Vidas conectadas: uma reflexão histórico-sociológica sobre a relação entre seres humanos e tecnologias da informação e comunicação

May 26, 2017 | Autor: Mateus Bento | Categoria: Sociology, Comunicação, Tecnologías de la información, Mediação
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Nome: Mateus da Silva Bento Vidas conectadas Os habitantes do século XVIII não acreditariam no que se tornou o séc. XXI. Se fosse possível transportar um cidadão daquele século para este, ele se veria perplexo neste mundo moderno, onde predomina a tecnologia que permite a comunicação a milhares de quilômetros em tempo real. Onde, com um clique, sabemos o que está acontecendo em um país no outro lado do mundo. O cidadão do séc. XVIII pensaria que “os extraterrestres chegaram à Terra” ou “isso só pode ser obra divina”. Mas na verdade isso foi e ainda é obra dos próprios seres humanos. Nós evoluímos e o ambiente a nossa volta seguiu o mesmo rumo. Criamos a internet e reduzimos distâncias. Não precisamos sair de casa para fazer parte da sociedade. Precisamos apenas de um instrumento moderno, como o celular, notebook ou computador, e internet. Às vezes, nem de internet. Basta ter créditos para fazer ligações. Contudo, se Steve quer conversar com a namorada em outro estado ou país ter um celular é o suficiente? As operadoras cobram caro por essas ligações e Steve não sabe o tempo que passará com a namorada. Qual a solução? É simples, internet. Com uma rede wi-fi disponível na praça do bairro, Steve passa o tempo que quiser e não pagará nada a ninguém. Ele conecta seu laptop à rede e pronto. O mais difícil será escolher um dos aplicativos que ligam vidas separadas pela distância. Ele poderia escolher qualquer uma das diversas redes sociais, mas queria dialogar vendo à namorada. Então escolheu o Skype. O Skype é umas das ferramentas desse mundo moderno que assustaria o cidadão do século XVIII. Antigamente só se trocavam cartas e o telefone era usado somente em casos extremos. O custo de ambos era alto e a carta de Steve levaria alguns dias para chegar às mãos da namorada. Hoje, Steve manda um e-mail, uma espécie de carta eletrônica que chega na hora em que é enviada. Conversa pelo facebook (uma dessas redes sociais que nos conecta à vida de outras pessoas) e troca olhares e palavras meigas com a namorada através do Skype, que só precisa de uma webcam e internet. A internet no século XXI é a “placa mãe” da comunicação. Se você tem internet em casa, não tem razão para se suicidar de solidão. Contudo, Steve não tem internet em casa e não quer morrer de saudades da namorada. Ele olha pela janela e lembra que a praça em frente a sua casa tem wi-fi. Resumo: internet “grátis”. Se não tem praça perto de sua casa, em algum lugar tem. Para não cometer suicídio, procure uma praça com internet “grátis”. Steve foi a todas as praças e não encontrou wi-fi. E agora? Steve pensou - será que só em praças

tem internet “grátis”?-. A resposta é não. No mundo moderno tem internet “grátis” em escolas, empresas, na casa de algum amigo ou familiar. Não fique surpreso se encontrar internet na igreja. Porém, Steve não é o único querendo se conectar a alguém. Na praça tem outras pessoas, na escola tem outros colegas, na empresa tem outros funcionários, na igreja tem o pastor. Pareceu hipérbole, mas todos estão querendo se conectar. Seja para conversar com outras pessoas, seja apenas para saber as notícias de outra cultura. Steve, assim como nós, não quer se sentir excluído. E a internet está aí para isso: conectar-nos a outras pessoas, outras culturas, outras vidas. Imagine se tivesse internet na época das revoluções francesa e industrial, quando os indivíduos não tinham meios para dar suas opiniões e saber o ponto de vista de um grande pensador. Um informativo de greve se espalharia rapidamente e no dia da mobilização o número de pessoas seria consideravelmente enorme se comparado ao número de pessoas alcançadas somente pela conversa boca-a-boca. Não levaria anos para que todos soubessem que as jornadas de trabalho eram excessivas e desumanas. Karl Marx e Émile Durkheim teriam suas opiniões difundidas de forma bem mais abrangente e Augusto Comte, por fundar a Sociologia, seria o pensador com o maior número de seguidores. A humanidade se conectaria aos grandes líderes e a si mesma. Teoricamente, os problemas seriam resolvidos de forma mais tranquila e, já que cada um teria sua opinião ouvida, todos ou a maior parte sairiam ganhando. Enquanto o Steve do século XVIII teve que esperar a namorada voltar de viagem para “matar” a saudade, o Steve do século XXI apenas acessou a internet, sem ansiedade ou medo de perdê-la. Neste século, as distâncias nos separam da presença física das pessoas, e é somente isso. É claro que a presença física não se assemelha a estar em frente de uma tela, sem poder tocar na pessoa do outro lado. No entanto, ainda estamos no século XXI e o que vem para os próximos séculos nos fará sentir como se estivéssemos no século XVIII. O Steve do futuro poderá abraçar sua namorada que está no espaço, sem ter que sair de casa para procurar uma praça com internet “grátis”. Não duvide da capacidade dos seres humanos. Lembre-se que dezenas de séculos atrás, os recados eram enviados por mensageiros. Demorava dias e até meses para a mensagem chegar ao destinatário. Agora, pisque seus olhos. Piscou? Se piscou, saiba que esse tempo tão pequeno que ficou com os olhos fechados foi suficiente para que milhares de pessoas em todo o mundo enviassem e recebessem e-mails, mensagens de texto no

facebook, twitter, whatsapp e tantas outras redes sociais. Uma dessas pessoas conectadas pode estar ao seu lado ou ser você mesmo. O Steve não tem dúvida. E você? Com tantos benefícios há como sair perdendo estando on-line? Depende. Se você pensa que apenas o convívio virtual é o que importa, está errado. O convívio presencial com outros indivíduos também traz benefícios. Não é bom conversar pessoalmente com alguém? Steve prefere estar próximo da namorada do que a milhares de quilômetros. Mesmo que exista o Skype e as demais redes sociais, estar realmente próximo de um amigo costuma ser mais prazeroso. Quem vive esse avanço tecnológico sabe que a tendência é melhorar. A velocidade e a facilidade da internet estão progredindo a passos rápidos e daqui a alguns tempos não estaremos apenas conectados, mas vivos nessas telas cada vez mais reais. No decorrer da história da humanidade, a tecnologia possibilitou o relacionamento a distância e uma maior interação social, conectando vidas e tornando-se o principal meio de comunicação. A internet está abrindo horizontes antes inalcançáveis. É bom para o aspecto social e também econômico, visto que uma empresa no Brasil pode se comunicar com suas filiais em países distantes, como o Japão. Tudo em tempo real. “Ao vivo e a cores”. Voltemos ao início, quando mencionado como o cidadão do século XVIII- e se vale para o habitante de qualquer século passado- se sentiria em meio a este mundo moderno, em meio a essa comunicação entre pessoas tão longe e tão perto umas das outras. E pensar que nós mesmos somos os construtores desse novo mundo é algo motivador e sabemos que é apenas um resquício do que virá. Nossa tecnologia, pelo menos para nós, ainda não é futurística. A concepção de futuro de nossos antecessores é a que vivemos, porém a nossa ideia de futuro é a que será vivida pelos sucessores desta era. Tal era que será lembrada, assim como não podemos esquecer-nos dos tempos passados, pois eles que moldaram e fizeram o alicerce para a tecnologia atual. Enquanto milhares de pessoas trocam mensagens, e-mails e conversam por videoconferência, outras milhares adentram para esse mundo tecnológico, seja acessando a internet em sua casa, seja indo para a praça que tem internet “grátis”. É possível sentir a busca inerente das pessoas em se comunicar com outras culturas, outras vidas. É assim que estamos nos conectando ao grande mundo que nos cerca. É assim que as demais pessoas estão se conectando conosco.

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