Vida off & vida fake: antagonismo ou semelhança nas redes sociais

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UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL: HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

BRUNA VIEIRA RIBEIRO

VIDA OFF E VIDA FAKE: ANTAGONISMO OU SEMELHANÇA NAS REDES SOCIAIS

VILA VELHA 2014

BRUNA VIEIRA RIBEIRO

VIDA OFF E VIDA FAKE: ANTAGONISMO OU SEMELHANÇA NAS REDES SOCIAIS

Monografia apresentada ao curso de Comunicação Social: Habilitação Social em Jornalismo, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Jornalismo da Universidade Vila Velha. Orientador: Prof.Ms. Gladson Dalmonech

VILA VELHA 2014

BRUNA VIEIRA RIBEIRO

VIDA OFF E VIDA FAKE: ANTAGONISMO OU SEMELHANÇA NAS REDES SOCIAIS

Monografia apresentada ao curso de Comunicação Social: Habilitação Social em Jornalismo, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Jornalismo da Universidade Vila Velha.

Aprovada em ____ de _____________ de _____.

COMISSÃO EXAMINADORA

________________________________________ Prof. Ms. Gladson Dalmonech Orientador

________________________________________ Prof. Ms. Maria Ângela Rosa Soares Qualificadora

________________________________________ Prof. Drª. Nicoli Glória de Tássis Guedes

AGRADECIMENTOS Primeiro devo agradecer a Deus, por sempre ser uma força e me lembrar de que, apesar de Ele me ajudar em tudo, eu também tenho a minha própria força, determinação e capacidade de chegar aonde eu cheguei. Em segundo agradeço aos meus pais, Gesner e Luciene. O apoio financeiro para eu estar onde estou, e passar por onde passei, só foi uma parte do apoio que eles me deram e ainda dão, desde quando eu nasci. Também agradeço à minha família, avós, tios e tias, primos e primas, por fazerem parte da minha história e terem feito parte, direta ou indiretamente, da construção dos meus 21 anos, até então, em uma grande metamorfose ambulante. Agradeço também a algumas das professoras que tive no começo da minha trajetória que, de certa maneira, me fizeram chegar aqui, Edna, Joyce e Nilce. Aos atuais professores, mestres, em especial à Rose Vidal, que me orientou nos primeiros passos dessa monografia, além de todo o conhecimento passado durante as aulas. Agradeço também ao meu orientador, Gladson Dalmonech, pelo auxílio na trajetória final desta pesquisa, e à Maria Ângela Soares, pelos conselhos e orientações. Agradeço também aos mestres que já passaram pela minha vida acadêmica e fizeram total diferença na construção do meu trabalho: Angele Murad, Isabel Girão, Marcilene Forechi, Luciana Moura, Gilda Soares, Nicoli Tassis e Luína Palácios. Quarto, mas não menos importante, agradeço aos amigos que estão comigo desde 2008, quando comecei o ensino médio. Inclusive é a época em que eu adentrei nesse mundo fantástico, que é o fake. Às amigas off-line, que também são ou já tiveram fakes, Amanda Nunes, Camila Muniz, Karla Renon, Laura Queiroga e Pollyanna Freire; Aos grandes amigos que fiz durante a vida fake, que de certa forma permanecem na minha vida off-line, Tiago Henrique, Wescley Melo e em especial ao Lauro Teixeira, que está comigo desde 2012 como amigo, companheiro e namorado, sempre me apoiando em cada momento deste projeto e de parte da minha vida acadêmica e pessoal. Não esqueço também dos amigos que fiz, que não permaneceram na minha vida até hoje, mas fazem parte da minha história também: Chato, Lazy, Catherine, Apple, Zack, Matt, Syn, Damon, Ambrósio, Mark; aos amigos lindos da Insecure: Spensar, Sininho, Prata, Jason, Melane e Maria; E aos colegas do mundo fake que se submeteram a me ajudar em parte nessa pesquisa, o meu muito obrigado.

Cada momento de nossa realidade é diretamente influenciado pela nossa maneira de achar como uma 'realidade' deve ser. Paulo Coelho

RESUMO

Considerando o mundo pós-moderno e as características hedonistas presentes nas personalidades dos indivíduos, analisamos a motivação para a criação dos perfis fakes em redes sociais na internet. Analisando-os com base em uma caracterização de um metaverso narrativo, buscamos compreender como é a convivência dos personagens inventados para interações online, analisando a correlação existente entre os sentimentos expressos na vida online e off-line por meio de representações de situações comuns do cotidiano social real. Analisamos, também, os relacionamentos no ambiente virtual e como ele é visto por seus integrantes, além da capacidade dos indivíduos de separar os universos fake e real em suas vidas. Palavras-chave: pós-modernidade, cibercultura, redes sociais, metaverso, perfis fakes.

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 8 2 SOCIEDADE E A ERA DA INFORMAÇÃO ..................................................................... 16 2.1 Pós-modernidade e a construção das identidades fragmentadas .................................... 16 2.2 Sociabilidade dos indivíduos no ciberespaço ................................................................. 22 4 OS PERFIS FAKES ............................................................................................................... 36 4.1 Particularidades dos perfis fakes ..................................................................................... 36 4.2 A construção dos personagens ........................................................................................ 38 4.3 Formas de relacionamentos entre os personagens .......................................................... 39 4.4 Plataformas de interações interpretativas ....................................................................... 42 4.4.1 Criminal/Policial ...................................................................................................... 42 4.4.2 Sobrenatural ............................................................................................................. 43 4.4.3 Anime ....................................................................................................................... 43 4.4.4 Fantástico/Magia ...................................................................................................... 43 4.4.5 Real life .................................................................................................................... 43 4.4.6 Personalizado ........................................................................................................... 44 5 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS ............................................................................. 45 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 52 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 54 APÊNDICES.............................................................................................................................56 ANEXOS................................................................................................................................102

1 INTRODUÇÃO

Vivemos hoje em meio a uma sociedade pós-moderna, também caracterizada como uma “Modernidade Líquida”. O termo, posto pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman, ilustra de forma clara a sociedade atual que é frágil, dispersa, instantânea e fragmentada; um resultado de um “derretimento” da antiga modernidade “sólida”.

A rigidez da ordem é o artefato e o sedimento da liberdade dos agentes humanos. Essa rigidez é o resultado de “soltar o freio”: da desregulamentação, da liberalização, da flexibilização, da fluidez crescente, do descontrole dos mercados financeiro, imobiliário e de trabalho, tornando mais leve o peso dos impostos etc. (BAUMAN, 2001, p.12).

Com os avanços da tecnologia, a modernidade líquida se encontra atualmente imersa em um mundo cada vez mais tecnicista e instantâneo, onde muitas vezes ocorre uma exclusão social sobre quem não concorda com a adequação da vida junto a estes dispositivos tecnológicos. Não só a tecnologia em si muda o comportamento das pessoas, em ambientes profissionais, comunitários ou pessoais. Há um contexto muito maior que se apresenta, a princípio, como uma rede de comunicações sócio-democrática, para os indivíduos manterem contato, atualizarem-se dos acontecimentos e das políticas atuais: a internet, ou o ciberespaço. “Assim que penetramos no universo da Web, descobrimos que ele constitui não apenas um imenso “território” em expansão acelerada, mas que também oferece inúmeros “mapas”, filtros, seleções para ajudar o navegante a orientar-se” (LÉVY, 2000, p. 85). Apesar de essa “tecnologia” ser caracterizada como sócio-democrática, e cumprir o seu papel principal, há ainda muito a se aprender e adaptar. Assim como ocorre em um aspecto na vida, que chamaremos aqui de “real”, a vida “virtual” traz muito do oposto do que se acontece na sociedade que vive no ambiente “real”. O virtual é, e se desenvolveu, sob o livre arbítrio dos indivíduos conectados nessa rede global. Apesar disso, o ciberespaço proporciona grandes ferramentas e, a partir delas, inúmeras possibilidades, algumas até inimagináveis. E uma das maiores ferramentas dessa rede mundial é, coincidentemente, a comunicação interpessoal.

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Assim como a correspondência entre indivíduos fizera surgir o “verdadeiro” uso do correio, o movimento social que acabo de mencionar inventa provavelmente o “verdadeiro” uso da rede telefônica e do computador pessoal: o ciberespaço como prática de comunicação interativa, recíproca, comunitária e intercomunitária, o ciberespaço como horizonte de mundo virtual vivo, heterogêneo e intotalizável no qual cada ser humano pode participar e contribuir (LÉVY, p.126).

Indivíduos que são frutos da modernidade líquida, e que nasceram na época em que o ciberespaço começou a se desenvolver de forma mais ampla, já o tomaram como parte significante de suas vidas. Tanto que, muitas vezes, a única hora do dia que ela não está conectada nessa rede de comunicações é quando vai dormir. Há divergências também neste caso, mas consideremos a afirmação acima como de maior veracidade. E como isso faz parte da vida das pessoas atualmente, muitas vezes se confunde as vidas (virtual e “real”), fazendo com que os indivíduos tomem parte dos relacionamentos virtuais como se fossem os “reais” e predominantes em suas vidas. Sendo assim, os indivíduos tomam a Cibercultura como “a expressão da aspiração de construção de um laço social, que (...) seria fundado (...) sobre a reunião em torno dos centros de interesses comuns, sobre o jogo, sobre o compartilhamento do saber, sobre a aprendizagem cooperativa, sobre processos abertos de colaboração” (LÉVY, 2000, p. 130).

Diante de todo este conceitual expressivo, que ilustrou brevemente as características da sociedade, formula-se a seguinte indagação: Por que os indivíduos tornam a vida fake quase uma vida off (real)? Esta monografia, portanto, tem como relevância acadêmica a contribuição para os estudos de comunicação no metaverso1, com recorte nas redes sociais, que desenvolvem uma forte transformação na sociabilidade pós-moderna. A criação e o desenvolvimento dos perfis fakes é, desde a popularização das redes sociais na internet, muito comum entre adolescentes e jovens adultos. Apesar do longo tempo e da quantidade de indivíduos que sentem a necessidade de criar uma nova identidade, pouco se entende ainda sobre os motivos de estruturação deste universo constituído dentro do metaverso. Além disso, os conceitos na Era 1

O metaverso é um tipo de universo ou realidade que, através de dispositivos digitais, espelha-se em uma realidade ou um mundo alternativo para uma pessoa. O indivíduo estabelece-se em um metaverso a partir do momento em que ele ambienta um espaço virtual e interpreta, seja através de jogos tridimensionais ou mesmo através de textos, atividades cotidianas do dia a dia, vivenciando um estilo de vida alternativo e secundário em um ambiente virtual.

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da Informação mudam diariamente, necessitando de registros para que se possa compreender a evolução dos mesmos.

A relevância social desta pesquisa é de suma importância para que os indivíduos entendam porque as pessoas se prendem tanto ao ambiente virtual. O cotidiano social atual é muito pertencente e condizente com a forma como as pessoas se expressam no ambiente virtual, por meio das redes sociais. Atualmente há milhares de jovens, e também muitos adultos, que tiram parte do seu tempo diário, e muitas vezes o dia como um todo, para “passar o tempo” ou entrar na realidade virtual, ou “falsa”. Há alguns fatores socioculturais que fazem com que os indivíduos se inibam da vida real, e tornem o uso destas identidades falsas mais predominantes em suas vidas. O uso dos perfis fakes (falsos) tem grande abundância dentro das redes sociais, principalmente no Orkut, a rede social na qual esses tipos de perfis se consolidaram definitivamente e ampliaram as possibilidades deste universo, construindo um grande metaverso.

Por fim, este trabalho pretendeu trazer o significado desse pertencimento das pessoas dentro do metaverso criado nos perfis fakes: suas causas, consequências, divergências e semelhanças entre o mundo “real”.

Pensando assim, se estabeleceu para o projeto os seguintes objetivos gerais e específicos para traçar de forma coerente o desenvolvimento da monografia: 

Objetivo Geral

 Entender os motivos que levam os indivíduos a criarem perfis fakes nas redes sociais. 

Objetivos Específicos

 Comparar as identidades dos perfis fakes e real;  Mapear as formas de comunicação dos perfis fakes;  Identificar as regras de sociabilidade dos perfis fakes; Para tais objetivos, a hipótese preestabelecida sobre os perfis fakes, ou as segundas identidades, seria que a criação de formas alternativas de comunicação é utilizada pelos indivíduos para escaparem de tudo que eles acreditam que proporcionem problemas, irritação, estresse, desmotivação, tristeza ou qualquer outra emoção ou reação negativa em sua vida “real”. Sendo assim, estes mesmos indivíduos constroem uma nova identidade baseando-se 10

em uma idealização do inconsciente e das representações que eles têm diariamente de modelos de uma vida “perfeita” ou, no mínimo, sem algum dos problemas enfrentados por estes indivíduos em seu cotidiano. Desta forma, a possibilidade de fazer parte de um grupo social, com uma identidade falsa, ou alternativa, através das redes sociais na internet, é maior. A partir da participação de um grupo social dentro da rede, com pessoas com afinidades parecidas, a segunda hipótese seria a de que os indivíduos, quando se relacionam no perfil fake, conseguem criar relacionamentos nas mesmas proporções que acontecem na vida real. Com a hipótese proporcionada, justificamos a primeira parte deste projeto como exploratória, a qual, de acordo com o Gil (1991), tem seu objetivo delineado pela técnica da pesquisa bibliográfica, que é elaborada através de comprovações já existentes sustentada pelos conceitos teóricos contidos em livros e/ou artigos. Além disso, o autor ainda aponta que os objetivos exploratórios em uma pesquisa proporcionam um maior conhecimento acerca do tema e problema tratados na pesquisa, objetivando a construção de hipóteses e apresentando de forma explícita o tema. Para explicitar de forma acurada o tema e a hipótese apresentados no projeto, se fez importante unirmos dois tipos de pesquisa que tornarão a análise mais abrangente acerca dos objetivos propostos: as pesquisas qualitativa e quantitativa. Cada uma delas foi essencial para que a pesquisa conseguisse seguir os objetivos propostos e chegar a uma hipótese mais precisa sobre o tema estudado. “A premissa básica da integração repousa na ideia de que os limites de um método poderão ser contrabalançados pelo alcance de outro. (GOLDENBERG, 1998, p. 63)” Portanto, a escolha para este tipo de pesquisa se deu pelo objetivo de tornar o tema mais abrangente, colhendo dados e informações que não correm o risco de serem limitados por quantidades que simplificassem o fenômeno estudado, e que pudesse abrangê-lo em profundidade dentro do contexto proposto para a pesquisa. Ou seja, a pesquisa qualiquanti seria “o conjunto de diferentes pontos de vista, e diferentes maneiras de coletar e analisar os dados, que permite uma ideia mais ampla e inteligível da complexidade de um problema” (GOLDENBERG, 1998, p. 62). Para o aprofundamento da pesquisa em relação à sua caracterização e os tipos relacionados acima, foi de suma importância traçar seu delineamento conceitual e, para isso, fez-se o uso de um delineamento conceitual bibliográfico dentro desta monografia.

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“As pesquisas sobre ideologias, bem como aquelas que se propõem à análise das diversas posições acerca de um problema, também costumam ser desenvolvidas quase exclusivamente a partir de fontes bibliográficas” (GIL, 1991, p.48). Este conceito posto pelo autor pode ser justificado por esta pesquisa de acordo com a análise feita acerca do comportamento dos usuários de perfis fakes, bem como a identificação do problema proposto neste projeto, o qual seria a causa da criação destes perfis fakes, de suas segundas identidades e vidas, em um ambiente virtual. Ainda de acordo com Gil (1991) podemos sintetizar a forma da elaboração da pesquisa bibliográfica sendo sustentada por livros, teses, dissertações, e, que foram incluídas atualmente, conteúdos que podemos encontrar na internet, tais como artigos de anais, artigos de blogs ou documentos em forma de vídeo e fotos. Além de um delineamento conceitual, este projeto utilizou também uma pesquisa de campo, como forma de coletar os dados de acordo com os objetivos propostos a partir do delineamento. Para isso, foram realizadas as análises qualitativa e quantitativa. Para tal, foram inseridas nestes delineamentos analíticos entrevistas em profundidade. Em torno dos delineamentos propostos, considerou-se a seleção de uma amostra significativa para a entrevista em profundidade. Foram selecionadas, portanto, 20 pessoas, do sexo feminino e masculino, que passaram ou ainda passam pela experiência de ter um perfil e identidade fakes. Os sujeitos selecionados para esta pesquisa foram indivíduos de conveniência com a autora do projeto. Para a coleta dos dados para análise, foram utilizados roteiros de entrevista já previamente estabelecidos. Os dados coletados a partir das entrevistas em profundidade foram categorizados, respectivamente como análise de conteúdo. Bardin (2012) diz que esta categorização organiza-se em três fases: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. A pré-análise corresponderia “a um período de intuições, mas tem por objetivo tornar operacionais e sistematizar as ideias iniciais, de maneira a conduzir a um esquema preciso do desenvolvimento das operações sucessivas, num plano de análise” (BARDIN, 2012, p. 125). Ou seja, a primeira etapa para análise de conteúdo faz uma organização dos dados até então já apresentados por uma pesquisa bibliográfica, para, então, adaptá-la aos questionários formulados. 12

Já a exploração do material consiste, basicamente, em codificar, enumerar ou classificar os dados coletados em consequência das análises já realizadas (BARDIN, 2012). Para a autora ainda é válido destacar as formas da classificação dos dados, enumerados como codificação, categorização e inferência. Esta última ainda é frisada pela autora como fator chave para a fusão da análise de conteúdo junto a análise quantitativa de uma pesquisa. O tratamento dos resultados seria, então, uma análise final, sistematizada de acordo com toda a exploração do material. Ou seja, os resultados brutos são tratados de maneira a serem significativos (...) e válidos. (...) O analista, tendo a sua disposição resultados significativos e fiéis, pode então propor inferências e adiantar interpretações a propósito dos objetivos previstos – ou que digam respeito a outras descobertas inesperadas (BARDIN, 2012, p. 131).

Para isso, a monografia constituiu-se da seguinte divisão de capítulos teóricos: 

SOCIEDADE E A ERA DA INFORMAÇÃO

 Pós-modernidade e as identidades fragmentadas  Sociabilidade no Ciberespaço 

A CONSTRUÇÃO DAS REDES SOCIAIS E SEUS INDIVÍDUOS

 A composição das redes sociais e suas dinâmicas  Redes sociais de filiação e os valores agregados por seus atores  As principais redes sociais da contemporaneidade 

PERFIL FAKE

 Particularidades dos perfis fakes  A construção dos personagens  Formas de relacionamentos entre os personagens  Plataformas de interações interpretativas o Criminal/Policial o Sobrenatural o Anime o Fantástico/Magia o Real life o Personalizado 13

O primeiro capítulo teórico, sobre a Sociedade e a era da informação, e seus sub tópicos, fizeram uma conceituação mais abrangente acerca da pós-modernidade, a era em que os indivíduos estão inseridos atualmente, e como ocorre a fragmentação desse sujeito que, atualmente, usa de uma forma diferente para se socializar com outros indivíduos: o ciberespaço. Autores como Zygmunt Bauman, Stuart Hall, Manuel Castells, Guy Debord, Gilles Lipovetsky e Pierre Lévy foram essenciais na construção dos conceitos para este capítulo. Já o segundo capítulo traz uma abordagem acerca das redes sociais em si, e o desenvolvimento de cada uma delas dentro da sociedade, trazendo conceitos de Raquel Recuero principalmente, determinaremos a forma como a sociabilidade dentro dessas redes sociais é constituída, apresentando também pontos importantes sobre a formulação e interface, além de dados quantitativos de diversas categorias sobre as redes. Por fim, a parte principal do projeto, que trata sobre como os perfis fakes, ou as identidades fakes, são representados. A ideia é apresentar e conceituar os perfis fakes, que são constituídos e criados, principalmente, para interações sociais alternativas, constituindo uma segunda personalidade dos indivíduos, permitindo construir identidades alternativas. A ideia foi chegar a uma resposta da causa da criação das segundas identidades, bem como identificar as semelhanças, relações e diferenças que estas identidades alternativas constituem para os indivíduos no seu mundo real. Após a contextualização teórica, foram realizadas as entrevistas em profundidade buscando abordar os objetivos principais descritos na introdução, além de testar a hipótese apresentada para a causa da criação destas segundas identidades. Assim resume-se o projeto: 1 – Caracterização da pesquisa: Exploratória e descritiva 2 – Classificação do tipo da pesquisa: Mista 3 – Classificaçãodos procedimentos técnicos a) Delineamento Conceitual – Bibliográfico Pesquisa de Campo – Pesquisa de Opinião e Entrevista em Profundidade b) Seleção da Amostra: Universo, Vitória (Quantitativa) / 20 pessoas (Qualitativa) 14

c) Instrumentos de coleta de dados – Questionários e Roteiro de Entrevista d) Análise e interpretação dos dados: Análise de Conteúdo e) Forma de apresentação dos resultados: Gráficos e análise dos resultados f) Apresentação da Monografia

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2 SOCIEDADE E A ERA DA INFORMAÇÃO Com as introduções tecnológicas que aconteceram em cadeia mundial através dos séculos, além das evoluções das tecnologias mais velozes ainda, inovando-se em décadas e até em alguns poucos anos, a internet pode ser considerada uma das maiores descobertas do homem. Com potencialidade infinita e uma arquitetura simples, a rede mundial que interliga computadores pelo mundo todo potencializou a comunicação interpessoal e, junto com ela, alavancou o alcance da população para com a informação, sendo ela mais instantânea, veloz e ininterrupta. Uma tentativa de vislumbrar o novo espaço que surge na contemporaneidade é na verdade pensar a possibilidade de se viver a sociabilidade sem o espaço moderno do civil, ao lado dos espaços vazios que foram produzidos na modernidade (MAIA, 2003, p. 12).

A partir deste contexto, traremos a seguir uma conceituação de forma abrangente sobre como foi a trajetória dos sujeitos para alcançar essa tão sonhada era da informação, que não só valoriza a informação em si, mas também a interlocução da informação, ou seja: a sociabilidade.

2.1 Pós-modernidade e a construção das identidades fragmentadas

Para que possamos desenhar os traços do tortuoso caminho queas identidades fragmentadas seguem dentro da pós-modernidade, é preciso que tratemos sobre a modernidade em si. O modernismo, estabelecido inicialmente junto a Revolução Industrial, relaciona-se, principalmente, com o desenvolvimento do capitalismo. Lipovetsky (2005) trata sobre a modernidade como um período de rupturas, apoiando-se nos conceitos de novidade e mudança e criticando as tradições já impostas no âmbito político e social. “A modernidade é uma espécie de autodestruição criadora... a arte moderna não é apenas herdeira da era crítica, mas também a crítica de si mesma” (PAZ, apud LIPOVETSKY, 2005, p. 61). Este mesmo autor discorre que a transição para a pós-modernidade acontece com a ruptura total dessa luta contra os valores já pré-estabelecidos pela sociedade e pelo poder, já que estes perderam sua força e vontade de contra-argumentação. Atualmente o pós-modernismo trata da cultura da valorização do hedonismo e da “consagração generalizada do novo (...)” 16

(LIPOVETSKY, 2005, p. 83). Então podemos dizer, a partir dos pensamentos de Foucault (1999) e Bauman (2001) que a sociedade na era pós-moderna enfrenta grandes dilemas que dizem respeito às identidades fragmentadas. Uma extensa gama de indivíduos passou a ser caracterizada de diferentes formas, impondo fortemente a questão da fragmentação das identidades culturais, políticas e sociais. Essas características fragmentadas foram desenvolvidas pela sociedade ao longo do tempo, resultado de inúmeros processos que marcaram a história global, como as grandes guerras mundiais e a revolução industrial. A transição entre estes processos foi transformando as identidades e individualidades, caracterizando-as de acordo com as limitações que as políticas de sociedade da época impuseram para a convivência dos indivíduos em comunidade.

O crescimento da economia capitalista fez apelo à modalidade específica do poder disciplinar, cujas fórmulas gerais, cujos processos de submissão das forças e dos corpos, cuja “anatomia política”, em uma palavra, podem ser postos em funcionamento através de regimes políticos, de aparelhos ou de instituições muito diversas. (FOUCAULT, 1999, p. 182)

Essa “anatomia política”, que já vinha sendo utilizada para com a sociedade desde o século XVIII, foi imposta ao sujeito. Foucault (1999) trata sobre o assunto apresentando o pensamento de alguns filósofos e juristas que afirmavam que a sociedade devia estar enraizada em um poder disciplinar, onde o sujeito seria submisso aos desejos do poder maior da sociedade.

É então a partir do conceito de fluidez dentro da pós-modernidade que as evidências da fragmentação da sociedade surgem com mais destaque. Este período e característica dos indivíduos foram estabelecidos a partir do momento em que a sociedade deixou de ter sua atribuição a um objeto sedimentado, quase que incapaz de se quebrar, e tornou-se líquida, não se atendo a apenas uma forma e que sempre está pronto para ser mudada. Percebe-se isso como característica do sistema de ordem, que passa a ser corrompido por uma suposta “nova ordem democrática”, aparentando ser a favor dos direitos da liberdade. Podemos, então, dizer que os indivíduos estão sendo irrevogavelmente discípulos de uma sociedade de poder arbitrário, isto é..são sujeitados às regras do poder maior que rege as regras sociais.Sendo assim, a sociedade acaba, de forma involuntária, se rendendo às arbitrariedades que incitam o desumano dentro da própria sociedade, e é neste momento que essa mesma sociedade 17

sucumbe ao desespero pela falta de livre arbítrio, ou, pior, pela falta de um intelecto capaz de distinguir livre arbítrio de arbítrio concedente.

O indivíduo se submete à sociedade e essa submissão é a condição de sua libertação. Para o homem, a liberdade consiste em não estar sujeito às forças físicas cegas; ele chega a isso opondo-lhes a grande e inteligente força da sociedade, sob cuja proteção se abriga. Ao colocar-se sob as asas da sociedade, ele se torna, até certo ponto, dependente dela. Mas é uma dependência libertadora; não há nisso contradição. (BAUMAN, 2001, p. 27)

Hall (2008) complementa a ideia de Bauman, falando sobre a diáspora, ou a dispersão dos povos (que acontecem por motivos políticos ou religiosos) usando o exemplo de grupos e comunidades de imigrantes, que se sustentam não só em sua cultura da nacionalidade tradicional, mas da cultura do local para o qual migraram. Caracterizando este fato, o autor explica que as culturas locais, que se sentem ameaçadas pelas forças da globalização e da diversidade cultural que chega a seu território natal, sentem-se tentadas a se fechar dentro de seu território, construindo barreiras para que as culturas não-locais não invadam o seu espaço. Apesar disso, Hall não defende este tipo de ação, sugerindo a ideia de uma mistura, ou uma homogeneização entre as culturas emergentes e as novas culturas, o que é o processo que decorre atualmente com a globalização. E ainda acrescenta, enfatizando a frequência das imigrações em meio a pós-modernidade, que mesmo o poder político sabe que os menos favorecidos não são excluídos desta nova fase,“Estes não estão preparados para ficar cercados para sempre em uma tradição imutável” (HALL, 2008, p. 44-45). As culturas emergentes que se sentem ameaçadas pelas forças da globalização, da diversidade e da hibridização, ou que falharam no projeto de modernização, podem se sentir tentadas a se fechar em torno de suas inscrições nacionalistas e construir muralhas defensivas. A alternativa não é apegar-se a modelos fechados, unitários e homogêneos de “pertencimento cultural”, mas abarcar os processos mais amplos – o jogo da semelhança e da diferença – que estão transformando a cultura no mundo inteiro (HALL, 2008, p. 45).

Castells (2008) ao mesmo tempo complementa o pensamento de Hall (2008) ao afirmar que as pessoas acabam recorrendo a valores históricos e a crenças. Quando as redes dissolvem o tempo e o espaço, as pessoas se agarram a espaços físicos, recorrendo à sua memória histórica. Quando o sustentáculo patriarcal da personalidade desmorona, as pessoas passam a reafirmar o valor transcendental da família e da comunidade como sendo a vontade de Deus. (...) Deus, a nação, a família e a 18

comunidade fornecerão códigos eternos, inquebrantáveis, em torno dos quais uma contra-ofensiva será lançada (...). Quer dizer, os indivíduos carregam seus deuses no coração. Não raciocinam, acreditam. São a manifestação corpórea dos valores eternos de Deus e, como tal, não podem ser dissolvidos, perdidos em meio ao turbilhão dos fluxos de informação e das redes inter-organizacionais. (CASTELLS, 2008, p.86)

Em um mundo em construção a base de uma multiculturalização, multietnia, multilinguagens e diversas outras multiplicidades de unidades, não é viável se sentir confortável, ou se apresentar como étnico apenas, ou nacionalista apenas, já que a sociedade é multi.Os conceitos de multiculturalismo tornaram a ideia da cultura muito mais porosa e aberta a outras manifestações. O conceito de pureza cultural se tornou mais questionávele o multiculturalismo ganhou uma forte expressão na sociedade, Hoje, nela você constrói uma identidade em que diversos laços se unem e transformam sua identidade. O hibridismo cultural carrega essa multiplicidade de pensamentos de diversas etnias e vivências sociais. Há, por exemplo, negros britânicos que vivem na Alemanha e são judeus. A questão que Castells acrescenta ao pensamento de Hall é: você não é um só, e sim uma união de várias peças que constroem sua identidade. A determinação de muitos indivíduos em apresentar-se apenas com uma característica de suas identidades (só ocidental, só cristão, só nacionalista) classificandose em grupos restritos e fugindo das relações sociais, é um ponto de negação da existência destes indivíduos convivendo em sociedades multiculturais.Castells (2008) então propõe a existência de três tipos de identidades: a legitimadora (ou uma identidade imposta, que seria tudo que uma sociedade governada impõe aos seus cidadãos), a de resistência (que se confronta com o estado da sociedade, afirmando-se na crença) e a de projeto (as identidades construídas para o confronto de paradigmas e tabus impostos). “Na situação da diáspora, as identidades se tornam múltiplas” (HALL, 2008, p. 26-27). Ou seja, apesar de afirmar fortemente quem somos, há ainda a necessidade do confronto pela luta

contra

esses

novos

modelos

de

identidade

(identidades

de

projeto)

que,

consequentemente, atinge àqueles que querem permanecer crentes sem racionalizar o que acontece com a identidade na atualidade (identidades de resistência) e que, ainda em consequência, foram distinguidos por um Estado enfraquecido que acaba tornando sua identidade unitária em uma multi-identidade (identidades legitimadoras), devido às exigências e confrontos que as três identidades trazem para a construção de uma sociedade extremamente complexa em rede. 19

Hall (2005) então justifica que este processo não só do conjunto de contextos culturais que compõem a identidade dos indivíduos, mas da forma como as culturas locais acabam abaladas pela constante “mudança” que acontece sobre ela, é uma consequência de uma experiência denominada pelo autor e explicada por Castells (2008) de “crises de identidades”, que são vividas com os choques culturais. Um tipo diferente de mudança estrutural está transformando as sociedades modernas no final do século XX. Isso está fragmentando as paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que, no passado, nos tinham fornecido sólidas localizações como indivíduos sociais. Estas transformações estão também mudando nossas identidades pessoais, abalando a ideia que temos de nós próprios como sujeitos integrados. Esta perda de um "sentido de si" estável é chamada, algumas vezes, de deslocamento ou descentração do sujeito. Esse duplo deslocamento - descentração dos indivíduos tanto de seu lugar no mundo social e cultural quanto de si mesmos - constitui uma "crise de identidade" para o indivíduo (HALL, 2005, p. 09).

Utilizando-se de várias defesas, Bauman (2001) descreve e analisa as crises de identidade apontando para a questão da liberdade destes mesmos sujeitos, complementando a ideia de Hall (2005; 2008) que apresenta diferentes consequências nas conquistas da liberdade. De um lado, há a sociedade reclusa a aceitar a libertação, aflitas a um modo talvez difícil ou duvidoso de conseguir se adaptar a uma vida em liberdade; de outro, há a dúvida de que a liberdade será ou não a fórmula para alcançar a felicidade. Aí, e talvez finalmente, é onde se encontra a liberdade: na comunidade. A liberdade não pode ser ganha contra a sociedade. O resultado da rebelião contra as normas, mesmo que os rebelados não tenham se tornado bestas vez por todas, e, portanto, perdido a capacidade de julgar sua própria condição, é uma agonia perpétua de indecisão ligada a um Estado de incerteza sobre as intenções e movimentos dos outros ao redor. (...) Padrões e rotinas impostas por pressões sociais condensadas poupam essa agonia aos homens. (...) A ausência, ou a mera falta de clareza, das normas – anomia – é o pior que pode acontecer às pessoas em sua luta para dar conta dos afazeres da vida. (...) Uma vez que as tropas da regulamentação normativa abandonam o campo de batalha da vida, sobram apenas a dúvida e o medo. (BAUMAN, 2001, p. 28).

Bauman (2001) ainda discorre que a individualidade tanto é líquida como toda a cadeia sóciopolítica da era pós-moderna, se não é líquida em proporções ainda maiores. A questão da individualidade discorrida pelo autor nos mostra que ela é tão fugaz quanto o líquido propriamente dito. Utilizando um exemplo básico, o autor cita as personalidades, sua vida 20

privada e a esfera pública que, unidas, formam as personalidades fugazes que hoje os indivíduos buscam apresentar. O individualismo cabe aí na relação da “personalidade” como um ser exaltadamente único, mas que, com sua vida privada, agora apresentada em esfera pública, transforma sua identidade, que é vista como extraordinária e impossível, em identidades distintas daqueles que não são personificados e que veem como exemplo as celebridades. E com isso acontecem as extremas ações de consumo para chegar ao que se pareça ser a celebridade em voga, e talvez seja por aí que a individualidade seja tão criticada a partir dos exemplos: pois a individualidade não nos torna indivíduos, e sim átomos de uma mesma célula, sempre em busca de um prazer para a felicidade não alcançada. Essa personificação é muito bem completada por Debord (1997) que caracteriza a nossa sociedade como a “sociedade do espetáculo”. O autor mesmo diz que esse espetáculo é o molde de toda a aparência da sociedade, que o próprio poder impôs para a sociedade. A mais velha especialização social, a especialização do poder, encontra-se na raiz do espetáculo. Assim, o espetáculo é uma atividade especializada que responde por todas as outras. É a representação diplomática da sociedade hierárquica diante de si mesma, na qual toda outra fala é banida. (DEBORD, 1997, p. 20)

Dentro deste contexto, Bauman (2001), complementando mais uma vez, caracteriza a sociedade como se estivesse inserida dentro de um templo, e diz que todo o apego ao espetáculo que Debord cita faria parte daquele sentimento de pertencimento dentro da sociedade. A alienação do espectador em favor do objeto contemplado (o que resulta de sua própria atividade inconsciente) se expressa assim: quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos compreende sua própria existência e seu próprio desejo. Em relação ao homem que age, a esterioridade do espetáculo aparece no fato de seus próprios gestos já não serem seus, mas de um outro que os representa por ele. É por isso que o espectador não se sente em casa em lugar algum, pois o espetáculo está em toda parte. (DEBORD, 1997, p. 24)

Tanto quanto a necessidade de se encontrar em um mesmo espaço sem participar e interagir com os indivíduos que ali estão, muitas vezes pelos mesmos motivos e desejos, é a realidade que Bauman traz em relação à sociabilização em comunidade. O autor apresenta a relação entre o espaço e o tempo, discutindo a questão da disputa entre os dois, no qual o tempo se transforma em algo mais prático, construindo ferramentas para que ele se tornasse mais curto para os caminhos e longo para as ações tomadas após alcançar a linha de chegada. E, o 21

espaço, não mais seria um lugar coletivo. Até existem lugares coletivos, porém não ocorre uma interação entre os indivíduos. Os não-lugares e espaços vazios, então mostram que para a o primeiro, a única característica comum entre eles (os indivíduos) é gozarem do mesmo espaço, com alguns propósitos semelhantes; e para o segundo, não expõe nenhum significado, são as sobras sem conteúdo que o espaço dispõe, pois ninguém se interessou para o colonizálo. Como indivíduos fluidos, com necessidades fluidas, personalidades fluidas, a vida em comunidade nada mais reflete do que a mesma imagem que os indivíduos em particular são. Tanto porque a particularidade do indivíduo é “criada” a partir das escolhas, que são condicionadas. Então, os indivíduos encontram um “escape momentâneo” dentro de uma comunidade ou grupo, utilizando-se de conselhos lá adquiridos, pode ou não utilizá-los em sua frágil vida. A nova primazia do corpo se reflete na tendência a formar a imagem da nova comunidade (a comunidade dos sonhos de certeza com segurança, a comunidade como viveiro da segurança) no padrão do corpo idealmente protegido: a visualizá-la como uma entidade internamente homogênea e harmoniosa, inteiramente limpa de toda substância estranhas, com todos os pontos de entrada cuidadosamente vigiados, controlados e protegidos, mas fortemente armada e envolta por armadura impenetrável (BAUMAN, p. 210).

À medida que há uma transição, há as mudanças, daí a fluidez que o autor tanto caracteriza. “(...) o progresso não é mais uma medida temporária, uma questão transitória, que leva eventualmente (e logo) a um estado de perfeição (...), mas um desafio é uma necessidade perpétua e talvez sem fim, o verdadeiro significado de “permanecer vivo e bem.” (BAUMAN, p. 155). A vida é totalmente líquida. A autoconfiança não mais existe por ser fraca e oscilante, sendo isso tudo causa e consequência de várias filosofias que se instauram com base na vida líquida.

2.2 Sociabilidade dos indivíduos no ciberespaço

Para tratar sobre a questão de sociabilidade, trazemos os conceitos de individualidade e da fragmentação em voga novamente. Antes de entrarmos na sociabilidade relacionada dentro do ciberespaço e conceituá-lo, vamos falar sobre um conceito que bem complementa a 22

fragmentação do sujeito na pós-modernidade e ao mesmo tempo explica, de forma crítica, a vida social que ele leva nesse período.

Maffesoli (2000) apresenta a relação do tribalismo apontando questões como a sociedade eletiva e o estilo de vida das massas, por exemplo. Usando exemplos de Durkheim e Hegel, o autor comenta sobre a fragilidade do corpo social, bem como a complexidade que se estabelece na criação de laços de comunidade, onde “(...) a valorização do grupo é uma desconstrução do individualismo que parece prevalecer (...)” (MAFFESOLI, 2000, p. 123). Ou seja, apesar de frágeis, o corpo social construído se fortalece a partir de unidades fragmentadas. Porém, apesar disso, ainda possuem uma fraca consciência do social, se fechando dentro de grupos únicos. Ou seja, cada grupo pensa de forma paralela ao mundo, onde apenas existe ele e sua verdade e significados absoluto, onde supõe-seque isso traga para a cadeia social diversos grupos, compondo um multiculturalismo que já foi tratado anteriormente nas conceituações de Castells. “(...) no entanto, essa vida quotidiana, em sua frivolidade e superficialidade, é certamente o que torna possível qualquer forma de agregação, seja ela qual for” (MAFFESOLI, 2000, p. 127).

A partir do conceito de comunidade estabelecido por Maffesoli, iniciamos agora as questões postas por Lévy (2000), que nos traz uma abordagem técnica sobre a questão da cultura globalizada em uma rede de comunicação ligadas pela worldwide web. Levy (1999) define este ambiente como um espaço livre que, através dos computadores e de suas memórias, são utilizados como meios para a intercomunicação mundial. “Esse novo meio tem a vocação de colocar em sinergia e interfacear todos os dispositivos de criação de informação, de gravação, de comunicação e de simulação” (LÉVY, 1999, p. 93). Outra informação importante que Lévy explicita ao conceituar o ciberespaço é a de sua futura importância para as pessoas. “A perspectiva da digitalização geral das informações provavelmente tornará o ciberespaço o principal canal de comunicação e suporte de memória da humanidade a partir do início do próximo século” (LÉVY, 2000, P. 93).

Tajra (2002) complementa muito bem a conceituação do último autor ao tratar a internet como considerada o maior local para os indivíduos se comunicarem mundialmente uns com os outros, considerando a internet como a “rede das redes”.

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A partir da conceituação do ciberespaço, Lévy (2000) apresenta todas as características representadas nas diversas formas de comunicação que convém para usufruir da web. Duas delas são citadas inicialmente por ele como as duas formas de se conduzir uma navegação dentro do ambiente da worldwide web que seriam a “caçada” e a “pilhagem”. A primeira seria a forma de navegação mais direta, onde o indivíduo busca por algo e precisa obter a informação daquilo o mais rápido possível e de forma direta. Já a segunda é a forma de navegação onde o indivíduo acaba por cometer desvios, onde ele navega na internet na busca de algo, porém pode, a qualquer momento, desviar-se do assunto principal da pesquisa, conhecendo novos conceitos e informações.

Como um amplo espaço, o ambiente online determina várias formas de comunicação, mas também é postulado pelo autor que essa comunicação ou a vivência no mundo virtual não o substitui do mundo “real”, mas deixa as oportunidades amplas para os indivíduos se comunicarem, e muitas vezes também mais práticas. Distinguindo a internet como um espaço construído primeiramente como uma ferramenta para uso político, governamental, ou empresarial, mas que com uma abertura para um uso social, a rede ganhou maior impacto, Lévy (2000) diz que mudanças positivas são cada vez mais desenvolvidas, humanizando a interconexão profissional e pessoal, desenvolvendo-se assim uma “cibercultura”. A Cultura2 é definida como o sistema de atitudes e modos de agir, costumes e instituições de um povo, sendo assim, a Cibercultura é determinada através dos costumes da população e integrantes da cadeia virtual composta no Ciberespaço. A cibercultura é a expressão da aspiração de construção de um laço social, que (...) seria fundado (...) sobre a reunião em torno dos centros de interesses comuns, sobre o jogo, sobre o compartilhamento do saber, sobre a aprendizagem cooperativa, sobre processos abertos de colaboração (LÉVY, 1999, p. 130).

Sendo assim, o autor caracteriza a cibercultura em três princípios: a interconexão, as comunidades virtuais e a inteligência coletiva. O primeiro deles, a interconexão, caracteriza-se exatamente pela conexão, ou união, entre diversos indivíduos através da rede de computadores; já as comunidades virtuais, são consideradas pelo autor como um agrupamento de indivíduos no ambiente virtual que busca assuntos de acordo com um interesse em comum; o último, a inteligência coletiva, abrangeria 2

CULTURA. In: RIOS, Dermival Ribeiro. Minidicionário escolar da Língua Portuguesa. São Paulo: DCL, 1999.

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o que autor considera uma comunidade virtual voltada ao conhecimento ou a um conhecimento mais educativo.

Tajra (2002) completa o conceito de Lévy ao considerar as comunidades virtuais uma extensão das comunidades presenciais, além de se tornarem, também, uma grande oportunidade para, se for o caso, transformarem-se em comunidades presenciais. Elas não distanciam os indivíduos. Muito pelo contrário. As comunidades virtuais aproximam as pessoas, e quebram as fronteiras de distâncias, sendo isso muito comum atualmente na nossa sociedade. (...) a evolução rumo às relações destituídas de obrigações territoriais e presenciais estão cada vez mais presentes em nossa sociedade e tendem a se expandirem ainda mais. O padrão de sociabilidade evolui rumo a um cerne de sociabilidade construído não somente em torno da família ou vizinhança, para redes de laços seletivos segundo o interesse de cada um. (BALDANZA, 2006, p. 04).

São esses três princípios que transformam e são designados pelo autor como fontes da cibercultura dentro do ciberespaço, um interligando e complementando o outro. “O ciberespaço é móvel, é fruto da construção cultural. Percebe-se, que no ciberespaço existem diferentes espaços, com diferentes características, significados e relações” (TAJRA, 2002, p. 35). Apesar disso, Lévy sustenta a ideia de que ainda assim a cibercultura não é “completa”, é “vazia”, e que continuará a ser. Cébrian (1999) concorda com o que Lévy aponta, ainda acrescentando que o indivíduo que navega na internet ainda é um indivíduo solitário, ainda que não tenha noção da solidão que ele tem dentro da rede. Ou seja, para este autor, a viagem dos indivíduos pelo meio virtual faria com que ele se fechasse para as relações sociais já existentes em sua vida, voltando à questão da individualidade e da fragmentação desse sujeito. Mas Tajra (2002) discorda, afirmando que o meio virtual, sendo ele um meio de inúmeras possibilidades, apenas se potencializa também como um meio real. “As pessoas que vivenciam as realidades virtuais podem constatar a vivência de realidades além de uma potencialidade, mas de momentos vividos e desfrutados, portanto, reais” (TAJRA, 2002, p.36). Baldanza (2006), para enriquecer o ciberespaço, aponta os fatores positivos da interconexão, sem a presença de corpos, ou, no caso, de formas físicas concretas. Assim a autora aponta o anonimato, a comunicação com menos julgamentos preconceituosos, as possibilidades de 25

criar identidades alternativas e fantásticas, a liberdade de formas de relacionar-se, além da ausência de uma censura rígida e de uma mobilidade territorial, como os fatores positivos para o ciberespaço e a cibercultura. Lévy (2000) levanta uma contradição a respeito da censura, afirmando que sobre a existência de regras, estabelecidas dentro das comunidades virtuais. Elas são criadas a fim de manter não só a boa convivência entre os participantes das comunidades, mas também para evitar conflitos de interesses, mantendo, assim, a estabilidade da ética e da comunicação entre o grupo. Com isso, Baldanza ainda aponta um fator desfavorável, como a ausência de expressões corporais. Diferentemente da comunicação face a face, que envolve não somente a fala mas também um conjunto de expressões corporais que comunicam e esboçam emoções, a interação no ambiente virtual não possui esse contato, e o corpo e suas manifestações tornam-se ausentes. Contudo, neste ambiente, onde a comunicação é realizada por meio de aparatos técnicos, o corpo real dá lugar a outros tipos de representação de emoções, uma vez que na comunicação mediada não há contato físico e interação entre corpos reais. (BALDANZA, 2006, p. 08).

Tajra (2002) concorda com a ideia de Baldanza e continua defendendo o ciberespaço como uma nova realidade, defendendo a simultaneidade das relações face-a-face e das relações dentro do ciberespaço que, apesar de ser materializada e ter um registro apenas digital, não deixam de ser reais.

Ou seja, apesar das ideias de Lévy (2000) que o ciberespaço deve ser separado do real, as outras duas autoras justificam e apontam de forma positiva que o ciberespaço é sim uma potencialização do mundo real. Claro que a forma de interação entre os dois é diferente, mas não deixa de trazer aspectos da vida social real, e nada impede que os indivíduos transformem essa vida social intermediada por computadores através de uma rede mundial que liga uns aos outros, em uma potencial vida real, não só fazendo parte de sua vida cotidiana mas como sendo uma extensão dela, ou uma alternativa a ela.

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3 A CONSTRUÇÃO DAS REDES SOCIAIS E SEUS INDIVÍDUOS

O advento das redes sociais na internet, culminado como uma das principais formas de sociabilidade no ciberespaço, de certa forma exemplifica e traduz o sentimento de Zygmunt Bauman ao definir a sociedade pós-moderna como líquida, resultado de uma comunidade formada por identidades e relações fragmentadas. A partir desta ideia, este capítulo tem por objetivo trazer conceitos sobre a construção da cibercultura e das redes sociais, determinante para as atuais relações sociais de seus usuários dentro do mundo virtual na contemporaneidade. Levy (1999) caracteriza a cibercultura através dos princípios de interconexão (união através da rede), comunidades virtuais (agrupamento de indivíduos com um senso comum) e a inteligência coletiva (grupo ou comunidade criada com intenções de partilhar conhecimento educativo). Enquanto isso, Recuero (2009) completa o conceito do último autor com um olhar semelhante. Exemplificando estes princípios, a autora faz um mapeamento lógico do que e como é formada e transformada a cadeia do ciberespaço, tomando por base a construção das Redes Sociais, que, segundo ela, são formadas por elementos, topologias e dinâmicas. A autora ainda classifica alguns tipos de redes sociais e, também, tipos de comunidades virtuais que compõem o seu corpo.

3.1 A composição das redes sociais e suas dinâmicas

Um dos elementos que compõem redes sociais são os atores, que, segundo Recuero (2009), são as representações das pessoas que participam e se envolvem em determinada rede social. “Como partes do sistema, os atores atuam de forma a moldar as estruturas sociais, através da interação e da constituição de laços sociais” (RECUERO, 2009, p. 25). O segundo elemento são as conexões, que podemos considerar serem os laços sociais desenvolvidos entre um ator e outro. Este elemento consegue ser subdividido em três conceitos que estabelecem o sentido e o contexto das conexões. O primeiro, a interação, é a 27

base para todos os outros conceitos, segundo a autora. Este elemento é basicamente a comunicação de um indivíduo para o outro, onde, consecutivamente ocorre uma reação, no caso, uma resposta, gerando assim o ato comunicativo de interação. “A ação de um depende da reação do outro, e há orientação com relação às expectativas. Essas ações podem ser coordenadas através, por exemplo, da conversação, onde a ação de um ator social depende da percepção daquilo que o outro está dizendo” (RECUERO, 2009, p. 31). São então a partir das interações que se constrói o nosso segundo conceito, as relações. Considerando a ideia da autora, podemos dizer que existe uma relação entre dois ou mais indivíduos a partir de uma quantidade significativa de interações entre estes. E, mesmo assim “As relações não precisam ser compostas apenas de interações capazes de construir, ou acrescentar algo. Elas também podem ser conflituosas ou compreender ações que diminuam a força do laço social” (RECUERO, 2009, p. 37). Portanto, é a partir dos conteúdos trocados pelos sujeitos que se define o tipo da relação social que estes estabelecem entre si. Definindo-se o tipo de relação que se estabelece entre os sujeitos, se constitui o terceiro e último conceito que trata sobre as conexões, os laços sociais. Recuero (2009) diz que o laço é conexão definitiva entre os indivíduos e suas relações sociais, resultado da efetivação destas relações. Este terceiro conceito ainda traz duas particularidades acerca dos laços sociais, considerando que os laços não são, necessariamente, apenas relacionais, podendo ser, também, laços de associação. O primeiro tipo é estabelecido através das relações que ocorrem pelas interações entre os atores nas redes sociais. Já o segundo, independe de uma relação social, sendo que a única particularidade necessária é fazer parte de um determinado grupo, instituição ou comunidade. Podemos considerar os dois elementos discutidos acima, e suas particularidades, como determinantes para a construção e a consolidação social dentro das redes. Com particularidades técnicas, os atores vão se constituindo no ciberespaço através de páginas e perfis, se apropriando destes espaços virtuais que acabam “funcionam como uma presença do “eu” no ciberespaço, um espaço privado e, ao mesmo tempo, público” (RECUERO, 2009, p. 27). Portanto, a partir desta primeira contextualização da autora que definimos as redes sociais como uma das ferramentas de comunicação mediada pelo computador (CMC), que proporciona a comunicação e interação entre as pessoas nessas redes. 28

Uma rede, assim, é uma metáfora para observar os padrões de conexão de um grupo social, a partir das conexões estabelecidas entre os diversos atores. A abordagem de rede tem, assim, seu foco na estrutura social, onde não é possível isolar os atores sociais e nem suas conexões (RECUERO, 2009, p.24).

As redes sociais nada mais são do que plataformas de CMC’s (Comunicação Mediada pelo Computador) para interação entre indivíduos. Há uma atribuição forte para a interação de atores nas redes sociais, e um dos atributos mais atrativos para as redes seria a adaptação à distância. Através não só da rede social, como do próprio ciberespaço e suas outras formas de conexões entre indivíduos, ficou muito mais prático para se manter o contato entre parentes distantes, amigos, e até para estabelecer novas amizades, através do próprio ciberespaço, com indivíduos de localidades distantes a você, de certa maneira. Através das conexões estabelecidas pelos atores, é que se constrói a dinâmica das redes sociais. Para Recuero (2009) esse dinamismo faz parte da construção, adaptações e particularidades que vão construindo e transformando a estrutura de uma rede social. Portanto, vamos trazer aqui para esta pesquisa, três elementos mencionados pela autora que se julga importante para o desenvolvimento dinâmico dentro das redes sociais e a consolidação dentro do universo social virtual. O primeiro deles é a cooperação, que é designado como o processo que estrutura toda a cadeia social, sendo que ele pode ser estabelecido através de interesses individuais e, também, dos interesses de um grupo. Já a competição, de acordo Ogburn e Nimkoff (apud RECUERO, 2009), seria a “forma fundamental de luta social”. Ela não necessariamente quer representar hostilidade, mas sim um contexto em que pode ser atribuída com cooperação entre os atores. Essa hostilidade já acontece nos conflitos, nosso terceiro elemento da dinâmica das redes. Podemos considerar este último elemento como a divergência de conceitos entre indivíduos ou entre grupos. Conforme descrevemos estes elementos, Recuero (2009) afirma que eles podem ser complementares uns dos outros, dependendo da circunstância. Como, por exemplo, a autora cita que, nos conflitos é costume ser necessário a presença da cooperação para que um grupo entenda o outro, e vice versa, além de definir elementos dentro de seu próprio grupo para estabelecer táticas e defesas quando os conflitos acontecem em si. Em consequência, estes

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elementos, de forma conjunta ou não, são essenciais para a formação e o desenvolvimento das redes sociais. Cada um desses processos tem, assim, impacto diferenciado na estrutura social. Enquanto a cooperação é essencial para a criação e a manutenção da estrutura, o conflito contribui para o desequilíbrio. A competição, por outro lado, pode agir no sentido de fortalecer a estrutura social, gerando cooperação para atingir um fim comum, proporcionar bens coletivos de modo mais rápido, ou mesmo gerar conflito, desgaste e ruptura nas relações. (RECUERO, 2009, p. 83)

Pode-se então afirmar, a partir das considerações da autora, que estes processos são imprescindivelmente composições da construção das redes sociais em si. São eles que as tornam mutáveis e dinâmicas com o processo das conexões entre os atores e estabelecem sua forma de contato, criando interações, relações e laços sociais, trazendo todos os elementos para o dia a dia para o ciberespaço.

3.2 Redes Sociais de filiação e os valores agregados por seus atores

As redes sociais são, portanto, compostas por atores que compartilham interesses em comum, formando grupos de indivíduos dentro da rede. Para tanto, as redes também têm seus propósitos e objetivos, e os atores interagem nela de acordo com o seu interesse seja profissional, ou pessoal. Neste trabalho trataremos das redes sociais de filiação, que, de acordo com Recuero (2009) essa uma rede do tipo de “dois modos” onde, além de apresentar a interação entre os atores, também nos mostra o conjunto de eventos dos quais estes atores participam. “As redes de filiação seriam, assim, constituídas de dois tipos de nós: os atores e os grupos. Esses nós se relacionariam por conexões de pertencimento” (RECUERO, 2009, p. 97). Watts (apud Recuero, 2009) ainda completa o conceito posto pela autora, afirmando que as redes de filiação não necessariamente são formadas por atores que já tenham um laço social formado. Porém, esse tipo de rede permite que eles interajam e que, consequentemente, sejam estabelecidos laços sociais futuramente. A relação que define uma rede de filiação é a relação de pertencimento, descolado de qualquer tipo de interação. Para ele 30

[Watts], no entanto, essas redes permitiriam a inferência de laços sociais, uma vez que, quanto maior o número de contextos divididos pelos indivíduos, maior a possibilidade de que eles tenham algum tipo de relação social (RECUERO, 2009, p. 97-98).

Através deste conceito das redes de filiação, estabelece-se os valores registrado pelos indivíduos e as interações de acordo com Recuero. O primeiro destes valores seria o da visibilidade.

Com a permissão de os atores

estabelecerem suas relações sociais através da rede, ela automaticamente torna estas interações visíveis. Ou seja: a visibilidade das conexões aumenta. “A visibilidade, assim, é um valor por si só, decorrente da própria presença do ator na rede social. Mas ela também é matéria-prima para a criação de outros valores [...]” (RECUERO, 2009, p. 109). Já o segundo valor, a reputação, “[...] implica diretamente no fato de que há informações sobre quem somos e o que pensamos, que auxiliam outros a construir, por sua vez, suas impressões sobre nós” (RECUERO, 2009, p. 109). Ou seja, este valor nos traz a resposta sobre a visibilidade; a opinião dos outros atores para com as atitudes desenvolvidas dentro da rede. A popularidade, terceiro dos quatro valores, está relacionada à audiência que o ator recebe de outros atores, quando estes visitam sua página pessoal, ou até algum tipo de comunidade criada por ele para difundir pensamentos pessoais para um grupo que tenha ou crie o mesmo interesse que este. Ela também pode estar relacionada à reputação que o ator, ou o grupo recebe (seja boa ou ruim), e com as suas conexões. Trata-se de um valor relativo à posição de um ator dentro de sua rede social. Um nó mais centralizado na rede é mais popular, porque há mais pessoas conectadas a ele e, por conseguinte, esse nó poderá ter uma capacidade de influência mais forte que outros nós na mesma rede (RECUERO, 2009, p. 111). O último valor, o de autoridade, pode ser representado a partir da popularidade, sua influência e sua reputação dentro da rede. “É uma medida da efetiva influência de um ator com relação à sua rede, juntamente com a percepção dos demais atores da reputação dele” (RECUERO, 2009, p. 113). Essa autoridade pode então conquistada através do propósito de atingir a um determinado grupo de atores de uma rede, ou, então, a grupos distintos, que não

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necessariamente tenham afinidade para um laço ou relacionamento, mas que haja algum sentimento de uma importância relevante e significativa para o meio social da rede. Portanto, resumimos aqui os processos realizados dos valores existentes para os usuários dentro da rede social, de acordo com a sua presença no meio.

3.3 Principais redes sociais

3.3.1 Orkut A rede social foi desenvolvida no ano de 2001, por Orkut Buyukkokten, em suas horas vagas entre os estudos da Universidade de Stanford, e o seu trabalho no Google. O Orkut foi lançado oficialmente para o público três anos depois, em 2004, porém o sistema para submissão ao site só era possível através de convites de outros usuários já cadastrados na rede. Com um anúncio em Julho de 2014, o Orkut foi desativado em 30 de setembro deste mesmo ano, deixando cerca de 5 milhões de usuários ativos.3 Para isso, o Google criou uma espécie de museu para a rede social, onde arquivou todas as comunidades que eram públicas na rede4 e, além disso, para quem ainda mantia fotos ou outras informações pessoais em seus perfis no Orkut, o Google disponibilizou a ferramenta Google Takeout, até o ano de 2016, para que estes antigos usuários possam fazer um backup de todo o seu perfil. Desde postagens em comunidades até depoimentos recebidos.5 O sistema Orkut funcionou através de perfis e comunidades, ambos sendo criados pelos usuários. O perfil seria uma página mais pessoal, onde a pessoa se apresenta através de algumas descrições e registrava seu nome, além de apresentar fotos de si mesmo. Os perfis de 3

Maior rede social da Rússia cresce no Brasil graças ao Google. Disponponível em: http://www.tecmundo.com.br/orkut/63792-infografico-mostra-trajetoria-orkut-encerramento-atividades.htm Acesso em 02 nov. 2014. 4

Orkut Cummunity Archive. https://orkut.google.com/. Acesso em 03 nov. 2014.

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Adeus ao Orkut http://blog.orkut.com/2014/06/adeus-ao-orkut.html. Acesso em 02 nov. 2014.

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usuários também nos apresentava o círculo de amizades que o usuário tinha dentro de sua rede, e, através de hiperlinks, nos leva até cada um deles para visitarmos seus perfis e conhece-los através de sua breve descrição. Já as comunidades, também criadas pelos usuários da rede social, congrega grupos de interesse em determinado assunto, e, através de seus fóruns e vários tópicos, funcionam como páginas de conversas e debates sobre o assunto de interesse do grupo. (RECUERO, 2009)

3.3.2 Facebook Criado por Mark Zuckerberg, o Facebook foi lançado oficialmente em fevereiro do ano de 2004, enquanto ainda estudavam na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Inicialmente, a rede social se limitou apenas para estudantes de Stanford, e, meses após, acontecia uma expansão para mais algumas universidades como a Columbia e Yale. A partir daí, o Facebook só foi crescendo, passando a receber inscrições de não apenas estudantes de universidades, mas pessoas comuns, mundialmente. Enquanto isso, a rede foi alavancando até o ano de 2012, quando alcançou um número de 1 bilhão de usuários, desbancando o Orkut. O Facebook também ultrapassou a rede Orkut em número de usuários mundiais e, posteriormente, também o maior número de usuários brasileiros. Entre 2012 e 2014 o Facebook comprou os aplicativos de rede sociais Instagram6, que compartilha fotos e vídeos; e o WhatsApp7, um aplicativo de mensagens instantâneas para o celular. Os aplicativos foram comprados por US$ 1 bilhão e US$ 22 bilhões respectivamente. Entre mudanças e aperfeiçoamentos, o layout da rede social é composto por um Feed de Notícias, onde aparecem as principais ou as mais recentes postagens de páginas e amigos que você tem em seu círculo social dentro da rede. O mural é um espaço onde está o seu perfil, sendo que seus amigos podem entrar na página e postar em seu mural, e também ver suas postagens, de acordo com suas configurações de privacidade preestabelecidas. Além disso, a 6

Facebook compra Instagram por US$ 1 bilhão em dinheiro e ações. Disponível em: http://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/facebook-compra-instagram-por-us-1-bilhao-em-dinheiro-acoes4530157. Acesso em 03 nov. 2014. 7

Facebook finaliza aquisição do Whatsapp por US$ 22 bilhões. Disponível em: http://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2014/10/preco-de-compra-do-whatsapp-pelo-facebook-sobe-us22-bilhoes.html. Acesso em 03 nov. 2014.

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rede social conta com um serviço de mensagens privadas, disponível separadamente como um aplicativo para smartphones.

3.3.3 Twitter No ano de 2006, Jack Dorsey criava uma das redes mais inovadoras e, atualmente, popular. O Twitter, rede social de microblogging, foi criado com a intenção de funcionar como uma espécie de SMS pela internet, isso porque os usuários podem compartilhar mensagens publicamente com um limite máximo de 140 caracteres. Com uma estética simples, o twitter foca na divulgação de tweets (mensagens de até 140 caracteres enviadas por um usuário) de forma publica para que, quem tenha acesso ao perfil deste usuário possa ver. Além disso, a rede social ainda apresenta uma lista de assuntos do momento, chamado de trending topics, com uma hierarquia e classificações mundial, nacional e regional. Vale ressaltar que, a partir dos trending topics que a expressão hashtag (#) foi criada; hoje ela é usada não só no próprio twitter como no Facebook, Instagam entre outros. Em novembro de 2013 o twitter fez a sua estreia na bolsa de valores de Nova Iorque, já com iniciando com uma valorização de mais de 90% de suas ações 8. Com 232 milhões de usuários ativos por mês, o twitter tem cerca de 500 milhões de tweets realizados por dia em todos os 35 idiomas suportados pelo microblog9.

3.3.4 VK Com o slogan "Um meio universal de procurar as pessoas", o VK, ou originalmente, VKontakte, é uma rede social russa com uma estética bem semelhante ao do Facebook. Desenvolvida pelo russo Pavel Durov, foi lançada oficialmente em 1º de outubro de 2006 e até então, a população da Rússia que mantinha o maior número de usuários na rede.

8

Ações do Twitter estreiam em alta na bolsa de NY. Disponível em: http://g1.globo.com/economia/mercados/noticia/2013/11/acoes-do-twitter-estreiam-em-alta-na-bolsa-de-ny.html. Acesso em 03 nov. 2014. 9

Fatos do twitter. Disponível em: http://g1.globo.com/tecnologia/fatos-twitter/platb/. Acesso em 03 nov. 2014.

34

Com o anúncio do fim do Orkut, em setembro de 2014, a rede social russa alavancou em número de usuários brasileiros10. Atualmente, o VK é apresentado em de 67 idiomas, sendo os principais, o russo, inglês e português.

3.3.5 Grupia, Pluvee e Yoble Após o anúncio do Google para o encerramento das atividades da rede social Orkut, uma parte significativa dos usuários da rede se perguntaram para onde iriam após o fim da rede. A ideia era que nenhuma rede social popular que eles conheciam tinham o mesmo perfil do Orkut, com perfis interativos com HTML, comunidades com interações através de fóruns públicos, entre outras particularidades. Muito foi especulado e vários dos próprios usuários tomaram a atitude de desenvolverem novas redes sociais com o mesmo perfil da antiga rede social. A primeira rede mais promissora foi o Grupia11. Usuários ativos do Orkut passaram os últimos meses do Orkut em fóruns de uma comunidade sobre essa nova rede social, sugerindo inovações e preferências, ajudando na construção desta nova rede social. Atualmente, o Grupia opera em fase beta e os usuários conseguem apenas criar e participar de novas comunidades, interagindo com outros usuários. As duas últimas redes, Yoble12 e Pluvee13, tiveram uma divulgação mais restrita, porém são bem consideradas para os ex-usuários do Orkut com perfis fakes, e também para escritores de Fanfics e Web novelas. Ambas as redes são consideradas as favoritas para a substituição do Orkut, por conseguirem ter um visual dinâmico, livre e bem parecido com o do Orkut.

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Maior rede social da Rússia cresce no Brasil graças ao Google. Disponível em: http://www.tecmundo.com.br/redes-sociais/59115-maior-rede-social-russia-cresce-brasil-gracas-google.htm Acesso em 02 nov. 2014 11

Grupia. https://grupia.com/, acesso em 02 nov. 2014.

12

YOBLE. http://www.yoble.com.br/, acesso em 02 nov. 2014.

13

Pluvee. http://pluvee.com/, acesso em 02 nov. 2014.

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4 OS PERFIS FAKES

Algum tempo após a criação do Orkut, começaram a surgir alguns profiles que apresentavam fotos e ou informações públicas de pessoas famosas (atores, apresentadores, modelos...), personagens fictícios, além também de personagens de desenhos animados e os famosos animes. Surgia, então, os perfis fakes na rede social. Para tratar melhor sobre isso, é interessante apontar o significado mais abrangente sobre fakes. De acordo com a enciclopédia virtual, de caráter colaborativo, Wikipedia, fakes são, em sua tradução literal, falsos. Trazendo este significado para a sua demonstração no mundo virtual das redes sociais, os fakes são personalizados por pessoas com o propósito de apresentar novas identidades, ou identidades que se assemelhem ao personagem que ele escolheu ser no mundo virtual. Entretanto, vamos julgar os diferentes propósitos de personagens fakes.

4.1 Particularidades dos perfis fakes

Sabemos que, atualmente, existe uma gama considerável de perfis fakes em redes sociais de grande e até de médio porte, mas há uma diferença de propósito do criador e seu personagem. De 2011 até o atual ano, 2014, os perfis fakes no Facebook são constantemente criados. Personagens como Dilma Bolada14 ou Gina Indelicada15, que atualmente tem mais de 1 milhão e 4 milhões de seguidores respectivamente, atraem o público pelo perfil sarcástico, e muitas vezes sincero, usado por seus criadores. Geralmente esses perfis têm a intenção de entreter os usuários das redes sociais justamente com essas personalidades moldadas, e interpretando bordões que foram usados pelo seu personagem modelo. Este modelo de perfil fake pode ser caracterizado pelo que Charaudeaus (apud. Silva, 2009) informa ser ethos e seu significado, segundo a visão de Aristóteles, da imagem que o personagem quer transmitir ao

14

Perfil da personagem Dilma Bolada no Facebook: https://www.facebook.com/DilmaBolada?fref=ts. Acesso em 05 nov. 2014. 15

Perfil da personagem Gina Indelicada no Facebook: https://www.facebook.com/GinaIndelicada?fref=ts. Acesso em 05 nov. 2014.

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seu público, de forma a influenciá-los. Iremos distinguir estes tipos de perfis como Perfil Fake de Entretenimento. Além destes tipos de perfil fake, há também uma parcela considerável de indivíduos que criam perfis com personagens iguais aos da vida real (como, por exemplo, um perfil fake da atriz Marina Ruy Barbosa ou do ator Caio Castro), porém com personalidades adaptadas, e também perfis que usam apenas fotos de homens e mulheres famosos com nomes inventados e personalidades também criadas. O que diferencia uma tribo virtual das outras é o exercício das atuações de diferentes papéis e performances, que implica em múltiplas alteridades, e pluralidade de formas de jogar no social. Um ciberpunk não precisa ser um ciberpunk em todos os momentos de sua vida, como por exemplo, um punk que é um punk em qualquer lugar que vá a qualquer hora, mas ao entrar no ciberespaço este mesmo punk pode ser quem quiser e até pertencer a qualquer outra tribo. Um executivo de meia idade pode ser surfista aos fins de semana e na rede ser um ciberpunk, uma dona de casa de quarenta anos, com dois ou três filhos, ao entrar na internet, pode ser um guerreiro medieval da corte de um reino qualquer. As pessoas, ao entrarem na rede, podem representar papéis e mudar o seu figurino conforme seus gostos e momentos, tendo a chance de participar de quantas tribos desejarem. (SARMENTO, 2006, p. 07)

Estes personagens são criados no intuito de interagir com outros personagens criados com o mesmo propósito, estabelecendo vínculos emocionais nas interações. Vamos chamar estes tipos de perfis como Perfil Fake de Interação. Além de fazer novas amizades, conhecer pessoas que tenham os mesmos interesses e participar de comunidades virtuais, estes personagens também buscam jogos de Role Playing Game (RPG). É por isso que este universo fake inserido nas redes sociais pode ser comparado, muitas vezes, ao mundo virtual do Second Life16, porém de uma forma um pouco menos realista, onde o imaginário dos personagens fakes é posto em prática para a convivência em um metaverso narrativo. É através destes conceitos sobre o fake que surgem debates acerca da convivência de habitação neste metaverso do Orkut. De acordo com Lobo (2011), em seu artigo sobre a construção das identidades fakes e o reconhecimento destes perante a esse metaverso do Orkut, foi declarado por um dos sujeitos de sua pesquisa que o fake abre a possibilidade de se 16

O Second Life (também abreviado por SL) é um ambiente virtual tridimensional, criado em 1999, que simula a vida social do ser humano. Dependendo do tipo de uso, pode ser encarado como um jogo, um mero simulador, um comércio virtual ou uma rede social. O nome "second life" significa em inglês "segunda vida", que pode ser interpretado como uma vida paralela, uma segunda vida além vida "principal", "real".

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reinventar, ser qualquer pessoa: “posso ser quem eu quero, como eu quero independentemente dos demais saberem que esse perfil fake não sou eu na vida real”.

4.2 A construção dos personagens

Assim como construímos os atores em redes sociais, a criação de um personagem no fake geralmente passa por todo um processo elaborado por seus offs. Existem casos em que os usuários não se dão ao trabalho de aperfeiçoar um perfil, escolhendo uma pessoa famosa para usar suas fotos (avatares) e criando apenas um nome para o seu personagem. Abaixo, uma imagem tirada do perfil de um usuário fake da rede social Yoble.

Figura 1 - Demonstração de perfil pouco elaborado

Já no primeiro caso, os indivíduos que passam a criar um personagem mais elaborado, pensam bem antes de escolher um nome e um sobrenome, e até o shape17 que ele vai utilizar. 17

Traduzindo para o português, shape é a forma. Ou seja, no universo fakes, os shapes seriam, então, os moldes de seu personagem adaptado para o mundo. Ou seja, é a base para a sua caracterização. Os shapes são considerados a fisionomia do personagem, a imagem que ele representa.

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Pensando nisso, eles acabam criando um enredo/história para o seu personagem, com o intuito de já atribuir características físicas e emocionais para suas futuras interpretações. Segue exemplo deste tipo de personagem, também tirado da rede social Yoble.

Figura 2 - Exemplo de personagem com perfil detalhado

4.3 Formas de relacionamentos entre os personagens

Como foi citado no início deste capítulo, os personagens que têm mais tempo no mundo fake afirmam que este universo foi criado graças à migração de personagens que participavam de bate-papos pelo site UOL, para a rede social Orkut. Isso em 2004, ano de estreia da finada rede. Considerando este ponto, podemos afirmar que muitos dos fakes já começavam a interagir entre si por meio de bate-papos não oficiais pelo Orkut, ou seja: eles utilizavam apenas a plataforma de scraps e/ou fóruns de comunidades para conversarem em grupos, até então. Com o tempo, estes personagens, migrados dos bate-papos sobre RPG, consideraram adaptar 39

jogos para a rede social, criando, então, narrativas com histórias interpretativas entre dois ou mais personagens. Inicialmente, a comunidade que mais desenvolveu o RPG interpretativo no Orkut foram os personagens animes. Com o tempo, surgiram outras comunidades de universos diferenciados para novos tipos de interpretação. Estes universos serão detalhados posteriormente. Os personagens que usam o fake apenas para interações simples, como conversas e busca por amizades, sem o intuito de realizar interpretações, costumam se encontrar em comunidades, no caso do Yoble, ou adicionando personagens aleatoriamente e conversando através dos chats, no caso dos perfis na rede social russa VK.

Figura 3 - Exemplo de interação por chat entre personagens

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Figura 4 - Exemplo de interação interpretativa entre personagens

Esses tipos de interpretações variam de acordo com a história de cada personagem. Há aqueles que adaptam sua história com outros personagens, independente da plataforma que ele está inserido. Por exemplo, os personagens da Figura 4, demonstrados acima, são de universos semelhantes. A mulher, Constance, é uma agente secreta da CIA em disfarce, que trabalha para prender traficantes da região da Califórnia. Já o personagem Rick é herdeiro de uma grande empresa de modelagem de aviões, que perdeu os pais ainda novo. Ele então, busca de todas as formas possíveis desvendar o mistério por trás da morte de seus genitores. 41

A união entre os personagens acontece quando a agente secreta percebe traficantes passando informações confidenciais para um homem que, até então, é desconhecido e suspeito para Constance. Este é um caso simples de adaptação de universos. Existem, também, adaptações mais improváveis entre plataformas, como um ser sobrenatural se relacionar com uma estudante de universidade, um mutante ser amigo de um lobisomem, entre outros exemplos. Essas divergências de estilo de convivência entre personagens acabam por trazer atitudes preconceituosas para o fake. Geralmente isso surge daqueles que se acham superiores, como os que focam em interpretação, para com aqueles que apenas mantêm uma relação através de conversas. O preconceito entre os fakes também pode ser encontrado, ainda, dentro de um mesmo grupo de plataforma interpretativa, pelo modo que um e outro escreve, ou mesmo pela forma como ela personalizou o seu profile pessoal na rede.

4.4 Plataformas de interações interpretativas

Como demonstrado no tópico anterior, os personagens podem adaptar seus jogos com fakes de plataformas diversas. Detalhamos a seguir as plataformas mais comuns para jogos dentro do universo fake.

4.4.1 Criminal/Policial

No geral, essa plataforma se concentra em personagens policiais e ou criminosos, interagindo entre si para cometerem e/ou solucionarem crimes de diversos estilos. Nessa plataforma, é comum ambos os tipos: personagens criados pelo usuário, ou um personagem já existente em seriados, livros e filmes.

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4.4.2 Sobrenatural

Seguindo o mesmo estilo de características e personalidades de personagens ao RPG criminal, o sobrenatural traz criaturas como vampiros, lobisomens e demônios interagindo entre si, envolvendo lutas e conflitos.

4.4.3 Anime

Os fakes animes utilizam RPG mais interpretativo e procuram seguir os traços do personagem de anime escolhido. Obviamente existem alguns que têm o estilo mais personalizado e voltado para o Real Life, onde gostam apenas da Shape do personagem, mas não utilizam sua personalidade. Porém, é mais comum encontrar aqueles que seguem a personalidade do personagem a risca, chegando até a imitar as mesmas manias.

4.4.4 Fantástico/Magia

O tipo RPG fantástico ou de magia mais comum de ser encontrado no fake é o de Harry Potter, porém não se restringe apenas a esse universo. Geralmente os personagens de um RPG de magia realizam feitiços e duelos entre si, testando e aprimorando suas habilidades.

4.4.5 Real life

É uma das plataformas mais populares e adaptáveis do RPG fake. O Real Life é a plataforma em que são utilizados e personalizados hábitos e costumes da vida real. Um dos mais comuns de se encontrar é a criação de instituições de ensino médio e superior e a interação de estudantes, professores e outros.

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4.4.6 Personalizado

O RPG personalizado é utilizado geralmente em um grupo fechado, onde as pessoas já apresentam uma trama e personagens fixos para fazerem parte dela. Pode ser uma trama totalmente nova, criada por um usuário, ou uma trama adaptada de algum enredo já existente em livros, filmes e seriados (Ex.: Harry Potter, Jogos Vorazes, Percy Jackson, X-Men, etc). Estes são apenas alguns exemplos de grupos de interpretação para jogos no universo fake. Ainda podemos acrescentar um grupo preestabelecido para montar uma família, com um sobrenome comum entre todos. Isso pode acontecer tanto no grupo de personagens interpretativos como entre os fakes mais simples.

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5 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

A coleta de dados para esta pesquisa consistiu em 20 entrevistas com usuários de perfis fakes de interação. As entrevistas basearam-se em um questionário de roteiro preestabelecido, contendo 19 perguntas para o enriquecimento da coleta das informações necessárias para a pesquisa. Os questionários foram feitos por meio de chats e por meio do envio do arquivo com o roteiro para os participantes voluntários. As questões envolveram um breve conhecimento de idade e sexo e tempo de utilização do perfil fake, além de questões mais pessoais como a do interesse online e off-line. Segue abaixo a análise das respostas dos entrevistados: 1. Qual a sua idade e sexo? As entrevistas foram feitas com onze mulheres e nove homens. Sendo assim, de acordo com as respostas dos entrevistados, podemos tirar a conclusão que 60% ou mais dos donos de perfis fakes nas redes sociais é composto por mulheres. Já as idades dos entrevistados variaram, mas a predominância foi a de 50% entre as idades de 21 a 25 anos. A outra metade ficou dividida entre as idades de 15 a 20 anos, 26 a 30 anos e os que têm mais de 31 anos. Os gráficos abaixo ilustram bem a situação descrita.

12 10 8 Mulheres

6

Homens 4 2 0 15 a 20

21 a 25

26 a 30

31 ou mais

45

Média de faixas etárias 15 a 20

21 a 25

26 a 30

31 ou mais

5% 25%

20%

50%

2. Há quanto tempo você tem seu perfil fake? A maior parte dos entrevistados tem seis anos ou mais de convivência e permanência no mundo fake. Apenas 30% dos entrevistados têm apenas quatro ou cinco anos de tempo com seus perfis. A seguir, um gráfico demonstra a média de tempo de fake de acordo com a faixa etária dos entrevistados.

Tempo médio de atividade fake 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Tempo médio em anos

15 a 20 anos 6,4

21 a 25 anos 7,2

26 a 30 anos 8,5

31 ou mais 8

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3. O que você costuma fazer ao entrar no fake? Conversar foi o mais comum nas respostas dos entrevistados, seguido de procura e continuação de jogos de RPG. Algumas pessoas também responderam que, quando estão online, costumam compartilhar imagens, vídeos e pensamentos, e saber notícias e fofocas sobre o mundo fake. Apenas duas pessoas responderam que buscam novas amizades quando entram no fake. 4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante esse tempo? Os entrevistados passam uma média de 5 a 10 horas por dia nos perfis fakes. Muitos deles concordam que esse tempo estipulado também depende do tempo que a pessoa está conectada na internet. Duas pessoas responderam que os smartphones estão incentivando o uso destas redes sociais, o que faz com que alguns dos entrevistados afirmassem que acabam olhando o fake o dia todo por aplicativos de celular. A grande massa de entrevistados respondeu que, sim, conversam com seus amigos off-line ao mesmo tempo. Algumas particularidades foram encontradas nessa questão como o fato de uma das entrevistadas ter seus amigos off-line no fake. Outra entrevistada disse que tem poucos amigos no off-line, e acaba não conversando muito com eles ao mesmo tempo em que está online. Apenas dois dos entrevistados disseram que não entram em contato com amigos off-line enquanto estão no fake. 5. Quantas vezes na semana você entra no fake? Quatro entrevistados responderam que entram apenas cinco dias, durante a semana. Uma delas ainda restringiu para três ou quatro dias que acessa o perfil fake. Os outros 16 entrevistados afirmam que costumam passar a semana toda pelo fake, salvando os dias em que acontecem emergências na vida off-line. 6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? Todos os entrevistados responderam que sim, compartilharam coisas da vida off-line para os amigos feitos no fake. Oito entrevistados particularizaram esse número para uma consideração maior de amizade dentro do fake como uma restrição para esse compartilhamento de assuntos da vida off-line. Geralmente eles acabam divulgando apenas 47

para os amigos que realmente considera como uma amizade sincera. Uma das entrevistadas, Sellene, ainda respondeu que considerou que os amigos ajudaram bastante com conselhos. “Eu já compartilhei várias coisas da minha vida off-line com amigos que fiz lá [no fake], inclusive muitas dessas coisas meus familiares e amigos em off-line sequer tinham conhecimento. Compartilhei fases boas e ruins da minha vida pessoal; meus problemas, meus sonhos… E, muitas das vezes, meus amigos no fake me ajudaram com conselhos que fizeram toda a diferença na vida off-line que tenho hoje.” 7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? Todos responderam que sim, levaram. Apenas um respondeu que levou um desses amigos por acaso, sem a intenção. Cerca de 40% destes entrevistados ainda afirmaram que acabaram se relacionando amorosamente com pessoas que conheceram no fake. 8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar? Apenas dois entrevistados não encontraram nenhum dos amigos que fez no fake, na vida real. Os outros 18 entrevistados disseram que sim, conheceram amigos que fizeram no fake. O mais comum entre os entrevistados foi conhecer de um a três destes amigos na vida real. Alguns dos que afirmaram que conheceram amigos do fake, ainda frisaram que encontraram estes amigos por morarem em mesmas cidades ou em cidades próximas. 9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake? Todos disseram que sim. Sair com os amigos foi uma das coisas que os entrevistados mais deixaram de fazer para ficar no fake, seguido de tarefas de escola/faculdade e afazeres domésticos. 10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? Apenas um dos entrevistados disse que não considera que teve um relacionamento sério. Os outros 19 entrevistados tiveram, sim, um relacionamento sério no perfil fake. Seis deles responderam que levaram esses relacionamentos para a vida real (off-line). Uma média de dois anos e meio foi o tempo de relacionamento destas pessoas.

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11. Já teve um relacionamento sério na vida real? Apenas um dos entrevistados não teve um relacionamento fora do fake. Pouco menos de 40% dos entrevistados disseram que levaram o seu relacionamento do fake para o off-line, que consideraram em acrescentar. A média foi de dois anos de duração dos relacionamentos. 12. Para você, existem diferenças entre os relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim quais? Oito entrevistados acreditam que não há diferenças. Esses levam em conta que o sentimento é o mesmo, ou seja, os sentimentos são vividos com uma mesma intensidade do que como fosse na vida real. Os outros doze entrevistados consideram que podem haver, sim, algumas diferenças. Os pontos mais divergentes foram da questão das diferenças entre o online x off-line. Ao mesmo tempo em que a grande maioria acredita que o fake é algo falso, alguns admitiram que no fake acaba sendo até mais intenso os relacionamentos, já que há uma liberdade maior de expressão e menos receio de demonstrar como você realmente é. Este último é muito bem explicado pelo entrevistado L’ust. “O computador, a internet, é apenas um meio de contato, que torna possível essa convivência. Mas digamos que em uma amizade, devido ao fato de a pessoa ficar livre de qualquer de sua aparência real, você possui apenas o seu carisma para conquistar alguém. Não importa como você é, desde que você seja uma pessoa interessante. [...] Em muitos casos, você se encontra amando alguém que a primeira vista em off, nunca lhe chamaria a atenção. Acho que você aprende a ver primeiro o que a pessoa é, gosta disso, e só depois vai para quem ela é [fisionomia]. Nesse ponto, o segundo fator geralmente é indiferente.” Outra entrevistada, Violet, afirmou que depende do ponto de vista da questão. “[...] não acho uma grande diferença nestas duas opções [amizade e amor], acontece que relacionamentos são complicados, “on e off”. No entanto, são mais ainda quando não se tem um contato direto com uma pessoa. Porém se for analisar, nossos relacionamentos e laços criados em on acabam refletindo da mesma escala como se viessem do off.” Mais um dos nossos entrevistados, com o nome de Damon, considerou que é muito importante, mesmo que no ambiente online, a sinceridade de exposição dos sentimentos. “[...] Isso é importante num mundo de hoje onde só a aparência prevalece.” 49

13. O que levou você a criar o seu perfil fake? As respostas ficaram bem divididas nessa questão. Enquanto duas pessoas criaram para se divertir, seis pessoas responderam que o motivo foi a indicação de amigos ou algum parente da mesma idade. Quatro outros responderam que o motivo foi para jogar RPG. Mais três pessoas afirmaram que um dos grandes motivos para criarem o fake foi o de problemas na vida real como solidão, dificuldade de se relacionar e escape de problemas pessoais e/ou emocionais. Além dessas questões, outras pessoas afirmaram que procuravam pessoas com mesmos interesses e gostos. Um dos mais interessantes foi ver que o entrevistado Damon, já citado nesta análise, começou o fake bem em seu início, migrando dos bate-papos sobre RPG e criando personagens no Orkut para interagir da mesma forma. “O que me inspirou foram os bate-papos da UOL das salas de RPG, onde foi o berço de tudo, claro. Daí tive a ideia ousada na época de fazer um perfil fake no Orkut, quando este iniciava. Acredito que ninguém mais tinha feito isso quando tive essa ideia, e daí fui levando os amigos que havia feito no BP da UOL.” 14. Você já teve mais de um personagem no fake? Apenas uma pessoa negou que teve mais de um personagem em toda a sua trajetória pelo fake. Os outros todos já tiveram mais de um personagem, sendo que alguns já mantiveram vários ao mesmo tempo, como é o caso do nosso entrevistado Ambrósio. “Eu costumo sempre ter vários personagens fake. Eu trato isso como RPG, não como uma segunda vida, então pra mim é natural eu ter vários personagens para diversos tipos diferentes de jogos.” Uma das entrevistadas ainda confessou que já teve personagens femininos e masculinos. 15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? Seis entrevistados disseram que sim. Os que disseram não alegam que isso seria perca de tempo, ou falta de confiança para com um parceiro ou amigo.

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16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? Dos 20 entrevistados, nove deles já participaram do fake para todas as três categorias listadas acima. Todos alegam que acabam fazendo amizades, direta ou indiretamente. Os jogos foram os segundos colocados. 17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Porque essa especificamente? As respostas foram bem diversificadas. Enquanto uns apontaram anos e qualificaram o que aconteceu neste período, outros apenas disseram sobre o que aconteceu que os fizeram ficar tão entretidos no mudo fake. As características mais idênticas entre as respostas foi a questão de gostarem de uma época em que não haviam preconceitos, panelinhas de amizades, e mais união entre os participantes. A entrevistada Joana Weber complementa essa análise com a sua resposta de que “Ninguém se importava com foto, perfil, história e todo o blá blá blá. Era só criar laços com as pessoas”. 18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? 30% dos entrevistados alegaram que sim, escondia ou ainda escondem de seus amigos off-line que têm perfis fakes. Muitos admitiram que o preconceito sobre o que as pessoas fazem no fake é um dos maiores fatores para esconderem dos amigos. 12 entrevistados responderam que não escondem.

19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? Treze entrevistados já incentivaram até dois amigos para participar do mundo fake. Alguns destes entrevistados confessaram que ou os amigos não se interessaram muito, ou não levaram tão a sério. Um dos entrevistados, Rick, disse que não incentivou seus amigos. “[...] por mais que eles já saibam que eu tive uma vida ativa no fake, eu prefiro manter as coisas que faço nessa vida como segredo para minhas amizades [off-line]”.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A cibercultura abriu um grande leque de possibilidades para reinventar a comunicação entre as pessoas pelo mundo. Apesar de acontecer uma interação máquina-máquina, os indivíduos por trás das telas do computador acabam transparecendo por meio da linguagem escrita adaptada a jargões de internet seus desejos e emoções. Por trás desta característica, podemos considerar que muitos dos indivíduos acabam fantasiando uma vida no mundo virtual, seja com intenção já estabelecida ou não. Isso caracteriza bem o conceito das sociedades fragmentadas na pós-modernidade, ao tempo em que os indivíduos se inserem em meio a uma fantasia para um escape da realidade, seja de preconceitos, seja de problemas pessoais, ou apenas na busca de um hedonismo cada vez mais presente cada vez mais no ambiente virtual, além do ambiente real. “O fake entendido como persona é efeito das mídias digitais e essa possibilidade do interagente expressar da maneira que quer ser, na atualidade é possível, pelas vias das novas práticas de interação social” (OLIVEIRA, 2013, p.11). Além de permitir essa interação, ainda que sem uma total liberdade sobre os preconceitos, a criação dos perfis fakes fomenta a criatividade entre os indivíduos e acaba fazendo com que eles se tornem mais comunicativos e até menos retraídos, com o tempo. No entanto, as interações nem sempre costumam ficar imparciais para os personagens fakes. É muito provável e comum que ocorram relacionamentos intensos entre os indivíduos, que acabam trocando experiências sobre suas vidas off-line, passando assim a criar um vínculo emocional mais pessoal, dependendo da circunstância, com alguém que esse indivíduo considera ser de confiança. A importância de conviver no meio de indivíduos com esses propósitos foi de uma grande importância para o desenvolvimento deste trabalho. Além de conhecer bem o ambiente, foi possível entender as situações vividas pelos indivíduos e afastar o preconceito ao considerar que, de certa forma, os perfis fakes ajudaram para que os personagens conseguissem melhorar sua autoestima na vida real (off-line). Dessa forma, podemos adaptar a análise de Raquel Recuero sobre a influência de jogos em redes sociais. “Ainda outra forma de capital social neste contexto é a visibilidade. [...] A 52

visibilidade também gera reputação, [...]. Outra forma de capital social é o acesso às informações” (RECUERO, 200x, p. 13). Ou seja, o ambiente virtual permite que os indivíduos rompam barreiras não só para se tornarem mais populares e pertencentes a um grupo social de interesse, mas também proporcionam uma nova visão de mundo, permitindo que eles possam ser vistos como eles são, sem preconceitos ou julgamentos. Isto é, ele deixa de ser um indivíduo isolado do ambiente comum da vida real, para enxergar o seu próprio valor dentro de uma comunidade de interesses comuns.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Entrevista com a personagem Surreal Montecchio

1. Qual a sua idade e sexo? 23 anos, sexo feminino 2. Há quanto tempo você tem fake? Tive fake por quase 6 anos. 3. O que você costuma fazer ao entrar no perfil fake? Conversar com meus amigos, ou procurar fofocas sobre o universo fake 4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante este tempo? Geralmente, todo o tempo que passava na internet, era no fake. De 8 a 12 horas por dia. Não, pois possuía meus amigos off no fake 5. Quantas vezes na semana você entra no fake? Todos os dias da semana 6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? Sim 7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? Sim 8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar? Já encontrei 5 pessoas e tentei encontrar 4 9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake? 57

Sim 10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? Sim 11. Já teve um relacionamento sério na vida real? Não 12. Pra você, existe diferenças dos relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim, quais. Em termos de sentimentos, não. Mas quando se trata de namoro, tem certos limites que devem ser estabelecidos, porém quase nunca são. 13. O que levou você a criar o seu perfil fake? Diversão 14. Você já teve mais de um personagem no fake? Não 15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? Sim rsrs 16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? Para criar famílias e amizades 17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Por que essa especificamente? Gostei mais da fase de 2006/2007, que foi quando o fake estava no auge, praticamente todas as minhas amigas offs tinham fake e foi o ano das ligas, como LVP, CSD, as festas fakes, etc. 18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? Não 58

19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? Sim

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APÊNDICE B – Entrevista com o personagem Mister Dick

1. Qual a sua idade e sexo? 20 anos, masculino. 2. Há quanto tempo você tem fake? 9 anos 3. O que você costuma fazer ao entrar no perfil fake? Na época em que entrava ia em comunidades, entrava em grupos de msn e conhecia muitas pessoas. 4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante este tempo? Era fake 24 horas por dia praticamente. 5. Quantas vezes na semana você entra no fake? Todo dia. 6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? Querendo ou não a gente sempre compartilhava as coisas da vida, sendo bobas ou não. 7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? Sim, e posso dizer que a melhor amiga que tenho conheci no fake, mesmo não tendo mais tanto contato como antes o sentimento permanece o mesmo. 8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar? Aproximadamente uns 20 9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake? Sempre. 10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? Tentei, mas isso vai de cada um não? 11. Já teve um relacionamento sério na vida real? Também tentei e nunca deu certo .-. 12. Pra você, existe diferenças dos relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim, quais. 60

Quando envolve sentimento de verdade existem essas diferenças. Nem idade e nem distancia atrapalha. 13. O que levou você a criar o seu perfil fake? Na época de Orkut, entrava em comunidades e via uns personagens achei interessante e criei. 14. Você já teve mais de um personagem no fake? Sim 15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? Acho que muitas pessoas fazem isso. Stalker nível hard 16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? Fake era praticamente a minha primeira vida, então tudo que envolvia fake eu participava. 17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Por que essa especificamente? Cada fase foi especial, conheci pessoas incríveis e também as perdi com o tempo, mas isso acontece tanto na vida online quanto off-line, temos que aproveitar cada momento então aproveitei cada fase fake do seu jeito. 18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? Não era de muitos amigos, sempre fui antissocial. Foi graças ao fake, fóruns e etc que comecei a fazer amigos, então não escondia. 19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? Que me lembre não.

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APÊNDICE C – Entrevista com a personagem Lynn Cuoco

1. Qual a sua idade e sexo? 23 anos, feminino 2. Há quanto tempo você tem fake? Tenho fake desde 2006. 3. O que você costuma fazer ao entrar no perfil fake? Conversar e fazer amizades. 4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante este tempo? Fico online praticamente o dia inteiro, através do aplicativo do celular. Só converso off-line com algumas pessoas. 5. Quantas vezes na semana você entra no fake? Todos os dias 6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? Sim 7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? Sim 8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar? Nunca encontrei ninguém pessoalmente. 9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake? Sim. 10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? Sim.

11. Já teve um relacionamento sério na vida real? 62

Sim. 12. Pra você, existe diferenças dos relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim, quais. Sim. Como o próprio nome diz fake é algo falso.

13. O que levou você a criar o seu perfil fake? Me relacionar com as pessoas com o mesmo interesse que o meu. 14. Você já teve mais de um personagem no fake? Sim 15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? Não. 16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? Apenas para criar amizades. 17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Por que essa especificamente? Eu gostava mais do fake na época que eu entrei, pois as pessoas não se preocupam com nada. Era apenas para divertimento. 18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? De alguns sim. 19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? Com certeza!

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APÊNDICE D – Entrevista com a personagem Samantha Köhler

1. Qual a sua idade e sexo? 22 anos. Feminino. 2. Há quanto tempo você tem fake? Tenho fake a mais ou menos 6 anos. 3. O que você costuma fazer ao entrar no perfil fake? Dependendo de quem está online no momento, eu converso. Troco a foto do perfil. 4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante este tempo? Difícil dizer, mas ultimamente tenho dedicado quase o dia inteiro. Quando não entro pelo computador, sempre dou uma conferida pelo celular. Sim, na maioria das vezes. 5. Quantas vezes na semana você entra no fake? Todos os dias. 6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? É um pouco impossível não fazer isso. Sempre acontece algo que acabamos comentando no fake. Tento fazer isso só com aqueles que levo a amizade pro off. 7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? Sim, inclusive já até os conheci pessoalmente. 8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar? Pelos menos uns 7...rs. 9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake? Uma vez já deixei de sair com meus amigos em off, pra ficar no fake. 10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? Já sim, mas não durou muito. 11. Já teve um relacionamento sério na vida real? 64

Sim. 12. Pra você, existe diferenças dos relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim, quais. Acho que apenas o fato de um ser virtual e outro real. Pelo menos eu, sou a mesma em ambos, na personalidade e nas atitudes. Não é porque não estão vendo meu rosto, que vou agir diferente de como ajo na vida off. 13. O que levou você a criar o seu perfil fake? Na época em que criei, no antigo Orkut, era pra jogar. Ai outros fakes me adicionaram, e ai começou a minha "segunda vida"...rs. 14. Você já teve mais de um personagem no fake? Já sim. 15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? Não... nunca tive essa necessidade. 16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? Como eu disse, no início era pra jogar, ai depois fui me aprofundando mais no mundo fake e me relacionando, criando amizade, família... 17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Por que essa especificamente? Minha fake se chamava Ludy, e eu usava foto da Ariana Grande. Na época ela não era muito conhecida, então devo ter sido uma das primeiras com fotos dela. Não lembro qual era o nome do rpg, mas jogava sendo uma das principais da história. Minha personagem era meio mimada, mas bem frágil...rs. Era legal, pois a plataforma era sobrenatural, e no decorrer, eu descobria que era de uma família de bruxas e tudo mais...rs. Foi bem no íniciozinho, quando só entrava pra jogar. Era bom porque não existia briga, nem decepção. As pessoas não ligavam muito pro lance de ser "original", não existia intriga e ninguém implicava com o outro só por diversão. Tinha mais respeito, as pessoas conversavam mais e não misturavam muito a vida fake com a vida off. 18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? Nunca, até porque muitos também tinham. 19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? Pelo contrário, eles que me incentivaram... hahaha

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APÊNDICE E – Entrevista com a personagem Valentina Dumoncel

1. Qual a sua idade e sexo? 15, Feminino

2. Há quanto tempo você tem fake? 4 anos

3. O que você costuma fazer ao entrar no perfil fake? Vejo os Scraps e respondo Jogos.

4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante este tempo? Umas 3hrs, sim fico conversando com os amigos offs e ons ao mesmo tempo.

5. Quantas vezes na semana você entra no fake? Umas 3 ou 4

6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? Sim, bastante coisas.

7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? Alguns

8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar? Nenhum, mais pretendo.

9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake? Sim, algumas vezes

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10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? Já e durou 2 anos.

11. Já teve um relacionamento sério na vida real? Sim.

12. Pra você, existe diferenças dos relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim, quais. Não.

13. O que levou você a criar o seu perfil fake? Uma amiga minha tinha e me apresentou

14. Você já teve mais de um personagem no fake? Sim, já tive vários. O que estou recentemente (Valentina) só deve ter 1 ano no máximo.

15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? Não.

16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? Os dois.

17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Por que essa especificamente? 2010/2011 porque as pessoas era mais unidas e os laços de amizade eram bem mais fortes.

18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? Não.

19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? Sim, mais não vingou eles não gostaram.

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APÊNDICE F - Entrevista com o personagem Andrews

1. Qual a sua idade e sexo? R: Tenho 21 anos, sexo masculino. 2. Há quanto tempo você tem fake? R: 7 anos. 3. O que você costuma fazer ao entrar no perfil fake? R: Visitar a Comunidade do RPG que participo. 4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante este tempo? R: Eu converso com todo mundo, costumo manter o Facebook online e acabo deixando hoje em dia o MSN aberto, então acaba se tornando bastante tempo. 5. Quantas vezes na semana você entra no fake? R: Todos os dias. 6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? R: Sim, bem no começo eu tinha um amigo, foi meu primeiro amigo no fake e como isso faz 7 anos hoje eu o amo como um irmão. Já fui para outro estado para conhece-lo e passei férias lá, é legal desde que feito já conhecendo a pessoa e as famílias também se conhecendo. 7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? R: Como disse na questão anterior, sim. Alguns sim, mas sou bem seleto, pois precisa condizer com sua realidade, sua personalidade e vida normal. Nem toda amizade fake se torna uma boa amizade OFF. 8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar? R: Um só, que foi meu irmão adotado. 9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake? R: Sim. 10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? 68

R: Sim, durou bastante tempo. Eu achava na época que não ia dar em nada e era só brincadeira, mas como adolescente acabei me encantando. 11. Já teve um relacionamento sério na vida real? R:Sim, durou algum tempo, mas não imaginava futuro com ela, foram dois anos bons, mas ambos sabíamos que não passaríamos daquilo. 12. Pra você, existe diferenças dos relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim, quais. R: Sim, nem todo amigo Fake dá condições de amizades fora dali, o mesmo sobre namoros. Ambos devem se conhecer duas vezes, no fake e em OFF... Se os dois se derem bem e quiserem dar uma oportunidade ai sim pode ser produtivo. 13. O que levou você a criar o seu perfil fake? R: Tédio, fã de animes e RPGs. 14. Você já teve mais de um personagem no fake? R: Quase uma centena. 15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? R: Não. 16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? R: Já participei de famílias e Clãs, era divertido. Mas o foco são RPGs. 17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Por que essa especificamente? R: O nome é Karine, apesar de ser apenas uns dois ou três anos mais nova que eu eu cuidei dela como uma filha, sempre protegi... Isso passa um sentimento de paternidade e não existe sentimento maior do que esse. 18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? R: Não, nunca tive vergonha do meu entretenimento, se quiserem me criticar eu mando tomar no cu e conto pras namoradas sobre as putas que eles ficam nos bailes. kkkk 19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? R: Não, sempre dei brecha para que visualizassem as lutas que eu jogava, mas eu sempre deixei a decisão por conta deles.

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APÊNDICE G – Entrevista com o personagem Ambrósio Giovanni

1. Qual a sua idade e sexo? R: Sexo Masculino e tenho 27 anos. 2. Há quanto tempo você tem fake? R: Eu tenho 10 anos de fake. 3. O que você costuma fazer ao entrar no perfil fake? R: Dar uma olhada em divulgações, responder turnos pendentes se tiver algum. Apesar de que prefiro estar no messenger, eu gosto mais da velocidade de interação. 4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante este tempo? R: Complicado de dizer, eu não consigo apenas fazer uma coisa, então faço várias ao mesmo tempo. Posso estar conversando com um amigo off no facebook, ou celular, enquanto estou on no fake também fazendo alguma coisa. Como posso estar estudando, lendo notícias, etc..É basicamente o tempo que eu fico na internet, eu dedico alguma parte dele ao fake, o quanto? Depende do dia e situação. 5. Quantas vezes na semana você entra no fake? R: Normalmente todo dia, apesar de que tem dias que por estar ocupado, ou até mesmo para esfriar a cabeça quando algo acontece, eu não entro no fake. 6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? R: Sim, normalmente quando são pessoas que por algum motivo eu começo a me interessar em trazer para a vida off. 7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? R: Sim, alguns, não muitos, mas algumas pessoas sim. 8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar? R: Eu já encontrei algumas pessoas para falar a verdade. 9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake?

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R: Sim, quando alguma emergência aconteceu no fake, ou quando era uma tarefa que eu REALMENTE não queria fazer. 10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? R: Sim, algumas vezes. 11. Já teve um relacionamento sério na vida real? R: Sim, algumas vezes. 12. Pra você, existe diferenças dos relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim, quais. R: Sim e não. Em questão de sentimento, eu não acredito que exista, mas tem bastante em relação por exemplo a confiança, muitas pessoas ficam mais paranoicas no fake e isso pode atrapalhar bastante. Além disso é claro, não se tem aquele contato corporal, mesmo...Jogando alguma coisa mais “comum” de casal, não é como fazer isso fora do fake. 13. O que levou você a criar o seu perfil fake? R: Então...Eu sempre fui um jogador de RPG de mesa e um amigo meu que estava envolvido com o fake me pediu para ajudar ele contra uma inimiga dele. O meu primeiro fake, eu criei para isso, jogar RPG e tentar ajudar o meu amigo. 14. Você já teve mais de um personagem no fake? R: Eu costumo sempre ter vários personagens fake, eu trato isso como RPG, não como uma segunda vida, então pra mim é natural eu ter vários personagens para diversos tipos diferentes de jogos. 15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? R: Não, mas eu já usei perfis fakes existentes para investigação. 16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? R: Ambos, apesar de que eu costumo criar como a primeira opção, caso amizades aconteçam, sempre serão bem-vindas, quanto a famílias? Eu raramente procuro, posso desenvolver devido a um relacionamento, mas mesmo assim é algo raro. 17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Por que essa especificamente? R: Eu adorei o meu tempo como POQ (Personagem Orkut de Quadrinhos), além de ser a parte do fake habitada por mais gente como eu (nerds), também ela foca em aventura e ação, e eu notei que o pessoal é bem mais...Leve quanto a relacionamentos. É diferente da área mais “comum” aonde as pessoas são bitoladas em relacionamentos, em casar, formar família. Eu 71

nunca entendi isso muito bem, mas entendo uma boa história e um bom jogo com cenas divertidas de ação, então a minha época POQ é a que eu realmente vejo com mais carinho. 18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? R: Ninguém off sabe que eu tenho fake. 19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? R: Não.

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APÊNDICE H – Entrevista com a personagem Apple DiMaggio

1. Qual a sua idade e sexo? 21 anos,Feminino. 2. Há quanto tempo você tem fake? 8 anos. 3. O que você costuma fazer ao entrar no perfil fake? Ir nas comunidades. 4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante este tempo? Há.. bastante tempo. Sim. 5. Quantas vezes na semana você entra no fake? Todos os dias. 6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? Sim. 7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? Sim. 8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar? Um. 9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake? Sim,muitas vezes. 10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? Sim. 11. Já teve um relacionamento sério na vida real? Sim. 73

12. Pra você, existe diferenças dos relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim, quais. Sim, porque eu separo o que é verdade e o que é de mentira,ué.. 13. O que levou você a criar o seu perfil fake? A diversão. 14. Você já teve mais de um personagem no fake? Sim. 15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? Sim,sempre. 16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? Amizades. 17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Por que essa especificamente? Foi a fase em que tinha bastante gente nos tópicos e também a fase se msn,porque era um fase divertida. 18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? Não, até porque a maioria deles também tinha fake. 19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? Sim.

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APÊNDICE I – Entrevista com a personagem Joana Weber 1. Qual a sua idade e sexo? 21 Anos. Feminino. 2. Há quanto tempo você tem fake? Tenho desde 2006, mais ou menos. 3. O que você costuma fazer ao entrar no perfil fake? Vejo se há recados para responder e depois respondo os meus turnos pendentes. 4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante este tempo? Depende. Só venho para o fake quando tenho tempo. Não tenho uma rotina fixa, por isso depende muito, mas as vezes entro pelo celular. Não converso com meus amigos off, faço isso pelo celular, então quando entro pelo computador, me ‘’dedico’’ ao fake. 5. Quantas vezes na semana você entra no fake? Entro todos os dias. 6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? Tenho amigos sim que conheci no fake, mas são poucos. Até mostro minha foto quando pedem. 7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? Sim. 8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar? Já encontrei duas pessoas. Que inclusive é meu ex e a prima dele, que também tinha fake. 9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake? Não, nunca. 10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? Já. 11. Já teve um relacionamento sério na vida real? Sim. 12. Pra você, existe diferenças dos relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim, quais. Acredito que não. Sempre levei muito a sério isso. 75

13. O que levou você a criar o seu perfil fake? Não me lembro, sério. Mas acho que foi na época do RBD… Se não me engano. 14. Você já teve mais de um personagem no fake? Sim. 15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? Tipo vigiar o namorado? Dar em cima e tal? KKKKKKKKKK Não, nunca. 16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? Sempre foquei minha personagem para jogos e não criar famílias. Amigos vem com o tempo… Mas meu foco é jogos. 17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Por que essa especificamente? Acho que na época que todos eram capengas e não havia muito rpg. Ninguém se importava com foto, perfil, história e todo o bla bla bla. Era só criar laços com as pessoas. Por isso. 18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? Nunca surgiu o assunto, mas nunca escondi não. 19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? Não, até porque não tinha o por quê incentivar. Amigos próximos não sabem que isso existe, acredito eu.

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APÊNDICE J – Entrevista com a personagem Violet Young 1. Qual a sua idade e sexo? 17 anos. Feminino. 2. Há quanto tempo você tem fake? 4 anos e meio. 3. O que você costuma fazer ao entrar no perfil fake? Conversar, praticamente. Acompanho jogos de outras comunidades, porém quase nunca vão pra frente, os que vão e que me interessam eu participo, no entanto 90% do tempo fico no msn conversando com meus amigos. 4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante este tempo? Depende, ainda curso o terceiro ano do ensino médio, as vezes posso ficar de 3 a 5 horas no fake. 5. Quantas vezes na semana você entra no fake? Todos os dias praticamente. 6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? Sim. Tenho um namoro de 1 ano e 9 meses e a maior base dele foi feita baseada na vida off, querendo ou não compartilhamos coisas assim. 7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? Sim, a maioria das pessoas de longa datas que considero como amigos tenho em um perfil oficial. 8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar? Nunca tive a oportunidade de encontrar algum amigo que conheci no fake, mas já induzi pessoas da minha vida off pra entrarem. 9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake? Sim. Muitas, a maioria das vezes um dia cansado a unica coisa que acho pra distrair é isso. Fora que, a dias também que a preguiça grita mais forte. 10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? Já sim. Como disse, 1 ano e 9 meses. 11. Já teve um relacionamento sério na vida real? Vindo do fake não. Vindo de uma pessoa que veio do fake e passou pra um caso oficial nunca ouve. 12. Pra você, existe diferenças dos relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim, quais. Depende do ponto de vista, não acho uma grande diferença nestas duas opções, acontece que relacionamentos são complicados on e off, no entanto são mais ainda quando 77

não se tem um contato direto com uma pessoa. Porém se for analisar, nossos relacionamentos e laços criados em on acabam refletindo da mesma escola como se viessem do off. 13. O que levou você a criar o seu perfil fake? Comecei muito nova no fake, o que me levou mais foi o caso da solidão. Tive problemas sociais quando era mais nova, como era muito sozinha não conseguia me relacionar diretamente com as pessoas então foi uma saida que encontrei. 14. Você já teve mais de um personagem no fake? Já sim, vários. Da até preguiça de contar, mas sempre há aquele que você prefere mais não é mesmo? No caso, o meu primeiro. Tenho ele até hoje. 15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? Sim, sou desconfiada. Mas depois isso passou, simplesmente me desfiz do perfil e segui minha vida. Passei a ter mais confiança em mim mesma. 16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? Para os dois. Ambos me interessam, gosto muti de uma família, levo minha primeira família no fake ( pai e mãe ) comigo até hoje em off. E jogos começaram a fazer parte do meu cotidiano a uns tres anos. 17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Por que essa especificamente? O Começo. Estava descobrindo muita coisa, fiz muita coisa que não podia, era muito nova e também não entendia muito dessas coisas. Então foi uma fase de descoberta, o primeiro ano de fake foi o mais emocionante. 18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? Sim. Acontece que é complicado explicar para seus amigos que não fazem a minima ideia do que é um fake. A maioria leva como um perfil falso simplesmente para poder enganar as pessoas. 19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? Sim. Minhas melhores amigas, meus amigos, todos aqueles quem eu tive oportunidade e liberdade para explicar e expô como é a vida no fake.

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APÊNDICE K – Entrevista com a personagem Agent Sellene 1. Qual a sua idade e sexo? Eu tenho 18 anos de idade, sou do sexo feminino. 2. Há quanto tempo você tem fake? Mais de seis anos, eu entrei no fake por volta dos meus onze anos de idade, sem entender ainda muito desse universo. Inicialmente, busquei na identidade falsa, no fake, uma forma de expor meus sentimentos, ideias, e realizar por meio dos jogos alguns sonhos impossíveis, ou até inalcançáveis, na vida real. 3. O que você costuma fazer ao entrar no perfil fake? Geralmente eu costumo entrar para, além de responder os scraps dos meus amigos, trocar minhas fotos do perfil e procurar por novos jogos de RPG nas comunidades disponíveis para esse intuito. 4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante este tempo? Sinceramente, eu acho que boa maioria do tempo que eu tenho disponível na internet, acaba sendo dedicado navegando no perfil fake. Isso são cerca de oito há nove horas por dia, sem incluir os finais de semana. E, não, eu não costumo conversar com meus amigos off-line durante esse tempo. Na verdade, eu acho que isso até chega a afetar um pouco meus relacionamentos com eles, com a familia, e meu ciclo social fora do fake. 5. Quantas vezes na semana você entra no fake? Todos os sete dias da semana e mais os finais dela. Eu sempre acabo dando uma logada no perfil para ver como andam as coisas. 6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? Sim. Eu já compartilhei varias coisas da minha vida off-line com amigos que fiz lá, inclusive, muitas dessas coisas, meus familiares e amigos em off-line, se quer tinham conhecimento. Compartilhei fases boas e ruins da minha vida pessoal, meus problemas, meus sonhos… E, muitas das vezes, meus amigos no fake me ajudaram com conselhos que fizeram toda a diferença na vida off-line que tenho hoje. 7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? Sim. Trouxe pra minha vida cinco pessoas muito especiais de lá. Três dessas, são boas amigas que fiz e tenho até hoje. E, a quarta pessoa, por mais que pareça estranho para vocês, eu tenho como se fosse uma filha para mim em off-line, apesar de ela ter quase a mesma idade que eu. A quinta pessoa, bem, ele é hoje meu atual marido em off-line, que também conheci através de uma amizade no fake. 8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar? Dois. Uma eu tentei encontrar, mas, infelizmente ainda não conseguimos marcar algo concreto, porém, eu creio que ainda nos veremos pessoalmente. O outro, bem, eu viajei com meus pais para a cidade dele e nos encontramos. 9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake? 79

Na verdade, eu tenho a péssima mania de deixar varias tarefas para depois, tudo para ficar um pouco mais no fake. Já deixei de estudar, de sair com a familia e amigos, já deixei de realizar tarefas domesticas. Eu acho, que já até deixei de realizar refeiçoes ( risos). 10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? Já tive vários relacionamentos no fake, porém, nada abrangeu tanta coisa da minha vida offline quanto o ultimo. Tivemos bons três anos de amizade primeiro, o tempo mais longo de espera da minha vida, se querem saber, e em 2007 começamos a namorar sério no fake, depois acabamos por nos envolver de forma off-line também e atualmente estamos casados há quase três anos. 11. Já teve um relacionamento sério na vida real? Já sim. Porém, nada que fosse muito durável. 12. Pra você, existe diferenças dos relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim, quais. Na minha opinião, existem sim. Porém, o que mais afeta os dois tipos de relacionamentos, tanto as amizades quanto os amorosos, e os diferencia dos da vida off-line é, sem dúvidas, a distancia. Ela é o que mais afeta os relacionamentos no fake. É aquele negocio da “pessoa especial que mora longe”, o que não acontece muito em off-line. Eu, e muitas outras pessoas do fake, já passamos por isso. E, eu posso dizer que… Dificulta muito! Tanto para amizades quanto para relacionamentos amorosos. Além de, você não poder ter a pessoa sempre por perto, no caso dos relacionamentos do fake, você ainda tem que lidar com muitas outras neuras, principalmente se esse relacionamento for amoroso, coisas do como o “ ciúmes, a insegurança de não saber onde, com quem, e se a pessoa realmente fala a verdade”. Mas, uma coisa é certa. Se nos relacionamentos amorosos e nas amizades off-line tem que se haver confiança, em relacionamentos desses tipos pelo fake, ela tem que ser ainda mais existente. 13. O que levou você a criar o seu perfil fake? Na época em que criei meu primeiro fake, eu estava passando por uma fase difícil da minha vida. Apesar de não querer entrar muito em detalhes, posso dizer que enfrentava um dos males que assola boa parte da população hoje em dia, a depressão. Então, eu vi no fake uma válvula de escape para os problemas, que eu acha ter, e através de lá, eu pude conhecer pessoas que me ajudaram a lidar com muitos deles. 14. Você já teve mais de um personagem no fake? Sim. Eu já cheguei a gerir três personagens diferentes de uma vez. 15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? Não, eu nunca me interessei em fazer isso. Todos os personagens que eu já tive, e tenho, eram ou são voltados para jogos. 16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? Todos os três, tanto para jogos, quanto para criar família e amizades, uma coisa sempre acabou sendo consequência da outra. Tive amizades que foram, e são, essências pra mim até hoje. Assim como a família, que também formei por um período de tempo no fake, é alguns membros trago comigo tanto lá ainda, quanto na vida off-line, até hoje. E alguns jogos, que ficaram na memoria. 80

17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Por que essa especificamente? Foram tantas pelas quais passei! Mas, a que eu mais gostei, foi a fase em que os jogos de rpg estavam em alta no fake. Eu conheci pessoas incríveis nesse período, pessoas que poderiam até escrever um livro se quisessem, pela criatividade e a escrita que tinham nos jogos. E, por que também guardo momentos muito especiais dessa fase. Além de que, eu também adorava escrever e passava horas e horas criando historias. Hoje em dia, o rpg já não tão jogado quanto antigamente era, e por isso, essa fase deixa saudades. 18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? Não, eu não diria que “ escondia” deles, eles só não perguntavam sobre e, por isso, eu não via necessidade em falar do assunto. Com os poucos que falei sobre, não pareceram entender, ou, não viam como algo de “ uma pessoa sã” fazer, na época. Talvez, agora suas opiniões sejam diferentes, até por que se ter um perfil fake hoje em dia já é algo bem normal de se fazer. 19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? Sim, eu tentei. Incentivei uma prima, porém, ela não levou muito a sério a ideia, a principio, até achou que eu estivesse brincando (risos). Mais, é assim mesmo. O fake ainda tem um longo caminho pela frente para ser comprieendido e aceito por alguns.

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APÊNDICE L – Entrevista com a personagem Aurora Chained

1. Qual a sua idade e sexo? 16, feminino 2. Há quanto tempo você tem fake? 8 anos 3. O que você costuma fazer ao entrar no perfil fake? Responder todas as mensagens e/ou perguntas, compartilhar fotos, vídeos, pensamentos... 4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante este tempo? Eu possuo o VK também no celular. Então fico o dia todo, pelo menos respondendo as mensagens, no período da tarde e noite, e intervalos da escola, também. Sim, converso com meus amigos fake e of, contemporaneamente. 5. Quantas vezes na semana você entra no fake? Todos os dias da semana. 6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? Já. Não só amigos, como também já namorei a distância com pessoas do fake. 7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? Sim. Tenho muitos amigos em of, que já vi pessoalmente, e que conheci no fake. 8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar? Se eu não estiver esquecendo ninguém, cinco amigos e um namorado. 9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake? Já. Já deixei de sair, de fazer dever, de estudar... mas essa fase já passou. 10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? Alguns. 11. Já teve um relacionamento sério na vida real? 82

Sim. 12. Pra você, existe diferenças dos relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim, quais. Não. Apesar do fake, da identidade diferente, coração é um só. 13. O que levou você a criar o seu perfil fake? Minha irmã já tinha e criou pra mim. 14. Você já teve mais de um personagem no fake? Sim, vários. Incluindo femininos e masculinos. 15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? Não. 16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? Os dois. 17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Por que essa especificamente? 2011. Fiz amigos, um namorado que eu conheci e encontrei fora do fake, e estava muito mais "de bem com a vida" naquele ano. 18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? Não, mas só contei pra quem eu achei necessário. Mas, se me perguntarem, não esconderei. 19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? Sim. Mas nenhum dos meus amigos viciou tanto quanto eu.

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APÊNDICE M – Entrevista com o personagem Chesh Cat

1. Qual a sua idade e sexo? Tenho 21, e sou do sexo masculino 2. Há quanto tempo você tem fake? Aproximadamente 10 anos 3. O que você costuma fazer ao entrar no perfil fake? Conversar, falar com amigos e interpretar. 4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante este tempo? 6hrs por dia, sim costumo. 5. Quantas vezes na semana você entra no fake? Hum, todos os dias. 6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? Já sim, acho que todo mundo já fez, por mais que diga que não misture alguma hora acontece. 7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? Já sim 8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar? Alguns poucos 9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake? Quando era mais novo sim 84

10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? Se disser que tive é mentira. 11. Já teve um relacionamento sério na vida real? Sim, já tive alguns

12. Pra você, existe diferenças dos relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim, quais Bah, creio que não exista é claro, pra alguns pode ate existir sim, mas pra alguém que não se relaciona muito nesse mundo os poucos acabam sendo bastante importantes . 13. O que levou você a criar o seu perfil fake? Uma amiga de infancia 14. Você já teve mais de um personagem no fake? Incontáveis 15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? Quem nunca fez isso? 16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? Nunca gostei de família fake, atualmente tenho apenas uma irmã, que esta comigo ah mais tempo que posso lembrar. 17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Por que essa especificamente? Hum, costumo dizer que a era de ouro do fake, aconteceu a mais ou menos uns 8 anos atrás, onde eu tinha idade pra entender tudo e fazer de tudo, onde se podia lutar, criar seu próprio personagem e agir como ele, sabe. Fake é mais do que um identidade falsa é o que você é e esconde dos que não entenderiam, se você era pervertido, homossexual, gostava de ficar com meninos e meninas, naquela época aquilo tudo não era muito bem visto e no fake você podia ser quem realmente era. 85

18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? De alguns sim, lembro que em algum tempo o mundo fake era uma coisa bastante sigilosa 19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? Não.

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APÊNDICE N – Entrevista com o personagem Paul Mustaine

1. Qual a sua idade e sexo? 28 anos, sexo masculino 2. Há quanto tempo você tem fake? Fiz 8 anos de fake em junho 3. O que você costuma fazer ao entrar no perfil fake? Conversar, jogos em comunidades 4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante este tempo? Ultimamente com o tempo livre, fico geralmente a tarde e no final da noite, algo entre 8 e 10 horas, sempre fazendo outras atividades. Sim, falando com os amigos Off Line por diversas mídias 5. Quantas vezes na semana você entra no fake? 7 dias na semana, no fim de semana (de sexta a domingo) com menos frequência 6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? Sim, faço quando a nível de intimidade é bom 7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? Sim 8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar? Cinco , uma das minhas melhores amigas, um amigo com que tenho uma banda, duas amigas da minha noiva e minha noiva. 9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake? Tecnicamente sim, poderia ter aproveitado muito mais minha juventude (por assim dizer) 10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? Sim, tenho atualmente 11. Já teve um relacionamento sério na vida real? Sim, tenho atualmente, é a mesma pessoa 87

12. Pra você, existe diferenças dos relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim, quais. Com relação a amizades, o que muda geralmente é que aqui eu pessoalmente consigo ter um pouco mais de liberdade com amizades, talvez pelo fato da pessoa do outro lado nunca ter te visto e se vier a te julgar é muito mais fácil ignorar essa opinião. Com relação a namoro, existem dois contexto, no meu caso atual é a mesma coisa, pois meu relacionamento surgiu no fake, mas em outras situações acho bastante prejudicial um relacionamento no fake ter a mesma dimensão de um relacionamento off-line, as pessoas podem acabar se privando de ter outras pessoas por algo que não necessariamente irá dar certo, se eu tivesse que começar um novo relacionamento no fake, faria o possível pra conseguir separar as coisas (apersar de tu saber que é treta kkkk) 13. O que levou você a criar o seu perfil fake? Meu primeiro perfil foi para um jogo de RPG, baseado na máfia.

14. Você já teve mais de um personagem no fake? Sim, diversos, já cheguei a manter 12 perfis com uma ex parceira no fake. 15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? Nunca, não acho isso necessário. 16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? Já fiz de tudo no fake, desde jogos até famílias. 17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Por que essa especificamente? Do fake em geral, gosto da interação nos primeiros anos, 2006 e 2007, sem tanta panelinha 18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? Sim, escondo até hoje. 19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? Uma prima teve fake por algum tempo por que eu influenciei.

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APÊNDICE O – Entrevista com o personagem L’ust

1. Qual a sua idade e sexo? 23 anos. Masculino. 2. Há quanto tempo você tem fake? Aproximadamente uns 6 anos. 3. O que você costuma fazer ao entrar no perfil fake? As coisas dependem especificamente da proposta do profile fake. Em geral, é utilizado para socializar com os demais, sem precisar necessariamente expor uma identidade real. Deste modo, ficamos livres de qualquer estereótipo. Mas também uso para elaboração de jogos RPG's interpretativos, adaptados a finada plataforma do Orkut. 4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante este tempo? O tempo é relativo. Uma vez que estou conectado a internet, não faço distinção de on em off. Então, da mesma forma que converso com as pessoais do meu circulo real de amigos, também fico logado no fake e aproveito a companhia dos demais. A carga horária, é indefinidade, olhando pelo ponto que qualquer gadget atual possui acesso amplo a internet, onde quer que esteja. 5. Quantas vezes na semana você entra no fake? Basicamente, todos os 7 dias. 6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? Sim. Nunca tive problemas em compartilhar da minha vida fora do profile virtual, com algum amigo fake, caso ele demonstre interesse na mesma. No geral, esse é um caminho um tanto inevitável caso você não seja um player exclusivo de RPG. 7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? Já sim. Até que muitos. Creio que amizade é amizade, independente do local. Uma vez que conheço uma pessoal que me passa confiança, simpatia e me proporcione bons momentos, numa troca mútua de cumplicidade, defino que essa pessoa é alguém que realmente quero em minha vida. 8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar?

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Até o momento encontrei apenas 3. Ainda pretendo encontrar mais alguns, e existem outros que eu realmente gostaria muito de conhecer. Mas a logistica não permite. Nesse caso, infelizmente o Brasil é um País enorme. 9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake? Já sim. Mas não considero o fake como uma especie de "passatempo" abaixo das minhas obrigações. Sempre fui alguém muito caseiro, mas que valoriza uma boa companhia. Então, unindo o util ao agradavel, as vezes prefiro ficar no conforto da minha casa e na companhia de amigos, do que sair para programas que não me atraem tanto assim. 10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? No profile fake, sim. 3 vezes, cada um em um profile diferente, em épocas distintas. 2 deles acabaram em um relacionamento off. O outro, me rendeu uma ótima amizade em off. 11. Já teve um relacionamento sério na vida real? Já sim. Inclusive com pessoas que conheci no mundo fake. Em ambos os casos, não terminou muito bem. Mas a experiencia é sempre válida. 12. Pra você, existe diferenças dos relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim, quais. Existem pontos importantes que diferem sim. Primeiro as pessoas precisam estabelecer que amizade é amizade e amor é amor. Independente de ser virtual ou não. O computador, a internet, é apenas um meio de contato, que torna possivel essa convivencia. Mas digamos que em uma amizade, devido ao fato da pessoa ficar livre de qualquer de sua aparencia real, você possui apenas o seu carisma para conquistar alguém. Não importa como você é, desde que você seja uma pessoa interessante. No caso do amor, vai pelo mesmo caminho, mas chega um pouco mais além. Pois dado os fatores citados na amizade, uma vez que um forte sentimento nasce ainda que no fake, mais irrelevante acaba se tornando a aparencia da pessoa. Em muitos casos, você se encontra amando alguém que a primeira vista em off, nunca lhe chamaria a atenção. Acho que você aprende a ver primeiro o que a pessoa é, gosta disso, e só depois vai para quem ela é. Nesse ponto, o segundo fator geralmente é indiferente. 13. O que levou você a criar o seu perfil fake? Sinceramente, falta do que fazer. Curiosidade, talvez. Não possuia nenhuma pretenção ao entrar nesse mundo. As coisas foram surgindo e me supreendendo. 14. Você já teve mais de um personagem no fake? Sim. 6 personagens, ao longo de toda a minha experiencia por aqui. 90

15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? Não, nunca. Sou alguém que da muito valor a confiança, então nunca precisei disso. E se for por outro motivo, eu realmente teria algo melhor pra fazer do que isso. 16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? Já usei e ainda uso um profile exclusivo para jogos RPG numa plataforma fechada em uma comunidade. Agora, sem orkut, ainda não sei qual o destino. Na questão de familias, é também é relativo. Já constitui familia em uns profiles. Mas apenas no conceito familiar básico. Nada como uma especie de clã ou algo do tipo. Amizades, sim. Busco até hoje. 17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Por que essa especificamente? Acho que quando me apaixonei pela primeira vez por aqui. O meu primeiro relacionamento em "on". Simplesmente porque era uma novidade pra mim. Nunca tinha experimentado essa sensação e é algo único. É uma ansiedade incrivel para que a pessoa fique online, para que você possa curtir ainda que alguns momentos com ela. É estranho, vicioso, eu diria. Mas que vale a pena. Acho que todo fake já passou por isso. A melhor coisa é quando você tem alguém que se torna o motivo pra querer entrar aqui. 18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? Não. Nunca precisei esconder nada. Mas também não fico dizendo a todos. Alguns sabem, outros não. 19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? Sim. Inclusive ele conheceu uma outra fake, se apaixonou por ela e começou a vista-la em off, num estado vizinho. Pouco depois ela se mudou para cá definitivamente para viver com ele. Casaram e hoje possuem uma filha de alguns meses.

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APÊNDICE P – Entrevista com a personagem Skyler

1. Qual a sua idade e sexo? R-> Vinte e dois anos, feminino. 2. Há quanto tempo você tem fake? R-> Cerca de sete anos. 3. O que você costuma fazer ao entrar no perfil fake? R-> Buscar jogos, responder turnos, visitar pefis, e.t.c 4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante este tempo? R-> Cerca de umas oito horas, sabendo tanto falar com os amigos off-line quanto os amigos do fake. 5. Quantas vezes na semana você entra no fake? R-> Praticamente todo dia. 6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? R -> Apenas os de confiança. 7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? R-> Apenas um deles por um acaso. 8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar? R-> Apenas um, que ele sempre morou perto de mim. 9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake? R-> Sim. 10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? R-> Sim. 11. Já teve um relacionamento sério na vida real? R-> Sim. 12. Pra você, existe diferenças dos relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim, quais. R-> No fake é uma interpretação de personagem, a vida Off já é algo bem mais pessoal. 13. O que levou você a criar o seu perfil fake? R-> Incentivo de amigos. 14. Você já teve mais de um personagem no fake? R-> Dezenas. 15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? R-> Não. 16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? R-> Sim! 92

17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Por que essa especificamente? R-> A fase do ano de 2008 a 2010 onde as pessoas pareciam ser mais unidas, e buscar mais jogos. 18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? R-> Não, até incentivava eles a entrar por lá. 19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? R-> Sim.

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APÊNDICE Q – Entrevista com o personagem Bart Simpson 1. Qual a sua idade e sexo? 23 anos e meu sexo é masculino. 2. Há quanto tempo você tem fake? 9 anos. 3. O que você costuma fazer ao entrar no perfil fake? Leio as mensagens pendentes, posto algumas fotos, músicas e vídeos. 4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante este tempo? Dedico 4 horas pois entro as 18 e saio as 22 horas, mas posso dizer que umas -5 horas pois as vezes saio as 23 horas. 5. Quantas vezes na semana você entra no fake? Umas 5 vezes por semana. 6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? Sim, já sai com duas pessoas que conheci pelo fake. 7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? Sim, hoje são meus amigos. 8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar? Duas pessoas. 9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake? De ler um livro e jogar um game, as vezes de fazer uma tarefa de casa. 10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? Sim, um deles durou 3 anos. 11. Já teve um relacionamento sério na vida real? Sim, durou 2 anos. 12. Pra você, existe diferenças dos relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim, quais. Sim, tem muita diferença pois você pode sair e tocar na pessoa (risos). 13. O que levou você a criar o seu perfil fake? Foi um amigo meu que me mostrou que tanto que achei meio sem graça. Daí ele pediu pra eu criar e tal. 14. Você já teve mais de um personagem no fake? Sim, uma para RPG e outro para conversa normalmente. 15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? 94

Não. 16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? Sim, por 2 anos. 17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Por que essa especificamente? Foi em 2012 numa comunidade 18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? Sim, mas hoje nem ligo mais. Uns me zoam, mas nem levo a sério como antes. 19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? Duas pessoas. Gustavo e Ricardo, mas saíram pois trabalham e faz seus cursos e tal.

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APÊNDICE R – Entrevista com a personagem Elisa Grey

1. Qual a sua idade e sexo? 29 anos, feminino. 2. Há quanto tempo você tem fake? Desde 2008, há 6 anos. 3. O que você costuma fazer ao entrar no perfil fake? Atualmente, só respondo quem me mandou algo, e converso com quem eu gosto. 4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante este tempo? Agora eu fico pouco. Há dias em que nem acesso o fake. Mas já cheguei a ficar o dia todo online, praticamente. Senão pelo computador, pelo celular. Normalmente não converso com muitos amigos off. 5. Quantas vezes na semana você entra no fake? 5 vezes na semana, pelo menos. 6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? Já compartilhei sim... não com todos, mas os que cheguei a considerar amigos. 7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? Já levei. Há uma amiga que até conheço pessoalmente, e outra pessoa eu cheguei, inclusive a namorar. 8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar? Até hoje, apenas 3. 9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake? Tarefa no sentido de obrigações, não. Mas com o tempo eu fui deixando de fazer coisas, recusando convites de amigos pra sair. Hoje eu não faço mais isso. 10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? Já, como disse anteriormente, já namorei alguém que passou a ser off. Mas, já gostei bastante de outras pessoas com quem me relacionei. 11. Já teve um relacionamento sério na vida real? Apenas esse do fake. 12. Pra você, existe diferenças dos relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim, quais. Existe sim. Ao mesmo tempo em que as relações caminham mais rápido no fake, elas também são mais superficiais. Ali, na internet, é tudo muito facilitado, então dá-se menos valor. Ou você tem a sorte de encontrar alguém que também te curte e a partir disso a relação evolui, ou você simplesmente não é nada pra ninguém. Na vida real, eu penso que as coisas são mais desaceleradas. 13. O que levou você a criar o seu perfil fake? 96

Uma amiga com quem eu morei, na época da faculdade, me contou sobre a irmã dela, que tinha, e eu fui conhecer por curiosidade. 14. Você já teve mais de um personagem no fake? Personagem, no sentido de encenar, eu nunca tive nenhum. Mas usei várias pessoas diferentes no decorrer dos anos. Nem sei o número. 15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? Não. Sempre achei isso o cúmulo da falta de confiança. Eu sempre tive pra mim, que se precisasse fazer isso pra descobrir algo, então poderia desistir do que quer que fosse, como relacionamento. E não faria isso só pra descobrir coisas a toa também. 16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? Só usei pra conhecer pessoas. Família nunca tive. Meu foco sempre foi a amizade. 17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Por que essa especificamente? Foi na época em que eu ficava mais tempo online. Gostava porque foi quando tive mais amigos, e tive um relacionamento em que senti coisas que nunca havia sentido antes. 18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? Escondia sim. Algumas pessoas não entendem muito bem esse mundo. Existe um certo pré-conceito a respeito de amizade online, e ainda mais, relacionamentos amorosos. 19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? Apenas uma prima, que era a única pessoa que sabia que eu tinha um perfil, mas ela não quis conhecer.

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APÊNDICE S – Entrevista com o personagem Rick Skywalker

1. Qual a sua idade e sexo? 31 anos, masculino. 2. Há quanto tempo você tem fake? 7 anos 3. O que você costuma fazer ao entrar no perfil fake? Atualmente apenas converso com os amigos que fiz durante a época que eu entrava com frequência, mas antigamente eu buscava jogos e assuntos pervertidos. 4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante este tempo? Antigamente eu frequentava por muitas horas, mas agora eu só entro a noite e raramente ao longo do dia para ver alguma atualização. Sim, eu converso bastante, praticamente o tempo todo, pois minha sempre converso com minha namorada e as vezes outros amigos em comum pelo skype. Fora esse contato, eu converso com amigos de trabalho e de infância. 5. Quantas vezes na semana você entra no fake? Cinco, apenas durnate a semana 6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? Sim, inclusive meu namoro surgiu do fake, e nós compartilhavávamos muitas coisas quando na época do fake. 7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? Sim, minha namorada e alguns amigos, mas foram poucos. 8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar? Cinco, mas apenas mantive contato com três deles. 9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake? Sim, mas isso foi no começo, quando eu me empolgava bastante com o perfil. 10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? 98

Sim, poucos, mas o último resultou no meu namoro atual. 11. Já teve um relacionamento sério na vida real? Sim, apenas o atual. 12. Pra você, existe diferenças dos relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim, quais. Depende do relacionamento, quando a conexão com a pessoa se torna forte e adquirem intimidade o bastante para compartilhar os sentimentos e coisas do seu dia a dia, então não há diferenças entre os dois mundos. 13. O que levou você a criar o seu perfil fake? Eu tinha dificuldades em me relacionar, então no fake encontrei uma facilidade para puxar assuntos com as meninas. 14. Você já teve mais de um personagem no fake? Sim, um de anime, um humano e um fake feminino. 15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? Sim, atualmente eu criei um fake feminino e adicionei alguns caras que conversavam com a minha atual namorada no fake dela. 16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? Criei amizades, e os jogos eram consequências de amizades mais “coloridas”. 17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Por que essa especificamente? Eu gostei bastante da época que eu conheci minha namorada e os amigos atuais. Foi em 2011 e 2012. 18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? Sim no começo sim, pois eu tinha vergonha de usar esse tipo de coisa. Principalmente por eu ser um pouco mais velho que a média de idade dos que participavam. 19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? Não, pois por mais que eles já saibam que eu tive uma vida ativa no fake, eu prefiro manter as coisas que faço nessa vida como segredo para minhas amizades.

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APÊNDICE T – Entrevista com o personagem Damon Fracesco

1. Qual a sua idade e sexo? 30 anos, sexo masculino. 2. Há quanto tempo você tem fake? 9 anos e 11 meses 3. O que você costuma fazer ao entrar no perfil fake? Como todos os outros fakes costumo fazer o básico como fazer novas amizades, me encontrar com os antigos amigos e interagir com eles através de jogos RPG ou até mesmo ações simples. Dentre outras coisas como procurar um novo amor ou apenas diversão. 4. Você costuma dedicar quanto tempo da internet para o perfil fake? Você costuma conversar com seus amigos off-line, também, durante este tempo? Nunca parei para contar o tempo exato, mas acredito que toma bastante o meu tempo livre, e inclusive costumo até acessar o fake do trabalho quando não tenho nada de importante a fazer no mesmo. Sim, também costumo conversar com amigos off-line nesse meio tempo. 5. Quantas vezes na semana você entra no fake? Às vezes a semana toda, as vezes não. Depende do meu humor e ritmo da vida off. 6. Você já compartilhou coisas de sua vida off-line com os amigos que você fez no perfil fake? Sim, apenas para os amigos que sabem da vida fake. 7. Você já levou algum de seus amigos do fake para a sua vida off-line? Sim, vários. 8. Quantos dos seus amigos fakes você já encontrou na vida real ou tentou encontrar? Infelizmente apenas um porque essa pessoa mora na mesma cidade que eu. A maioria mora bem longe. 9. Você já deixou de realizar alguma tarefa para ficar passando o tempo no perfil fake? Sim, no início eu costumava enrolar algumas tarefas da faculdade. 10. Você já teve um relacionamento sério no perfil fake? 100

Apenas três. 11. Já teve um relacionamento sério na vida real? Sim. Dois relacionamentos. 12. Pra você, existe diferenças dos relacionamentos (amizade e amorosos) no fake e na vida off-line? Se sim, quais. Acredito que sim. Porque diferente do off-line, no fake você vai dividindo com a outra pessoa a sua personalidade, em como você é realmente por dentro antes (isso quando há sinceridade). Isso é importante num mundo de hoje onde só a aparência prevalece. 13. O que levou você a criar o seu perfil fake? O que me inspirou foram os bate-papos da UOL das salas de RPG, onde foi o berço de tudo, claro. Daí tive a ideia ousada na época de fazer um perfil fake no Orkut, quando este iniciava. Acredito que ninguém mais tinha feito isso quando tive essa ideia, e daí fui levando os amigos que havia feito no BP da UOL. 14. Você já teve mais de um personagem no fake? Diversos. 15. Você já criou um personagem a mais apenas para motivos de investigação? Eu quase cheguei a fazer isso. Mas percebi que estaria perdendo tempo com isso e me rebaixando ao nível daqueles que apenas buscavam confusão ao fazer isso. 16. Você já participou de fake apenas como personagem para jogos ou também usou para criar famílias e amizades? Inicialmente para jogos, e atualmente para amizades e família, quem sabe... 17. Você pode nos descrever a fase do fake que você mais gostou? Por que essa especificamente? Foram nos anos de 2004 a 2007. Acredito que essas foram as fases da sinceridade e da humildade entre os fakes. Das amizades verdadeiras e sem brigas por motivos fúteis. Depois disso desandou... 18. Você escondia de seus amigos off-line sobre o fake? Sim, ainda hoje escondo de alguns. hahaha 19. Você incentivou algum amigo off-line a participar do fake? Apenas dois.

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ANEXOS

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ANEXO A – Perfil da personagem Gina Indelicada na rede social Facebook

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ANEXO B – Perfil da personagem Dilma Bolada na rede social Facebook

104

ANEXO C – Perfil da personagem Constance Strzechowski na rede social VK

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ANEXO D – Perfil da personagem Jean Grey na rede social Yoble

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ANEXO E – Fórum da comunidade Orb RPG na rede social Yoble

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ANEXO F – Comunidade Agência de Namoro Fake na rede social Yoble

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ANEXO G – Comunidade Agência de Namoro Fake na rede social VK

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