Verticalização da beira‐mar de Fortaleza: valoração, consequência e projeção

June 27, 2017 | Autor: João Dias | Categoria: Verticalization
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Workshop Antropicosta Iberoamerica 2010. CD-ROM

    TÍTULO: VERTICALIZAÇÃO DA BEIRA‐MAR DE FORTALEZA: VALORAÇÃO, CONSEQUÊNCIA E  PROJEÇÃO  AUTORES: Davis Pereira de Paula, João Manuel Alveirinho Dias, JÁDER ONOFRE DE MORAIS,  Óscar Manuel Ferreira  TEMA: Modificações na morfologia costeira  RESUMO:  A verticalização é um processo urbanístico característico da modernidade, ou seja, consiste na  substituição de uma ocupação extensiva por uma ocupação intensiva. Esse processo não é  comum de toda a estrutura urbana, e sim concentrado em pontos de especulação imobiliária  (avenidas e bairros), como é o caso da Avenida Beira‐Mar de Fortaleza, construída em 1963 e  que concentra os principais clubes, hotéis, flats, restaurantes e residências da cidade. A  verticalização na orla central de Fortaleza, litoral Nordeste do Brasil, ao longo dos últimos 50  anos, será analisada e discutida neste trabalho sobre uma perspectiva evolutiva dos cenários  urbanístico e de sua sustentabilidade econômica, social e ambiental. Neste caso, utilizou‐se o  espaço urbano da beira‐mar dessa cidade como área piloto para o desenvolvimento deste  estudo. Os elementos naturais e de infra‐estrutura que compõem a Avenida Beira‐Mar se  distribuem ao longo de 17 quarteirões geometricamente díspares, dispostos ao longo de 3km  retilíneos, onde se concentram 3 das principais praias da cidade: a praia do Mucuripe no  extremo leste da avenida, a praia do Náutico no setor central e a praia do Meireles no extremo  oeste. O processo de ocupação e verticalização não atingiu, simultaneamente, toda a extensão  da avenida. Nos primeiros 30 anos da década de 1900, a ocupação restringiu‐se à região do  Mucuripe, ocupada por pescadores e suas rudimentares moradias de taipa, presumivelmente  uma exploração sustentável do meio. Em um segundo momento entre os anos 1930‐1960,  teve início o turismo balnear e ampliou‐se a freqüência com que as pessoas da elite se  deleitavam sob o sol escaldante, edificando ali suas casas de veraneio. Outros fatores que  incidiram sobre esse processo de ocupação foram: a) a construção do Porto do Mucuripe, que  potencializou a ocupação do extremo leste da cidade e reordenou a ocupação do litoral oeste  de Fortaleza; b) O fim da Segunda Guerra Mundial, em que os norte‐americanos deixaram  como herança os campos de pouco e a utilização lúdica da praia e dos banhos de mar. Esse  mesmo período também testemunhou o reordenamento dos equipamentos de veraneio da  Praia de Iracema em direção à Praia do Meireles em consequência dos processos erosivos  desencadeados naquela praia com a construção do porto. Também se constatou a migração  dos clubes para esse trecho do litoral, onde foi construída a sede do Náutico Atlético Clube –  NAC. Assim, paulatinamente, a Avenida Beira‐Mar, litoral central de Fortaleza, foi sendo  ocupada por residências extensivas e clubes de lazer. Enquanto que o litoral oeste de Fortaleza  foi artificializado por espigões, tipo de antropização indireta que teve como origem a  antropização direta da região do Mucuripe.  A partir da década de 1970, com a construção e  urbanização da primeira etapa dessa avenida, o que se verificou foi a substituição das 

São Paulo, Iguape e Cananéia – Brasil – de 27 de março a 01 de abril de 2010 

    construções horizontais por construções do tipo intensiva, principalmente, no setor  compreendido entre as praias do Náutico e Meireles. O “boom” da verticalização ocorreu  entre as décadas de 1980 e 1990, quando a taxa construtiva passou de 1,9 prédios/ano para 4  prédios/ano, impulsionada pela construção do Aeroporto Internacional, pelas políticas de  desenvolvimento do turismo e pela concentração da elite fortalezense nesse trecho da cidade.  Em média, os prédios da Beira‐Mar apresentam uma altura de 14,4 andares. Dos 17  quarteirões que compõem essa avenida, 10 estão totalmente materializados. Isso significa que  modificações urbanísticas a curto prazo são quase nulas. Em 2008, constatou‐se que, ao longo  da Avenida Beira‐Mar, existiam 77 equipamentos urbanos verticalizados. Desses, 54,5% são  residências, 19,5% hotéis, 20,8% comércios, 2,6% clubes e 1,3% são instituições. Baseado nas  taxas construtivas e nas tendências observadas ao longo do estudo, conclui‐se que, em 10  anos, estarão extintos todos os espaços livres ao longo da Avenida Beira‐Mar. Porém essa  estimativa pode ser prolongada com o decréscimo da taxa construtiva, impulsionada, por  exemplo, pela crise econômica global ou reduzida pelo surgimento de um cenário econômico  favorável, como seria o caso da realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Considerando  que o Ceará será sede de um dos grupos da copa, potencializar‐se‐ão novos investimentos em  infra‐estrutura, transporte, comércio, hotelaria e outros. Consequentemente, a estimativa  outrora de 10 anos poderá sofrer uma redução.

São Paulo, Iguape e Cananéia – Brasil – de 27 de março a 01 de abril de 2010 

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