêmico, que ganhou por unanimidade. O artista conjugou os modelos clássicos dos pintores Mengs e Bayeu e seu conhecimento da anatomia e da beleza corporal, à qual acrescentou mais pura tradição do barroco espanhol, refletindo a influência do mestre Velázquez em vários aspectos da sua arte.

Francisco Goya Cristo crucificado (1789). 255 x 154 cm. Museu do Prado

O Cristo Crucificado de Velazquez obedece a iconografia de Francisco Pacheco , seu mestre, que em seu tratado “A Arte da Pintura”, onde defendeu a pintura do crucificado com quatro pregos em carta datada de 1620 juntamente com outra de Francisco de Rioja um ano antes. VELAZQUEZ “Cristo crucificado” ou “Cristo de San Placido” (c.1632) 250x170cm. Museu do Prado.

A viagem de Manet à Espanha em 1865 foi um momento decisivo em sua carreira. Seu estilo “espanhol” nessa década estava diretamente relacionado a sua admiração e ao estudo da arte de Velazquez. Na obra ao lado reproduz o “Triunfo de Baco” de Velazquez nas gravuras ao fundo. Édouard Manet - Retrato de Émile Zola (1868) Óleo sobre tela (146.3 × 114 cm) Musée d'Orsay (Paris)

São várias as cópias do séc.XVII que se conhecem desta pintura. Ocuparam-se dela não só historiadores, críticos literários e filósofos. Foi gravado em água-forte por Goya e, como homenagem, Manet reproduziu-o no fundo do seu Retrato de Zola. A popularidade da obra difundiu a denominação “Los borrachos”, perante o seu verdadeiro título. VELAZQUEZ O Triunfo de Baco (1628-1629) Óleo sobre tela (165 x 225 cm) Museu do Prado.

As dimensões podem dever algo à influência de As Meninas de Diego Velázquez, que Sargent tinha copiado. Esta obra esteve no Prado exposta ao lado de sua fonte direta de inspiração, que Sargent teria copiado durante sua primeira viagem a Madrid em 1879, conforme registrado no “Prado Copyists Book”, que inclui entrada de Sargent com o registro de sua cópia de “Las meninas” , juntamente com suas cópias de outras obras de Velázquez que ele estudou em primeira mão, no Prado. John Singer Sargent As Filhas de Edward Darley Boit ou Portraits d'enfants (1882) óleo sobre tela (222.5 cm × 222.5 cm) Museu de Belas Artes, Boston

Um dos maiores admiradores da obra “As Meninas”, de Velázquez, foi sem dúvida Pablo Picasso, que em 1957 pintou uma série de 44 quadros inspirados na obra, que estão expostos reunidos no Museu Picasso em Barcelona.

Pablo Picasso Las Meninas (1957) Óleo sobre tela (194 × 260 cm) Museu Picasso, Barcelona

D’Après Las Meninas, Cristóbal Toral (1974-1975)

The Maids in Waiting Salvador Dali (1976-1977)

Inocencio X (1650). Velazquez. OSL. 140 cm × 120 cm. Galería Doria Pamphili, Roma, Italia

Estudo do retrato de Inocencio X de Velazquez (1953) por Francis Bacon

As torturadas e viscerais pinturas de Bacon baseadas no Retrato do Papa Inocêncio X (c.1650), tornaram-se emblemáticos.





Vênus ao espelho ou em espanhol: La venus del espejo é uma pintura de Diego Velázquez (1599-1660), principal artista do Século de Ouro Espanhol. Concluída entre 1647 e 1651 e provavelmente pintada durante permanência do artista na Itália, a pintura apresenta a deusa Vênus numa posição sensual, deitada em uma cama e olhando em um espelho segurado pelo seu filho Cupido, o deus romano do amor físico. A pintura está exposta na National Gallery, em Londres, sob o título The Toilet of Venus ou The Rokeby Venus. Não se sabe com certeza quando a tela foi pintada. Alguns assinalam 1648, antes da segunda viagem de Velázquez à Itália; outros afirmam que teria sido pintada durante sua segunda e última viagem à Itália, entre 1649 - 1651. O site da National Gallery e outros autores acreditam ter sido produzida ao redor de 1647 – 1651. A omissão da autoria da tela em alguns inventários que poderiam auxiliar na datação provavelmente é devido a se tratar de um nu feminino, um tipo de obra que estava cuidadosamente supervisionada e cuja divulgação era considerada problemática na época. Durante a Inquisição Espanhola, pinturas foram censuradas e artistas que pintaram quadros licenciosos ou imorais foram excomungados, pesadamente multados e banidos.



Muitas obras, do clássico ao barroco, têm sido citadas como fontes de inspiração de Velázquez. As Vênus dos pintores italianos, como a Vênus adormecida de Giorgione (c. 1510) e a Vênus de Urbino de Ticiano (1538) foram os principais precedentes. Nessa obra, Velázquez combinou duas poses estabelecidas para Vênus: reclinada sobre um sofá ou cama e olhando para um espelho. Ela é frequentemente descrita como olhando a si mesma no espelho, embora isso seja fisicamente impossível, já que o observador pode ver sua face refletida na direção dele. A composição da obra faz o uso central do espelho e mostra o corpo de Vênus de costas para o observador da pintura.

Giorgione (1477-1510) Vênus adormecida, c.1510. OST (108,5x175cm) Gemäldegalerie Alte Meister, Dresden, Alemanha.

Giorgione mostra a sua Venus dormindo em tecidos finos em um ambiente ao ar livre com uma suntuosa paisagem. Como a Venus de Velazquez, a de Giorgione é contra a tradição, morena.

Ticiano (c.1490-1576) A Vênus de Urbino (1538). OST (119 × 165 cm) Galleria degli Uffizi em Florença

Nesse óleo sobre tela de Ticiano exibe o nu de uma jovem identificada como Vênus, deitada numa espécie de cama suntuosa. A pose é baseada na Vênus Adormecida (c. 1510) de Giorgione. A pintura foi financiada por Guidubaldo II, duque de Urbino. A Venus de Urbino também inspirou a pintura de Olympia de Édouard Manet, na qual a figura da Vênus foi substituída por uma prostituta.

Ticiano (1490-1576). Venus com um espelho. (c.1555)

OST (124,5x105,4cm) National Gallery, Londres.

Aqui vemos o espelho na composição, refletindo o rosto de Venus. Esta obra é um exemplo precoce de Venus representada no seu banho com Cupido. Diferente das pinturas anteriores, esta Venus senta-se ereta, como a seguinte.

Peter Paul Rubens “Toilette der Venus” (1612-1615), óleo sobre painel, 124 × 98 cm. Fürstlich Lichtensteinische Gemäldegalerie – Vaduz.

Rubens mostra a deusa com seu cabelo tradicionalmente loiro. Àssim como na Venus de Velázquez, a imagem refletida da deusa não se encaixa ao reflexo da parte de sua face visível na tela. Em contraste com o requintado das formas arredondadas ideais de Rubens, Velázquez pintou uma figura feminina mais fina.

A Rokeby Venus é amplamente considerada , juntamente com Vênus de Urbino de Ticiano , como uma das mais belas e significativas representações de Venus na história da pintura ocidental, e a única obra de nu feminino feita por Velázquez que chegou aos nossos dias. Nus eram extremamente raros na arte espanhola do século XVII, durante o qual a sociedade foi ativamente controlada por membros da Inquisição espanhola. Apesar disso, nus de artistas estrangeiros foram intensamente colecionados pelo círculo de frequentadores da corte, e esta pintura foi pendurada na casa de cortesões espanhóis até 1813. A pintura pertenceu à Casa de Alba e a Manuel de Godoy, quando era conservada no Palácio de Buenavista de Madrid. Este pendurou-a junto com as duas obras mestras de Francisco Goya que talvez o próprio Godoy tenha encomendado, A maja nua e A maja vestida. A Vênus foi levada para a Inglaterra em 1813, onde foi adquirida por John Morritt, por quinhentas libras, a conselho do seu amigo Thomas Lawrence que a pendurou na sua casa no Rokeby Park, Yorkshire de onde provém seu apelido “Rokeby Venus”. Depois foi vendida para a empresa londrina Agnew and Son. O Fundo Nacional de Coleções de Arte Nacionais da Inglaterra, adquiriu a obra em 1906 por 45 000 libras, para a National Gallery, sendo a sua primeira aquisição triunfal. O rei Eduardo VII admirou grandemente a pintura e anonimamente proporcionou 8 000 libras ao fundo para a sua compra, tornando-se patrono do fundo. Apesar de ter sido atacada e seriamente danificada em 1914 pela sufragista Mary Richardson, logo foi totalmente restaurada e voltou a ser exposta.

Em 10 de março de 1914, a pintura foi golpeada por Mary Richardson, uma sufragista (que milita o direito de votar às mulheres) britânica de origem canadiana, com uma machada curta de açougueiro. Sua ação foi aparentemente provocada pela prisão da companheira sufragista Emmeline Pankhurst no dia anterior. Richardson deixou sete cortes na pintura que foram reparados pelo restaurador chefe da National Gallery, Helmut Ruhemann. Richardson foi sentenciada a seis meses de prisão, o máximo permitido pela destruição de uma obra de arte. Numa declaração que fez ao Sindicato Político e Social de Mulheres pouco tempo depois, Richardson explicou: Tentei destruir a pintura da mais bela mulher na história da mitologia como um protesto contra o governo por destruir a Sra. Pankhurst, que é a pessoas mais formosa da história moderna. Acrescentando numa entrevista de 1952 que ela não gostava do jeito como os visitantes masculinos olhavam para a pintura todo o dia.

Published: March 11, 1914 Copyright © The New York Times

Os jornalistas tendiam a falar do ataque em termos de assassinato (Richardson recebeu a alcunha de Slasher Mary, isto é, Maria a Esfaqueadora), tratando o atentado com expressões que evocavam feridas que tivessem ocorrido a um corpo real, e não apenas a uma pintura. The Times, num artigo descreveu os cortes na tela como “uma cruel ferida no pescoço, bem como

incisões nos ombros e nas costas”.

A pintura foi submetida a uma grande limpeza e restauração entre 1965–66. Na ocasião foi verificado que a pintura estava em boas condições e que pouca cor havia sido acrescentada mais tarde por outros artistas, ao contrário do que afirmavam alguns. Afirmava-se que Cupido e a face vista no espelho foram provavelmente sobre pintados no século XVIII. José López-Rey mostrouse crítico com esta restauração, assinalando que a pintura foi limpada exageradamente e restaurada em excesso.



Foto da pintura na National Gallery imediatamente após o ataque em 1914.



A “Rokeby Venus” restaurada, foto de 2012

A consistente redução de cores para vermelho , azul, branco e um quente marrom-avermelhado permite que o tom de pele de Venus seja composto pela mistura incidental dessas mesmas cores que compõem o entorno da pintura, fazendo seu corpo emergir como uma tonalidade independente, brilhante e dominante na composição. Venus é apresentada deitada de costas, em uma pose ao mesmo tempo sensual e casta (não revelada). Sua imagem parece fundida com o entorno da obra. Cupido, desarmado, sem seu arco e flecha, está segurando um espelho, que é o ponto focal da obra, ele está com as mãos atadas por frágeis grilhões rosas, como que completamente imerso na contemplação da bela deusa. O rosto de Cupido não é nítido. A imagem no espelho olha para o espectador em desafio a todas as leis da óptica, e não revela o outro lado de Venus, mas apenas permite um vago reflexo borrado de seus traços faciais. A deusa do amor aparece aqui como um ser mítico e misterioso, sem identidade, e mesmo assim, sua imagem predomina diante de nossos olhos como o retrato da própria beleza.

PINTURA

LEITURA

RGB CMYK 169 – 61 – 49 0-0,639-0,71-0,337

114 – 68 – 44

249 – 247- 224

PIGMENTO VERMILION RED OCHRE

BURNT SIENA BURNT UMBER WHITE LEAD

0-0,00803-0,1-0,0235 37 – 28 – 23 0-0,243-0,378-0,855

IVORY BLACK VINE BLACK

Considerando a influência de Ticiano na pintura de Velazquez, quando no estudo da paleta do mestre veneziano ele mesmo declarou: “Branco, vermelho e preto, estas são todas as cores que um pintor precisa” (PAVEY, 2012). Ticiano também empregava os pigmentos “terra” sob veladuras de cores intensas. A leitura cromática da Rokeby Venus revela o uso predominante de algumas dessas cores.

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GARCIA, Wifredo Rincón. Velazquez. Editorial Estampa, Navarra, 2000. GARIFF, David. Os pintores mais influentes do mundo e os artistas que eles inspiraram. Girassol, São Paulo, 2008. PAVEY, Don. Colour Concepts. Palettes & Pigments. Micro Academy, London, 2014. PORTÚS, Eulália Zamarrón (org.). O Guia do Prado. Museu do Prado, Madrid, 2011. SERAPHIM, Mirian Nogueira. A Catalogação das Pinturas a Óleo de Eliseu d’Angelo Visconti. Campinas, 2010. Tese Doutorado em História da Arte. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Departamento de História, UNICAMP. Orientador: Jorge S.Coli Jr. http://www.wikiart.org/ http://www.museodelprado.es http://www.nationalgallery.org.uk http://abstracaocoletiva.com.br/2013/05/09/as-meninasreleituras/

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