Verdadeira Consciência

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VERDADEIRA CONSCIÊNCIA

No dia 20 de novembro inúmeras cidades no país comemoram o "Dia da Consciência Negra". Diferente delas, a realidade social do Brasil e do mundo nos mostra que há algo mais a ser pensado, tratado e defendido.
Quando se vê os estragos gerados pelo rompimento de uma barragem em Mariana/MG e o trato suave que o poder público dá a questão; quando se observa o pandemônio que o governo de São Paulo criou com o fechamento de escolas e remanejamento de alunos, sem discutir isso previamente com os principais interessados ou pais; e quando um ato monstruoso gera mais de cem mortos na "Cidade Luz", verifica-se que tudo o mais é minúsculo diante da falta de sensibilidade, consciência e responsabilidade social que assola não só o Brasil, mas o mundo.
Imaginar o tamanho dos danos ambientais, humanos e materiais que as vítimas do rompimento da barragem em Minas Gerais sofreram é verdadeiro exercício de alcance do impossível, ao menos para pessoas dotadas de senso mediano. Para órgãos governamentais, no entanto, uma multa no valor de duzentos e cinquenta milhões de reais, que vai para Deus sabe onde, é um bom começo. Negativo. Empresas como a Vale e a anglo-australiana Samarco, que exploravam o local, realizavam o beneficiamento do ferro para exportação, ou seja, não havia interesse nacional defendido ali.
A par disso, e pela extensão dos danos causados por um rompimento que até agora não teve a origem bem esclarecida, é fácil imaginar que o valor estabelecido pelo governo brasileiro, por meio do Ibama, é pífio. Pela gravidade do problema gerado e dúvida quanto a diligência no trato da segurança da barragem, a multa deveria, facilmente, ter sido alçada à casa do bilhão de reais, sem prejuízo de polpuda indenização paga a cada família afetada pela tragédia.
No caso do ensino público estadual, a falta de informação e diálogo prévio com a sociedade, mormente os principais interessados no assunto, levou a revolta de pais, alunos e professores às portas do Palácio dos Bandeirantes. Será que o interesse em economizar é tanto que faz o governo prescindir do diálogo e da sensibilidade quanto às dificuldades criadas para alunos e pais com essa mudança?
Quando se fala em consciência, seja ela qual for, a França é um país que desponta pela sua história e pelos grandes pensadores com os quais, generosamente, presenteou o mundo. É triste ver que a sandice reina, seja quando vemos aviltados valores caros a terceiros, principalmente no campo da fé e da religião, ou aos direitos e garantias individuais, com extremismos lúdicos que banalizam a vida, culminando em atentados como o recentemente ocorrido, com mais de uma centena de mortos em Paris.
Diante desses problemas, qualquer tipo de "consciência" que não seja a social se apequena; toda ação que defenda segmentos da sociedade, em vez dela como um todo, torna-se supérflua.
O Brasil é um país com gente acostumada a propagar mentiras até que o próprio mentiroso acredite ser ela uma verdade, como é o caso da inexistência de racismo na sociedade. Daí porque a importância de uma legislação rígida a respeito e que tenha eficácia. Porém, acima do preconceito racial no país, temos as restrições por condição econômica ou social. Seja branco ou negro, se o indivíduo for hipossuficiente, já é um discriminado.
Mas, o fundamental diante de todos os problemas vividos nos últimos dias, em São Paulo, no Brasil e na França – este último repercutindo para todo o mundo – tem como motivo principal a falta de consciência social.
Não há mais cautela quanto ao alcance das ações em sociedade. A tese do "perco um amigo, mas não a piada" parece ter se entranhado na mentalidade de governantes e do próprio povo, que não se surpreende mais quando se depara com tragédias.
A verdadeira consciência que todos devemos ter, mais abrangente, profunda e eficaz, não se refere a cor, raça ou gênero. Ela decorre da sensibilidade, respeito pelo próximo e pela coletividade em que vivemos:
é a Consciência Social.
Ela permite que, em um passo seguinte, alcancemos a responsabilidade social, tomando em nossas mãos com efetividade, os destinos de nossas vidas, famílias e sociedade. Uma nação somente se fortalece, evolui e progride, quando todos são a razão de ser e o interesse principal de todos. Pode parecer ridículo ou infantil, mas, se pensarmos bem, é a realidade. Axé!

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