Verticalização da beira‐mar de Fortaleza: valoração, consequência e projeção
Descrição do Produto
Workshop Antropicosta Iberoamerica 2010. CD-ROM
TÍTULO: VERTICALIZAÇÃO DA BEIRA‐MAR DE FORTALEZA: VALORAÇÃO, CONSEQUÊNCIA E PROJEÇÃO AUTORES: Davis Pereira de Paula, João Manuel Alveirinho Dias, JÁDER ONOFRE DE MORAIS, Óscar Manuel Ferreira TEMA: Modificações na morfologia costeira RESUMO: A verticalização é um processo urbanístico característico da modernidade, ou seja, consiste na substituição de uma ocupação extensiva por uma ocupação intensiva. Esse processo não é comum de toda a estrutura urbana, e sim concentrado em pontos de especulação imobiliária (avenidas e bairros), como é o caso da Avenida Beira‐Mar de Fortaleza, construída em 1963 e que concentra os principais clubes, hotéis, flats, restaurantes e residências da cidade. A verticalização na orla central de Fortaleza, litoral Nordeste do Brasil, ao longo dos últimos 50 anos, será analisada e discutida neste trabalho sobre uma perspectiva evolutiva dos cenários urbanístico e de sua sustentabilidade econômica, social e ambiental. Neste caso, utilizou‐se o espaço urbano da beira‐mar dessa cidade como área piloto para o desenvolvimento deste estudo. Os elementos naturais e de infra‐estrutura que compõem a Avenida Beira‐Mar se distribuem ao longo de 17 quarteirões geometricamente díspares, dispostos ao longo de 3km retilíneos, onde se concentram 3 das principais praias da cidade: a praia do Mucuripe no extremo leste da avenida, a praia do Náutico no setor central e a praia do Meireles no extremo oeste. O processo de ocupação e verticalização não atingiu, simultaneamente, toda a extensão da avenida. Nos primeiros 30 anos da década de 1900, a ocupação restringiu‐se à região do Mucuripe, ocupada por pescadores e suas rudimentares moradias de taipa, presumivelmente uma exploração sustentável do meio. Em um segundo momento entre os anos 1930‐1960, teve início o turismo balnear e ampliou‐se a freqüência com que as pessoas da elite se deleitavam sob o sol escaldante, edificando ali suas casas de veraneio. Outros fatores que incidiram sobre esse processo de ocupação foram: a) a construção do Porto do Mucuripe, que potencializou a ocupação do extremo leste da cidade e reordenou a ocupação do litoral oeste de Fortaleza; b) O fim da Segunda Guerra Mundial, em que os norte‐americanos deixaram como herança os campos de pouco e a utilização lúdica da praia e dos banhos de mar. Esse mesmo período também testemunhou o reordenamento dos equipamentos de veraneio da Praia de Iracema em direção à Praia do Meireles em consequência dos processos erosivos desencadeados naquela praia com a construção do porto. Também se constatou a migração dos clubes para esse trecho do litoral, onde foi construída a sede do Náutico Atlético Clube – NAC. Assim, paulatinamente, a Avenida Beira‐Mar, litoral central de Fortaleza, foi sendo ocupada por residências extensivas e clubes de lazer. Enquanto que o litoral oeste de Fortaleza foi artificializado por espigões, tipo de antropização indireta que teve como origem a antropização direta da região do Mucuripe. A partir da década de 1970, com a construção e urbanização da primeira etapa dessa avenida, o que se verificou foi a substituição das
São Paulo, Iguape e Cananéia – Brasil – de 27 de março a 01 de abril de 2010
construções horizontais por construções do tipo intensiva, principalmente, no setor compreendido entre as praias do Náutico e Meireles. O “boom” da verticalização ocorreu entre as décadas de 1980 e 1990, quando a taxa construtiva passou de 1,9 prédios/ano para 4 prédios/ano, impulsionada pela construção do Aeroporto Internacional, pelas políticas de desenvolvimento do turismo e pela concentração da elite fortalezense nesse trecho da cidade. Em média, os prédios da Beira‐Mar apresentam uma altura de 14,4 andares. Dos 17 quarteirões que compõem essa avenida, 10 estão totalmente materializados. Isso significa que modificações urbanísticas a curto prazo são quase nulas. Em 2008, constatou‐se que, ao longo da Avenida Beira‐Mar, existiam 77 equipamentos urbanos verticalizados. Desses, 54,5% são residências, 19,5% hotéis, 20,8% comércios, 2,6% clubes e 1,3% são instituições. Baseado nas taxas construtivas e nas tendências observadas ao longo do estudo, conclui‐se que, em 10 anos, estarão extintos todos os espaços livres ao longo da Avenida Beira‐Mar. Porém essa estimativa pode ser prolongada com o decréscimo da taxa construtiva, impulsionada, por exemplo, pela crise econômica global ou reduzida pelo surgimento de um cenário econômico favorável, como seria o caso da realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Considerando que o Ceará será sede de um dos grupos da copa, potencializar‐se‐ão novos investimentos em infra‐estrutura, transporte, comércio, hotelaria e outros. Consequentemente, a estimativa outrora de 10 anos poderá sofrer uma redução.
São Paulo, Iguape e Cananéia – Brasil – de 27 de março a 01 de abril de 2010
Lihat lebih banyak...
Comentários