VIDA LONGA AO NÚCLEO DE ESTUDOS DA TERCEIRA IDADE – NETI

June 1, 2017 | Autor: Joel Souza | Categoria: Impact of Social Sciences and Humanities
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VIDA LONGA AO NÚCLEO DE ESTUDOS DA TERCEIRA IDADE – NETI Graduando: Joel de Souza – CSE/UFSC Orientadora: Jordelina Schier – CCS/UFSC Conforme a Organização das Nações Unidas (2002) em uma de suas últimas Assembleias Gerais sobre o tema do envelhecimento, nos países em desenvolvimento o número de idosos aumentará de 200% para cerca de 300% em apenas 35 anos, influenciando de forma significativa fatores tais como: crescimento econômico, investimento, consumo e mercado de trabalho, com reflexos diretos sobre a saúde e a assistência médica. Na esfera política, os processos eleitorais e de representação parlamentar sofrerão influência direta do envelhecimento, dado o percentual de idosos ser mais elevado que as demais faixas etárias. No Brasil, preconiza o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2004), que num futuro próximo compartilharemos os mesmos problemas de longevidade acima da média e queda gradativa do índice de natalidade dos países do velho continente onde os idosos figuram a muito, em maior densidade. A sociedade brasileira começa a enxergar no planejamento familiar, vantagens que como consequência negativa, suscitam a diminuição da taxa de natalidade que ao longo do tempo leva ao envelhecimento da população. Neste contexto relevante idealiza-se o NETI – Núcleo de Estudos da Terceira Idade, que focando esforços na educação para o envelhecimento empreende regularmente, cursos, grupos de trabalho, oficinas e projetos com ênfase em alunos idosos, visando promover continuamente, sua atualização e inserção social. Atuando no ensino superior como referência no campo de estágios para estudos de graduação e pós-graduação, o núcleo oferta assessoria e consultoria sobre estudos, projetos e programas na área da gerontologia, estabelecendo parcerias com entidades governamentais, da iniciativa privada e terceiro setor.

Em 3 de agosto de 1983 foi oficialmente criado o Núcleo de Estudos da Terceira Idade – NETI, através da Portaria 0484/GR/83 do Reitor Ernani Bayer.

Fonte: Site Institucional.

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Sobre o termo “Terceira Idade”, tão presente na contemporaneidade cabe salientar que este decorre de um conceito de envelhecimento ativo, onde Frutuoso (1999) alerta que não se deve confundi-lo com velhice. Surgida na França, no final dos anos 60, a conceitualização do termo refere-se a uma realidade emergente ligada a um novo tempo de lazer e não mais associada à miséria, doença e decadência, o que em geral ocorria após a vida profissional ativa. Assim o conceito assume uma forma mais moderna onde consta a conotação de realização pessoal integrada a uma divisão etária na qual as pessoas gozam de autonomia com saúde e qualidade de vida. A partir de então a Universidade Federal de Santa Catarina vem confirmando seu interesse em participar efetivamente do esforço nacional em prol do envelhecimento sadio, pela produção de conhecimentos da gerontologia, pela valorização do potencial dos idosos socialmente produtivos, pela promoção do intercâmbio de conhecimentos junto à sociedade, onde o processo educacional percebe o idoso enquanto protagonista de seu envelhecer. Ao ser concebido, o NETI logo focou esforços na promoção de discussões no âmbito sociopolítico, incitando o surgimento de lideranças para atuarem como amálgama na mobilização de entidades para ações conjuntas no combate à marginalização social do idoso, se mantendo fiel aos princípios de valorização a pessoa idosa inserindo-a no contexto acadêmico e comunitário com o compromisso de permanecer atuante na proposição de ideias junto ao poder público, de políticas de atenção aos idosos e de formar profissionais na área de gerontologia voltados à realidade nacional.

Sede atual do NETI. Fonte: Site Institucional.

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Os primeiros gerontólogos brasileiros foram formados na Universités du Troisième Âge, na França (DEBERT, 1994). Veras e Caldas (2004) relatam que o movimento Universidade da Terceira Idade segue tomando impulso desde 1970, por meio de ações multidisciplinares com fins de integrar o idoso na sociedade. Em 2004, os mesmos autores afirmavam existir no país, ao menos 150 programas com o mesmo objetivo. Debert (1996) propõe duas perspectivas sobre o idoso: a abordagem que o caracteriza “como fonte de miséria” e a perspectiva mais recente, que o trata como “fonte de recursos”. Onde esta última é composta por uma resposta a pesquisas que evidenciavam ser o público jovem tendente a superestimar questões ligadas ao envelhecimento. Decompor a concepção da miséria pela ótica do idoso enquanto fonte de recursos, não é uma tarefa simples. Abordagens fundamentadas em visões pessimistas do idoso permanecem arraigadas, conservando-se em determinadas pesquisas como alicerce teórico até mesmo quando os dados demandam por uma revisão de tal perspectiva. Ao indagar programas universitários voltados a idosos, Simoneau e Oliveira (2011) chegaram a conclusão que existe uma representação positiva amparada em valores morais hegemônicos que destacam sua função social, permitindo a integração socioeducativa, o estabelecimento de vínculos e a valorização da pessoa idosa. Para reafirmação destes valores sociais, o NETI promove duas ações voltadas ao suporte informacional a familiares e frequentadores do núcleo, tais como: O Programa Grupo de Apoio aos Portadores da Doença de Parkinson e seus Familiares que possui foco no assessoramento destes, acerca de suas reivindicações e demandas específicas, para enfrentarem a enfermidade e fortalecerem sua cidadania enquanto usuários do serviço de saúde pública e; O Projeto Grupo de Apoio aos Familiares de Portadores da Doença de Alzheimer que disponibiliza espaço onde são empreendidos processos informacionais sobre a doença, bem como a partilha de experiências dos portadores e seus cuidadores no cotidiano de enfrentamento à enfermidade. Outras atividades que visam reafirmar valores sociais compreendem o fomento às entidades organizadas pelo corpo discente colaborador no âmbito da Associação de Monitores da Ação Gerontológica – AMAG, que congrega ex-alunos do NETI, desempenhando função sócio recreativa, através de encontros festivos e de lazer; o Centro de Estudantes do Núcleo de Estudos da Terceira Idade – CENETI (Coordenador do Grupo de Canto Vozes da Ilha e Seresta), que objetiva promover a integração dos alunos e reivindicar seus direitos junto às 3

instituições governamentais; o Grupo A Hora da História, que proporciona a interação geracional em cujo processo o contador idoso pesquisa e seleciona contos e histórias para apresentação em público; o Grupo Teatral Chão de Estrelas, que é uma atividade permanente na qual os idosos elaboram textos a partir de suas vivências com o processo de envelhecimento.

Público frequentador do NETI.

Fonte: SEPEX.

Doutora em enfermagem, Jordelina Schier, é a atual coordenadora do NETI, fundado a mais de 30 anos e vinculado à Pró-Reitoria de Extensão (PROEX), onde permanece sendo considerado o maior e mais antigo projeto de extensão da UFSC.

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REFERÊNCIAS DEBERT, G.G. Envelhecimento e curso da vida. Rev. Estudos Femin. 5(1):120-8,1997. DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2000. FRUTUOSO, D. A Terceira idade na universidade: relacionamento entre gerações no 3º Milênio. Rio de Janeiro: Editora Ágora da Ilha, 1999. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Projeção da população do Brasil por sexo e idade para o período 1980-2050. Rio de Janeiro: IBGE, 2004. Disponível em: . Acesso em: 19 mai. 2016. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Estratégia internacional de ação sobre o envelhecimento, New York: ONU, 2002. Disponível em: . Acesso em: 25 mai. 2016. SIMONEAU, A.; OLIVEIRA, D. C. Programa universitário para pessoas idosas: a estrutura da representação social. Arquivos Brasileiros de Psicologia, Rio de Janeiro: UFRJ, v. 63, n. 1, p. 11-21, 2011. Disponível em: . Acesso em: 21 mai. 2016. VERAS, R. P.; CALDAS, C. P. Promovendo a saúde e a cidadania do idoso: o movimento das universidades da terceira idade. Ciência saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 9, n. 2, Jun. 2004. Disponível em: . Acesso em: 13 mai. 2016.

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